Muitas são as teorias a respeito dos motivos
pelos quais o homem se reúnem em grupos. Uma das características que difere o
humano dos demais animais é justamente o fato de o homem ser um ser social.
Esse aspecto é estudado por diversas ciências e cada uma tem sua teoria a
respeito dessa necessidade humana. Entre elas, a sociologia, filosofia,
antropologia e a psicologia - na verdade existem muitos motivos para o homem se
socializar e formar grupos. Vejamos algumas teorias.
O filósofo Emile Durkheim dizia que “A partir do instante em que, no seio de uma sociedade política, certo
número de indivíduos tem em comum ideias, interesses, sentimentos, ocupações
que o resto da população não partilha com eles, é inevitável que, sob
influência dessas similitudes, eles sejam atraídos uns para os outros, que se
procurem, teçam relações, se associem e que se forme assim, pouco a pouco, um
grupo restrito, com sua fisionomia especial no seio da sociedade geral. Porém,
uma vez formado o grupo, dele emana uma vida moral que traz, naturalmente, a
marca das condições particulares em que é elaborada. Porque é impossível que
homens vivam juntos, estejam regularmente em contato, sem adquirirem o
sentimento do todo que formam por sua união, sem que se apeguem a esse todo, se
preocupem com seus interesses e o levem em conta em sua conduta. Ora, esse
apego a algo que supera o indivíduo, essa subordinação dos interesses
particulares ao interesse geral, é a própria fonte de toda atividade moral.
Basta que esse sentimento se precise e se determine, que, aplicando-se às
circunstâncias mais ordinárias e mais importantes da vida, se traduza em
fórmulas definidas, para que se tenha um corpo de regras morais em via de se
constituir.” (DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social.
2a. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. XXI.)
A sociologia entende que a sociabilidade é
uma das principais características humanas. Diferentemente do que ocorre com
outras espécies, o Homem não se associa por instinto, mas por vontade. O Homem
não é dependente, mas senhor da sociedade; não está nela devido aos instintos,
mas porque assim o quer - entretanto
aqui precisa se fazer uma ressalva. O ser humano também sente necessidades
e tem medos. Portanto, não nos parece que o Homem seja, essencialmente, um ser
social, mas se faz social a partir de suas necessidades e para superar seus
medos. A vontade de viver em grupo se deve ao fato de que o ser humano é
limitado, o que significa dizer que tem necessidades e se tem necessidades
sente medo de não as satisfazer. Em razão disso decide-se por viver em grupo,
pois o grupo, expressão da sociedade, é um fator de segurança. Associando-se o
ser humano torna-se mais forte e dessa forma satisfaz muitas necessidades e
supera situações assustadoras.
Ainda, brevemente, podemos definir que grupo
social é uma forma básica de associação humana que se considera como um todo,
com tradições morais e materiais. Para que exista um grupo social é necessário
que haja uma interação entre seus participantes. Um grupo de pessoas que só
apresenta uma ‘serialidade’ entre si,
como em uma fila de cinema, por exemplo, não pode ser considerado como grupo
social, visto que estas pessoas não interagem entre si.
Os grupos sociais possuem uma forma de
organização, mesmo que subjetiva. Outra característica é que estes grupos são
superiores e exteriores ao indivíduo, assim, se uma pessoa sair de um grupo,
provavelmente ele não irá acabar. Os membros de um grupo também possuem uma
consciência grupal (“nós” ao invés do “eu”), certos valores, princípios e
objetivos em comum.
Um conjunto de pessoas constitui um
grupo quando estas:
·
Interagem com frequência
·
Partilham normas e valores comuns
·
Participam de um sistema de papéis
·
Reconhecem e são reconhecidos pelos outros como pertencentes
do grupo
Os grupos diferenciam-se nestes aspectos:
a) Dimensão: quanto mais amplo um grupo for, mais formal ele se torna e
menor a interação pessoal entre os seus membros.
b) Duração: as famílias são grupos que sobrevivem as muitas gerações; as
associações de estudantes ao fim de alguns anos acabarão por se desfazer.
c) Valores objetivos: o Instituo do câncer certamente terá objetivos bem
diferentes dos objetivos de um clube recreativo.
d) Amplitude das atividades realizadas: grupos como a família
envolvem-se numa grande diversidade de atividades, o que não acontece num time
de futebol.
Tipologia dos Grupos:
Grupos
primários:
unidades sociais cujos membros contatam diretamente. Os grupos primários são
normalmente pequenos e o contato entre os seus membros é frequente. Grupo
baseado em vínculos afetivos.
Ex.: Família, grupo de amigos.
Grupos
secundários: unidades
sociais cujos membros comunicam mais indireta do que directamente entre si,
sendo escassa a vinculação afetiva e limitando-se a solidariedade a um campo de
interesses normalmente de natureza laboral e formal.
Ex: um sindicato, uma empresa, um partido político.
Grupos formais:
é um grupo
hierarquizado segundo normas que definem com exactidão o papel dos seus
membros, estando às regras de
funcionamento, na maior parte dos casos, expressa por escrito num regulamento
interno. São grupos relativamente estáveis e duráveis
Ex: família, empresa, concelho executivo.
Grupos informais:
grupos cujos
laços afetivos estão mais vinculados em gostos e interesses comuns. Não há
hierarquias fixas, podendo, contudo haver liderança. São grupos efemeros, como por
exemplo, o grupo da escola.
Formação dos Grupos
Podemos dizer de maneira simplificada que a
formação do grupo se dá por uma tendência natural do ser humano de procurar uma
identificação em alguém ou em alguma coisa. Quando uma pessoa se identifica com
outra e passa a estabelecer um vínculo social com ela, ocorre uma associação humana.
Com o estabelecimento de muitas associações humanas, o ser humano passa a
estabelecer verdadeiros grupos sociais.
No trabalho, a formação de um grupo é um
processo complexo porque para agrupar pessoas é necessário que sejam definidos
interesses comuns. As diferenças individuais incluem objetos variados, valores,
aptidões motivações, crenças e demais características de personalidade.
Os grupos nas empresas são formados por
elementos inter-relacionados, levando-se em consideração, além dos aspectos psicológicos,
a hierarquia, competência, diversidade de opiniões, padrão comum de cultura.
Determinadas as diferenças que ocasionam as
heterogeneidades do grupo, há necessidade de neutralizá-las, tendo-se em vista
o máximo de produção do grupo. O que não pode ocorrer na formação dos grupos é
a causalidade, isto é, a constituição dos grupos por acaso.
Ao se referir ao tamanho do grupo, Crosby diz
que deve ser relativamente pequeno. Quando procuramos formar um consenso de
opinião sobre qual o número real de membros de um grupo de trabalho, temos como
resultado o que compreensivelmente os investigadores relutam em criar um número
exato.
No entanto, alguns inquéritos nas empresas
têm mostrado que as pessoas encontram maior satisfação nas pequenas turmas de
trabalho. Um grupo que pode sentar-se frente a frente a uma mesa, para trocar
ideias e anotar reações dos outros a pouca distância, tem maiores chances de
dar e receber atenção e ainda expressar-se mais livremente - não se pode
limitar numericamente um grupo, mas seu tamanho é uma determinante da coesão e
influi, também, naquilo que procura alcançar.
Coesão
A coesão refere-se a fenômenos que aparecem com a existência
do grupo e a resultados de todos os laços sociais que unem seus membros a fim
de que permaneçam no grupo e para que funcionem como uma unidade - a coesão merece destaque porque o grupo abrange os demais
elementos e caracterizam-se pelo elevado nível de atividade, pelas relações
interpessoais de seus componentes ou na execução das tarefas.
Para a pessoa agir favorável ou desfavoravelmente a um grupo,
precisa, antes, ter alguma noção acerca das suas características. A atração do
indivíduo ao grupo depende de dois conjuntos de condições;
a)
Determinadas características do grupo,
tais como, objetivos, programas, extensão, tipo de organização e posição na
comunidade;
b)
As necessidades individuais de
afiliação, reconhecimento, segurança e outras coisas que podem ser obtidas
através dos grupos.
Em toda formulação adequada de coesão do
grupo é preciso incluir tanto a natureza do grupo quanto o estado de motivação
das pessoas - à medida que a coesão aumenta, cresce a pressão psicológica
exercida pelo grupo sobre seus membros; estes reforçam suas opiniões,
estabelecem controles uns sobre os outros, procuram guiar-se pelas suas
próprias metas e suportam melhor os conflitos externos. Isso acontece mais nos
grupos homogêneos cujos membros têm interesses comuns, sentem-se identificados
e como partes integrantes do grupo. Os resultados da coesão grupal são:
a)
quanto maior a coesão do grupo, maior a satisfação experimentada por seus
membros;
b)
quanto maior a coesão grupal, maior e melhor a comunicação entre os indivíduos;
c)
quanto maior a coesão grupal, maior a influência pelo grupo em seus membros;
d)
quanto maior a coesão do grupo, maior será a produtividade.
A coesão grupal mantém o moral elevado para o
desempenho eficiente da tarefa, prestigia a participação de cada membro; os
elementos de integração e de moral são interdependentes e contribuem para que o
sistema do grupo influencie o comportamento das organizações.
Funções dos Grupos
Uma empresa é composta de indivíduos divididos em grupos,
seções e departamentos. Esses componentes se entrelaçam de tal forma que a
eficiência e o bem estar social de um influenciem direta ou remotamente sobre
os demais.
No desempenho das funções, David Nadler
organizou esta tabela:
Funções dos Grupos nas
Organizações
|
|
Para
a organização
|
Para
o indivíduo
|
1.
Executam tarefas que não poderiam ser executadas por indivíduos trabalhando
sozinhos
|
1.
Ajudam na aprendizagem sobre a organização e seu ambiente.
|
2.
Permitem que uma multiplicidade de talentos e habilidades sejam usados em
tarefas.
|
2.
Ajudam os indivíduos a conhecerem a si próprios.
|
3.
Permitem que a tomada de decisão considere e avalie várias e conflitantes
visões do problema
|
3.
Ajudam os indivíduos a aprenderem novas habilidades.
|
4.
Oferecem meios eficientes para o controle organizacional do comportamento
individual. |
4.
Permitem a obtenção de certas recompensas desejadas e que não estariam
disponíveis para o indivíduo sozinho.
|
5.
Facilitam mudanças nas políticas e procedimentos organizacionais.
|
5.
Satisfazem diretamente certas importantes necessidades pessoais,
especialmente as de aceitação sócia.l
|
6.
Aumentam a estabilidade organizacional transmitindo aos novos membros os
valores e crenças da organização.
|
Grupo x Equipe
Como vimos, o grupo é um conjunto de pessoas
com objetivos comuns, em geral se reúnem por afinidades. O respeito e os
benefícios psicológicos que os membros encontram, em geral, produzem resultados
de aceitáveis a bons. No entanto este grupo não é uma equipe.
Na equipe as coisas são um tanto diferentes.
Além de ter os seus membros voltados para os mesmos objetivos com papéis e
funções bem definidas, possui uma série de fatores positivos que a distinguem
do grupo e garantem a obtenção de excelentes resultados com muita sinergia e
criatividade.
Equipe é um grupo que compreende seus
objetivos e está engajado em alcançá-los de forma compartilhada. A comunicação
entre os membros é verdadeira e as opiniões diferentes são estimuladas.
Em
uma equipe:
- Assumem-se
riscos
- A
equipe investe constantemente em seu próprio crescimento;
- O
grupo transforma-se em equipe quando passa a prestar atenção à sua própria
forma de operar e procura resolver os problemas que afetam o seu funcionamento;
Na equipe existe uma transparência muito
grande entre todos. Ninguém esconde o jogo. Cada um sabe o que o outro pensa e
sente sobre os assuntos do trabalho, mas tudo de forma muito construtiva! Além
disso, o nível de mútua colaboração é ótimo, trabalham realmente em um time.
Cada um pode contar com o outro que espontaneamente e prazerosamente se dispõe
a dar o apoio e ajuda quando necessário.
Nesse ambiente tão bom não quer dizer que não
existam conflitos, eles fazem parte do relacionamento humano e se tornam até
fator de crescimento se forem trabalhados através do debate conduzido da
maneira certa e na hora certa. É isto que acontece na equipe, às lideranças não
são distantes, atuam próximas e em conjunto com todos os seus membros que
participam ativamente numa rica interação entre todos, favorecendo assim a
criatividade e aumentando o comprometimento mútuo.
Os líderes são suficientemente seguros para
não se sentirem ameaçados pelas ideias de valor que venham de baixo. Ninguém
pretende sobressair-se isoladamente. Os resultados é que se destacam como em um
bom time de futebol, a equipe toda vibra com o gol do colega porque o time todo
sai ganhando.
Em função de tudo isso, existe a prática
constante do Feedback que é dado de forma transparente, e sobretudo
construtiva, com a receptividade de todos. Líderes e liderados dão e recebem Feedback, mas se o relacionamento é
muito bom dentro da equipe que é muito unida, isto não a torna fechada na
interação com as outras equipes e áreas da empresa, pelo contrário, a empresa
funciona como um time, como já foi visto, com grande colaboração entre equipes
e áreas.
Finalizamos este com a ideia de que a
formação da equipe deve considerar as competências individuais necessárias para
o desenvolvimento das atividades e o alcance das metas. O respeito aos
princípios da equipe, a interação entre seus membros e especialmente o
reconhecimento da interdependência entre seus membros no alcance dos resultados
da equipe, deve favorecer ainda mais os resultados das outras equipes e da
organização como um todo. É isso que torna o trabalho desse grupo um
verdadeiro trabalho em equipe.
Fonte
e Sítios Consultados
www.ldapolivalente.seed.pr.gov.br
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