Atualmente, é muito facil que em qualquer conversa surjam alguns comentários sobre o cenário negativo da política brasileira, devido a isso, revolvemos investigar qual o real motivo disso estar acontecendo aqui no Brasil nesse ínicio do século 21 – afinal, a política exerce um papel fundamental no dia-a-dia do ser humano, quer gostemos ou não deste tema, e isso acontece pelo fato da política ser um "elemento" pertencente a todo meio social.
Mas, será que sabemos realmente o que é a política? Procurando responder
essa pergunta recorremos ao um livro que contém as ideias sobre política da
pensadora e filosofa alemã Hannah Arendt.
- na verdade, são fragmentos de sua obra
publicados postumamente. Hannah
Arendt é considerada uma das maiores pensadoras do século passado e seu trabalho sobre as Origens do Totalitarismo é
considerado uma obra clássica e definitiva sobre este assunto. Além disso, é
uma das maiores autoridades em relação ao estudo da política na Grécia e Roma
antiga. Por isso, recomenda-se essa leitura, porém é preciso dizer que: Hannah Arendt não é uma leitura fácil,
mas é imprescindível para quem deseja compreender melhor este assunto.
Acompanhe como a autora discute essa
questão:
Para Hannah Arendt "O
sentido da política é a liberdade". Segundo ela, a ideia de política e de
coisa pública surge pela primeira vez na polis
grega considerada o berço da democracia. O conceito de política que conhecemos
nasceu na cidade grega de Atenas e está intimamente ligado à ideia de liberdade
que para o grego era a própria razão de viver.
Ao utilizar o conceito grego de política, Arendt nos diz que ‘a política baseia-se no fato da pluralidade
dos homens’, portanto, ela deve organizar e regular o convívio dos
diferentes e não dos iguais – de acordo com os antigos gregos, não havia distinção
entre política e liberdade e as duas estavam associadas à capacidade do homem
de agir; de agir em público que era o local original dos políticos.
O homem moderno não consegue pensar desta maneira pelas desilusões em
relação ao político profissional e a atuação desses no poder. Porém, Arendt, uma judia que viveu os horrores
da Segunda Guerra Mundial, acreditava na ação do homem e na sua capacidade de
"fazer o improvável e o incalculável".
Sabemos que não é fácil discutir a questão da política atualmente.
Estamos carregados de desconfianças em relação aos homens do poder e isso não é
para menos, afinal basta pararmos um segundo e verificarmos como surgem tantas
indecências públicas, mas, não são todos, existe uma minoria interessada em
cumprir bem o seu papel. Porém, o homem é um ser essencialmente político. Todas
as nossas ações são políticas e motivadas por decisões ideológicas. Tudo que
fazemos na vida têm consequências e somos responsáveis por nossas ações. A
omissão, em qualquer aspecto da vida, é o mesmo que deixar que os outros façam
escolhas por nós.
Pensando aqui no Brasil, os brasileiros deveriam tomar mais consciência
sobre a nossa ação política, já que ela está presente em todos os momentos da
vida - seja no aspecto privado ou
público. Por exemplo, é fato que vivemos com a nossa família, nos
relacionamos com as pessoas do nosso bairro, da escola, também somos parte
integrante da nossa cidade, pertencemos a um Estado e ao nosso País, logo
podemos influir e receber influencia de tudo o que acontece em nossa volta. Isso
significa dizer que podemos jogar lixo nas ruas ou não, podemos participar ou
não da associação do nosso bairro ou ainda, podemos fazer ou não, parte de uma
pastoral ou trabalhar como um voluntário em uma causa que acreditamos. Podemos
votar em um político corrupto ou votar num bom político, e como fazer isso?
Bom, o melhor caminho é conhecer melhor as propostas, ouvir as ideias nos discursos
e saber das ações desses políticos que podem vir a nos representar.
“Um erro muito comum do brasileiro é o
de confundir que a política é simplesmente o ato de votar”.
Precisamos ter a consciência de
que estamos fazendo política quando: tomamos atitudes em nosso trabalho, quando
estamos conversando em uma mesa de bar, quando discutimos em um grupo de
watszapp ou quando estamos nos encontros de família. Todo cidadão participa e faz
política, quando ele exige que respeitem os direitos de consumidor, quando existe
uma profunda indignação ao vermos nossas crianças fora das escolas ou sendo
massacradas nas ruas ou nos centros de reabilitação de jovens. Será que antes
de gritarmos, nós conhecemos o Estatuto da Criança e do Adolescente? Ou o
Código do Consumidor? Ou ainda, a nossa Constituição? E o que falar das nossas leis de transito,
sim, aquelas leis que vivemos desrespeitando a todo instante – ou por
atravessarmos fora da faixa de pedestres ou pelo fato de atendermos uma ligação
do celular quando estamos ao volante.
Vamos verificar como a política se faz presente em nossas vidas:
· Na luta das mulheres contra uma
sociedade machista que discrimina e age com violência;
· Na luta dos portadores de necessidade
especiais para pertencerem de fato à sociedade;
· Na luta dos negros discriminados pela
nossa "cordialidade";
· Dos homossexuais igualmente
discriminados e desrespeitados;
· Dos índios massacrados e exterminados
nos 500 anos de nossa história;
· Dos jovens que chegam ao mercado de
trabalho saturado com de milhões de desempregados;
· Na luta de milhões de trabalhadores sem
terra num país de latifúndios;
· Do desejo de todos os brasileiros por
mais respeito por parte dos Governantes desse país e de toda classe política.
Todas as atitudes e omissões fazem parte de nossa ação política perante
a vida - somos responsáveis politicamente (no
sentido grego da palavra) pela luta por justiça social e uma sociedade
verdadeiramente democrática para todos.
Tomara que os brasileiros parem de
confundir sistematicamente a política com as ações de alguns políticos,
principalmente, dos maus políticos.
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