O Brasil veio ao longo dos tempos construindo
a sua sustentação econômica na produção agrícola, ou seja, exportando produtos
primários e importando produtos manufaturados – fato este, que faz do Brasil um
país de uma economia primário-exportadora, isso significa dizer que as
exportações sempre representaram a fonte de renda e a base do nosso crescimento,
enquanto que as importações fazem o papel de suprir as nossas necessidades
demandadas.
É importante salientar que o Brasil - com esse nosso perfil
de primário-exportador, mantido por poucos produtos – sempre teve uma economia vulnerável
às crises internacionais e refém das variações dos modos de produção e de
consumo dos países desenvolvidos. Após esse fato ser diagnosticado pelos nossos
lideres foi sentida a necessidade da formulação dos planos econômicos a fim de
que fosse realizado um planejamento que permitisse uma maior estabilização da
economia brasileira.
Contexto econômico
brasileiro até 1939.
Com a grande depressão iniciada na década de trinta,
juntamente com a falta de dinamismo da demanda dos países centrais, isso acabou
por reduzir sensivelmente as exportações brasileiras o que refletiu em uma
considerável diminuição da nossa capacidade de importar. E com essa perda da
principal fonte geradora e uma demanda insatisfeita, o Brasil percebeu a quebra
do modelo primário-exportador e o surgimento de um processo de
industrialização.
Esse processo industrial limitou-se inicialmente à
implantação das indústrias denominadas tradicionais - aquelas de baixa relação
capital/mão-de-obra, que só procuravam suprir a carente demanda agregada. No
entanto, limites impostos pela própria estrutura interna começaram a direcionar
o processo produtivo em duas partes distintas: uma encarregada de satisfazer a
demanda interna e outra produzindo para atender a demanda externa. Além da distinção
das partes produtivas também houve pressões capitalistas que induziram o
surgimento das indústrias onde antes predominava a produção agrícola, ou seja,
no eixo Rio–São Paulo. É fato que todo o período anterior a 1939 foi
caracterizado pela “ocasionalidade”
e pela falta de continuidade com que a administração pública encarava os
problemas que exigiam ações constantes e previamente elaboradas.
Planejamento econômico
brasileiro
No ano de 1939 os governos começaram a se preocupar em
gerenciar e dimensionar o modelo econômico brasileiro, assinalando e
normatizando as formulações econômicas, participando ativamente da economia
como agente produtor e consumidor, ou então interferindo somente como
regulador. No período que vai de 1939 a 1956 aconteceram transformações
relevantes no sentido e no alcance das formulações econômicas, à proporção que
a ‘ocasionalidade’ e o perfil
setorial cederam lugar a uma maior abrangência do planejamento, assim como
também foram criados órgãos específicos a fim de formular e gerenciar os
planos.
Plano Especial - 1939
- Esse
foi o primeiro plano formulado e gerenciado pelo governo brasileiro – ele se
apoiava em Obras Públicas e no Aparelhamento da Defesa Nacional, em 1939, que,
embora tenha atingido uma alta taxa de realização e de equilíbrio orçamentário,
não gerou efeito sobre o processo econômico produtivo; restringiu-se apenas à órbita
governamental.
Plano de Obras e Equipamentos - 1943
- Ele
se baseou no Plano Especial e seguiu a mesma trilha e obtendo os mesmos
resultados, ou seja, conseguiu uma formulação organizacional do governo.
Plano SALTE - 1950
-
Esse Plano SALTE referia-se à saúde, alimentação, transporte e energia. Ele
inseriu a formulação indicativa para o setor privado e o consentimento de
linhas especiais de crédito, criando o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico, atual Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, como ‘normatizador’ e regulador desse processo.
Programa de Metas – 1956/1961
Nesse
período que foi de 1956 a 1961, pressupôs-se a existência de pontos de
estrangulamento e estabeleceram-se objetivos globais e setoriais no intuito de
romper os segmentos estrangulados, através de uma ação conjunta com o setor
privado. Os programas apresentados ao setor privado não tiveram como ser
cumpridos, devido a vários motivos, e o governo passou a interferir de maneira
mais direta na economia, mantendo o controle sobre faixas de decisão privada.
Nesse instante, podemos notar uma maior participação do Estado na economia
brasileira.
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Observação. É importante ressaltar que
a Ditadura militar no Brasil teve seu início com o golpe militar de 31 de março
de 1964, resultando no afastamento do Presidente da República, João Goulart, e
tomando o poder o Marechal Castelo Branco. Este golpe de estado, caracterizado
por personagens afinados como uma revolução instituiu no país uma ditadura
militar, que durou até a eleição de Tancredo Neves em 1985. Os militares na
época justificaram o golpe, sob a alegação de que havia uma ameaça comunista no
país.
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Plano
Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social – 1963/1965
Elaborado
no período de 1963 a 1965 ele foi o primeiro a apostar em coordenar os
objetivos globais e setoriais, bem como a controlar o longo e o curto prazo – e
neste sentido, foram estabelecidas políticas fiscais, monetárias e cambiais, a
fim de gerenciar a presença do Estado
na economia e, consequentemente, controlar os possíveis níveis de investimentos
governamentais que levassem o setor privado a seguir as metas indicativas da
programação econômica. O fracasso do Plano Trienal, em seus pressupostos
globais e setoriais de crescimento econômico, controle progressivo da pressão
inflacionária, atenuação das desigualdades regionais, e redução dos custos
sociais foram causados por pressões de variados segmentos, os quais impediram
direta e indiretamente a atuação das medidas propostas, uma vez que eram
consideradas de caráter intervencionista.
Programa
de Ação Econômica do Governo (PAEG) – 1964/66
Este foi formulado para o triênio 1964/66 e caracterizou-se
pelos princípios ortodoxos da economia de mercado, por conseguinte de uma ação
mais liberal e sem o anseio de um plano global, na medida em que propunha
apenas a ação coordenada do governo por meio de programas puramente
indicativos. Apesar do caráter liberalista e indicativo do PAEG, em suas linhas
iniciais, o governo passou de agente regulador dos mecanismos de mercado para
uma posição excessivamente atuante, como agente produtor e consumidor,
instalando, por conseguinte, muitas empresas estatais que foram responsáveis,
direta e indiretamente, pelo déficit orçamentário, pela emissão monetária,
pelas pressões inflacionárias e pela queda do consumo, através da redução de
renda disponível provocada pelo controle rigoroso dos salários. Com os conflitos
econômicos do PAEG houve uma consonância de se estruturar um planejamento de
longo prazo que servisse, pelo menos, de orientação para o processo decisório.
Plano
Decenal de Desenvolvimento Econômico e Social 1967/76
Este modelo pretendia um crescimento econômico
estrategicamente elaborado, a fim de compatibilizar objetivos básicos de
crescimento, estabilidade e política externa, via balanço de pagamentos. Apesar
das formulações fiscais, monetárias e cambiais, como também do controle imposto
pelos testes de consistência, o Plano
Decenal não foi executado.
Programa
Estratégico de Desenvolvimento (PED) - 1968/1970
Ele diagnosticou
o estrangulamento das oportunidades de substituir importações e o alargamento
do setor público na atividade econômica, ocupando-se, a partir daí, em
programar investimentos em áreas estratégicas, construir um conjunto de
instrumentos financeiros e um instrumento de ação direta e indireta sobre o
setor privado. O PED serviu para detectar que o processo decisório de investir
mantinha relação estreita com as expectativas de crescimento acelerado do
mercado. Por conseguinte, as linhas de ação passaram a agir sobre a demanda
agregada, promovendo certo grau de distribuição de renda com a finalidade de
incentivar o nível de consumo e preservar a capacidade de poupança. Num sentido
amplo, o PED, embora tenha proposto um estilo mais liberal, com regras
compreensíveis e relativamente estáveis, não abreviou a participação do estado
na economia, quer como agente produtor quer como agente consumidor. O PED também manteve fatores como
salários, preços, juros e lucros ‘sob
estreita’ vigilância e ampliou os créditos relativos ao financiamento da
dívida pública.
Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND)
1971/1974
Este
foi formulado para o período 1971/74 e prendeu-se ao trinômio formado pelas
empresas privadas nacionais, pelas multinacionais e pelas estatais. A
preocupação do governo em construir um programa que mantivesse as
multinacionais ‘sob controle’ e
preservasse o setor privado nacional acabou por incentivar, ainda mais, a
presença do Estado na economia, aumentando o controle dos preços finais e
intermediários e criando parâmetros para a remuneração dos fatores produtivos. A
programação global do I PND foi complementada por metas setoriais que não foram
cumpridas, por variados motivos, pelo setor privado nacional, impondo ao Estado
a tarefa da ocupação desses espaços, na proporção em que propunha o não
alargamento das multinacionais.
Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) - 1975/1979
Este
plano negligenciou em suas diretrizes gerais: com o primeiro choque do petróleo
que propôs um modelo econômico e social fundamentado em potência emergente,
hipótese herdada do plano anterior que permitiu um ”milagre econômico”. A despeito dos erros anteriores, o II PND
continuou insistindo em propor a ação governamental sobre os programas
estratégicos de infraestrutura econômica e social e em traçar diretrizes indicativas
para o setor privado, incumbindo-o de atender, somente, as necessidades básicas
da população. Os programas setoriais indicativos propostos pelo governo não o
isentaram, como previsto, de atuar ativamente no processo produtivo, sob o
argumento de que áreas básicas para o processo de ativação econômica não eram
preenchidas pelo setor privado; ou o Estado se fazia presente, ou ocorreriam
sérios problemas no processo econômico e social.
Terceiro
Plano Nacional de Desenvolvimento (III PND) - 1980/1985
Este
plano registrou alto índice de flexibilidade, estabelecendo apenas diretrizes
gerais e criando um amplo programa indicativo, em que a presença do Estado se
limitou àqueles setores considerados básicos para o processo de crescimento e
desenvolvimento. As características predominantes do III PND, contrariamente
aos planos anteriores, referem-se a metas qualitativas, conforme a ideia de um
processo de planejamento. Todavia, é de se concluir que diretrizes e metas
qualitativas exigem um severo acompanhamento das tendências econômicas e
sociais, bem como das forças políticas atuantes, no sentido de manter
equilibrados os programas econômicos.
Plano Cruzado - 1986
A principal marca foi
o congelamento de preços, neste período o presidente do Brasil era José Sarney
(PMDB) Alimentos, combustíveis, produtos de limpeza, serviços e até o dólar
tiveram os preços tabelados pelo governo. A moeda também mudou: abandonou-se o
cruzeiro e adotou-se o cruzado (1.000 cruzeiros = 1 cruzado). O
plano foi concebido por economistas que mais tarde desenvolveriam o Plano Real.
O diagnóstico era que a inflação no país era inercial, ou seja, os preços eram
reajustados tentando recompor a inflação passada, criando uma espiral de
aumentos. O congelamento seria um dos instrumentos para quebrar essa lógica.
Acabou sendo o único. Sem redução dos gastos do governo, a demanda cresceu e o
consumo explodiu. Em pouco tempo, passou a faltar produtos nos supermercados e
o governo lançou mão até da "desapropriação" de bois no pasto para
tentar atender o consumidor. Acredita-se que o Plano Cruzado, em sua
ânsia imediatista, não se preocupou com o sequenciamento da política econômica,
a fim de dar sustentação aos propósitos iniciais. Dessa forma, agregando-se a
inflexibilidade, o Plano dirigiu-se a desajustes globais e setoriais, que
reconduziram a economia ao estágio anterior.
Plano CRUZADO2 - novembro de 1986
Após vitória nas eleições estaduais, o governo Sarney anuncia ajustes no Plano Cruzado. A principal marca do Cruzado 2 foi a tentativa de controlar o consumo e o déficit público, com o aumento de tarifas e de impostos. Automóveis foram reajustados em 80%, o combustível, em 60% e a energia elétrica, em 35%. Os demais preços continuariam congelados, mas a população já pagava ágio para comprar alguns itens que haviam sumido do mercado, como carne. A tentativa de ajuste não duraria muito tempo.
*
Plano Bresser - Julho 1987
Luiz
Carlos Bresser Pereira assumiu o Ministério da Fazenda do Governo José Sarney
em abril de 1987 após fracasso do Plano Cruzado. Pouco depois de sua posse, a
inflação no Brasil atingiu a marca de 23,21%. Na época, o principal problema do
país era o déficit público, com o governo gastando mais do arrecadava. Em
apenas quatro meses, essa diferença já atingia 7,2% do Produto Interno Bruto
(PIB) brasileiro. Para tentar solucionar esse cenário, foi criado o chamado
Plano Bresser, no qual se instituiu o congelamento dos preços, dos aluguéis,
dos salários. Também foi criada a UPR, que serviu como referência monetária
para o reajuste de preços e salários. Para conter o déficit público, foi
decidido desativar o gatilho salarial (reajuste dos salários pela inflação),
além do aumento de impostos, corte de subsídios do trigo e o adiamento de obras
de grande porte já planejadas. O país passou também a negociar com o FMI e
suspendeu a moratória. No entanto, os esforços de Bresser não deram certo e a
inflação atingiu 366% em dezembro de 1987. Com isso, o ministro pediu demissão
em janeiro de 1988 e foi substituído por Maílson da Nóbrega.
Plano Verão – Janeiro de 1989
Substituto
de Bresser na Fazenda, Maílson da Nóbrega lançou no dia 16 de janeiro de 1989
um plano econômico que ficou conhecido como Verão. A crise inflacionária nos
anos 80 levou à edição de uma lei que modificou o índice de rendimento da
caderneta, promovendo ainda o congelamento dos preços e salários, a criação de
uma nova moeda, o cruzado novo, que inicialmente era atrelada em paridade ao
dólar, e a extinção da OTN, importante fator de correção monetária. Mais uma
vez as intenções do governo não deram certo e o Plano Verão gerou uma série de
desajustes às cadernetas de poupança, em que as perdas chegaram a 20,37%. Esses
prejuízos puderam ser reavidos na Justiça até dezembro do ano passado.
Plano Collor – Março de 1990
Anunciado
no dia 16 de março de 1990, um dia após a posse do presidente Fernando Collor,
o plano foi um conjunto de reformas econômicas que visavam controlar a inflação
crescente nos anos anteriores. Oficialmente, o nome do plano era Brasil Novo,
mas ficou conhecido popularmente como Plano Collor. A proposta era combinar a
liberação fiscal com a financeira. Para isso, foram adotadas medidas radicais
para estabilizar os preços, que foram acompanhadas de programas de reforma da
política industrial e do comércio exterior. O governo decidiu também dar início
a um programa intitulado Programa Nacional de Desestatização, mais conhecido
como PND. O plano foi efetivamente implementado pela equipe de economistas de
Collor, composta por Zélia Cardoso de Mello, Antônio Kandir, Ibrahim Eris,
Venilton Tadini, Luís Otávio da Motta Veiga, Eduardo Teixeira e João Maia.
Entre as medidas adotadas estavam:
-
Substituição do Cruzado Novo pelo Cruzeiro; - Congelamento de 80% dos bens
privados por 18 meses;
- Taxas elevadas em todas as transações
financeiras;
- Indexação das taxas;
- Fim da maior parte dos incentivos fiscais;
- Preços reajustados por entidades públicas;
- Câmbio flutuante;
- Abertura da economia para o comércio exterior;
- Congelamento temporário dos salários e preços;
- Extinção de agências do governo para a redução de
gastos públicos;
- Estímulo à privatização e início da remoção da
regulamentação da economia.
Antes da
posse de Collor, o Brasil vivia um processo de hiperinflação, com o índice
chegando a uma média mensal de 28,94%. Para conter os preços, a proposta era
restringir o fluxo de dinheiro para conter a inflação inercial. No entanto, a
queda no comércio gerou uma grande redução da atividade industrial. Em junho de
1990, a inflação estava 9%, contra 81% de março. No entanto, esse congelamento
de ativos, que na prática foi um confisco do dinheiro que a população tinha em
conta corrente, começou a gerar outros problemas para a economia. Com um
cenário recessivo, as empresas passaram a demitir, muitas fecharam as portas. Com
a instituição em 1990 da Política Industrial e de Comércio Exterior, grande
parte das barreiras não-tarifárias foi extinta, estabelecendo-se no período
entre 1990 a 1994 um cronograma de redução de tarifas de importação. Tais
reduções seriam efetuadas de maneira gradual, devendo no final daquele período
a tarifa máxima ser de 40%. Contudo, tal cronograma foi alterado em outubro de
1992, efetuando-se uma antecipação das reduções previstas para os dois anos
seguintes (1993 e 1994). O processo de abertura da economia brasileira obrigou
a indústria nacional a investir para se modernizar. No entanto, a inflação
seguia um pouco elevada e um escândalo político levou ao impeachment de Collor.
Plano Real – junho de 1993
O Plano
Real foi implantado em três etapas e iniciado em 14 de junho de 1993 quando
Fernando Henrique Cardoso era Ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco.
No ano seguinte foi criada a Unidade Real de Valor (URV) que passaria a ser a
nova moeda brasileira posteriormente e que se chamaria Real. Seu objetivo
principal do Plano Real era controlar a hiperinflação, um problema brasileiro
estava impedindo o desenvolvimento do país. O momento combinou condições
políticas, históricas e econômicas para permitir que o governo brasileiro
lançasse o plano que colocou fim a quase três décadas de inflação. Apesar do
sucesso, o Plano Real enfrentou duras dificuldades, principalmente com a crise
dos Tigres Asiáticos (1997) e da Rússia (1998). Com isso, o governo precisou
elevar a taxa básica de juros, que chegou a 50% ao ano em setembro. No final de
1998, assinou um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que
impunha duras obrigações a serem cumpridas.
Fonte e Sítios Consultados
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAepL8AE/planos-economicos
http://www1.folha.uol.com.br
http://www.Veja.com.br
http://www.Veja.com.br
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