As empresas brasileiras estão convivendo com o
fantasma de ter um gasto extra com Internet fixa na ordem de dezenas de milhões
de reais - se esse serviço passar a ser limitado, com cortes ou diminuição da
velocidade sempre que os dados contratados forem totalmente consumidos, e com
certeza isso representará um retrocesso na era digital.
No primeiro momento a Anatel acatou as
propostas de novos planos das operadoras que permitiam a limitação da internet
fixa de banda larga – mas depois de muita pressão popular essa agência voltou
atrás e proibiu a medida por tempo indeterminado – foi aí então que conselho
diretor da Anatel resolveu abrir um processo para examinar este tema. Enquanto
isso, alguns empresários se antecipam para tentar evitar um aumento exacerbado
nos gastos caso a medida seja aprovada. O diretor-executivo da empresa ADTsys,
especializada em computação em nuvem, Pascoal Baldasso, conta que decidiu
aumentar em 80% os custos com internet fixa, investindo num modelo de conexão
sofisticado que não entraria na nova resolução da Anatel. Para ele, o medo de
que os gastos mais que dupliquem, se era da internet ilimitada acabar,
justifica a manobra.
"Foi
o método encontrado pra gente não sofrer caso ocorra uma punição nesse sentido.
Ou seja, a gente criou uma situação de contorno para o negócio para dar
continuidade e garantir a transferência de dados. Mas não são todas as empresas
que têm capital para fazer tal mudança, então provavelmente muitas vão ser
impactadas", diz Baldasso.
Uma diretora de Tecnologia da Informação de
uma empresa do ramo de gases industriais estima que as multinacionais no país
gastem cerca de 10 milhões de reais
por ano com internet fixa. Segundo
ela, mesmo com um cenário ainda incerto, é possível prever um aumento que pode
chegar a quatro vezes mais do valor que se gasta hoje.
"São
milhões que a gente gasta. Eu acredito que, como a gente não tem acesso às
tarifas do que está sendo discutido, qualquer valor que ele coloque dependendo
da nossa utilização eu posso dobrar, triplicar, até quadriplicar (o gasto). E
com certeza a gente está falando na ordem de milhões de reais", afirma
a diretora de Tecnologia da Informação.
Já os pequenos empresários estão muito
preocupados e de acordo com o presidente da Confederação
Nacional das Micro e Pequenas Empresas e Empreendedores Individuais -
os negócios menores podem sentir ainda mais os impactos da internet limitada,
sendo obrigados a cortar serviços como wi-fi
grátis e perdendo, assim, a clientela.
"É
uma coisa que você paga, por exemplo, 50, 100 reais e usa o tempo todo. Não
significa nada no custo de uma empresa, principalmente numa empresa de
serviços. Agora, se fizer cobrança pelo volume e conforme os valores é
preocupante. Em todo o setor de serviços, o cliente está habituado já a usar a
internet em todo o lugar. Então se for cortar isso, você pode perder o cliente
pro grande, que tem condições de pagar", diz presidente da Confederação
Nacional das Micro e Pequenas Empresas e Empreendedores Individuais.
O fundador da Arizona, uma plataforma online para armazenamento em nuvem, critica a vontade das operadoras brasileiras. Para ele, limitar a internet fixa é ir na contramão da tendência mundial.
"Você vê as próprias empresas internacionais, como o google, estão deixando você armazenar cada vez mais espaço ad eternum. Quer dizer, aqui as operadoras tem uma mentalidade do passado. A gente lida com questões do futuro com a cabeça de negócios do passado. Em vez de olhar para o consumidor e querer por limitação, é o contrário, é como que eu posso dar mais para o consumidor, para ter mais consumo e ter uma melhor regulamentação junto ao governo do nosso país", conta o fundador da Arizona.
Nas próximas semanas deverão acontecer
audiências públicas no Senado que irão reunir representantes das grandes
operadoras com associações de defesa do consumidor. O professor de Direito
Digital da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Renato Leite Monteiro,
acredita, no entanto, que apesar de a Anatel ter anunciado a suspensão da nova
cobrança da internet fixa, a decisão pode ser encarada mais como uma medida
para acalmar os ânimos do que algo resolutivo.
"O que nós queremos na próxima semana são
determinações em nível de governo federal ou até mesmo propostas legislativas
no sentido de tentar barrar esse novo modelo de negócios. E isso vai depender
até mesmo do cenário de governo que teremos nas próximas semanas", diz
Monteiro.
Até a presente data, 30/04/2016 o julgamento
da limitação da banda larga fixa no país ainda não tem data para acontecer - enquanto
isso, as operadoras foram proibidas de reduzir a velocidade, suspender ou
cobrar pelo serviço se o cliente, pessoa física ou jurídica, superar limites de
franquia.
Fonte
e Sítios Consultados
http://cbn.globoradio.globo.com
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