Indivíduo
Social e Corporativo de 2013
O sistema
econômico mundial, mesmo entre crises e alguns abalos, volta e meia se mostra
capaz de gerar um cenário de produtividade e de crescimento das sociedades
contemporâneas, e isso é claro, traz sempre como seu valor supremo o lucro e, o
meio de alcançá-lo que está cada vez mais ríspido e cruel sob a forma constante
da competição entre as organizações. Como é cada vez mais forte a identificação
do ser humano com a organização (o
homem é a organização a que pertence), é válido concluir que essa
competição se estabelece no nível das pessoas.
É
fato também que por força da velocidade da vida moderna, consequência natural
desse próprio sistema competitivo, os indivíduos corporativos estão convivendo
cada vez menos com o seu grupo familiar e social, tornando-se menos
comunicativos, com pouco diálogo e troca substantiva de experiências. Por outro
lado, a educação está cada vez mais voltada para o mercado do que para o ser
humano, assumindo assim para si, o compromisso de entregar profissionais
preparados para concorrer, produzir e garantir lucro para as suas organizações.
Isto
está cada vez mais formatando a configuração final do homem do século 21: um
ser egoísta e competitivo ao extremo. E a consequência disso é uma restrição da
consciência coletiva, fator preponderante da noção do bem comum e da
solidariedade. A percepção do mundo em volta é que leva o indivíduo a atuar em
seu ambiente social. As condicionantes da vida moderna, que fissuram o homem na
corporação e no sucesso profissional, limitam a apreensão do coletivo e diminuem
a sua capacidade de interação.
É
importante que saibamos que são nos fundamentos da solidariedade que se
alicerçam os laços dos homens, e isso pode ser entendido como um processo de
dentro para fora, que impulsiona os seres humanos a se ajudarem mutuamente. É
um pouco diferente da cooperação, que é uma relação de ajuda com reciprocidade,
eleição de métodos e definição de objetivos comuns.
Alguns
mestres afirmam que a solidariedade tem correlação com o comportamento
desenvolvido pelo homem primitivo para garantir a sobrevivência do grupo. Isso mostrava
uma característica do ser humano que era condicionado por fatores biológicos
relacionados com a fase evolutiva do “homo
erectus”, em que o homem se levantou do chão e liberou as mãos, ele só o
fez para comunicar-se. Levantou-se para ver o mundo e enxergar o outro; liberou
as mãos para defender-se melhor, mas também para abraçar e interagir com seu
semelhante.
Agora
vamos pensar nos dias atuais, se o homem dos nossos dias ainda carrega alguns fatores
biológicos de predisposição que o levam a ajudar os seus semelhantes e se isso
se mostrou fundamental na sobrevivência da espécie humana e, por outro lado, o
sistema produtivo em que o homem atual está inserido condiciona-o a uma
consciência coletiva mais restrita, mostra-se necessário um esforço da
sociedade no sentido de fomentar a cultura da solidariedade, tão importante na
reparação dos desequilíbrios que o capitalismo está deixando pelo caminho.
Acreditamos
que para esse esforço trazer resultados palpáveis seja necessária a inclusão e
a aprovação de medidas legais para estimular as empresas no engajamento de projetos
sociais que extrapolem o seu âmbito de atuação. Sabemos da existência de corporações
que já se preocupam com isso, mas sob uma ótica nacional, seria importante o
governo ajudar nisso por meio de incentivos fiscais ou por uma simples opção de
marketing, mas o fato é que precisamos da criação de campanhas destinadas à
formação de uma consciência de solidariedade; estímulos ao voluntariado;
divulgação e apoio do trabalho dos empreendedores sociais; e outras muitas ações
em que se reconheça que as empresas, os cidadãos e o estado quando atuam sozinhos,
não são capazes de construir a cidadania. E o mais importante é que a cidadania antes
de ser um direito é uma obrigação de todos os indivíduos sociais.
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