A Dislexia Moral de um Povo
Este
artigo irá expor um assunto que há muito está presente em nosso País, trata-se
de "atos
estranhos" existentes na máquina pública desse nosso
imenso Brasil. Vejamos isso, por exemplo: A Revista Veja de 08 de junho de 2011, divulgou
o absurdo catálogo dos materiais utilizados em obras públicas, e para surpresa de todos! Todos
estes itens desta lista contém uma margem de superfaturamento, alguns preços são até 140% maiores que os
praticados pelo comércio aberto. Este escândalo só foi descoberto porque a Policia Federal fez
uma minuciosa investigação a respeito. E agora, vamos listar apenas alguns
itens desta lista escandalosa, para termos uma pequena ideia da enorme onda de
desvios da verba pública neste País, que está numa fase de muitas obras
públicas.
128% superfaturado
Tinta Látex Acrílica Pesquisa da
Policia Federal = 4,64
Tabela
do Governo = 10,59
61% superfaturado Areia (metro cúbico) Pesquisa da
Policia Federal = 43,40
Tabela
do Governo = 70,00
145% superfaturado Forro bandeja (teto) Pesquisa da Policia Federal = 55,00
Tabela
do Governo = 134,80
56%
superfaturado Vidro laminado Pesquisa da Policia Federal = 95,06
Tabela
do Governo = 147,84
Tabela
do Governo = 69,80
87%
superfaturado Tubo PVC (75mm) Pesquisa da Policia Federal = 12,31
Tabela
do Governo = 22,99
Mesmo
com a descoberta deste golpe, e sabendo que o Governo nunca compra só um tijolo
– as compras do governo
sempre iniciam na casa dos milhares – seria de se esperar que
houvesse algum desconto, afinal, quem compra em quantidade sempre recebe um
substancial desconto, correto? Nada disso. Ocorre que isso não é levado em
consideração, e por que será? E com isso, o governo entrega de bandeja mais um
motivo para as empreiteiras contratadas cobrarem preços muito acima dos praticados
pelo mercado. O interessante disso é que os três órgãos responsáveis por elaborar as
tabelas de referência - segundo a reportagem da revista Veja - que são o IBGE, a Caixa Economia Federal
e o Departamento
Nacional de infraestrutura de Transportes (Dnit), alegam que
elas representam o teto do que o governo pode pagar, e não a média dos preços
do mercado, e com isso, obviamente, as empreiteiras irão sempre “dar” um jeito de
receber pelos valores da “tabela cheia”.
O
que mais causa estranheza, é que mesmo com a divulgação deste esquema por uma
Revista de expressão nacional, nada acontece. Até parece que o Povo Brasileiro
está sofrendo de uma "dislexia
moral". Ou seja, o povo brasileiro tem imensa
dificuldade em entender que está sendo lesado, roubado, enganado. Pelo
menos, é isso que vem acontecendo a muitos e muitos anos, e mais nada parece
ter importância para o povo, até parece que existe um consentimento com essa
falta de opinião do povo. O engraçado é que nesta hora que deveríamos demonstrar
algum interesse em brigar pelos nossos direitos, nada acontece. Mesmo com o
fato de alguns Superministros do Governo terem sido obrigados a deixar o seu
cargo devido a um enriquecimento sem origem comprovada, ou a alguns dirigentes
de órgãos esportivos que comandam o futebol em nosso país também estarem
sofrendo acusações pelo mesmo crime; nada muda em nosso País. O máximo que
acontece com esses representantes do Povo é que eles pedem afastamento dos seus
cargos públicos e tudo fica bem, como se tudo estivesse em ordem. Isso não
parece um pouco estranho? Até podem pensar que alguém tem interesse em proteger
alguém. Será?
Para
finalizarmos este triste episódio da história do Brasil, mesmo sem um
diagnóstico preciso sobre o real motivo que leva o povo brasileiro a ser um
povo tão desleixado com relação aos maus exemplos de ética e de moral que os
seus governantes destinam a ele, povo brasileiro, acreditamos realmente que
estamos vivenciando uma epidemia
de "dislexia
moral" neste país. Haja vista que nada mais é capaz de
deixar o povo em estado de indignação, nem a multidão de usuários das drogas do
momento que se arrastam pelas vielas das cidades do nosso País, nem a situação
deplorável da saúde pública, e mais uma imensa lista de serviços públicos que
são prometidos em
campanhas eleitorais, mas que nunca acontecem realmente.
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