Criatividade Corporativa
Por Renato Mariano
Este artigo tem por objetivo demonstrar como
a criatividade corporativa tornou-se um bem tão valioso dentro das corporações
atuais e o quanto a sociedade depende do seu sucesso para resolver desde os
problemas mais comuns até os aparentemente sem solução. Sabendo que para se
cumprir tais tarefas, serão necessárias a utilização dos conceitos mais
modernos de estratégia e competitividade empresariais. Buscaremos justificar a
necessidade de equipes comprometidas em buscar as grandes ideias, os produtos
inovadores e a obtenção do sucesso com o resultado dos projetos. Tendo o
conhecimento da existência dos temores com o fracasso das ideias criativas
dentro das corporações, foram se formando grupos de trabalhos com indivíduos
criativos e utilizadas técnicas para conseguir superar e neutralizar esses
temores com o fracasso. Vamos expor as estratégias, as necessidades que as
Corporações têm durante o processo de encontrar as soluções para os diversos
problemas e veremos mais sobre as equipes estratégicas de criatividade e da
arte da inovação.
Palavra Chave: Criatividade, Corporativa, Problemas, Soluções,
Inovação.
Introdução
O principal
objetivo dentro das corporações é a busca pela solução dos problemas e das
necessidades dos seus clientes. Isso nos leva a pensar que a única solução para
se pôr um fim nas angustias dos clientes, só pode vir através das soluções que
são encontradas dentro das corporações. Logo, podemos deduzir que a
criatividade corporativa, a inovação de produtos ou até mesmo o lançamento de
novas ideias só aparecem devido à pressão que o mercado consumidor exerce sobre
as corporações e mais especificamente, sobre as equipes de funcionários
criativos.
São nos momentos
de necessidade extrema que procuramos encontrar uma solução criativa para
resolver algumas pendências ou sanar os problemas com mais agilidade. Devido a
estes fatores, as corporações tiveram que adequar-se para receber as novas
ideias criativas e as novas formas de se fazer o mesmo melhor, inovando e
redescobrindo novos caminhos. E já que sabemos que a criatividade está em alta
no mundo corporativo, iremos nos aprofundar mais nas técnicas que são
utilizadas durante o processo criativo. Vamos aproveitar este momento para
conhecer melhor sobre uma das várias definições que tem a palavra criatividade.
“A palavra criatividade tem
sido razoavelmente confundida com a técnica de criar anúncios. Mas não é só
isso. Criatividade é uma técnica de resolver problemas. Essa técnica pode ser
aplicada a todas as atividades humanas, não apenas à atividade específica de
criar boa comunicação.” (Duailibi & Simonsen, 2000:16).
1. Os problemas dos clientes.
Todos nos deparamos com problemas, sejam eles
quais forem. Pode ser no local de trabalho, com o elevador do nosso prédio, com
o aparelho de TV que acabamos de comprar, devido ao horário de verão, com
alguma atividade na Universidade, com um novo projeto na empresa em que
trabalhamos ou outros diversos tipos de problemas. Pensando em resolver esses
problemas, as empresas por diversas vezes vão além das expectativas e encontram
soluções que em determinadas ocasiões surpreendem aos próprios criadores dessas
idéias. “Produzido pela
primeira vez por Cartier a pedido de seu amigo Santos Dumond, que não podia
usar um relógio de bolso enquanto manobrava seus balões, o relógio de pulso é
um dos acessórios mais disseminados em todo o planeta.” (Duailibi
& Simonsen, 2000:59).
Existem alguns problemas que são
encarados como pequenos, mas que ninguém consegue elimina-los, como no caso
desta empresa que tinha um estacionamento muito pequeno.
Eu trabalhei em uma empresa que tinha um estacionamento privativo
pequeno. Os funcionários queriam que ela construísse uma nova área de
estacionamento, embora o custo fosse de milhões de dólares. A gerência
respondeu que não dispunha de orçamento para isso. Ninguém da empresa pensou em
alternativas de resolver o problema de estacionamento, como por exemplo:
incentivar o trabalho em casa via terminal de computador, criar turnos
variados, fazer uma divisão de tarefas, um rodízio de carros ou contratar um
ônibus para levar os funcionários em casa ou até o estacionamento mais próximo.
A questão poderia ter sido facilmente contornada se tivesse sido considerada
sob diferentes perspectivas e se as possibilidades fossem exploradas de forma
criativa. (Nelson, Bob 1956:53).
1.1 Soluções para grandes problemas
Em algumas
ocasiões de nossas vidas, certamente um determinado problema mostrou-se ser
maior do que outro isso só acontece devido à urgência que existe em se resolver
esse ou aquele problema. Lógico que existem problemas de todos os níveis e em diversos
segmentos da sociedade, não é exclusividade do consumidor final a procura pela
solução dos seus problemas. Quando surgem as necessidades é que procuramos a
melhor maneira para resolvê-las, mesmo que para isso seja preciso uma mudança
radical. “Com a crise do petróleo, a pequena Aruba trocou as refinarias de
petróleo pelo turismo e hoje tem o maior PIB per capita da América Latina”.
(Dualibi & Simonsen, 2000:50). Afinal, traçando um comparativo, problemas
são como uma dor de dente cada pessoa tem a sua dor e a intensidade dela é sem
sombra de dúvidas infinitamente maior do que qualquer outra, com os problemas
acontecem o mesmo, sempre será encarado com maior importância o que nos aflige
diretamente.
2. AS Soluções Inovadoras
As ideias
e soluções inovadoras são bem vistas no mundo corporativo e tem uma grande
procura, claro que esse fato acontece nas instituições que tem uma política
interna voltada e preparada para receber estas boas ideias. Vamos expor a
necessidade do surgimento de soluções criativas e inovadoras dentro de alguns
segmentos corporativos existentes, mas que em algumas oportunidades essas
ideias não alcançaram os resultados esperados. Porém existiram ocasiões em que
o resultado foi totalmente surpreendente e deixou a todos sem entender o real
motivo do estrondoso sucesso. “Os Beatles foram às primeiras pessoas a mudar o
mundo sem fazer guerra. Eles mudaram tudo fazendo música. E o mundo talvez para
se desculpar de toda a sua violência, transformou os quatro rapazes que falavam
de amor e paz num dos maiores sucessos de crítica e de público do século XX.”
(Duailibi & Simonsen, 2000:53).
Beatles
Para se conseguir obter ideias criativas foram necessárias algumas
mudanças estruturais nas corporações. Em outros tempos, nem tão distantes dos
dias de hoje, nada mais produtivo em termos de novas ideias e inteligência
corporativa como se sentar num restaurante da moda para um longo almoço. Muitos
profissionais de marketing, de departamentos de criação e de inovação se
dividiam em espaços de restaurantes badalados ou em outros espaços do gênero,
lá eram discutidas ideias, projetos e muito se comentava sobre os últimos
lançamentos do mercado. Na maioria das oportunidades ninguém dava a mínima
importância para aquele jovem sentado à mesa ao lado. Alguns, por sua vez,
usavam à audição e a memória aguçada para pescar as melhores informações e
voltar para o trabalho com as últimas novidades do mercado. Não se sabe ao
certo por quantas vezes algumas boas ideias nasceram desta forma, mas pessoas
ligadas às grandes corporações contam algumas histórias interessantes sobre
este tema.
Sabendo que as pessoas se sentem à vontade para falar sobre
concorrentes, estratégias, propostas e trabalho quando olham em volta e veem
apenas pessoas com jeito de turista, as corporações sentiram a necessidade em
ter equipes criativas ou grupos determinados. Toda equipe criativa é motivada
principalmente pela paixão. Acredita-se que as equipes mais fortes se
estabelecem quando as pessoas têm a chance de escolher em que grupo vão
trabalhar e podem compartilhar da paixão que sentem pela busca do objetivo.
Veremos a seguir as providencias que as corporações tiveram de adotar depois da
constatação da existência de vazamento de informações durante os processos de
trabalho.
2.1 Equipes de Inteligência Corporativa
Com a necessidade das empresas em montar equipes criativas devido
ao acirramento da concorrência e da necessidade de ter profissionais
concentrados em projetos criativos, com o comprometimento de manter o sigilo e
a discrição sobre os projetos em andamento dentro empresa, surgiram às
primeiras equipes de inteligência corporativa dentro das empresas. Desde que
foram montadas estas equipes de inteligência no interior das corporações, elas
utilizam técnicas próprias, veremos como elas trabalham e conheceremos algumas
destas técnicas utilizadas para se obter os resultados esperados. Existem
relatos de projetos de sucesso e de bons produtos que invariavelmente
demonstraram que são resultados de uma boa equipe criativa, acompanharemos o
relato da reconhecida empresa IDEO, empresa norte-americana de design, que
entre tantos sucessos, foi a que projetou o mouse para a empresa Apple.
A criação de uma equipe determinada é resultado em parte de
disposição de espírito. As equipes determinadas não têm necessariamente de
começar com o projeto mais emocionante. A equipe e o líder certos podem criar
sua própria energia em torno da tarefa presente. Meu primeiro LP (lembram-se do
vinil?) foi à trilha sonora do Filme Mary Poppins, e eu ainda me lembro de
ouvi-lo dizendo que em cada tarefa que precisa ser feita, há um elemento de
diversão. “Você acha a graça e – zás – o trabalho passa a ser um jogo.” Estou
sugerindo a sério que você cite Mary Poppins para a equipe – mas a ideia de fazer
sua própria brincadeira ainda se aplica. (Kelley, Tom, 2000:93)
A Gestão dessas equipes criativas dentro das Corporações nada mais
é do que a manipulação dos elementos disponíveis dentro da própria Corporação.
Isso é possível através do bom gerenciamento dos recursos humanos, da
utilização plena dos recursos materiais disponíveis, da boa gerência das
informações e do uso de toda a estrutura disponível na empresa com o fim de
propiciar que a mesma se ajuste ao seu meio, de modo a poder encontrar as vias
de menos atrito durante o processo de criação e que proporcionem o melhor
rendimento dos seus recursos. Para isso existe a necessidade de que o
profissional responsável pela liderança conheça bastante bem não só a empresa
como o meio em que atua o que só é possível através de uma boa gestão dessa
equipe, o que no mundo corporativo de hoje é imprescindível.
2.2 As incertezas da Criatividade Corporativa
Após alguns relatos de sucesso que aconteceram devido à
criatividade corporativa, existem exemplos de que a necessidade foi a principal
responsável pelo surgimento de uma idéia criativa. Claro que nos dias atuais as
necessidades são outras e cada vez mais elas são urgentes, mas não podemos
esquecer que a necessidade sempre existirá e a procura por idéias criativas
também. Mas nem sempre as idéias e os produtos novos são prontamente aceitos
pelo público em geral. “Gillette.
No seu primeiro ano de fabricação vendeu apenas 51 aparelhos e 168 lâminas.
Depois disso, sua produção atingiu um valor incalculável. Da idéia inicial
surgiram várias outras.” (Duailibi & Simonsen, 2000:51).
Sabe-se que mudanças e novidades na maioria das vezes, não têm rápida aceitação
pelo mercado e que nestas horas, todo o trabalho de desenvolvimento do projeto
se mostra fundamental, afinal, houve todo um estudo para saber da aceitação ou
não do produto pelo mercado consumidor.
Muitas
ideias por mais criativas que sejam, nem sempre tiveram o objetivo de alcançar
o que elas realmente alcançaram. “Quando o Sr. Levi Strauss transformou o brim
de barracas em calças para os mineiros, na Califórnia, talvez não soubesse que
viria a ser o mais poderoso agente modificador em todos os tempos.” (Duailibi
& Simonsen, 2000: 51).
Em
diversas oportunidades em que as expectativas de algum produto não são
alcançadas, o mercado divulga estudos, pesquisas e uma série de dados concretos
a esse respeito. Agora, em determinados casos como, por exemplo, o do Sr. Levi
Strauss, não existe nenhum dado oficial de como esta ou outras ideias caíram no
gosto da população e se tornaram produtos indispensáveis.
Levi Strauss
2.3 O temor Corporativo
Existe um temor dentro das empresas
quanto ao fracasso dos novos produtos, alguns desses temores tornaram-se
famosos e foram relatados em algumas passagens históricas, aonde os próprios
inventores foram os autores desses comentários negativos ou ainda, tiveram que
conviver com alguns comentários desanimadores sobre suas descobertas.
“A teoria dos germes de Louis Pasteur é
uma ridícula ficção” (Pierre Pochet, professor de Filosofia em Toulouse, 1872).
(Duailibi & Simonsen, 2000: 74).
“O cinema será encarado por algum tempo
como uma curiosidade científica, mas não tem futuro comercial.” (Auguste
Lumiére, 1895, a respeito de seu próprio invento). (Duailibi & Simonsen,
2000: 74).
“O avião é um invento interessante, mas
não vejo nele qualquer utilidade militar.”(Marechal Ferdinand Foch, titular de
estratégia na Escola Superior de Guerra da França, 1911). (Duailibi &
Simonsen, 2000: 75).
“Até julho sai de moda.” (Revista
Variety, a propósito do rock´n´roll, março de 1956). (Duailibi & Simonsen,
2000: 75).
“A televisão não dará certo. As pessoas
terão de ficar olhando sua tela, e a família americana média não tem tempo para
isso.” (The New York Times, 18 de abril de 1939, na apresentação do protótipo
de um aparelho de TV). (Duailibi & Simonsen, 2000: 75).
O excessivo temor de errar em novas
experiências envolvendo o nome da empresa, constitui em uma das grandes
barreiras à criatividade. Não só pelos possíveis prejuízos financeiros, mas
muito pelo temor que os executivos têm em carregarem o estigma de uma ação
malsucedida. Tentando solucionar isso, tornou-se frequente e comum o uso de
técnicas dirigidas em ajudar os profissionais a superar temores, veremos
algumas delas logo mais a frente.
3. Treinamento para se alcançar a
Criatividade
O treinamento é o meio utilizado para
se melhorar a capacitação das pessoas para desempenharem melhor as suas funções
e fazer com que os objetivos sejam alcançados. Sabe-se que renomados
profissionais do mundo criativo adotaram algumas técnicas e eliminaram fatores
que causavam a inibição durante o processo de trabalho das suas equipes, isso
virou um roteiro dentro do mundo corporativo.
“A criação e o julgamento – nunca devem
ser exercidos ao mesmo tempo. O medo do ridículo - quando o executivo se recusa
a correr riscos por temor as opiniões. A pressão para conformar-se – quando
novas idéias são sempre recebidas com temor e desconfiança. A falta de tempo
para se pensar – há empresas que sobrecarregam seus executivos de tal forma e
por longos períodos, que não lhes sobra tempo para dedicar-se a soluções novas
ou mesmo para enunciar novos problemas”. (Duailibi & Simonsen, 2000:80).
3.1 Estágios do processo criativo
A criatividade não aparece tão
facilmente como o ato de se escovar os dentes, nenhum profissional pega um
pedaço de papel em branco ou liga um computador e logo a seguir cria algo de
sucesso. Não é tão simples assim, existe um longo caminho a seguir até que
surjam as idéias criativas e essa preparação pode se dar por via direta ou
indireta. É por via direta quando acumulamos informações pertinentes ao
problema que deve ser resolvido. Isto é, quando buscamos somente informações
que contribuam para uma possível solução. Na segunda hipótese é pela via
indireta, quando podemos buscar informações sobre tudo o que possa vir a
colaborar para uma solução, mesmo que não tenha nada a ver com o problema, a
primeira vista.
Iremos agora conhecer a técnica do
Brainstorm , muito utilizado nas Agências de Propaganda e Publicidade. Segundo
Duailibi & Simonsen (2000), se trata de uma reunião de interessados em
resolver um problema que a eles foi exposto, mantendo sempre à ausência
completa de crítica e o julgamento final adiado. Esta técnica está muito
difundida hoje em dia, inclusive está presente nos livros e nas aulas que fazem
parte do ensino superior de muitas Universidades aqui no Brasil. Para Tom
Kelley (2001) as sessões de Brainstorm entusiastas chegam a gerar cem ou mais
ideias, dez das quais provavelmente ótimas.
4. Considerações Finais
Esperamos que com as informações
obtidas durante a leitura deste artigo sobre a Inteligência Corporativa, tenha
sido possível encontrar as respostas para os nossos questionamentos iniciais e,
sobretudo termos chegado a uma conclusão sobre este tema. Baseados nesses novos
conhecimentos que adquirimos, tornou-se bem mais claro o fato de que a
criatividade corporativa veio para melhorar a nossa vida em vários segmentos e
trazer mais conforto e facilidades nas nossas tarefas diárias. Afinal,
conhecemos algumas estruturas, e até algumas soluções aplicadas na solução de
problemas, comparamos os problemas grandes com os pequenos, vimos também como
se executam uma boa gestão de equipes criativas e da sua importância para se
alcançar os bons resultados. Mediante todos esses fatos que foram expostos até
agora, temos que enaltecer todos os profissionais que atuam nesta área de
criatividade corporativa e saber que eles se baseiam nas experiências de
pessoas comuns para buscar as soluções ou a criação de algum novo produto.
Consideramos que ficou bem claro o fato da criatividade corporativa ser a
responsável pelas soluções encontradas para a maioria dos nossos problemas
cotidianos. “A simples existência de uma empresa supõe que houve uma crise
em determinado momento – a empresa é em si mesma, a solução que foi encontrada
através de uma abordagem criativa para o problema sugerido.” (Duailibi
& Simonsen, 2000: 2).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KELLY, Tom, A Arte da Inovação. 2º.Ed. São Paulo: Futura 2001
NELSON, Bob, Faça o que tem de ser feito e não apenas o que lhe pedem. 1º.Ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2000
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