Cidadania. Algo tão
comentado, mas, pouco conhecido...
Algumas pessoas tem a real noção de
que cidadão é aquela pessoa reconhecida pelos outros, ou seja, pela sociedade,
como alguém que têm direitos: direito de ser respeitado pelos amigos, parentes,
colegas de trabalho;direito de ter crédito; direito de votar; direito de estar
bem informado sobre a realidade do País, etc.
A maioria das pessoas deseja que seus
direitos sejam reconhecidos, isto é, seus valores e desejos são os mesmos da
sociedade.
Sociedade
Segundo o Dicionário da língua
portuguesa, sociedade é o conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo
e em determinado espaço, seguindo normas comuns, e que são unidas pelo
sentimento de grupo.
Muitas vezes, porém, para realizarmos
nossos desejos e fazermos valer nossos direitos, temos de estar trabalhando.
Quando não conseguimos um emprego, é comum nos sentirmos incapazes, por
acreditarmos que alguns são “naturalmente” mais competentes, mais merecedores
e, portanto, mais bem-sucedidos, enquanto outros “fracassam” porque lhes faltam
capacidade, competência... Assim, acabamos pensando que as diferenças entre as
pessoas são como os elementos da natureza, ou seja, não dependem de nossa
vontade, e, com isso, nos conformamos com nosso destino, com a nossa “sorte”.
Excluído da sociedade
Essa visão não é correta, porque todo
ser humano é capaz e pode participar da sociedade, seja em seu bairro, seja em
sua comunidade, quando deseja e busca os meios para ter seus direitos garantidos,
para ser um cidadão.
Vamos pensar alguns exemplos de
participação e de conquistas realizadas por nós em nossa rua, em nosso bairro
ou em nossa cidade. Vamos fazer uma força e pensar.
Dificilmente
as pessoas perguntam sobre o significado das coisas que compõem o mundo no qual
vivemos. Elas parecem ser tão “naturais” que não chamam a atenção das pessoas,
não despertam nenhuma curiosidade, e, por isso, nós nem procuramos explicações
sobre elas. A necessidade de fazer coisas no dia-a-dia nos leva a desenvolver
hábitos, atitudes, comportamentos, pensamentos e ideias de acordo com o “mundo”
em que vivemos, e, desse modo, não temos tempo para pensar e aprofundar a
compreensão de nosso mundo e de nossos atos.
O
mundo é composto
Por exemplo: não visualizamos como as
coisas que usamos em nossa vida são criadas, nem como são fabricadas, ou seja,
como é o processo de produção delas. Você já parou para pensar em como se
fabrica um carro? Tem ideia de como os objetos que utilizamos diariamente são
inventados?
Muitas vezes também não sabemos como
aparecem certa ideias. Quem inventou o futebol? O casamento? A política? Ou
seja, não paramos para pensar sobre o mundo e sobre as pessoas. Assim, tudo
parece muito natural, é como se todas as coisas nascessem prontas e nós é que
precisássemos nos adaptar.
Vamos ver um exemplo: até algum tempo
atrás,acreditava-se que as diferenças entre homens e mulheres decidiam,
determinavam o que eles faziam no mundo, ou seja, seus papéis sociais. O homem
seria o responsável por sustentar a família, enquanto a mulher cuidaria da
casa, da família, dos idosos. As coisas
mudaram e, hoje, um grande número de mulheres são chefes de família, isto é,
trabalham e criam seus filhos muitas vezes sozinhos. No entanto, muito ainda
precisa ser mudado.
É claro que conhecemos alguma mulher
responsável pelo sustento do seu lar, e com essa mudança, na forma de enxergar
as funções, os papéis do homem e da mulher na casa (e na sociedade) se deve a
vários fatores. De qualquer maneira, podemos perceber que não é “natural” que o
homem trabalhe e sustente a família e a mulher fique em casa.
O que é natural?
Em geral, consideramos “natural”
alguma coisa que possui existência própria e independe de nossa vontade e de
nossa ação, alguma coisa que foi criada por um poder maior que nós e que tem
“leis próprias”, ou seja, cujo funcionamento está além de nossa capacidade de
agir ou alterar. Por exemplo: a maior parte dos fenômenos da natureza ocorre
sem a participação do ser humano, independe de sua vontade, como, por exemplo,
um furacão, um tsunami (onda gigante que invade cidades), um terremoto e tantos
outros.
A sociedade e o mercado de
trabalho são elementos naturais?
Vamos pensar em uma situação pela qual
nós já passamos em algum momento da nossa vida. Na sala de aula existe um
determinado número de pessoas. Olhe para elas e tente perceber as suas
diferenças: na sala há homens e mulheres? Jovens que estão começando a
trabalhar, pessoas com mais experiência? São brancos, negros, pardos, amarelos?
As características de cada pessoa, ao
mesmo tempo em que a torna diferente de milhões de tantas outras, também a
aproximam e a identificam com outros milhões, estabelecendo, desse modo, as
diferenças e as semelhanças que marcam nossa sociedade. Somos diferentes, mas
isso deve ser tratado com respeito e com direitos iguais.
.
A cultura em que vivemos orienta
nossos comportamentos em sociedade. O que vai acontecer se sairmos de casa sem
roupa? Seremos presos na primeira esquina! Isso porque as regras de nossa
sociedade assim determinaram. Mas o índio não vive nu em sua tribo? Sim, porque
sua cultura não vê problema nisso.
Portanto,
a cultura está presente em nossa vida.
Isso, porém, não é tudo. Há outro lado
que não vemos com facilidade: os sentimentos, as emoções, a sensibilidade,
aquilo que o ser humano tem de mais íntimo. Cada pessoa sente e percebe o mundo
de sua forma.
Cada um de nós tem personalidade
própria, que é resultado da união de sua cultura (a moral, a família, a origem
social, os costumes, os hábitos, etc.) com sua história de vida. Cada pessoa
constitui sua individualidade. Por exemplo: mesmo dois irmãos criados da mesma
maneira, em uma mesma casa, desenvolvem sentimentos, emoções e sensibilidade
diferentes um do outro.
Não é isso o que acontece isso com a
gente? Nossos irmãos e irmãs. Será que existem duas pessoas idênticas? Como se
explicam essas diferenças entre elas?
Não podemos nos esquecer de que a
personalidade se forma e se desenvolve no contato com outras pessoas com as
quais convivemos. Desse modo, “somos uma porção de nós mesmos e uma porção de
outros”, ou seja, “somos um e somos muitos”. O indivíduo, a pessoa, só se
desenvolve na sociedade. Ele, então é um ser social.
A
importância da educação para nossa formação
Você já deve ter ouvido dizer que,
para ser “gente”, a pessoa precisa aprender. O que isso significa? Significa
que ela tem de aprender tudo aquilo que é necessário para fazer parte da
sociedade.
O ser humano não existe fora da
cultura e da sociedade. Por isso, ele está sempre formando, estabelecendo novos
vínculos, fazendo novas relações, condição necessária para seu desenvolvimento.
Dessa maneira, estamos sempre criando novas diferenças e semelhanças.
Agora,
vamos novamente pensar na situação em que você se encontra: a sala de aula. As
diferenças entre você e seus colegas não impedem a formação desse grupo,
organizado e com objetivos muitos parecidos.
As
relações entre pessoas (e entre grupos) podem ser:
. Autoritária: “uns
mandam e outros obedecem”, ou seja, são relações determinadas pelo poder de um
ou alguns sobre muitos (ex.: um juiz de futebol durante o jogo);
. Democrática: baseadas no diálogo e no respeito pelas diferentes
visões de mundo, formas de enxergar as coisas e opiniões. Vamos pensar neste
grupo de formação universitário que estamos frequentando. Imagine como seria
senão soubéssemos ouvir o colega, se não soubéssemos apresentar nossas
opiniões. Às vezes, levamos as discordâncias, os conflitos para o lado pessoal,
achando que é “perseguição” contra nós ou coisa parecida. Mas, não, ouvir o que
o outro tem a dizer pode melhorar uma ideia que já tínhamos ou, ao contrário,
fazer perceber que estamos certos em nossa opinião. Assim é a vida em grupo, em
sociedade.
Existem também relações que são uma
mistura desses dois tipos. Pode haver dominação, em que um convence os outros a
fazer alguma coisa pelos mais variados motivos e meios, ou cooperação entre
todos os componentes do grupo. Vamos imaginar uma situação num ambiente de
trabalho: seu chefe manda você fazer uma roda quadrada. Você pode argumentar:
“Isso não vai funcionar”, porque tem conhecimento daquilo que faz. Mas ele é o
chefe e não quer saber: quer uma roda quadrada!
Ou, pensando na mesma situação: o
chefe pede a roda quadrada e você argumenta que isso não será bom, haverá perda
de material, de tempo, demonstra como ela ficaria melhor redonda. O chefe concorda e chama outro
colega, que trará uma ideia para que a roda fique ainda melhor.
O que significa ser
cidadão hoje?
Ser cidadão significa ser reconhecido
como um sujeito livre, capaz de tomar decisões e de reconhecer os outros como
seus iguais em termos de direitos. Nenhuma dessas conquistas aconteceu do dia
para a noite; todas as igualdades no mundo foram resultado de muita luta
daqueles que não tinham os mesmos direitos que os outros.
Vamos falar dos
valores
Valor é tudo o que consideramos certo
ou errado, verdadeiro ou falso, bom ou ruim, bonito ou feio, importante ou não.
Assim, valores são as diversas formas que nos fazem ser pessoas de um jeito ou
de outro.
Todos nós, portanto, temos valores,
porque vamos construindo em nossa vida aquilo que achamos ser melhor para nós.
Existem valores de todos os tipos:
éticos (moral), estéticos (artes), econômicos (dinheiro, bens, trabalho),
intelectuais (conhecimento), políticos (poder, governos), entre outros. E
também temos valores pessoais e individuais, que nem sempre são os mesmos do
grupo como o qual convivemos.
Mas uma coisa é certa: nunca estamos
sozinhos em nossas opiniões; sempre existem pessoas que pensam como nós.
Vamos ver um exemplo
do que são valores.
Quando julgamos as atitudes de alguém,
sempre o fazemos em nome de determinado valor. Pense na seguinte situação: uma
pessoa, para “subir na vida” (ter uma promoção), bajula o chefe e faz intriga,
um diz-que-diz, com seus colegas de trabalho. Criticamos a atitude dela em nome
de determinado valor. Qual seria esse valor? Pense nisso!
Até agora, vimos que o mundo humano
não é natural, porque é feito por homens e mulheres e pode ser modificado por suas ações.
Mas é importante entendermos que há limites para essas ações. Existem coisas
que nós não escolhemos: a época e o lugar onde nascemos nossa nacionalidade,
nossa origem social, a família à qual pertencemos são alguns exemplos. É de
acordo com essa realidade que podemos e devemos nos transformar naquilo que
queremos, segundo nossas possibilidades. Assim, temos a chance de mudar nossa
vida, mas, com limites, pois existem coisas que não podemos modificar com
nossas ações.
Outra ideia desenvolvida aqui, é que a
sociedade atual é caracterizada por diferenças culturais, religiosas, étnicas,
etc., e também por uma grande desigualdade social. As diferenças têm de ser
respeitadas e os direitos de todas as pessoas devem ser assegurados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário