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18 de fevereiro de 2010

Aspectos Culturais do Brasil e Relações de Gênero


 
Iremos falar sobre a questão de gênero, que se realiza culturalmente por ideologias que tomam formar específicas em cada momento histórico e, tais formas, estão associadas a apropriações político-econômicas e culturais que se dão como totalidades em lugares e períodos determinados.   Vamos aproveitar e falar muito a respeito das questões do gênero dentro das organizações, e termos uma visão crítica sobre o “desemprego” feminino e sua trajetória nas duas últimas décadas, em que as mulheres ainda estão sendo excluídas do processo de trabalho formal, por mais que exista uma ampla publicidade “sobre o domínio” feminino em algumas áreas de trabalho.
  Buscaremos as origens da hierarquia e das desigualdades nas relações que as mulheres estabelecem entre si e com os homens.

         A questão de gênero deve ser cada vez mais adotada como desafio de todos os homens e mulheres do conjunto da sociedade. A igualdade entre os homens e mulheres é o caminho principal de uma sociedade cidadã, de um modelo de desenvolvimento mais imparcial. Promove-la é algo profundo e com repercussões em todas as extensões da vida em sociedade. Não podemos falar de cidadania sem reconhecer e gerar a igualdade de gênero. A importância do gênero revela-se nas pautas políticas, “ainda mais nesse ano eleitoral aqui no Brasil”, nas estratégias de usas organizações e nos diversos espaços da sociedade e de nossas vidas.  A questão de gênero está em toda parte e tem a ver com a forma como educamos nossos filhos e nossas filhas, como vivenciamos nossos relacionamentos com homens e mulheres, com as prioridades do modelo de desenvolvimento do País, como o exercício do poder, com o cuidado com a vida, com a economia de nosso País e tantas outras coisas do nosso cotidiano e de nossos desafios, que encontramos em nosso caminho a todo instante.


     Para entendermos as raízes das desigualdades entre homens e mulheres, também temos que reconhecer as desigualdades raciais e étnicas, fazendo da nossa sociedade uma sociedade mais justa, digna e cidadã para todos independente de sexo, raça, situação econômica, origem regional e tantas outras coisas que ainda revelam a desigualdade, a intolerância, gerando o extermínio de milhões de vidas.

Vamos com um pouco de história.

  A categoria de análise de “gênero” emerge de todo um movimento criado no final da década de 70 por um grupo de pesquisadoras feministas da Inglaterra. A discriminação vivida por milhares de pessoas não é um problema exclusivo das mulheres ou sucedido de uma incapacidade natural, mas, resulta das relações sociais entre os sexos adquiridas ao longo da história.  A categoria “gênero” também ajuda a descobrir, a partir de um grande enfoque, aquilo que é cultural e, logo, pode ser mudado na vida em sociedade, perguntando sobre a naturalização da igualdade social entre os sexos. Ao mostrar a dimensão social de desigualdade e suas repercussões na divisão sexual do trabalho, encaram-se, ainda os caminhos para a ação política das comunidades, das organizações e dos movimentos que atuam pela mutação dessa realidade.   As conquistas das mulheres em busca de uma sociedade mais igualitária tiveram impulso em todas as áreas do nosso cotidiano, acarretando outras formas de ver e vivenciar o mundo, transformando paradigmas e concepções de desenvolvimento e de democracia e ampliando os horizontes dos direitos humanos, da cidadania e do trabalho.




Podemos falar do exemplo dos trabalhos domésticos feitos por mulheres ao longo da história, que não eram, e ainda não são efetivamente considerados, como trabalho, sendo o trabalho ligado a cuidar de crianças, ajudar e cuidar de pessoas idosas, fazendo com que a roda da vida perpetue esse movimento. Podemos notar que tudo isso sempre foi imposto como uma parte natural do papel da mulher.  Os movimentos feministas questionaram essa situação no que se refere à necessidade de reconhecimento do trabalho doméstico e, também, que esse trabalho deve ser compartilhado entre homens e mulheres.

  A Globalização e a questão de Gênero

A globalização econômica, a reestruturação produtiva e a flexibilização de direitos, em que se buscam vantagens competitivas e a maximização de lucros a qualquer preço, teve um ápice com o processo de globalização que avançou ao longo de 1990; a ordem era diminuir os custos, principalmente de mão-de-obra. A função do Estado tornou-se cada vez mais reduzida como responsável pela promoção da justiça social, na diminuição dos recursos destinados às políticas sociais e na subordinação de todos à lógica do ajuste fiscal.  Toda essa reinvenção, que apareceu com o processo da globalização atual, fez surgir uma nova fórmula de exploração entre pessoas e grupos. No Brasil, esse processo reafirmou velhos padrões da divisão sexual do trabalho e criou novos contornos na vida da maioria das mulheres, aumentando a vulnerabilidade, a precariedade das condições de vida e a perda de direitos e de sua cidadania.

As mulheres no seu cotidiano de trabalho

Segundo a (OIT), Organização Internacional de Trabalho, a partir dos anos 90, as mulheres ampliaram sua participação no mercado de trabalho. Enquanto na América Latina essa participação passou de 39%, em 1990, para 45%, em 1998, no Brasil, o salto foi de 40% para 45%. Segundo dados da fundação SEADE, em São Paulo, região de maior dinamismo econômico da América latina, a taxa de participação das mulheres chegou a 55,1% em 2003. No Brasil, o crescimento foi mais intenso entre as mulheres pobres, com o aumento de 0,74% para 0,81% entre 1990 e 1998. Esse aumento não necessariamente representa um indicador positivo, pois, nos setores menos valorizados, existe um numero muito pequeno de mulheres nas atividades de serviços: saúde, educação, administração, comunicações, serviços comunitários e pessoas.


  As diversas formas de discriminação estão fortemente associadas aos fenômenos de exclusão social que dão origem e reproduzem a pobreza. Eles são os responsáveis pela superposição de diversos tipos de vulnerabilidades e pela criação de poderosas barreiras.  Nos últimos anos, nota-se que as condições e causas da pobreza são diferentes para mulheres e homens, negros e brancos. O gênero e a raça são fatores que determinam, em grande parte, as possibilidades de acesso ao emprego, assim como as condições em que se exerce. Desse modo, condicionam também a forma como os indivíduos e as famílias vivenciam a pobreza e conseguem ou não superá-la.  Em nosso País, as discriminações de gênero e raça têm atuado como eixo estruturante dos padrões de desigualdade e exclusão social. Essa lógica reflete-se no mercado de trabalho, no qual as mulheres vivenciam as situações mais desfavoráveis.  Agora, daremos destaque ao trabalho doméstico, por ser, em sua grande maioria, realizada por mulheres; nesse tipo de trabalho existe uma situação absolutamente particular se comparado a ouros, devido ao seu peso quantitativo em termos do total da ocupação feminina no País.   É necessário se analisar que o trabalho doméstico é praticado nos domicílios e a esmagadora maioria dos empregadores são pessoas físicas e não empresas, como nas demais formas de assalariados. Além disso, as trabalhadoras domésticas possuem direitos trabalhistas diferenciados de todos os outros trabalhadores do País.

Segundo pesquisa do DIEESE (2001), o trabalho feminino estava assim:


. emprego doméstico.......................17%

. trabalho agrícola.............................20%

. comércio de mercadorias.............13%

. prestação de serviços...................28,40%

. atividades sociais..........................17,40%


Foram encontradas mais mulheres trabalhando nestes setores:

. costura....................................................94%

. magistério (ensino fundamental).........90%

. secretariado...........................................89%

. telefonia..................................................86%

. enfermagem...........................................84%

. recepção.................................................81%


  Não se pode esquecer o mercado informal, no qual encontramos um grande contingente feminino.
As diferenças de rendimentos

         As diferenças de salário continuam sendo grandes vilãs na marginalização da mulher no mercado de trabalho, segundo a pesquisa do DIEESE (2003) aponta que os rendimentos dos trabalhadores são baixos e mal distribuídos, e incontestáveis da sobreposição discriminatória –de sexo e cor – que atinge as mulheres negras.

Escolaridade

  As mulheres brasileiras apresentam mais tempo de escolaridade que os homens.

  Na Universidade, elas já são a maioria, mas, infelizmente, têm que estudar quatro vezes a mais que os homens para conseguir uma “igualdade” salarial.

Segundo pesquisa da Folhe de São Paulo (2006), a mulher espera 35% a mais por promoção. Se um homem recém-formado, com nível universitário, leva 6,5 anos, por exemplo, para ser promovido a gerente ou diretor, uma mulher, nas mesmas condições, demora 10 anos ou seja, 35% a mais que os homens, isso na evolução profissional de administradores, contadores, chefes de seção e supervisores dentro de grandes empresas.  O nível educacional não pode ser a razão para uma ascensão mais lenta das mulheres, já que elas, em média, são mais escolarizadas que os homens. “Esses números podem refletir uma procura das empresas por um custo menor”, segundo Anita Kon, da PUC-SP. Quando as mulheres têm filhos, saem e uma outra pessoa tem que ser contratada para substituí-las.

         Agora vamos falar do plano prático, a inclusão das mulheres, na gestão empresarial, tem que passar pela reavaliação de salários (geralmente inferiores aos dos homens) e pela elevação aos cargos de chefia,aos quais ainda está difícil de se chegar, por mais que exista esse estardalhaço todo sobre “o domínio feminino no mercado de trabalho”.


  Para esse autor, homens e mulheres não são iguais. Pensam e agem de maneira diferente, condicionados por questões biológicas, culturais e sociais. As biológicas determinam as diferenças naturais entre homens e mulheres em razão das funções físicas e reprodutivas. A mulher, por sua finalidade reprodutiva, de conservação e desenvolvimento da vida, é mais sensível ao universo simbólico e espiritual da espécie humana.

Com certeza existe um passado que precisa ser reparado, afinal, somos todos iguais perante a Lei. (pelo menos este é o pensamento deste mortal que vos escreve).


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