A Fictícia Honestidade do Povo Brasileiro
Essa discussão se iniciou em meio a um debate ‘acalorado’ nos últimos dias em que eu estava prestes
a encerrar o curso de administração, lá na Universidade da Barra Funda na cidade de São Paulo – e o tema tratava sobre
a necessidade de adotarmos uma nova mentalidade para lidar com esse século
21: o pensamento complexo. Mesmo sabendo das várias transformações
que ainda estão vir - as quais irão exigir uma transição na forma de encararmos
os problemas e de como as soluções
devem ser geradas. Porém, uma coisa já nos consola, é o conhecimento de que a
aplicação de soluções antigas para problemas
novos não funcionaram muito bem ultimamente. Afinal, em muitas partes do
planeta é possível perceber um grau significativo de incapacidade em resolver
certos problemas como: crises econômicas, desastres ambientais e aqui no Brasil
especificamente os muitos casos de corrupção, da disputa pelo
controle das facções e etc. E isso nos leva a pensar que precisamos criar novas
soluções para esses novos problemas e aprender a resolver os velhos
problemas ainda sem solução, então, a proposta deste pensamento complexo é
discutir sobre a desonestidade ou a falsa honestidade do brasileiro.
Nestes tempos de Operação
Lava Jato é fato que muitos dos brasileiros que chamam os
políticos de ladrões são os mesmos que furam as filas quando encontram um
conhecido numa fila quilométrica, ou até aquele estudante que protesta de forma
veemente contra o aumento da tarifa do transporte público é o mesmo que não irá
devolver o troco que recebeu a mais na padaria do ‘seu Manuel’ da
esquina da sua casa, ou ainda aqueles cidadãos que tanto reclamam dos ladrões
da sua cidade são os mesmos que não alertam a outro cidadão que acabou de
deixar a sua carteira cair no chão e, além disso, logo vão pegando essa
carteira com os trocados daquele pobre cidadão desatento. Afinal, qual é a
diferença entre estes tipos de pessoas e os de colarinho branco? Com certeza,
não existem diferenças entre eles, absolutamente nenhuma. Todos fazem parte do
mesmo grupo de pessoas que cometem atos corruptos e desonestos.
E o tal ‘jeitinho brasileiro’? Aquele que é
um sinônimo para métodos ilegais na intensão de obter certos privilégios, a tal
da corrupção. O brasileiro é um povo que se corrompe nos pequenos
atos e em muitas ocasiões ele até sente certo orgulho em cometer pequenos
delitos ou mini falcatruas – isso o faz sentir-se mais esperto que os outros, afinal,
ele sempre gosta de levar vantagem em
tudo, certo? Este é o tipo de pessoa que ocupa o lugar reservado a idosos/PNE
nos transportes públicos fingindo dormir o trajeto todo, mas,
milagrosamente despertam no seu ponto ou ainda aqueles espertalhões que se
acham o máximo’ em utilizar um 'gatoNET' para assistir
filmes/futebol sem pagar nada. Porém, o problema é que o brasileiro
esperto, aquele que gosta de levar vantagem em tudo nunca irá admitir isso.
Além de ser corrupto em sua essência, ele é hipócrita o suficiente para dizer
que somente os outros, como os políticos, são os que comentem tais atos de corrupção.
Outro exemplo da desonestidade do brasileiro no ‘dia a dia’ foi comprovada no exemplo a
seguir – no dia 27/03/2017 o Procon
efetuou uma blitz em ‘alguns’ salões
de cabeleireiro em São Paulo e encontrou produtos com a validade vencida sendo usados pelos estabelecimentos. Foram
fiscalizados 33 salões de beleza onde
foram encontradas irregularidades, inclusive em locais que cobram mais de R$ 400 pelo corte de cabelo. Além do uso
de produtos vencidos como esmaltes, cremes, xampus e sprays que já deveriam ter
ido para o lixo, mas estavam sendo usados nas clientes e também encontraram
problemas a respeito da falta de informação do preço do serviço – essas informações
foram passadas pelo Telejornal Bom Dia Brasil.
O
fato é que existem ‘picaretagens e trambiques’ em todos os setores produtivos, empresariais,
serviços, governamentais e etc. deste Brasil – não é a toa que nesse mês de
março de 2017 foi divulgada pela Polícia Federal a Operação Carne Fraca referente à venda ilegal de carnes por frigoríficos.
Além dos principais frigoríficos brasileiros também foram investigados a BRF
que é dona das marcas Sadia e Perdigão, a JBS dona das marcas Seara e Big
Frango. Essa investigação trouxe ao conhecimento coletivo que alguns frigoríficos
faziam uso de carnes podres que eram maquiadas com ácido ascórbico, a existência
de ‘reembalagem’ de produtos vencidos. Um grave problema encontrado foi saber da influencia direta no Ministério da Agricultura para escolher os
servidores que iriam efetuar as fiscalizações nas empresas, tudo isso feito por
meio de pagamentos indevidos.
Antigamente
existiam só os boêmios e os malandros, ainda hoje eles existem, porém eles mudaram
suas roupas, seus estilos de músicas, mas na verdade muitos brasileiros ainda
são ‘malandros’ que pensam que são espertos e sempre estão tentando levar
a melhor sobre outros brasileiros. Sempre acusando, mas nunca gostando de ser
acusado e isso é visível na Internet, os comentaristas de
plantão criticam só pelo título das notícias. E isso acontece devido ao fato deles
acreditarem que seus erros são extremamente justificáveis, que quando são eles
que estão fazendo não é errado, no entanto, se qualquer outro faz exatamente o
que este último fez, então está errado, é “desonesto”. E foi utilizando essa ‘desculpa
deslavada’ de ser esperto em tudo que o povo brasileiro ganhou a exclusiva expressão: jeitinho
brasileiro.
É triste
reconhecer como os brasileiros tratam quem é honesto neste país: na verdade,
muitos dos ‘honestos’ são tachados de otários. Mesmo que
existam poucas pessoas honestas de fato ou que pelo menos, elas não sejam
vistas com tanta frequência nos noticiários. Outro dia encontrei uma carteira
na rua quando levava minha filha ao colégio, entrei em contato com o dono da
mesma e a devolvi. Esse fato aconteceu em frente a uma lanchonete a qual passo
todas as manhãs, e percebi as pessoas me olhando com aquele olhar de ‘prá
que isso’, pra quê foi devolver a carteira com o dinheiro todo! Ah,
se fosse eu, tinha ficado com tudo para mim! Finalizamos com a frase
de um grande contista russo, Anton Tchekhov: “Todos nós sabemos o que é uma ação desonesta, mas o que é a honestidade,
isso, ninguém sabe”.
Sítios Consultados
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/blitz-flagra-esmaltes-e-xampus-vencidos-em-saloes-de-beleza-de-luxo-de-sp.ghtml?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=sptv
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