- Relembre as manifestações populares mais importantes da história do Brasil
Revolta da vacina, de 10 a 16 de novembro de
1904 (República Velha)
Para
combater epidemias no Rio de Janeiro, o sanitarista Osvaldo Cruz conseguiu que a vacinação contra a varíola virasse
obrigatória. Em novembro de 1904, a população se revoltou contra a medida e
milhares de pessoas protestaram nas ruas.
Foi uma revolta dupla, dos militares e
do povo - o povo da cidade do Rio de Janeiro rebelou-se contra a lei que
tornava a vacinação obrigatória, criada pelo sanitarista Oswaldo Cruz.
Juntaram-se a eles os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha. Os militares
tentaram afastar o presidente Rodrigues Alves do governo para tentar voltar ao
poder, mas acabaram sendo presos e a escola militar foi fechada. A cidade virou
um campo de guerra; a população depredou lojas, incendiou bondes, fez
barricadas, atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro.
Foram registrados 30 mortos e 110 feridos. Mas o que levou as pessoas a se
irritarem tanto?
- Não é difícil entender por que o
povo ficou contra a vacina.
Pela lei daquela época os agentes de saúde tinham o direito de invadir
as casas, levantar os braços ou pernas das pessoas, fosse homem ou mulher, e,
com uma espécie de estilete (não era uma seringa como as de hoje), aplicar a
substância. Para alguns, isso era uma invasão de privacidade – e, na sociedade
de 100 anos atrás, um atentado ao pudor. Os homens não queriam sair de casa
para trabalhar, sabendo que suas esposas e filhas seriam visitadas por
desconhecidos. E tem mais: pouca gente acreditava que a vacina funcionava. A
maioria achava, ao contrário, que ela podia infectar quem a tomasse – e o pior
é que isso acontecia, afinal, as vacinas daquela época não eras tão eficazes
como nos tempos atuais.
Greves operárias (inicio do século XX)
Até o início do século 20 não havia
direitos trabalhistas: os salários eram baixos, a jornada de trabalho era
enorme, havia o emprego maciço de mão de obra infantil. Muitos trabalhadores
eram imigrantes europeus fortemente influenciados pelos princípios anarquistas
e comunistas. Essa influência foi importantíssima para a eclosão das greves
operárias da época. Em 1905, foi criada a Federação Operária de São Paulo, que
reunia as associações de trabalhadores da cidade. Em abril do ano seguinte, o
Rio de Janeiro recebeu o 1º Congresso Operário Brasileiro, evento considerado a
origem do sindicalismo no Brasil. No dia 1º de maio de 1907, eclodiu a primeira
greve geral da história do Brasil. A greve, que durou até o meio de junho, foi
reprimida com violência, mas conseguiu fazer com que muitas empresas adotassem
a jornada de oito horas de trabalho.
A
segunda greve geral veio em 1917 e começou em São Paulo. Com
a crise no comércio exterior causada pela Primeira Guerra, os preços
aumentavam, os alimentos sumiam das prateleiras e os salários diminuíam.
Enquanto isso, os patrões voltaram a esticar as jornadas de trabalho. Em 9 de
julho, os trabalhadores organizaram uma passeata. A polícia avançou sobre a
multidão com seus cavalos e atirou. Antônio Martinez, um sapateiro, foi morto.
O assassinato revoltou ainda mais os trabalhadores: dias depois, o movimento se
tornou uma greve geral com 45 mil pessoas paradas – praticamente todos os
operários da capital paulista. A imprensa da época tratava as agitações como
anarquistas e os patrões, como caso de polícia. Havia revistas nos passageiros
dos bondes e em todos os operários e populares que transitavam pelas ruas. Mas,
a partir de então, o movimento operário passou a ser reconhecido como algo
representativo e os patrões passaram a negociar com eles.
O primeiro presidente a negociar com o movimento operário
e a admitir sua existência foi o General Hermes da Fonseca (1910-14). Mas a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que unificou toda a legislação
trabalhista então existente no Brasil, foi criada em 1943, pelo então
presidente Getúlio Vargas durante o período do Estado Novo, entre 1937 e 1945. Mas
é importante notar que essa legislação veio para conter o movimento operário e
aliviar a pressão social; não foi por bondade do presidente. Vargas era
considerado o pai dos pobres, mas também a mãe dos ricos.
Suicídio de Getúlio
Vargas (1954)
Em
meio a uma crise política, o presidente Getúlio Vargas se suicidou em agosto de
1954. Sua "carta-testamento", com críticas aos seus opositores,
agravou o clima de comoção e revolta. Manifestações populares ocorreram em
várias cidades nos dias seguintes. Algumas estimativas apontavam para até 3
milhões de pessoas nas ruas do país
Marcha da Família e
Marcha da Vitória (1964)
Em
19 de março de 1964, reuniram-se em São Paulo quase 500 mil pessoas na
"Marcha da Família", um protesto contra o presidente João Goulart.
Poucos dias depois ele foi deposto e, em 2 de abril, cerca de 1 milhão de
pessoas participaram, no Rio, da "Marcha da Vitória" para saudar a
queda de Goulart.
Passeata dos 100 mil,
no ano de 1968 no Rio de Janeiro
Uma manifestação uma popular de protesto
contra a ditadura militar, organizada pelo movimento estudantil e com a
participação de artistas, intelectuais, setores da Igreja e outros da sociedade
brasileira. Embora dois estudantes já tivessem sido mortos em confrontos com a
polícia durante aquele ano, o clima da passeata esteve mais para o festivo. Uma
chuva de papel picado caiu sobre os participantes do protesto e cinco
estudantes acabaram presos. Em outubro, confrontos envolvendo facções da
direita e da esquerda resultaram uma verdadeira batalha entre alunos da
Universidade Mackenzie e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da
Universidade de São Paulo.
A matéria “O ano que sacudiu o mundo“, da revista Aventuras na História, descreve:
“A coisa começou com meras agressões verbais
entre esquerdistas da USP e anticomunistas do Mackenzie, mas a escalada da
briga passou a contar com rojões, paus, pedras, coquetéis molotov, vidros com
ácido sulfúrico e até tiros – um estudante do lado da USP acabou morrendo. No
mesmo mês, o congresso (clandestino) da União Nacional dos Estudantes em
Ibiúna, São Paulo, foi invadido pela polícia, que levou para a cadeia cerca de
900 estudantes. Os pais dos jovens presos, alguns dos quais funcionários
públicos, também foram perseguidos pela repressão.”
Depois disso, o deputado Márcio Moreira Alves, membro de
um Congresso que ainda acreditava ser independente, criticou duramente a
repressão aos movimentos de oposição e chegou a sugerir que as jovens
brasileiras não namorassem mais oficiais do Exército.
Greve de
1979 e 1º de Maio de 1979
1º. De
maio de 1979 - Em todo o Brasil, os trabalhadores ainda em
greve participaram das manifestações em comemoração ao Dia do Trabalhador. Em
São Bernardo do Campo, ABC Paulista, Luiz Inácio Lula da Silva discursou para
100 mil metalúrgicos no Estádio Distrital Costa e Silva, além de participar de
uma missa campal no paço municipal. Na época, Lula disse que: “o operário
brasileiro não aceita mais servir de instrumento a quem quer que seja, como
aconteceu até agora”.
Durante
o evento, os trabalhadores levantaram placas como “Abaixo a Vida Dura” e
cantaram canções de Geraldo Vandré, Chico Buarque de Hollanda e Milton
Nascimento. Vinicius de Morais leu um poema dedicado aos trabalhadores na missa
campal. No mesmo dia, as comemorações do Rio de Janeiro teriam uma tentativa
fracassada de atentado à bomba no evento dos trabalhadores no Riocentro,
elaborado por dois militares dos setores ligados à linha dura do regime
militar.
Greve de
1979 - O movimento que começou na Scania um ano antes acabou culminando em uma
grande paralisação em todo o País. Capitaneados pelo então presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Inácio da Silva (ele ainda não adotara
o apelido “Lula” ao seu nome), os trabalhadores reivindicavam melhores salários
e condições de trabalho. Cerca de 160 mil pessoas participaram da greve do ABC
e 50 mil foram às ruas de São Bernardo do Campo para apoiar Lula no dia 13 de
março - os professores de São Paulo e do Rio de Janeiro também aderiram à
greve. Como fundo de cena, o presidente Ernesto Geisel preparava sua saída do
governo para a entrada de João Baptista Figueiredo.
Movimento das ‘Diretas
Já’ - Início (1983)
O movimento surgiu em apoio à Emenda Constitucional do
deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT), no fim do regime militar. O objetivo era
devolver ao povo brasileiro o direito de eleger diretamente o presidente da
República, direito que havia sido retirado pelo Regime Militar em 1965. O que
uniu o povo foi à possibilidade do deputado Paulo Maluf vir a suceder o general
João Batista Figueiredo na presidência do Brasil, o que era intolerável para a
maioria dos brasileiros. O movimento caracterizou-se pela sua extensão -
envolvendo quase todo o território nacional - e pela duração. Seu começo deu-se
no município de Abreu Lima (PE), liderado pelo PMDB em 31 de março de 1983, mas
fora lançado pelo senador Teotônio Vilela num programa de TV. Foi como jogar
fogo na palha. Em seguida, ocorreram manifestações em Goiânia e Curitiba.
Comícios das Diretas
Já (1984)
O ‘Movimento Diretas
Já’ foi uma manifestação que reivindicava a volta das eleições presidenciais diretas no Brasil, e ocorreu entre
1983 e os meses de janeiro e abril de 1984 – tempo em que o Brasil convivia há
mais de 30 anos sob o regime militar.
Dezenas de protestos aconteceram com a bandeira das Diretas Já, mais foi a
manifestação realizada em 16 de abril, no Vale do Anhangabaú, centro de São
Paulo, que entrou para a história. Cerca de 1.500.000 de brasileiros
participaram do protesto pedindo a volta do regime democrático ao país. Até
hoje, essa é considerada a maior manifestação popular da história do Brasil. Os
resultados da pressão popular vieram poucos anos depois, com a aprovação de uma
nova Constituição, em 1988, e eleições diretas para presidente em 1989.
Movimento dos ‘caras-pintadas’ (1992)
Mobilização ocorrida contra Fernando Collor de Melo, o
primeiro presidente eleito após o regime militar. Ele inicialmente se
indispusera com a maioria da população devido ao plano econômico, o Plano
Collor de combate à inflação, que implicou no congelamento dos depósitos e
poupanças dos cidadãos brasileiros acima de Cr$ 50 mil - medida apelidada de
‘confisco da poupança’. Entretanto, não foi isto o pivô que desencadeou o
Movimento dos ‘Caras-pintadas’ e sim a acusação de corrupção. O irmão do
presidente, Pedro Collor, denunciara pela revista Veja, em 27 de maio de 1992,
que o presidente e seu braço direito haviam montado, a partir do governo, uma
máquina de extorsão. Esta visava torná-lo um homem poderosíssimo e influente
durante os muitos anos seguintes. Simultaneamente, um constrangedor mal estar
varreu os setores produtivos achacados por Paulo César Farias, o delegado do
presidente para a função de extorcionista-mór.
18 de setembro de 1992 - Impeachment do Collor
Eram
muitas as denúncias de corrupção contra o presidente Fernando Collor que agitavam
a imprensa em 1992. Ocorreram passeatas em vários estados para exigir o
impeachment de Collor, ou seja, seu afastamento da presidência. Uma das
principais foi em São Paulo, no dia 18 de setembro, reunindo cerca de 750 mil
pessoas.
Antecedentes das Manifestações de 2013
(2012)
Em 2012 alguns movimentos de esquerda organizaram um ato
no Rio de Janeiro. Uma passeata realizada no dia 4 de janeiro foi encerrada com
manifestantes brindo as portas
dos ônibus para trabalhadores entrarem sem pagar. Outro protesto em fevereiro
do mesmo ano foi reprimido pela Polícia Militar e a agitação foi contida na
capital fluminense por um tempo. Em Natal, no mês de agosto de 2012, uma série
de manifestações organizadas pelo movimento social denominado Revolta do Busão
questionou a alta da tarifa de ônibus. Com a pressão popular, vereadores
revogaram o aumento. Ainda no fim do mesmo ano, no Rio de Janeiro, mais
manifestações aconteceram, e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) adiou o aumento de
2012 para 2013, devido a uma pressão das ruas e do governo federal.
Em
2013, a população jovem de Porto Alegre, organizada por meio das redes sociais,
reagiu ao aumento de tarifa determinado pelo prefeito José Fortunati (PDT) em 2
de abril, e saiu às ruas. O embate envolveu o Judiciário, que suspendeu o
aumento da passagem. A partir de tais conquistas, o movimento eclodiu.
Movimento Passe Livre (2013)
O
Movimento Passe Livre (MPL) promoveu, em São Paulo, uma reação contra o
reajuste da passagem do transporte público na capital paulista. Milhares de
pessoas participaram de repetidos atos a partir de abril de 2013. Os protestos
contaram com forte repressão policial. Em maio, grupos de Natal deflagraram o
movimento Revolta do Busão. No mesmo mês, Goiânia passou por atos organizados
pela “Frente Contra o Aumento”. O motivo da indignação deixou de ser os
centavos de reajuste: os manifestantes foram às ruas reclamar dos gastos com a
Copa do Mundo, ocorrida em 2014, descasos com a educação, saúde e segurança,
além dos escândalos de corrupção. Foram elencadas 36 reivindicações que
atingiram as três esferas do governo brasileiro (municipal, estadual e
federal). No dia 17 de junho, as manifestações se intensificaram em grandes
cidades do Brasil. O MPL estimulou outros protestos principalmente nas capitais
dos estados. Há registros de que as manifestações aconteceram em 438 cidades no
dia 20 de junho, data em que houve um pico de cerca de 1,4 milhão de pessoas
nas ruas de todo o Brasil. Essas foram as maiores mobilizações no País desde as
manifestações pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, em
1992. O movimento chegou a contar com até 84% de simpatia da população. Os atos
foram acompanhados por fortes repressões policiais. Além disso, pessoas
aproveitaram as manifestações para colocar em prática a ação conhecida como Black Bloc, que consiste em atacar e depredar
símbolos do poder e do capitalismo. Divulgada pela mídia internacional, a
manifestação começou a dividir opiniões e perdeu a força, inclusive por não ter
um objetivo único e nacional. Além
de suspensões nos aumentos das passagens, uma das principais consequências do
movimento foi à recuperação da ideia de que ir às ruas, se de forma organizada,
pode ser uma maneira de se manifestar contra medidas governamentais e alcançar
conquistas.
Manifestações
em todo o Brasil, dia 13/03/2016.
As manifestações do dia 13
de março de 2016 reuniram alguns milhões de brasileiros em muitas cidades dos vários estados do Brasil - todos os manifestantes que foram as ruas pediram por ações que os brasileiros acham importantes, são elas:
Ø O impeachment
ou a renúncia da Presidente Dilma
Ø O afastamento
ou a renúncia do Presidente da Câmara dos deputados do Brasil – Eduardo Cunha
Ø Incentivo e apoio às investigações da Policia Federal (operação Lava Jato)
Ø Apoio
ao juiz federal, Sérgio Fernando
Moro - que ganhou notoriedade nacional por comandar o julgamento dos crimes
identificados na Operação Lava Jato, a investigação do maior caso de corrupção
já apurado no Brasil,
Ø Muitos contrários ao Ex-presidente Luís Inácio
Lula da Silva – todos pedindo a sua prisão por acusações de enriquecimento
ilícito e desvios.
Ø Críticas e pedidos de mais respeito ao povo
brasileiro – essa mensagem foi dirigida para grande parte dos Políticos Brasileiros,
independente do seu partido político.
Nenhum comentário:
Postar um comentário