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13 de março de 2016

A História das Manifestações Brasileiras




- Relembre as manifestações populares mais importantes da história do Brasil




Revolta da vacina, de 10 a 16 de novembro de 1904 (República Velha) 

Para combater epidemias no Rio de Janeiro, o sanitarista Osvaldo Cruz conseguiu que a vacinação contra a varíola virasse obrigatória. Em novembro de 1904, a população se revoltou contra a medida e milhares de pessoas protestaram nas ruas.
Foi uma revolta dupla, dos militares e do povo - o povo da cidade do Rio de Janeiro rebelou-se contra a lei que tornava a vacinação obrigatória, criada pelo sanitarista Oswaldo Cruz. Juntaram-se a eles os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha. Os militares tentaram afastar o presidente Rodrigues Alves do governo para tentar voltar ao poder, mas acabaram sendo presos e a escola militar foi fechada. A cidade virou um campo de guerra; a população depredou lojas, incendiou bondes, fez barricadas, atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. Foram registrados 30 mortos e 110 feridos. Mas o que levou as pessoas a se irritarem tanto?

- Não é difícil entender por que o povo ficou contra a vacina.

Pela lei daquela época os agentes de saúde tinham o direito de invadir as casas, levantar os braços ou pernas das pessoas, fosse homem ou mulher, e, com uma espécie de estilete (não era uma seringa como as de hoje), aplicar a substância. Para alguns, isso era uma invasão de privacidade – e, na sociedade de 100 anos atrás, um atentado ao pudor. Os homens não queriam sair de casa para trabalhar, sabendo que suas esposas e filhas seriam visitadas por desconhecidos. E tem mais: pouca gente acreditava que a vacina funcionava. A maioria achava, ao contrário, que ela podia infectar quem a tomasse – e o pior é que isso acontecia, afinal, as vacinas daquela época não eras tão eficazes como nos tempos atuais.




Greves operárias (inicio do século XX) 
Até o início do século 20 não havia direitos trabalhistas: os salários eram baixos, a jornada de trabalho era enorme, havia o emprego maciço de mão de obra infantil. Muitos trabalhadores eram imigrantes europeus fortemente influenciados pelos princípios anarquistas e comunistas. Essa influência foi importantíssima para a eclosão das greves operárias da época. Em 1905, foi criada a Federação Operária de São Paulo, que reunia as associações de trabalhadores da cidade. Em abril do ano seguinte, o Rio de Janeiro recebeu o 1º Congresso Operário Brasileiro, evento considerado a origem do sindicalismo no Brasil. No dia 1º de maio de 1907, eclodiu a primeira greve geral da história do Brasil. A greve, que durou até o meio de junho, foi reprimida com violência, mas conseguiu fazer com que muitas empresas adotassem a jornada de oito horas de trabalho.

A segunda greve geral veio em 1917 e começou em São Paulo. Com a crise no comércio exterior causada pela Primeira Guerra, os preços aumentavam, os alimentos sumiam das prateleiras e os salários diminuíam. Enquanto isso, os patrões voltaram a esticar as jornadas de trabalho. Em 9 de julho, os trabalhadores organizaram uma passeata. A polícia avançou sobre a multidão com seus cavalos e atirou. Antônio Martinez, um sapateiro, foi morto. O assassinato revoltou ainda mais os trabalhadores: dias depois, o movimento se tornou uma greve geral com 45 mil pessoas paradas – praticamente todos os operários da capital paulista. A imprensa da época tratava as agitações como anarquistas e os patrões, como caso de polícia. Havia revistas nos passageiros dos bondes e em todos os operários e populares que transitavam pelas ruas. Mas, a partir de então, o movimento operário passou a ser reconhecido como algo representativo e os patrões passaram a negociar com eles.
O primeiro presidente a negociar com o movimento operário e a admitir sua existência foi o General Hermes da Fonseca (1910-14). Mas a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que unificou toda a legislação trabalhista então existente no Brasil, foi criada em 1943, pelo então presidente Getúlio Vargas durante o período do Estado Novo, entre 1937 e 1945. Mas é importante notar que essa legislação veio para conter o movimento operário e aliviar a pressão social; não foi por bondade do presidente. Vargas era considerado o pai dos pobres, mas também a mãe dos ricos.



Suicídio de Getúlio Vargas (1954)

Em meio a uma crise política, o presidente Getúlio Vargas se suicidou em agosto de 1954. Sua "carta-testamento", com críticas aos seus opositores, agravou o clima de comoção e revolta. Manifestações populares ocorreram em várias cidades nos dias seguintes. Algumas estimativas apontavam para até 3 milhões de pessoas nas ruas do país

Marcha da Família e Marcha da Vitória (1964)

Em 19 de março de 1964, reuniram-se em São Paulo quase 500 mil pessoas na "Marcha da Família", um protesto contra o presidente João Goulart. Poucos dias depois ele foi deposto e, em 2 de abril, cerca de 1 milhão de pessoas participaram, no Rio, da "Marcha da Vitória" para saudar a queda de Goulart.



Passeata dos 100 mil, no ano de 1968 no Rio de Janeiro

Uma manifestação uma popular de protesto contra a ditadura militar, organizada pelo movimento estudantil e com a participação de artistas, intelectuais, setores da Igreja e outros da sociedade brasileira. Embora dois estudantes já tivessem sido mortos em confrontos com a polícia durante aquele ano, o clima da passeata esteve mais para o festivo. Uma chuva de papel picado caiu sobre os participantes do protesto e cinco estudantes acabaram presos. Em outubro, confrontos envolvendo facções da direita e da esquerda resultaram uma verdadeira batalha entre alunos da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.
A matéria O ano que sacudiu o mundo“, da revista Aventuras na História, descreve:
“A coisa começou com meras agressões verbais entre esquerdistas da USP e anticomunistas do Mackenzie, mas a escalada da briga passou a contar com rojões, paus, pedras, coquetéis molotov, vidros com ácido sulfúrico e até tiros – um estudante do lado da USP acabou morrendo. No mesmo mês, o congresso (clandestino) da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna, São Paulo, foi invadido pela polícia, que levou para a cadeia cerca de 900 estudantes. Os pais dos jovens presos, alguns dos quais funcionários públicos, também foram perseguidos pela repressão.”
Depois disso, o deputado Márcio Moreira Alves, membro de um Congresso que ainda acreditava ser independente, criticou duramente a repressão aos movimentos de oposição e chegou a sugerir que as jovens brasileiras não namorassem mais oficiais do Exército. 




Greve de 1979 e 1º de Maio de 1979

1º. De maio de 1979 - Em todo o Brasil, os trabalhadores ainda em greve participaram das manifestações em comemoração ao Dia do Trabalhador. Em São Bernardo do Campo, ABC Paulista, Luiz Inácio Lula da Silva discursou para 100 mil metalúrgicos no Estádio Distrital Costa e Silva, além de participar de uma missa campal no paço municipal. Na época, Lula disse que: “o operário brasileiro não aceita mais servir de instrumento a quem quer que seja, como aconteceu até agora”.
Durante o evento, os trabalhadores levantaram placas como “Abaixo a Vida Dura” e cantaram canções de Geraldo Vandré, Chico Buarque de Hollanda e Milton Nascimento. Vinicius de Morais leu um poema dedicado aos trabalhadores na missa campal. No mesmo dia, as comemorações do Rio de Janeiro teriam uma tentativa fracassada de atentado à bomba no evento dos trabalhadores no Riocentro, elaborado por dois militares dos setores ligados à linha dura do regime militar.

Greve de 1979 - O movimento que começou na Scania um ano antes acabou culminando em uma grande paralisação em todo o País. Capitaneados pelo então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Inácio da Silva (ele ainda não adotara o apelido “Lula” ao seu nome), os trabalhadores reivindicavam melhores salários e condições de trabalho. Cerca de 160 mil pessoas participaram da greve do ABC e 50 mil foram às ruas de São Bernardo do Campo para apoiar Lula no dia 13 de março - os professores de São Paulo e do Rio de Janeiro também aderiram à greve. Como fundo de cena, o presidente Ernesto Geisel preparava sua saída do governo para a entrada de João Baptista Figueiredo.




Movimento das ‘Diretas Já’ - Início (1983)

O movimento surgiu em apoio à Emenda Constitucional do deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT), no fim do regime militar. O objetivo era devolver ao povo brasileiro o direito de eleger diretamente o presidente da República, direito que havia sido retirado pelo Regime Militar em 1965. O que uniu o povo foi à possibilidade do deputado Paulo Maluf vir a suceder o general João Batista Figueiredo na presidência do Brasil, o que era intolerável para a maioria dos brasileiros. O movimento caracterizou-se pela sua extensão - envolvendo quase todo o território nacional - e pela duração. Seu começo deu-se no município de Abreu Lima (PE), liderado pelo PMDB em 31 de março de 1983, mas fora lançado pelo senador Teotônio Vilela num programa de TV. Foi como jogar fogo na palha. Em seguida, ocorreram manifestações em Goiânia e Curitiba.




Comícios das Diretas Já (1984) 

O ‘Movimento Diretas Já’ foi uma manifestação que reivindicava a volta das eleições presidenciais diretas no Brasil, e ocorreu entre 1983 e os meses de janeiro e abril de 1984 – tempo em que o Brasil convivia há mais de 30 anos sob o regime militar. Dezenas de protestos aconteceram com a bandeira das Diretas Já, mais foi a manifestação realizada em 16 de abril, no Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, que entrou para a história. Cerca de 1.500.000 de brasileiros participaram do protesto pedindo a volta do regime democrático ao país. Até hoje, essa é considerada a maior manifestação popular da história do Brasil. Os resultados da pressão popular vieram poucos anos depois, com a aprovação de uma nova Constituição, em 1988, e eleições diretas para presidente em 1989.



Movimento dos ‘caras-pintadas’ (1992) 
Mobilização ocorrida contra Fernando Collor de Melo, o primeiro presidente eleito após o regime militar. Ele inicialmente se indispusera com a maioria da população devido ao plano econômico, o Plano Collor de combate à inflação, que implicou no congelamento dos depósitos e poupanças dos cidadãos brasileiros acima de Cr$ 50 mil - medida apelidada de ‘confisco da poupança’. Entretanto, não foi isto o pivô que desencadeou o Movimento dos ‘Caras-pintadas’ e sim a acusação de corrupção. O irmão do presidente, Pedro Collor, denunciara pela revista Veja, em 27 de maio de 1992, que o presidente e seu braço direito haviam montado, a partir do governo, uma máquina de extorsão. Esta visava torná-lo um homem poderosíssimo e influente durante os muitos anos seguintes. Simultaneamente, um constrangedor mal estar varreu os setores produtivos achacados por Paulo César Farias, o delegado do presidente para a função de extorcionista-mór.


18 de setembro de 1992 - Impeachment do Collor

Eram muitas as denúncias de corrupção contra o presidente Fernando Collor que agitavam a imprensa em 1992. Ocorreram passeatas em vários estados para exigir o impeachment de Collor, ou seja, seu afastamento da presidência. Uma das principais foi em São Paulo, no dia 18 de setembro, reunindo cerca de 750 mil pessoas.


Antecedentes das Manifestações de 2013 (2012) 

Em 2012 alguns movimentos de esquerda organizaram um ato no Rio de Janeiro. Uma passeata realizada no dia 4 de janeiro foi encerrada com manifestantes brindo as portas dos ônibus para trabalhadores entrarem sem pagar. Outro protesto em fevereiro do mesmo ano foi reprimido pela Polícia Militar e a agitação foi contida na capital fluminense por um tempo. Em Natal, no mês de agosto de 2012, uma série de manifestações organizadas pelo movimento social denominado Revolta do Busão questionou a alta da tarifa de ônibus. Com a pressão popular, vereadores revogaram o aumento. Ainda no fim do mesmo ano, no Rio de Janeiro, mais manifestações aconteceram, e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) adiou o aumento de 2012 para 2013, devido a uma pressão das ruas e do governo federal.
Em 2013, a população jovem de Porto Alegre, organizada por meio das redes sociais, reagiu ao aumento de tarifa determinado pelo prefeito José Fortunati (PDT) em 2 de abril, e saiu às ruas. O embate envolveu o Judiciário, que suspendeu o aumento da passagem. A partir de tais conquistas, o movimento eclodiu.




Movimento Passe Livre (2013) 
O Movimento Passe Livre (MPL) promoveu, em São Paulo, uma reação contra o reajuste da passagem do transporte público na capital paulista. Milhares de pessoas participaram de repetidos atos a partir de abril de 2013. Os protestos contaram com forte repressão policial. Em maio, grupos de Natal deflagraram o movimento Revolta do Busão. No mesmo mês, Goiânia passou por atos organizados pela “Frente Contra o Aumento”. O motivo da indignação deixou de ser os centavos de reajuste: os manifestantes foram às ruas reclamar dos gastos com a Copa do Mundo, ocorrida em 2014, descasos com a educação, saúde e segurança, além dos escândalos de corrupção. Foram elencadas 36 reivindicações que atingiram as três esferas do governo brasileiro (municipal, estadual e federal). No dia 17 de junho, as manifestações se intensificaram em grandes cidades do Brasil. O MPL estimulou outros protestos principalmente nas capitais dos estados. Há registros de que as manifestações aconteceram em 438 cidades no dia 20 de junho, data em que houve um pico de cerca de 1,4 milhão de pessoas nas ruas de todo o Brasil. Essas foram as maiores mobilizações no País desde as manifestações pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. O movimento chegou a contar com até 84% de simpatia da população. Os atos foram acompanhados por fortes repressões policiais. Além disso, pessoas aproveitaram as manifestações para colocar em prática a ação conhecida como Black Bloc, que consiste em atacar e depredar símbolos do poder e do capitalismo. Divulgada pela mídia internacional, a manifestação começou a dividir opiniões e perdeu a força, inclusive por não ter um objetivo único e nacional. Além de suspensões nos aumentos das passagens, uma das principais consequências do movimento foi à recuperação da ideia de que ir às ruas, se de forma organizada, pode ser uma maneira de se manifestar contra medidas governamentais e alcançar conquistas.




Manifestações em todo o Brasil, dia 13/03/2016.

   As manifestações do dia 13 de março de 2016 reuniram alguns milhões de brasileiros em muitas cidades dos vários estados do Brasil - todos os manifestantes que foram as ruas pediram por ações que os brasileiros acham importantes, são elas:

Ø O impeachment ou a renúncia da Presidente Dilma

Ø O afastamento ou a renúncia do Presidente da Câmara dos deputados do Brasil – Eduardo Cunha

Ø Incentivo e apoio às investigações da Policia Federal (operação Lava Jato)

Ø Apoio ao juiz federal, Sérgio Fernando Moro - que ganhou notoriedade nacional por comandar o julgamento dos crimes identificados na Operação Lava Jato, a investigação do maior caso de corrupção já apurado no Brasil,

Ø Muitos contrários ao Ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva – todos pedindo a sua prisão por acusações de enriquecimento ilícito e desvios.

Ø Críticas e pedidos de mais respeito ao povo brasileiro – essa mensagem foi dirigida para grande parte dos Políticos Brasileiros, independente do  seu partido político.


                                        Foto da manifestação na Avenida Paulista na cidade de São Paulo


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