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Administração no Blog

Conteúdos de Administração e assuntos atuais.

16 de março de 2016

A corrupção nossa de todos os dias



Já faz algum tempo que os brasileiros acompanham quase que 'diariamente' os vários casos de corrupção que não param de pipocas nos meios de comunicação – em tempos passados não havia dados cabais que comprovassem o que quer que seja sobre este assunto. Embora, esse termo comporte significados diversos, é comum que no final ele seja quase sempre reduzido à dimensão financeira. E tende a ser usado, quase como um adjetivo, para qualificar (ou desqualificar) os políticos - sejam eles de qual partido forem.

Essa é a realidade atual brasileira, e isso porque ela, a corrupção! - é cada vez mais vista, pensada e percebida pelos cidadãos como um problema de larga escala, que nunca sai de cena e parece crescer a cada dia – mesmo que pese a essa categórica as condenações que elas sofrem da opinião pública todos os dias. O que estamos assistindo aqui no Brasil são investigações e punições nunca antes vistas na história desse País, mesmo que as punições exemplares aconteçam com muito  esforço, afinal, é visível para todos os brasileiros que não param de surgir atos generalizados deste governo atual, dos políticos em exercício e de oposição também e de vários gestores brasileiros que continuam a produzir atos maquiavélicos ‘para  tentar impedir a realização das investigações e das punições devidas’.

As perguntas que ficam são estas:

·   Estará crescendo mesmo a corrupção ou é a nossa sensibilidade diante dela que cresceu?

·     Vivemos essa sequencia de ondas de corrupção só agora, ou isso nunca veio a tona antes?


É preciso enfatizar três fatores:

1º. Primeiro! Não existe monopólio da corrupção por parte desse ou daquele grupo, partido político ou entidade; todos estão sujeitos a ela, passiva ou ativamente, e todos podem vir a praticá-la, ativa ou passivamente. Não reconhecer isso é partir de uma posição exclusivamente ideológica. Atualmente não é possível acusar de corrupção somente os partidos que estão neste governo - assim como nada mais inconsequente do que acusar somente a oposição. Infelizmente, estão todos na mesma cumbuca de irregularidades e atos de corrupção. 

2º. Segundo!  Também não existe prevalência de atos corruptos num dado ponto da estrutura federativa, estadual ou municipal; o covil, o centro dirigente, não está só em Brasília, nas capitais ou nas cidades deste Brasil - não há nenhum centro desse tipo, infelizmente trata-se de uma epidemia, este fenômeno está disseminado podendo se manifestar com força maior onde menos se espera. 

3º. Terceiro! Este fato é o mais importante e difícil - se quisermos enfrentar a sério este problema nacional, vale a pena dilatar o conceito, para nele incluir, além dos crimes financeiros, uma série sem-fim de procedimentos e atos que produzem ‘menosfrisson’ - mas são igualmente graves!



Ou então, não haveria corrupção em muitos casos, por exemplo:

·        Na atitude de um parlamentar que quando ausente do plenário, ele permite que seus assessores registrem a sua presença e votem em seu nome, com ou sem seu consentimento?

·         Não seria corrupto um servidor público que exige de um usuário dos serviços públicos ‘um elenco enorme de documentos e exigências’ só para postergar este atendimento, ou justificar uma falha do sistema?


·        Ou quando um policial achaca e humilha um suspeito só pelo fato de fazer vê-lo respeitar sua autoridade.

·        Também é corrupção quando um cidadão “bem intencionado” - que sonega o imposto de renda porque pensa que o governo usa mal o dinheiro que arrecada.

·        Ou o empresário que deixa de emitir nota fiscal para protestar contra o “Custo Brasil” elevado, ou

·        Quando o médico sugere ao paciente que pague pela consulta com um valor mais abaixo, desde que ele abra mão do recibo.

O corrupto não se identifica somente com aquele que se vale de artifícios e facilidades para abocanhar uma grana adicional, ou favorecer negócios específicos, pelos quais cobra uma comissão.  A corrupção tem a ver com muito mais coisas, e desse ponto de vista é que se podemos dizer que a corrupção é sistêmica e está entranhada, como um componente oculto, não reconhecido, não imaginário e na cultura política da nossa sociedade.

A corrupção é um defeito ético, e tem múltiplas faces. Anda junto com o poder (político, econômico ou ideológico), como se fosse uma espécie de efeito colateral:        

“Onde há poder e poderosos existirá sempre a probabilidade de abuso, e no abuso está à raiz da corrupção”.

A humanidade continua à procura de encontrar os meios mais adequados e eficientes para controlar o Poder e conseguir neutralizar seus efeitos colaterais. Algumas sociedades têm sido mais competentes do que outras nisso, mas nenhuma delas pode se proclamar imune ou imunizada totalmente. A questão é de grau, de escala e, evidentemente, de impacto sobre o conjunto da coletividade.

Este é um problema real e complicado de solucionar - não pode se abordado com eficiência se o critério for moralista e não deve ser minimizado como se tratasse simplesmente de mais uma manobra dos oposicionistas de plantão. Afinal, ninguém pode hoje, em política, dizer que dessa água não beberei, ou que dessa cachoeira não usufrui. Os malfeitos à direita, sustentados por justificativas semelhantes, invariavelmente voltadas para necessidades ou de governança e governabilidade, ou de financiamento de campanhas eleitorais. Culpam-se as regras em que se vive para se proclamar a inocência de práticas e condutas que trafegam na ilegalidade.

Se passarmos a juntar criticamente as pontas desse novelo, certamente compreenderemos que a corrupção que nos incomoda hoje não é uma força da natureza, mas uma coisa dos homens. Em suma, ela é algo que pode ser enfrentada e combatida, mas não definitiva e decisivamente eliminada.




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