Já faz algum tempo que os brasileiros acompanham quase que 'diariamente' os vários casos de corrupção que não param de pipocas nos meios de comunicação – em tempos passados
não havia dados cabais que comprovassem o que quer que seja sobre este assunto.
Embora, esse termo comporte significados diversos, é comum que no final ele seja
quase sempre reduzido à dimensão financeira. E tende a ser usado, quase como um
adjetivo, para qualificar (ou desqualificar) os políticos -
sejam eles de qual partido forem.
Essa é a realidade atual brasileira, e isso porque
ela, a corrupção! - é cada vez mais
vista, pensada e percebida pelos cidadãos como um problema de larga escala, que
nunca sai de cena e parece crescer a cada dia – mesmo que pese a essa categórica
as condenações que elas sofrem da opinião pública todos os dias. O que estamos
assistindo aqui no Brasil são investigações e punições nunca antes vistas na história
desse País, mesmo que as punições exemplares aconteçam com muito esforço, afinal, é visível para todos os
brasileiros que não param de surgir atos generalizados deste governo atual, dos
políticos em exercício e de oposição também e de vários gestores brasileiros que
continuam a produzir atos maquiavélicos ‘para tentar impedir a realização das investigações e das punições devidas’.
As perguntas que ficam são estas:
· Estará crescendo mesmo a corrupção ou é a nossa
sensibilidade diante dela que cresceu?
· Vivemos essa sequencia de ondas de corrupção só agora, ou isso nunca veio a tona antes?
É preciso
enfatizar três fatores:
1º. Primeiro! Não
existe monopólio da corrupção por parte desse ou daquele grupo, partido político ou entidade; todos
estão sujeitos a ela, passiva ou ativamente, e todos podem vir a praticá-la,
ativa ou passivamente. Não reconhecer isso é partir de uma posição
exclusivamente ideológica. Atualmente não é possível acusar de corrupção somente
os partidos que estão neste governo - assim como nada mais inconsequente do que
acusar somente a oposição. Infelizmente,
estão todos na mesma cumbuca de irregularidades e atos de
corrupção.
2º. Segundo! Também não existe prevalência de atos
corruptos num dado ponto da estrutura federativa, estadual ou municipal; o
covil, o centro dirigente, não está só em Brasília, nas capitais ou nas cidades
deste Brasil - não há nenhum centro desse tipo, infelizmente trata-se de uma
epidemia, este fenômeno está disseminado podendo se manifestar com força maior
onde menos se espera.
3º. Terceiro! Este fato é o mais
importante e difícil - se quisermos enfrentar a sério este problema
nacional, vale a pena dilatar o conceito, para nele
incluir, além dos crimes financeiros, uma série sem-fim de procedimentos e atos
que produzem ‘menosfrisson’
- mas são igualmente graves!
Ou então, não haveria corrupção em muitos casos,
por exemplo:
·
Na atitude de um parlamentar que quando ausente do
plenário, ele permite que seus assessores registrem a sua presença e votem em
seu nome, com ou sem seu consentimento?
·
Não seria corrupto
um servidor público que exige de um usuário dos serviços públicos ‘um elenco enorme de documentos e exigências’
só para postergar este atendimento, ou justificar uma falha do sistema?
·
Ou quando um policial achaca e humilha um suspeito
só pelo fato de fazer vê-lo respeitar sua autoridade.
·
Também é corrupção quando um cidadão “bem intencionado” - que sonega o imposto
de renda porque pensa que o governo usa mal o dinheiro que arrecada.
·
Ou o empresário que deixa de emitir nota fiscal
para protestar contra o “Custo Brasil” elevado, ou
·
Quando o médico sugere ao paciente que pague pela
consulta com um valor mais abaixo, desde que ele abra mão do recibo.
O corrupto não se identifica somente com aquele que
se vale de artifícios e facilidades para abocanhar uma grana adicional, ou
favorecer negócios específicos, pelos quais cobra uma comissão. A
corrupção tem a ver com muito mais coisas, e desse ponto de vista é que se podemos
dizer que a corrupção é sistêmica e está entranhada, como um componente oculto,
não reconhecido, não imaginário e na cultura política da nossa sociedade.
A corrupção é um defeito ético, e tem múltiplas
faces. Anda junto com o poder (político, econômico ou ideológico),
como se fosse uma espécie de efeito colateral:
“Onde há
poder e poderosos existirá sempre a probabilidade de abuso, e no abuso está à
raiz da corrupção”.
A humanidade continua à procura de encontrar os
meios mais adequados e eficientes para controlar o Poder e conseguir neutralizar seus efeitos colaterais. Algumas sociedades têm sido mais competentes do que outras nisso, mas nenhuma delas
pode se proclamar imune ou imunizada totalmente. A questão é de grau, de escala e,
evidentemente, de impacto sobre o conjunto da coletividade.
Este é um problema real e complicado de solucionar
- não pode se abordado com eficiência se o critério for moralista e não deve
ser minimizado como se tratasse simplesmente de mais uma manobra dos
oposicionistas de plantão. Afinal, ninguém pode hoje, em política, dizer que dessa
água não beberei, ou que dessa cachoeira não usufrui. Os malfeitos à
direita, sustentados por justificativas semelhantes, invariavelmente voltadas
para necessidades ou de governança e governabilidade, ou de financiamento de
campanhas eleitorais. Culpam-se as regras em que se vive para se proclamar a
inocência de práticas e condutas que trafegam na ilegalidade.
Se passarmos a juntar criticamente as pontas desse
novelo, certamente compreenderemos que a corrupção que nos incomoda hoje não é
uma força da natureza, mas uma coisa dos homens. Em suma, ela é algo que pode
ser enfrentada e combatida, mas não definitiva e decisivamente eliminada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário