- Não conseguimos
ler um paragrafo até o final, qual será a razão disso?
As inúmeras mudanças tecnológicas dos tempos
atuais - que estão a todo instante
alterando o funcionamento da nossa mente - em virtude do modo como lidamos
com a abundante quantia de informações digitais ou com a possibilidade de
acesso rápido aos diversos conteúdos e
tudo isso junto está influenciando o nosso modo de pensar - e mais que isso,
também está mudando o nosso funcionamento biológico padrão. Se continuarmos no ritmo
que estamos de evolução, o ser humano caminha para ter o seu cérebro funcionando
igual ao dos robôs.
A
grande sacada desse conteúdo é que não se trata de um papo de ficção científica,
isso devido às mudanças que a tecnologia
vem causando no funcionamento da mente e do corpo humano estarem sendo estudadas
a sério por pesquisadores das áreas de: antropologia e psiquiatria. Alguns desses
pesquisadores acreditam que a Internet
tem o poder de acelerar o nosso pensamento – isso quer dizer que ela nos faz processar mais rápido, de um modo ‘não linear’, já outros pesquisadores
menos entusiasmados com este assunto acreditam que esse excesso de tecnologia faz
com que estejamos nos viciando em estímulos e cada vez mais, estamos ficando incapazes
de processar grandes blocos de informação.
É
verdade que grande parte das pessoas utiliza como padrão de leitura na Internet
o “scanning” - que é o ato de passar os olhos pelo texto em busca de palavras-chave – em vez de utilizar a
leitura linear, como habitualmente fazemos com livros e revistas. Segundo Nicholas Carr, conselheiro editorial da
Enciclopédia Britânica e autor de A Geração Superficial, ele diz que
estamos nos programando biologicamente para esse novo jeito de consumir
conteúdos. Com base em pesquisas científicas que comprovam a plasticidade do
cérebro em idade adulta, Nicholas Carr
defende que a Internet altera o nosso modo de pensar, de aprender e até de
lembrar. “À medida que passamos mais
tempo navegando, muitos de nós estão desenvolvendo circuitos neurais feitos
para aumentos repentinos de atenção direcionada”, diz o especialista.
De
uma coisa podemos estar certos, estamos sim mais ágeis, porém o problema é que
estamos absorvendo com menos profundidade o que ‘teoricamente’ aprendemos. A verdade é dura, mas ela está aí - se
por um lado conseguimos focar a nossa atenção e saltar rapidamente entre vários
assuntos, por outro estamos perdendo a capacidade de ler grandes textos. Ainda
segundo o conselheiro editorial Nicholas
Carr, nestes tempos atuais os leitores estão perdendo a capacidade de
leitura linear, o que está tornando a leitura de livros – ou mesmo publicações
de blogs com mais de quatro parágrafos – um sacrifício.
O
mais incrível disso tudo é que o próprio Nicholas Carr reconhece que o seu
cérebro passou a operar independentemente dele estar online ou não, ele diz: “a minha mente agora busca absorver
informação do mesmo modo que a internet a distribui: num fluxo veloz de
partículas”.
Em
oposição ao ‘scanning’, um grupo
de acadêmicos e intelectuais ingleses criou o movimento slow reading (‘leitura
lenta’), que defende uma leitura mais atenta dos textos impressos, deixando
um pouco de lado as informações adquiridas na internet. Isso é bom na teoria, mas, na prática, como fazer isso nos
dias de hoje?
Sabemos
que os smartphones funcionam como uma
extensão da memória, afinal, ele possui os contatos dos nossos amigos, a nossa agenda
de compromissos, além de ser possível obter acesso instantâneo a grande parte
do conhecimento humano utilizando um aparelho desses conectado a Internet. Hoje, a inteligência potencial
de uma pessoa em poder de um smartphone
é diferente da inteligência da mesma pessoa sem ele. Não é a toa que muitos sentem
a perda de um aparelho celular como se tivessem perdido parte do seu cérebro.
Talvez
a perda da capacidade de autorreflexão das pessoas seja a maior preocupação
atual: elas não desaceleram, elas não param, já que estão sempre rodeadas por
outras ‘pessoas digitais’ competindo
por atenção. Isso acontece em razão da Internet
ativar em algumas pessoas as mesmas áreas do cérebro que certas drogas afetam. Locais
como o Facebook, por exemplo, tem um
grande potencial viciante: cada nova mensagem recebida tem o potencial de
liberar substâncias no cérebro que causam prazer – essa é a razão pela qual
tantas pessoas sentem urgência em acessar suas redes sociais.
O
psiquiatra e coordenador do Grupo de
estudos sobre Adições Tecnológicas, Daniel
Spritzer, lista os componentes que caracterizam esse transtorno:
- Uso intenso da Internet, geralmente associado à perda da noção de tempo ou mesmo negligência de atividades importantes;
- Necessidade de utilizar a Internet
por um número cada vez maior de horas;
- Abstinência, irritabilidade, tensão e até mesmo sintomas depressivos
quando o acesso à rede não é possível.
- Prejuízo em áreas
importante da vida (acadêmico, profissional, social, familiar, financeiro ou
legal).
Mesmo
pesquisando o “lado negro” da tecnologia, o psiquiatra Daniel Spritzer não considera o impacto da Internet na mente humana como invariavelmente negativo. “Acho importante pensar que a nossa memória não precisa
funcionar do mesmo jeito ao longo dos tempos”, afirmou.
O
psiquiatra salienta que o imediatismo e a velocidade da Internet derivam do modo de vida atual e não o contrário. Em outras
palavras isso quer dizer que com ou sem a Internet
o mundo nos forçaria a adquirir o conteúdo de forma mais rápida possível: “Neste sentido, a tendência de ir atrás do
conhecimento de uma maneira mais exploratória que profunda parece ser uma
decorrência da quantidade cada vez maior de informações necessárias para a vida
contemporânea”.
Com
ou sem a Internet, é fato que durante
a existência da vida humana sempre ocorreram profundas mudanças de hábitos, e atualmente,
estamos muito mais seletivos com as informações que consumimos - isso quer
dizer que: quando conseguimos finalizar uma leitura de um texto longo, significa
que deixamos muitas atividades de lado. E atualmente, é quase impossível alguém
ler um paragrafo inteiro de um texto, e é bem provável que esta seja uma das explicações para encontrarmos tantos comentários ‘infundados e irracionais’
na internet – afinal, muitos leem
apenas as chamadas das matérias e já se posicionam
fervorosamente contra alguma coisa.
Fonte
e Sítios Consultados
http://www.techtudo.com.br
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