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Administração no Blog

Conteúdos de Administração e assuntos atuais.

4 de julho de 2015

Leitura “scanning" do século 21


- Não conseguimos ler um paragrafo até o final, qual será a razão disso?

 As inúmeras mudanças tecnológicas dos tempos atuais - que estão a todo instante alterando o funcionamento da nossa mente - em virtude do modo como lidamos com a abundante quantia de informações digitais ou com a possibilidade de acesso rápido aos diversos conteúdos e tudo isso junto está influenciando o nosso modo de pensar - e mais que isso, também está mudando o nosso funcionamento biológico padrão. Se continuarmos no ritmo que estamos de evolução, o ser humano caminha para ter o seu cérebro funcionando igual ao dos robôs.


A grande sacada desse conteúdo é que não se trata de um papo de ficção científica, isso devido às mudanças que a tecnologia vem causando no funcionamento da mente e do corpo humano estarem sendo estudadas a sério por pesquisadores das áreas de: antropologia e psiquiatria. Alguns desses pesquisadores acreditam que a Internet tem o poder de acelerar o nosso pensamento – isso quer dizer que ela nos faz processar mais rápido, de um modo ‘não linear’, já outros pesquisadores menos entusiasmados com este assunto acreditam que esse excesso de tecnologia faz com que estejamos nos viciando em estímulos e cada vez mais, estamos ficando incapazes de processar grandes blocos de informação.

É verdade que grande parte das pessoas utiliza como padrão de leitura na Internet o “scanning” - que é o ato de passar os olhos pelo texto em busca de palavras-chave – em vez de utilizar a leitura linear, como habitualmente fazemos com livros e revistas. Segundo Nicholas Carr, conselheiro editorial da Enciclopédia Britânica e autor de A Geração Superficial, ele diz que estamos nos programando biologicamente para esse novo jeito de consumir conteúdos. Com base em pesquisas científicas que comprovam a plasticidade do cérebro em idade adulta, Nicholas Carr defende que a Internet altera o nosso modo de pensar, de aprender e até de lembrar. “À medida que passamos mais tempo navegando, muitos de nós estão desenvolvendo circuitos neurais feitos para aumentos repentinos de atenção direcionada”, diz o especialista.



De uma coisa podemos estar certos, estamos sim mais ágeis, porém o problema é que estamos absorvendo com menos profundidade o que ‘teoricamente’ aprendemos. A verdade é dura, mas ela está aí - se por um lado conseguimos focar a nossa atenção e saltar rapidamente entre vários assuntos, por outro estamos perdendo a capacidade de ler grandes textos. Ainda segundo o conselheiro editorial Nicholas Carr, nestes tempos atuais os leitores estão perdendo a capacidade de leitura linear, o que está tornando a leitura de livros – ou mesmo publicações de blogs com mais de quatro parágrafos – um sacrifício.

O mais incrível disso tudo é que o próprio Nicholas Carr reconhece que o seu cérebro passou a operar independentemente dele estar online ou não, ele diz: “a minha mente agora busca absorver informação do mesmo modo que a internet a distribui: num fluxo veloz de partículas”.

Em oposição ao ‘scanning, um grupo de acadêmicos e intelectuais ingleses criou o movimento slow reading (‘leitura lenta’), que defende uma leitura mais atenta dos textos impressos, deixando um pouco de lado as informações adquiridas na internet. Isso é bom na teoria, mas, na prática, como fazer isso nos dias de hoje?

Sabemos que os smartphones funcionam como uma extensão da memória, afinal, ele possui os contatos dos nossos amigos, a nossa agenda de compromissos, além de ser possível obter acesso instantâneo a grande parte do conhecimento humano utilizando um aparelho desses conectado a Internet. Hoje, a inteligência potencial de uma pessoa em poder de um smartphone é diferente da inteligência da mesma pessoa sem ele. Não é a toa que muitos sentem a perda de um aparelho celular como se tivessem perdido parte do seu cérebro.



Talvez a perda da capacidade de autorreflexão das pessoas seja a maior preocupação atual: elas não desaceleram, elas não param, já que estão sempre rodeadas por outras ‘pessoas digitais’ competindo por atenção. Isso acontece em razão da Internet ativar em algumas pessoas as mesmas áreas do cérebro que certas drogas afetam. Locais como o Facebook, por exemplo, tem um grande potencial viciante: cada nova mensagem recebida tem o potencial de liberar substâncias no cérebro que causam prazer – essa é a razão pela qual tantas pessoas sentem urgência em acessar suas redes sociais.

O psiquiatra e coordenador do Grupo de estudos sobre Adições Tecnológicas, Daniel Spritzer, lista os componentes que caracterizam esse transtorno:

- Uso intenso da Internet, geralmente associado à perda da noção de tempo ou mesmo negligência de atividades importantes;

- Necessidade de utilizar a Internet por um número cada vez maior de horas;

- Abstinência, irritabilidade, tensão e até mesmo sintomas depressivos quando o acesso à rede não é possível.

- Prejuízo em áreas importante da vida (acadêmico, profissional, social, familiar, financeiro ou legal).


Mesmo pesquisando o “lado negro” da tecnologia, o psiquiatra Daniel Spritzer não considera o impacto da Internet na mente humana como invariavelmente negativo. “Acho importante pensar que a nossa memória não precisa funcionar do mesmo jeito ao longo dos tempos”, afirmou.

O psiquiatra salienta que o imediatismo e a velocidade da Internet derivam do modo de vida atual e não o contrário. Em outras palavras isso quer dizer que com ou sem a Internet o mundo nos forçaria a adquirir o conteúdo de forma mais rápida possível: “Neste sentido, a tendência de ir atrás do conhecimento de uma maneira mais exploratória que profunda parece ser uma decorrência da quantidade cada vez maior de informações necessárias para a vida contemporânea”.

Com ou sem a Internet, é fato que durante a existência da vida humana sempre ocorreram profundas mudanças de hábitos, e atualmente, estamos muito mais seletivos com as informações que consumimos - isso quer dizer que: quando conseguimos finalizar uma leitura de um texto longo, significa que deixamos muitas atividades de lado. E atualmente, é quase impossível alguém ler um paragrafo inteiro de um texto, e é bem provável que esta seja uma das explicações para encontrarmos tantos comentários ‘infundados e irracionais’ na internet – afinal, muitos leem apenas as chamadas das matérias e já se posicionam fervorosamente contra alguma coisa.

Fonte e Sítios Consultados

http://www.techtudo.com.br

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