Começamos esse assunto falando sobre a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito que subiu 13,1
pontos percentuais no último mês de Maio/15 e atingiu 360,6% ao ano – e a taxa do cheque
especial não ficou para trás não, ela subiu 6 pontos e chegou a fenomenais 232% ao ano, segundo as informações divulgadas
no dia 23/06/2015 pelo Banco Central.
Bem, é
fato que o mercado de crédito do Brasil conta com dois segmentos bem
diferenciados, são eles:
- Segmento livre: nele as taxas cobradas
são de mercado,
- Crédito direcionado: as taxas deste seguem
regras estipuladas pelo governo.
Podemos pensar
na taxa de juros do crédito como a soma da taxa de financiamento do banco com a
taxa de spread bancário, definida
como a diferença entre taxa de empréstimo e de financiamento.
Nesse
momento vale uma explicação sobre Spread
bancário:
Spread bancário é
a diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles
cobram ao conceder um empréstimo para uma pessoa física ou jurídica. No valor
do spread bancário estão
embutidos também impostos como o IOF. Nesse contexto, o
termo inglês "spread"
significa "margem". Essa ‘margem
financeira’ cobrada pelo banco e outras instituições financeiras, é um
valor que varia de banco para banco e acresce à habitual taxa de
juros cobrada pelo empréstimo.
É
possível supor que a taxa básica de juros da economia, conhecida como Selic, que é controlada pelo Banco Central,
seja a principal determinante da taxa de financiamento dos empréstimos. Isso significa
dizer que: o problema brasileiro dos altos níveis das taxas de empréstimo recai
em dois outros problemas:
- nos níveis
das taxas básicas de juros;
- nos
níveis dos "spreads" bancários.
A
TAXA DE JUROS BÁSICA
Nunca foi
novidade que taxa de juros básica, a Selic
brasileira estivesse entre as mais altas do mundo, e dificilmente existe um consenso
entre economistas sobre a explicação para isso. Muitos sempre disseram que por
haver problemas de equilíbrios múltiplos e se o Banco Central reduzisse a taxa básica de forma voluntarista, cairíamos
num equilíbrio de taxa mais baixa e isso teria uma ação ruim sobre a inflação.
Outras
teorias mais modernas dizem que o nível médio da taxa básica de juros deve
flutuar em torno da taxa neutra, definida como a taxa de juros que faz a
demanda agregada da economia ser igual ao seu produto potencial. Entendeu?
Vamos tentar de novo. Seguindo esse
pensamento, o alto patamar da Selic
deve-se ao nível elevado da taxa neutra, o que nos remete à questão do porquê
de esta ser tão alta. Talvez a razão disso esteja na impaciência dos nossos
consumidores, o que podemos traduzir em poucos poupadores.
Também
existe o pensamento de que o povo brasileiro carregue ao longo da sua história
uma experiência inflacionária, o que pode gerar uma percepção exagerada de
risco quando se pensa em poupar. Além é claro do pouco ou quase nenhum nível
de educação financeira dos brasileiros, fato esse que contribui e interage com
os aspectos citados.
E a essa ideia
mais enraizada podem ser adicionados mais dois fatores conjunturais:
- a deterioração da Política Fiscal - pelo
fato de elevar a taxa neutra;
- a reputação do Banco Central – em reduzir
o efeito da política monetária contracionista sobre a inflação, fazendo com que
a alta de juros necessária para combatê-la seja maior.
OS SPREADS
Neste
caso, o nível alto da taxa básica de juros, que remunera aplicações com pouco
risco, contribui também para um nível alto de spread, pois ele
constitui um piso para a remuneração da atividade de intermediação financeira.
Além é claro, de envolver risco, o que requer uma compensação ainda maior para ser
atrativa, refletindo-se no spread.
E não podemos
deixar de citar um componente natural: o risco
de intermediação financeira no Brasil - isso devido ao risco de inadimplência
ser relativamente alto, especialmente em modalidades de empréstimos em que as
taxas de juros são muito altas. Isso representa um alto nível de inadimplência
que trará como consequência as altas taxas.
E é
importante mencionar que o custo da recuperação dos empréstimos inadimplentes é
alto no Brasil. Mesmo com muitos avanços, como o crédito consignado, a
alienação fiduciária e a Lei de Falências tenham contribuído para a redução
desse custo, o processo judicial de recuperação de garantias continua lento e
ineficiente.
Outro
fator que já citamos, são os clientes com baixo nível de educação financeira, eles
normalmente têm um alto grau de inércia nas suas relações financeiras e com
isso, viram reféns dos seus bancos que aproveitam para cobrar mais e remunerar
menos pelos seus recursos.
Finalizando
este, talvez exista a necessidade de se pensar nos riscos quando o assunto é: reduzir as taxas de juros dos empréstimos
sem atacar as suas causas. Isso porque o governo já tentou forçar a redução do spread
dos bancos privados – atuando de uma forma agressiva com os bancos
públicos. Só que não! No caso da taxa básica de juros, essa ação foi
malsucedida e ainda gerou custos à Isso
quer dizer, além dos spreads continuarem altos, essa
tentativa levou à deterioração da carteira de empréstimos dos bancos públicos.
Fonte e Sítios Consultados
http://economia.uol.com.br
http://fetraconspar.org.br/
http://economia.ig.com.br
http://www.significados.com.br
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