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24 de junho de 2015

Entenda os altos Juros Brasileiros


         Começamos esse assunto falando sobre a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito que subiu 13,1 pontos percentuais no último mês de Maio/15 e atingiu 360,6% ao ano – e a taxa do cheque especial não ficou para trás não, ela subiu 6 pontos e chegou a fenomenais 232% ao ano, segundo as informações divulgadas no dia 23/06/2015 pelo Banco Central.



Bem, é fato que o mercado de crédito do Brasil conta com dois segmentos bem diferenciados, são eles:

- Segmento livre: nele as taxas cobradas são de mercado,

- Crédito direcionado: as taxas deste seguem regras estipuladas pelo governo.

Podemos pensar na taxa de juros do crédito como a soma da taxa de financiamento do banco com a taxa de spread bancário, definida como a diferença entre taxa de empréstimo e de financiamento.

  Nesse momento vale uma explicação sobre Spread bancário:

 Spread bancário é a diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo para uma pessoa física ou jurídica. No valor do spread bancário estão embutidos também impostos como o IOF. Nesse contexto, o termo inglês "spread" significa "margem". Essa ‘margem financeira cobrada pelo banco e outras instituições financeiras, é um valor que varia de banco para banco e acresce à habitual taxa de juros cobrada pelo empréstimo.


É possível supor que a taxa básica de juros da economia, conhecida como Selic, que é controlada pelo Banco Central, seja a principal determinante da taxa de financiamento dos empréstimos. Isso significa dizer que: o problema brasileiro dos altos níveis das taxas de empréstimo recai em dois outros problemas:

- nos níveis das taxas básicas de juros;
- nos níveis dos "spreads" bancários.


A TAXA DE JUROS BÁSICA

Nunca foi novidade que taxa de juros básica, a Selic brasileira estivesse entre as mais altas do mundo, e dificilmente existe um consenso entre economistas sobre a explicação para isso. Muitos sempre disseram que por haver problemas de equilíbrios múltiplos e se o Banco Central reduzisse a taxa básica de forma voluntarista, cairíamos num equilíbrio de taxa mais baixa e isso teria uma ação ruim sobre a inflação.

Outras teorias mais modernas dizem que o nível médio da taxa básica de juros deve flutuar em torno da taxa neutra, definida como a taxa de juros que faz a demanda agregada da economia ser igual ao seu produto potencial. Entendeu? Vamos tentar de novo. Seguindo esse pensamento, o alto patamar da Selic deve-se ao nível elevado da taxa neutra, o que nos remete à questão do porquê de esta ser tão alta. Talvez a razão disso esteja na impaciência dos nossos consumidores, o que podemos traduzir em poucos poupadores.

Também existe o pensamento de que o povo brasileiro carregue ao longo da sua história uma experiência inflacionária, o que pode gerar uma percepção exagerada de risco quando se pensa em poupar. Além é claro do pouco ou quase nenhum nível de educação financeira dos brasileiros, fato esse que contribui e interage com os aspectos citados.


E a essa ideia mais enraizada podem ser adicionados mais dois fatores conjunturais:

- a deterioração da Política Fiscal - pelo fato de elevar a taxa neutra;

- a reputação do Banco Central – em reduzir o efeito da política monetária contracionista sobre a inflação, fazendo com que a alta de juros necessária para combatê-la seja maior.

OS SPREADS
Neste caso, o nível alto da taxa básica de juros, que remunera aplicações com pouco risco, contribui também para um nível alto de spread, pois ele constitui um piso para a remuneração da atividade de intermediação financeira. Além é claro, de envolver risco, o que requer uma compensação ainda maior para ser atrativa, refletindo-se no spread.

E não podemos deixar de citar um componente natural: o risco de intermediação financeira no Brasil - isso devido ao risco de inadimplência ser relativamente alto, especialmente em modalidades de empréstimos em que as taxas de juros são muito altas. Isso representa um alto nível de inadimplência que trará como consequência as altas taxas.


E é importante mencionar que o custo da recuperação dos empréstimos inadimplentes é alto no Brasil. Mesmo com muitos avanços, como o crédito consignado, a alienação fiduciária e a Lei de Falências tenham contribuído para a redução desse custo, o processo judicial de recuperação de garantias continua lento e ineficiente.

Outro fator que já citamos, são os clientes com baixo nível de educação financeira, eles normalmente têm um alto grau de inércia nas suas relações financeiras e com isso, viram reféns dos seus bancos que aproveitam para cobrar mais e remunerar menos pelos seus recursos.

Finalizando este, talvez exista a necessidade de se pensar nos riscos quando o assunto é: reduzir as taxas de juros dos empréstimos sem atacar as suas causas. Isso porque o governo já tentou forçar a redução do spread dos bancos privados – atuando de uma forma agressiva com os bancos públicos. Só que não! No caso da taxa básica de juros, essa ação foi malsucedida e ainda gerou custos à Isso quer dizer, além dos spreads continuarem altos, essa tentativa levou à deterioração da carteira de empréstimos dos bancos públicos.



Fonte e Sítios Consultados
http://economia.uol.com.br
http://fetraconspar.org.br/
http://economia.ig.com.br

http://www.significados.com.br

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