O princípio da reciprocidade reforça a ideia de que todo
ser humano ao receber algo de valor aparente, é comum que ele tenha o desejo de
oferecer algo em troca. “Dê o que
você tem, para merecer receber o que lhe falta”, (Santo Agostinho). E é
com essa ideia na cabeça que muitos acreditam ser possível ter o que quiserem
na vida - se primeiro ajudarem de verdade, as pessoas a conseguirem o que elas
querem. O ato de
oferecer algo sem esperar nada em troca é chamado altruísmo. Mas até que ponto o ser humano dá alguma coisa sem esperar
receber algo? É realmente justo? Não podemos esquecer que tudo na vida é um
“retorno”. Talvez hoje não chegue de volta o que você concede, mas amanhã vai
receber sua recompensa...
. E como será que funcionou este princípio da reciprocidade na evolução humana?
Sabemos
que no inicio dos tempos o homem tinha que dividir para sobreviver. E isso se
aplicava a quase tudo, desde conhecimento até as ferramentas, comida ou abrigo.
A solidariedade sempre foi à única maneira de todos continuarem vivos. E isso
não aconteceu somente nos tempos das cavernas, isso acontece até os dias de
hoje. É comum ao ser humano, desde o seu nascimento, por natureza estabelecer
uma “dívida” quando alguém faz algo para ele.
Até agora
tudo pareceu muito bonito e muito gentil, mas vamos passar para a realidade. É
verdade que muitas pessoas se aproveitam deste sentimento de “culpa” que entristece
a muitos, quando estes devem favores para elas. Este grupo de pessoas se baseia
na premissa de “fazer
alguma coisa para alguém para que esse alguém se sinta obrigado a fazer algo
por mim”. E assim surgiu a reciprocidade “induzida”. Ou seja, a pessoa procura
maneiras de ajudar alguém pelo simples fato de que depois terá um favor para
cobrar.
Outras pessoas conseguem enxergar este princípio sendo utilizado no cotidiano corporativo – por exemplo, a teoria
dos Supermercados que oferecem amostras grátis, os revendedores de automóveis
oferecem teste-drives e assim por
diante - a ideia é que este pensamento ande junto dessas ações fazendo com que os
clientes potenciais experimentem o produto ou serviço e sem perceber, ao mesmo
tempo eles estão se tornando endividados em algum nível psicológico.
Vamos acompanhar algumas situações e pensar um pouco:
A- Quatro grandes amigos combinam de jantar juntos
para comemorar a data de um ano da formatura na Universidade e para essa
ocasião eles combinaram em rachar a conta igualmente entre eles. Como já sabemos
cada um arcará com 25% da despesa, então
todos escolhem pratos que custem mais ou menos o mesmo que todos os amigos
pediram. E é nesta hora que o senso de
reciprocidade deve estar presente, ou seria racional um amigo pedir uma lagosta, enquanto os demais pedem pizza?
B- Nesta outra situação, é um almoço de fim de ano do
escritório com pelo menos umas 30 pessoas, e para variar um pouco (uns três
amigos estão passando por um pequeno aperto financeiro, aquele de todo mês -
sabe, como é que é, né?) então, eles decidiram pedir uma pizza. Porém, os primeiros a escolher pediram camarões gratinados. E como todos terão de pagar 3% da conta de qualquer forma os três
amigos decidiram mudar o que tinham pedido – “Por favor, manda uns camarões para nós também”. Essa decisão foi
tomada utilizando um raciocino lógico: afinal, o custo adicional para
o grupo será mínimo e todos terão uma refeição melhor. De certa forma, essa “decisão racional individual” levará o grupo
a explorar a si próprio.
Tecnicamente
podemos ‘achar’ que esse tipo de
interação seja parecido com o “dilema do
prisioneiro” - um dos “jogos” mais interessantes do convívio humano. O
Dilema dos Prisioneiros é um jogo muito famoso que representa bem o dilema
entre cooperar e trair.
Resumidamente, a
estória é a seguinte: existem os suspeitos, A e B, em um determinado
momento eles são presos pela polícia e essa mesma polícia não tem provas
suficientes para condena-los, então os prisioneiros são separados em salas
diferentes e é oferecido a ambos o mesmo acordo:
A) Se um dos prisioneiros confessar (trair o outro) e o outro permanecer em silêncio, o que confessou sai livre enquanto o cúmplice silencioso cumprirá 10 anos.
B) Se ambos ficarem em silêncio (colaborarem um com ou outro), a polícia só poderá condená-los a 1 ano cada um.
C) Se
ambos confessarem (traírem o comparsa), cada um ficará 5 anos de cadeia.
Isso
quer dizer que cada prisioneiro tomará uma decisão sem saber da escolha do
outro, afinal, eles não podem conversar. Como
os prisioneiros irão reagir? Será que existe alguma decisão racional a ser
tomada? Qual seria a sua
decisão?
Este
jogo, de uma forma esquemática procura mostrar uma interação humana através de
uma "matriz de resultados". Mesmo com um enunciado do problema
muito simples e intuitivo, sendo possível entendê-lo rapidamente de forma
verbal e também graças a uma representação gráfica - que oferece grande ajuda
para visualizar o cenário de forma completa e entender as opções e implicações
para cada jogador.
Nas
situações que visualizamos acima, das pessoas (amigos ou colegas de trabalho) foi possível perceber que as regras
de convivência que tentam bloquear o
comportamento exclusivamente interesseiro, aquela
tentação de agir em benefício próprio e acabar explorando o grupo do qual pertencem, talvez não tenham funcionado
com sucesso. Mas existe um fator que estimula o bom convívio nessa nestes
momentos, é a sua reputação, a sua marca. Isto é um sinal
antropológico. No passado, aqueles que trapaceavam seus grupos eram expulsos
deles e não sobreviviam.
É importante deixar bem claro, que não existe uma solução
para o Dilema do Prisioneiro. De um
ponto de vista puramente do interesse próprio (aquele que não toma em
consideração os interesses do outro prisioneiro), é
racional, para cada prisioneiro, confessar — e se cada um fizer o que é
racional do ponto de vista do interesse próprio, ficarão ambos pior do que
ficariam se tivessem escolhido de outro modo. Com isso este dilema prova que quando cada um
de nós, individualmente, escolhe aquilo que é do seu interesse próprio, pode
ficar pior do que ficaria se tivesse sido feita uma escolha que fosse do
interesse coletivo.
Talvez entre nesta questão um pouco de ética,
por exemplo, ou, qual de nós se tivesse uma chance, não aproveitaria para
passar à frente naquela enorme fila? É o mesmo que
perguntar para alguns profissionais como eles lidam com os seus problemas no
trabalho - se através da omissão ou da responsabilidade?
Finalizando este, aproveitamos para fazer
uma pergunta: será que em problemas similares aos do prisioneiro a melhor opção seria mesmo um comportamento
egoísta?
Fonte e
Sítios Consultados
http://www.cienciadaestrategia.com.br
http://thesecret.tv.br
http://colunas.revistaepocanegocios.globo.com
http://administracaonoblog.blogspot.com.br/2013_02_11_archive.html
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