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17 de maio de 2015

O Brasil e os seus Impostos

Não é novidade para ninguém que o Brasil é o País com um dos impostos mais caros do mundo, mas talvez muitos não saibam que também somos a nação onde se leva mais tempo - do que qualquer outro lugar do mundo - para efetuar esse pagamento. Essa característica dificulta a vida do empreendedorismo e segue na contramão do desenvolvimento e do crescimento econômico. A simplificação do recolhimento de tributos incentivaria com certeza toda a atividade empresarial e atrairia mais investimentos reais e este é um dos grandes desafios do Brasil, que há muito ‘simula’ discussões sobre este tema, mas que nunca apresenta nenhuma evolução concreta.


É impressionante, mas o tempo médio gasto para se apurar e pagar tributos no Brasil é de 2.600 horas (equivalente há 65 semanas, considerando 40 horas úteis semanais). Em um país que figura entre as 10 economias do mundo isso é um absurdo, já que a média mundial é de 267 horas, e no país mais dinâmico nesse aspecto, os Emirados Árabes, o tempo exigido é de 12 horas. Estávamos em 159º lugar entre os países mais complexos do mundo para pagar impostos, atrás de Paraguai, Botswana, Ucrânia e outros 155 países.



Sobre o consumo, por exemplo, temos, na prática, três grandes tributos: o ICMS, o IPI e o PIS/COFINS. Cada um desses possui sua particularidade quanto à incidência, apuração e declarações a serem entregues. O ICMS, sem dúvida, é o que mais exige – possui 26 regulamentos, com milhares de possibilidades de combinações de alíquotas e bases de cálculo, potencializadas exponencialmente pelo mecanismo da substituição tributária. Cada um desses três tributos possui regras distintas, principalmente com relação aos créditos calculados sobre as compras. Esse cenário demanda dinheiro e tempo do empreendedor brasileiro, ao passo que na grande maioria dos países o processo é mais simples: ou se cobra uma taxa única, apenas na venda ao consumidor final (EUA), ou existe um único imposto sobre o valor agregado, em que se tomam créditos sobre tudo o que se compra, abatidos sobre os débitos na venda, a uma única alíquota (Europa).

Alguns brasileiros ainda desconhecem o fato de que as empresas repassam todos os ‘seus’ impostos, encargos e contribuições sociais para os preços dos produtos, como também seus lucros, o imposto de renda e a contribuição social desses lucros. E isso acontece, também, em razão das empresas ocuparem uma função importante na economia e na vida de cada cidadão, afinal, elas são geradoras de empregos e colaboram para que setor econômico do País funcione, além do que, os empresários investem seus próprios recursos no negócio e desejam obter o retorno desse investimento.

cidadão/consumidor brasileiro além de pagar todos os impostos, tributos, contribuições, taxas e lucros das empresas, paga também como contribuinte os próprios impostos e gastos que deveriam ser de responsabilidade do "Governo", tais como: educação, saúde, segurança e outros. Afinal, em outros países os impostos sobre o consumo é baixo:

Estados Unidos em média o consumidor final paga 6% a 7%.

Brasil paga em média 32% que são: ICMS, IPI, PIS, COFINS e ISS.

Além disso, o ‘consumidor contribuinte terá mensalmente a retenção de imposto de renda sobre seu salário, que não é renda, pois ainda é preciso pagar pela alimentação da família, os remédios, o aluguel, a escola, o convênio médico e outros gastos – e ainda terá que acertar as contas com a Receita Federal na hora de fazer a Declaração de Imposto de Renda Anual.

Com todas essas taxações, sem contar com o IPTU, de seu imóvel e o IPVA e Seguro de seu carro, não sobra quase nada para comprar ou trocar os bens duráveis (carro, geladeira, fogão, micro-ondas, móveis, etc.), sem consumo não existe vendas, o que leva a uma estagnação da cadeia produtiva e isso gera desemprego e acaba fazendo com que muitas fechem ou se mudem para outros países onde a carga tributária é em média 35% mais baixa que a nossa.


Já para as empresas aqui no Brasil a carga é de (+ ou -) 29% sobre o Lucro Final das empresas - antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social, também embutido nos preços dos produtos. As empresas pagam para o INSS como contribuição a taxa de 25,8 % sobre a folha de pagamento, e 8% de FGTS, sobre a mesma folha de pagamento, da mesma maneira embutidos nos preços dos produtos.

Olhando para este cenário, não há dúvidas que uma reforma do sistema tributário é necessária. Essa reforma, que já virou lugar-comum nos círculos de discussão, é fundamental para que tenhamos um sistema mais simples, dinâmico e que promova a eficiência. Um ambiente assim permitirá que o empreendedor possa gastar seu tempo comprando, produzindo e vendendo, e não procurando saber se os tributos estão corretamente calculados ou as declarações entregues no prazo.

Enquanto não houver maturidade política suficiente para viabilizar as reformas do sistema tributário brasileiro como um todo, a iniciativa de automatização é, sem dúvida, um avanço. Mas essa modernização continuará pouco eficiente se não for acompanhada da eliminação das antigas obrigações em papel, que acabaram se tornando redundantes. Neste cenário, até que venham as desejadas mudanças que simplifiquem a apuração dos impostos e reduzam os respectivos custos de “compliance”, só resta aos empreendedores brasileiros à única alternativa de se manterem atualizados e sempre buscarem por alternativas e ferramentas para evitar que o emaranhado da legislação tributária acabe corroendo a ‘pequena’ margem dos negócios - e que os Governantes, atuais desesperados por mais receitas, não aumentem ainda mais os impostos sobre a quase falida família brasileira.



Fonte e Sítios Consultados
Doing Business 2014, Banco Mundial

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