Vivenciamos um tempo onde é crescente o ritmo da
diversificação da força de trabalho em termos de gênero, etnia, orientação
sexual, idade, religião e deficiência em todo o mundo e este fato têm causado mudanças
de perfil no mundo corporativo, trazendo a reboque um maior interesse dos especialistas
em RH em compreender com mais profundidade a questão da diversidade nas
organizações.
Esse novo desafio tem demonstrado que, além de
simplesmente compreender a diversidade, é preciso gerenciá-la. Nesse sentido, é
fato que se espera dos gestores - e das empresas brasileiras – mais do
que um belo discurso para realmente gerenciar a diversidade, uma vez que, pouco
se questiona quanto aos benefícios decorrentes da inclusão de minorias
historicamente discriminadas no ambiente de trabalho, e devido a isso, ainda
permanecem muitos questionamentos sobre como proceder a inclusão e como tratar
diferentes com igualdade.
E, o que é a
diversidade?
Para Nkomo e
Cox Jr, “a diversidade se referencia
a alguma situação onde os atores de interesse não são semelhantes em relação a
algum atributo. Tratar-se-ia,
portanto, da existência de pessoas com identidades grupais diferentes dentro do
mesmo grupo ou sistema social”.
Com uma visão mais ampliada, pode-se afirmar
que a diversidade inclui todos, não é algo que seja definido apenas por raça ou
gênero. Estende-se à idade, história pessoal e corporativa, formação
educacional, função e personalidade. Inclui estilo de vida, preferência sexual,
origem geográfica, tempo de serviço na organização, e até mesmo a status de
privilégio ou de não privilégio dentro da firma.
Os conceitos variam de amplitude, desde aqueles que focam meramente na questão de etnia ou gênero, até os extremamente amplos, isto é, que sustentam que a diversidade se refere a todas as diferenças entre as pessoas, afinal, todos são diferentes.
Sobre a Diversidade
e Legalidade
Nos EUA da década de 60 houveram discussões de
temas ligados à diversidade cultural e questões relacionadas às minorias que
chegaram ao patamar de uma preocupação legal, através de leis como a Affirmative Action. Focada na
discriminação racial profundamente enraizada nas empresas e instituições de
ensino daquele país, essa lei consistia em fazer com que as empresas que
tivessem contratos com o governo, ou que dele recebessem qualquer benefício,
prestassem informações sobre a composição de seus quadros de funcionários e que
definissem metas de contratação e manutenção na empresa de pessoas pertencentes
a grupos em desvantagens no mercado de trabalho, como mulheres, negros,
hispânicos, asiáticos e índios americanos, de forma a manter a mesma composição
existente na sociedade.
Com o passar do tempo, esses movimentos que buscavam
assegurar através da legalidade a diversidade nas organizações encontrou simpatizantes em outros países, como no
Brasil, onde hoje contamos com as tão discutidas cotas nas universidades e com
a Portaria 1.199/2003 do Ministério do Trabalho e Emprego, que determinou que
as empresas com 100 ou mais empregados estão obrigadas a preencher de 2 a 5%
dos seus cargos com pessoas portadoras de deficiência, ou beneficiários
reabilitados. Fato esse que não acontece realmente, são poucas as empresas
que cumprem.
Vistas por alguns como polêmicas, essas medidas são
consideradas por muitos como imperativas, e tem a sua efetividade como remédios
para desigualdade questionada, uma vez que deixam de lado outras questões importantes
como a integração das pessoas, e sua retenção e o desenvolvimento de um plano
de carreira nas empresas para os contratados, assim como a criação de um bom clima
de trabalho.
Ainda que a legalidade tenha sido o passo inicial
para o crescimento da diversidade nos ambientes de trabalho, devemos reconhecer
que gerenciar a diversidade é muito mais do que criar oportunidades “iguais” de
trabalho nas organizações: é preciso promover o alinhamento dos interesses das
pessoas com os interesses da empresa, gerenciando a cultura organizacional de
forma a permitir que o potencial que reside tanto nas similaridades e quanto
nas diferenças existentes entre os colaboradores contribua para um melhor
resultado da empresa.
E a Gestão da
Diversidade, como fazer?
Muitos veem esse fenômeno como um paradoxo, pois,
ao mesmo tempo em que a diversidade cultural constitui um desafio para as
organizações com inúmeros benefícios possíveis, ela pode trazer uma infinidade
de conflitos intergrupais, que podem, inclusive, neutralizar algumas de suas
vantagens. Trabalhar esse paradoxo é um dos grandes desafios dos gestores da
atualidade.
Se por um lado é fácil encontrar concordâncias em
relação ao combate de todas as formas de preconceito, é difícil alterar uma
cultura, os comportamentos, os hábitos e as rotinas para que isso aconteça realmente.
São muitos os discursos empresariais “socialmente
responsáveis”, aqui entendidos como processos de engenharia organizacional que
alinham a organização ao mercado no nível retórico, de afirmações quanto à
promoção da diversidade dentro das empresas. Os resultados de algumas recentes
pesquisas que verificam a coerência entre o discurso e as práticas em algumas
empresas têm sido desanimadores: o fato de as empresas brasileiras
contratarem indivíduos diferenciados não significa que os estejam tratando de
forma igualitária. Essas pesquisas revelam discrepâncias entre o dito e
o feito pelas organizações, entre a modernidade do discurso e o conservadorismo
das práticas.
Não pode ser compreensível essa gestão da
diversidade, assim como a sua magnitude. Afinal, sabemos que é não é da noite
para o dia que se alinha, dentro de uma organização o discurso e a prática,
requer em primeiro lugar o alinhamento entre ideologia e cultura: a
legitimidade tão perseguida se vê ameaçada quando os indivíduos percebem e
passam a acreditar que as políticas são apenas formais, já que inexistem na
cultura da organização oportunidades reais de ascensão e de reconhecimento de
segmentos como nos discursos.
Os gestores responsáveis pela gestão da cultura
organizacional deveriam entender que adotar políticas de diversidade sem uma
base verdadeiramente ética, sem o comprometimento da alta direção e sem
considerar os demais atores do processo é em si apenas uma concordância à
pressão institucional ou política, e com certeza passa ao largo dos benefícios
possíveis da diversidade cultural, além de poder ser nociva aos resultados da
organização, ao passar para os colaboradores mensagens constantes de
inconsistência entre a prática e os discursos.
Fonte
e Sítios Consultados
http://www.percepcoes.org.br
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