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22 de setembro de 2014

Gustavo Kuerten, o nosso 'eterno' numero 1 do tênis


  


      Acompanhe a entrevista do maior tenista brasileiro, Gustavo Kuerten, hoje com 38 anos ele faz reflexões sobre sua trajetória vitoriosa que virou uma autobiografia recém-lançada. Para ele, as dificuldades fizeram cada ponto do seu sucesso. E ele ainda fala: 'Se eu não fosse brasileiro, não teria sido o número 1 do mundo'.



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      O Guga mantém a mesma simpatia, alegria e o amor pelo Brasil que o caracterizaram mesmo nos momentos mais difíceis de sua carreira como tenista. Ele fica empolgado ao contar sobre a escolinha de tênis que leva seu nome, de que modo pretende ajudar a desenvolver o tênis brasileiro e como os desafios que enfrentou renderam 20 títulos individuais e o colocaram em primeiro no ranking mundial por 43 semanas. "Se você olhar hoje pensa: não pode ser verdade, é inacreditável ver aonde cheguei. Mas não tem nada de mágico, uma fórmula secreta ou um cometa Halley que passa a cada tantos anos. É a história de um cara comum que aproveitou as oportunidades", contou Guga em entrevista à Época NEGÓCIOS


      A história do "cara comum" que se tornou o maior tenista brasileiro está contada na autobiografia que Guga lançou este mês. O livro Guga, Um Brasileiro [Editora Sextante] foi escrito em parceria com o jornalista Luis Colombini. Tem como foco a história do atleta antes de 1997, ano que mudou a sua vida, quando desbancou vários tenistas do topo do ranking e venceu seu primeiro Roland Garros.


      Após vencer o torneio, vieram diversas conquistas, confrontos vitoriosos com tenistas de peso e a fama de um dos maiores - e mais cobrados - atletas brasileiros. Interrompeu a sua carreira precocentemente em 2008 após lutar contra diversas lesões. Hoje, Guga crê que ser brasileiro foi essencial para ter chegado lá. "Comparado ao Agassi, Sampras, Hewitt , Nadal e hoje Federer .. todos eles eram predestinados a ser campeões de tênis. A minha história não foi essa. Eu tive que criar muitas forças, passar por muitas dificuldades até ter condições de enfrentar os melhores", afirma.


      Na entrevista abaixo, Guga comenta como foi difícil reviver todos os momentos de sua trajetória para escrever o livro, seus planos para criar mais oportunidades aos jovens tenistas brasileiros e os projetos que o ajudam a viver longe das quadras: 




Você acaba de lançar a sua autobiografia. Como foi relembrar toda a sua trajetória?
      Acho que acabou levando um grande tempo porque faltava a maturidade para eu conseguir contar com detalhes a minha trajetória e me permitir um pouco mais. É difícil falar de si próprio. Com o afastamento um pouco maior da minha carreira, eu consegui avaliar de uma forma justa as minhas conquistas. Sempre tive a ideia de contar na primeira parte um trecho da minha história que é desconhecido das pessoas: minha vida até 1997 [ano em que conquistou o primeiro título de Roland Garros]. Queria misturar tudo que vivi com minhas conquistas pós 97. Queria explicar como, de alguma maneira, aquele garoto, menino, havia chegado ali e surpreendido o mundo.


      Nesses últimos dois anos, foi uma experiência de processo muito bacana, porque sempre ficava emocionado. A gente vive de novo todos aqueles momentos. Me pegava chorando, sorrindo, suando, levantava o tempo todo, suava. Também descansava muito. Foi difícil dialogar com os momentos mais intensos da minha vida e tentar ser fiel às minhas emoções durante essa trajetória. Acho que conseguimos
[Ele e o Luís Colombini, que o ajudou a escrever]. Deu um orgulho imenso.




Como está sendo a recepção do público? 



      No dia do lançamento em São Paulo, já tive um retorno enorme das pessoas na fila. Fiquei muito feliz. Senti que eu posso continuar fazendo o que eu acho que é a minha principal vocação: contagiar as pessoas. Com esse livro, o meu objetivo era fugir da ideia de uma lição de vida, ensinamento ou métodos para superar situações difíceis. O que eu queria era transmitir minhas emoções e o que eu vivia em cada fase que estava acontecendo. Das pessoas com quem conversei até agora, senti que elas estão conseguindo absorver isso e que minha história pode servir de inspiração para qualquer um.


      Eu acho que é importante para o brasileiro cultivar a sua cultura. A gente só vai agregar valor e só vai ter valor se as pessoas souberem a história. Acho que contar a minha é uma maneira de perenizar esses feitos. Apesar de ser minha história, antes de tudo, acho que é uma história interessante, bonita de ser contada e valeu a pena ter feito. Quero que isso permaneça porque é uma chance de contagiar milhões de pessoas com algo que é um exemplo de vida, que eu usaria para os meus filhos. Acho que hoje me permito a essa situação, que é uma historia linda, de família, superação, realização de sonhos, que nem eram meus – eu nem conseguia enxergar sonhos tão distantes. E a valorização das pessoas, eu não faria nada nem perto disso não fossem tantas as pessoas que estiveram do meu lado.




Você ficou 43 semanas como o número 1 do mundo. Analisando hoje, como você encara essa conquista? 
- O que isso significa hoje para você e significou para o tênis brasileiro?

      Analisando friamente é algo completamente absurdo. Como um brasileiro naquela época – até hoje é, mas naquela época mais – poderia se tornar o número 1 do mundo?  Se você olhar hoje, pensa: não pode ser verdade, isso é inacreditável. Mas não tem nada de mágico, uma fórmula secreta ou um cometa Halley que passa a cada tantos anos. Não é nada disso. É uma história de um cara comum. Um cara comum que aproveitava todas as oportunidades que surgiam.


      Comparado ao Andre Agassi, Pete Sampras, Lleyton Hewitt , Rafael Nadal e hoje Roger Federer... todos eles eram predestinados a ser campeões de tênis. A minha história não foi essa.  Eu nunca fui o melhor do Brasil até os 15 anos. Comecei a me destacar com 16 anos em um país que todo mundo duvida que isso possa acontecer. O próprio brasileiro acha que não pode vencer. Eu mesmo em vários momentos pensei: comigo, não... isso não vai acontecer. Isso vai acontecer com europeu, americano, australiano, mas comigo não vai. Mas, aos poucos, eu fui desmitificando esses mitos e essas barreiras e quando eu conseguia, eu me tornava mais forte que os outros caras, porque eles não tinham passado por isso.


      Lá no final, infelizmente, eu acabei traído pela minha lesão, mas era para eu chegar num momento ainda maior na minha carreira. Em 2001, mesmo sendo o Agassi ou Sampras, eu me sentia imbatível naquele momento. Eu já pensava: chegar aqui não era para ter chegado, mas como cheguei eu tenho mais condições e eu quero mais. E isso era bem evidente e é legal poder resgatar tudo isso e entregar para as pessoas. Porque é um momento que já faz tempo: são quase 15 anos já. 





Considerando que o tênis não é dos esportes mais populares do Brasil e que aqui não há uma grande estrutura para a prática do esporte. Ser brasileiro fez o seu caminho como tenista ser mais difícil?


      Acho que esse finco de ser brasileiro, um cara que ficou aqui no Brasil – no fim, vejo que foi isso que fez o diferencial, que era o que me transformava em um cara mais poderoso. Quero tentar transmitir isso para as pessoas para que elas sintam esse meu orgulho pelo país. De levar a bandeira do Brasil e jogar contra um americano e sair com um troféu. Nos momentos que vivíamos lá fora, no convívio que tínhamos com outras pessoas na Europa e Estados Unidos, o Brasil era motivo de chacota. Era difícil isso para o atleta brasileiro.

      E depois, quando cheguei lá em cima, voltei a sentir a mesma coisa: não era um normal um brasileiro ir tirando os americanos e os europeus do topo. Eu convivi com isso, os caras não queriam deixar de jeito nenhum. E todo o ciclo é montado para eles porque eles é que são os protagonistas. Hoje vejo que o mais legal desse desafio é que não teve nada de diferente: é a maneira de fazer e, principalmente, estar disposto a comprometer uma série de coisas para alcançar uma missão que, olhando friamente, é completamente impossível.





O sucesso também acaba trazendo mais cobrança, não? Em 1997, você tornou-se ídolo do país ao ganhar Roland Garros. Mas aí veio 1998 e você não ganhou. Muitas pessoas questionaram seu trabalho, dizendo que você não era o talento que se prometia. As pessoas esperavam que você ganhasse tudo...


      Sim. Isso acontece. Principalmente porque temos uma referência no país muito forte que é o futebol. Foi um país que já viveu uma supremacia no futebol tão grande que perder uma partida significa o caos. Mas acho que nós já estamos conseguindo perceber que não dá mais para pensar assim. Hoje há pelo menos dez países que jogam bem, no nível do Brasil, de igual para igual. É claro que aqui tem a receita de bolo: um país apaixonado pelo futebol sempre vai ser competitivo. Mas não tem mais o campeão eterno, o intocável. Até porque o conhecimento do tênis naquele momento era talvez de 1% da população.

      Precisávamos mostrar que o tênis era diferente do futebol. Posso ganhar um torneio hoje e daqui a três dias, perder para um cara que é 100 do mundo. Isso é normal. Mas eu entendo essa alta expectativa das pessoas aqui com atletas. Nos Estados Unidos, por exemplo, os americanos têm várias referências em cada esporte: há o ídolo, o primeiro do mundo, os outros três melhores... então um perde e o foco da atenção vai mudando. Aqui não. Aqui esse cara é um só. E esse cara ao mesmo tempo em que ele é exigido, ele é referenciado. Tem esse ponto de vista.





Houve o lado bom dessa cobrança maior?


      O lado bom disso é que eu tenho certeza absoluta de que se eu não fosse brasileiro, isso tudo não teria acontecido, eu não teria sido o campeão do mundo. Essa é a sensação que eu tenho porque eu não sou um efeito de osmose no tênis – eu tive que criar muitas forças. O meu jogo é bonito, tem técnica apurada, mas não sou aquele gênio que com 16,17 anos tendia a acontecer. Precisava passar todos esses perrengues que eu sofri, essas inúmeras dificuldades para uma hora ter realmente condições de enfrentar caras que eram melhores do que eu. E aí um fato foi o diferencial: mesmo sendo mais difícil o projeto, eu precisava dessas dificuldades. Foi ali que eu me alimentei para crescer. Eu não me enxergo de outra forma em outros países.


      E aqui, tem um momento que eu falo no livro que eu acho que é importante, que é o brasileiro se permitir mais ao sucesso. É muito questionado o sucesso dos outros no Brasil. Por que existe esse problema? Porque existem poucos casos então é difícil para as pessoas e as pessoas sofrem muito no dia a dia. Onde vou encontrar uma felicidade? Às vezes fico até ‘cornetando’ a pessoa do meu lado. Porque não é fácil encontrar na escola, na rua, trânsito, médico, algo que alimente meu espírito do ser humano. Nisso, falam mal do futebol do outro cara, falando do outro jogador para se sentirem melhor.







Sua família participou ativamente da sua carreira. Hoje eles continuam ao seu lado, administrando seus negócios e projetos sociais...


      Existia um apoio, uma sustentação, que é meu irmão, minha mãe e o Larri Passos [treinador]. Era um tripé e eu estava no centro deles. Ficava quase que intocável. Sempre que me davam ‘porrada’, que o ventilador ficava me jogando pros lados, um deles vinha e me segurava. Colocavam-me no eixo: "vamos Guga, vamos em frente". E assim as coisas foram se construindo e eu ficando cada vez mais convicto. Enxergava-se que o desafio era em cada etapa. Não me via no começo como o melhor do mundo. Sabia que tinha primeiro que estar entre os 100, depois fazer parte da Copa Davis, virar profissional para lá na frente possivelmente chegar entre os dez, jogar um ‘Master’.  E fui assim: construindo essa alma de campeão com uma entrega completa - minha e de quem tava ao meu redor.

      Meu irmão foi deixando de fazer um monte de coisas que podiam ter sido mais interessantes para ele, minha mãe também, o Larri mais ainda. Quando eu via ‘esses caras’ pensava: vou fazer ainda mais. Cada episódio que eles me demonstravam uma solidariedade, eu sentia que eu podia dar cinco, dez em troca. E assim fomos montando essa célula que em algum momento sentíamos que era indestrutível. Podíamos desafiar os grandes ícones do tênis mundial que não teria problema.





Você fala que o tênis sempre proporcionou mais do que você esperava. Você teria feito outra coisa da sua vida?



      Bem pequeno eu sonhava ser bombeiro. Hoje é difícil de imaginar o porquê. Mas imagino que eu sempre busquei alguma ação ou profissão que conseguisse ter contato com as pessoas. Isso é o que mais mexe comigo. Tenho muita clareza disso e o livro dá uma oportunidade enorme de novamente fazer o mesmo efeito. E o tênis ‘cai como uma luva’. Porque tem uma plataforma que é super-reverenciada, contínua e permite o jogador estar lá por muitas horas nas casas das pessoas. Eu fiz parte da vida de milhões de brasileiros durante muito tempo. 




Você acha que ajudou a democratizar e popularizar o esporte no país? 

- Quando você começou, o tênis era um esporte de elite?


      Quando eu iniciei, era algo muito exclusivo - dependia da prática em clubes e ser sócio de um clube requer uma capacidade financeira alta. Depois de 97, o tênis se popularizou muito. Existem milhares de escolas de tênis ao redor do Brasil. Mas o caro do tênis é a competição, precisa viajar para se desenvolver. Esse continua sendo o principal problema da prática do esporte - é preciso um investidor. Um menino de 15 anos precisa de pelo menos R$ 300 mil por ano para competir bem. É um apartamento investido a cada dois anos pelo menos. Ninguém tem esse dinheiro para gastar e é nessa hora que começa a dúvida e a pressão ainda maior para o profissional.


      Atualmente, o cenário mudou um pouco por conta das Olimpíadas. Com esses ciclos, há um aporte interessante e os jogadores ficam mais respaldados. O Orlandinho Luiz é de uma família normal. O pai dele foi pegador de bola. Ele está aí entre os melhores do mundo no juvenil e tem tudo para se transformar em um super profissional. Mas é possível, sim, alguém de uma família mais simples conseguir. É o caso do menino da Rocinha, o Fabiano De Paulo que jogou um torneio profissional pela primeira vez esse ano. Mas ainda eles são minoria.



Como você foi financiando?



      Chegou uma hora que nós vendemos tudo. Minha mãe estava pronta para vender uma casa. Houve uma vez que o pai de um amigo meu ajudou, pagando dois terços de uma viagem. A minha mãe vendeu piano, jóia, relógio do meu pai. Vendia carro, moto. Minha família foi dissolvendo todos os nossos investimentos seguros. Isso é bem empolgante no livro porque a gente vê que, apesar de não ter nenhuma certeza, a gente estava convicto de que ia dar certo. Porque como é que a gente estava tendo coragem de botar tudo em risco assim para alguma coisa que não fosse acontecer? Isso obviamente trouxe um valor ainda maior para mim. De valorizar o empenho deles e extrair de mim um comprometimento ainda maior.




Você continua extremamente ligado ao tênis brasileiro. De que modo você quer ajudar no desenvolvimento do esporte?

     Com a Escolinha Guga, que ensina tênis a crianças de seis a dez anos. Queremos começar a transformar o tênis na base, na idade em que começa a se formar o caráter da criança. Estamos investindo há cinco anos nesse projeto. Hoje nós assinamos a 16ª franquia da Escolinha Guga. A próxima ideia é montar o projeto para brasileiros de dez a 14 anos e, futuramente, fechar o ciclo com aulas para adolescentes que querem chegar a torneios profissionais. Se eu tiver 300 brasileiros formados lá na frente, vou ter 50 bons e dez que podem ser campeões. Aí a estrutura está montada.


      A estrutura depende muito mais das pessoas, mais do que do espaço físico. O principal problema do brasileiro é não ter volume de qualidade e de conhecimento no tênis. A cultura do tênis ainda é muito recente aqui, não tem muito histórico. Temos que construir por mais 30 anos - talvez 50 para poder comparar com Alemanha, Espanha, Inglaterra, EUA.





Há também a semana Gustavo Kuerten, que vocês promovem torneios juvenis...

      Sim, esta é nossa primeira atividade em cima de uma identificação: como fazer um desenvolvimento sustentável do tênis? Trabalhando a base e o juvenil. Em 1997, todo mundo de repente queria ser tenista. Os pais começaram a pegar o filho de 13,14 anos e querer levar para o profissional. Achar que era o próximo Guga. Isso tava muito entortado. Milhares começaram a praticar e depois tudo isso se dissolveu. Então, a gente começou a trabalhar com o juvenil, resgatando a importância do torneio juvenil que foi se perdendo. Os garotos não queriam mais ir para o juvenil, só queriam o profissional. E obviamente ‘quebravam a cara’ e isso não dava em nada. Hoje é o sexto ano que já fazemos. Tem mais de 6 mil crianças envolvidas. Começa desde os cinco anos e vai até os 18.



Hoje você tem diversos patrocínios para os seus projetos, é embaixador brasileiro da Lacoste e está associado a várias empresas. Transformar seu nome em marca te incomoda?


      Tem coisas que são normais da minha carreira e não me incomodam. É cansativo? É. Mas posso encontrar sabor nisso. Tem licenciamentos e parcerias que ajudam o IGK [Instituto Gustavo Kuerten]. Que alavanca as atividades que nós temos de auxílios às crianças. Tenho um fundo que vai direto para a conta do IGK. É o que move o desafio. Eu podia estar em casa, curtindo... mas eu sou muito jovem! Essa série de atividades é uma dinâmica de vida que ainda faz parte do meu DNA. Tive competição, acúmulos de expectativas e ansiedade, então tenho hoje que suprir isso com outras atividades  E nesse lado sou feliz. 


















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