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2 de maio de 2014

Cloud Computing




Quem nunca ouviu a seguinte frase: O ‘cloud computing’ é irreversível. Mas, mesmo assim em breve nem falaremos mais em cloud computing, falaremos apenas em computing, já que cloud será o nosso modelo mental de pensar na aquisição e uso de tecnologia. O seu impacto vai muito além de efeitos limitados de redução de custos no uso de infraestrutura de TI, mas vai afetar o que já está transformando: a própria indústria de TI e os setores de TI das empresas. Na verdade este é o novo desenho da economia do setor de TI e de seus modelos de negócio, tirando a indústria da zona de conforto e a sacudindo de forma drástica. Produtos e serviços que antes geravam boas margens, como hardware e softwares vendidos no modelo on-premise, estão desaparecendo. Novos entrantes surgem e empresas já existentes estão se transformando para se posicionarem neste novo cenário.


Mas, o que é a denominação cloud computing? Bom, ela chegou ao conhecimento de muita gente no ano de 2008, mas tudo indica que ainda ouviremos este termo por um bom tempo. Também conhecido no Brasil como computação nas nuvens ou computação em nuvem, cloud computing se refere, essencialmente, à ideia de utilizarmos, em qualquer lugar e independente de plataforma, as mais variadas aplicações por meio da internet com a mesma facilidade de tê-las instaladas em nossos próprios computadores”.




Este é só um dos novos contextos que vivenciamos nestas últimas décadas. O Cloud permite que exista a interação direta entre os usuários e as ofertas de serviços de tecnologia, sem passar por intermediários como o setor de TI. A função da TI tradicional (cuidar de infraestrutura) perdeu a sua importância e o que chamamos de setor de TI é obrigado a se reinventar, deslocando seu foco e capacitação para atuar como um advisor de tecnologia. Os negócios estão se tornando cada vez mais em um emaranhado de tecnologia, tanto nos seus processos como nos seus produtos. As empresas, qualquer que seja seu setor, tornam-se digitais.


Os sintomas destas mudanças já estão bem visíveis. Se olharmos o setor de hardware veremos que as margens estão sempre se reduzindo dia a dia. As vendas de infraestrutura deslocam-se dos servidores físicos para servidores virtuais, disponibilizados em provedores de nuvens. No software, a maioria das empresas obtém sua rentabilidade dos contratos de manutenção, não de novas licenças. Além disso, observamos frequentemente o fenômeno do “excesso de capacidade” que é um software oferecer mais funcionalidades (e, naturalmente maior complexidade) que a maioria dos usuários precisa. Portanto, o modelo atual sinaliza claramente que está no seu limite e precisa ser redesenhado, para que a indústria sobreviva saudável.




A transformação da industria de TI passa por uma mudança radical em seus modelos de negócio. O modelo atual baseia-se no principio da venda de licenças de cópias de software que são instalados e operados nos computadores do próprio cliente. Tem algumas características interessantes: primeiro, imagine, um software sendo utilizado por quatro a cinco anos, cerca de 70% dos gastos com licença e serviços correlacionados são efetuados no primeiro ano, na sua fase de implementação e integração. Portanto, a grande parte dos gastos será feita no “up-front”, ou seja, antes que a empresa comece a obter os ganhos pretendidos com sua aquisição deste software. Este modelo implica que o fornecedor do software garanta que seus investimentos em desenvolvimento, marketing e esforço de vendas, além da sua margem de lucro, seja recompensado na hora da venda. Pelo grande esforço de colocar o produto em operação e pelas características operacionais únicas, cria-se o fenômeno do aprisionamento, com os custos de troca tornando-se tão altos que inviabiliza sua ideia. Um exemplo disso é: quantas empresas trocam de softwares de banco de dados?


Segunda característica é que a partir do momento em que o software está implementado, o risco da boa ou da má utilização é de total responsabilidade do cliente. Na prática ele assume todo o risco, uma vez que se o software não atender suas necessidades, por ter sido mal selecionado ou por uma operação defeituosa, a empresa usuária não se beneficia dos ganhos esperados. De modo pragmático, se o software está sendo bem usado ou não após sua compra, não afeta os resultados financeiros do fornecedor, pois a maior parte dos ganhos possíveis com a venda já entrou no seu caixa. O fornecedor, claro, tem todo o interesse que o software seja bem usado, até por questões de referências positivas do mercado, que facilitam vendas futuras a outros clientes. Mas não é de sua responsabilidade fazer com que a empresa mude seus processos para que o software seja plenamente aproveitado. Esta responsabilidade sempre será do próprio usuário.




É fato que este modelo funcionou por varias décadas. Mas, começou a entrar em colapso. Por que? Acreditamos que a crise econômica de 2008 que obrigou as empresas a serem mais seletivas e mais conservadoras em seus gastos. Ou seja, onde elas puderam diminuir custos, elas diminuíram. Menos gente para operar as empresas. Pressões em cima dos fornecedores para reduzirem seus preços e por aí foi. Também presenciamos o nascimento do fenômeno da consumerização com smartphones como iPhone e tablets como iPad e todo esse novo mundo das apps, que mostraram que é perfeitamente possível termos softwares de fácil utilização, intuitivos, com a sua complexidade totalmente fora da visão dos seus usuários. Muitos deles grátis ou com preços muito menores dos que a indústria de software habitualmente vinha praticando. E, claro, uma fator importante é o conceito de computação em nuvem, já explorado pelas empresas que nasceram na Internet e que percebeu-se que poderia ser aplicado a quaisquer outras empresas. Juntando-se tudo isso descobriu que era possível um novo modelo de negócios para aquisição e consumo de recursos de TI.


O Cloud propõe a troca do Capex e seus investimentos upfront pelo gasto por consumo, ou Opex. Muito mais palatável a um cenário econômico problemático.


Essa mudança começou por pressão do próprio mercado. Algumas empresas pioneiras mostraram que era viável usar o conceito, como a Salesforce e a Amazon. Já o Cloud é um contexto diferente. O risco da aquisição é deslocado do usuário para o fornecedor. Ele tem que manter o usuário satisfeito usando seu software dia após dia. Os problemas de performance, sistema fora do ar e coisa desse tipo passaram para a empresa que fornece os serviços de TI. Ela então, não está mais fora do problema, e sim, passa a ser a responsável.




Com isso, toda a cadeia de valor da indústria foi redesenhada. Empresas que atuavam como meras intermediárias perdem cada vez mais o seu espaço. Com hardware concentrado nos provedores, as vendas destas máquinas passam a ser em grande volume, direto aos provedores, dispensando os intermediários que vendiam pequenos volumes a empresas de médio a pequeno porte. As empresas usuárias deixam de comprar servidores físicos e passam a comprar servidores virtuais. No software também ocorre a desintermediação. Com softwares rodando diretamente a partir dos data centers dos fornecedores, para que intermediários?


A indústria tem que se redesenhar. Ao invés de capturar a maior parte do valor na venda, a receita passou a ser distribuída pelos anos em que o cliente usa o software. E quanto mais ele consumir, mais paga. O fornecedor passa a ter um interesse muito maior em fazer com que o usuário aproveite todo o potencial de funcionalidades do software. E adquira novas funcionalidades. Além disso, o conceito de apps cria um novo patamar de preços. Torna-se difícil explicar a venda de um software de milhões de dólares. Claro que continuarão existindo casos específicos, mas na maioria dos exemplos veremos muita dificuldade em explicar ao ‘Big Boss por que pagar dezenas de milhares de dólares por um software de e-mail se é possível obtê-lo praticamente de graça na nuvem?  Porque pagar por uma planilha caríssima se é possível fazer o download de uma, muito mais intuitiva e simples de usar, por poucos US$? Esta tendência se espalha pelos softwares corporativos. Porque pagar centenas de milhares de dólares por um ERP, CRM ou sistema de RH se é possível fazer a opção por uma alternativa em nuvem, a um preço muito inferior? E sem necessidade de comprar toda uma parafernália de hardware e softwares (middleware) adicionais? As indústrias de softwares corporativos já estão adotando alguns modelos já conhecidos dos apps, como o freemium, onde uma versão com menos funcionalidades é liberada gratuitamente, para chamar atenção das funcionalidades adicionais que serão pagas. É uma mudança radical nos modelos atuais de receita.




A TI do futuro será uma TI baseada em cloud. Infraestrutura cada vez mais se deslocando para provedores de nuvem. Softwares intuitivos e de fácil uso sem upgrades como as que vemos hoje, com ciclos de versões que mudam a cada 3 ou 4 anos que exigem quase que uma nova e cara reimplementação. As modificações passarão a ser constantes e feitas nos próprios datas centers dos fornecedores, passando, em alguns casos até despercebida dos usuários. A cadeia de valor muda radicalmente. Intermediários que não agregam valor desaparecem. Por outro lado, surgem oportunidades novas, para agregadores de valor, cada vez mais concentrados em serviços e consultorias. Com tecnologias de desenvolvimento em nuvem e sem necessidade de investimentos em hardware, a indústria de software corporativa tende a florescer em inovação.


Este conceito de uma cloud corporation onde TI é baseada em cloud já é uma realidade. Mas, não é um processo big bang. Acreditamos que possamos adotar a famosa regra de 10/10 para tecnologias de ruptura. 10/10 significa cerca de dez anos para desenvolver o conjunto de tecnlogias em todos seus aspectos, que inclui tecnologias diretas como as que melhoram segurança neste novo cenário e indiretas, como maior capacidade de banda larga, e outros dez anos para serem implementadas, aceitas, institucionalizadas e exploradas em sua potencialidade. Quando então, torna-se o modelo mental de pensar tecnologia. Estamos no inicio da curva de aprendizado. Mas movimentos de empresas gigantes do mundo da TI como a IBM, investindo bilhões de dólares para adquirir empresas como SoftLayer e Cloudant, mudando seu portfólio de software para operar em nuvem e concentrando seu imenso capital intelectual no aprimoramento dos conceitos e das tecnologias que o envolvem - este cenário se apresentou como uma cartada sem volta. 















Fonte e Sítios Consultados


http://www.infowester.com

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