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12 de março de 2014

Brasil desindustrializado


   Brasil desindustrializado

 

          Nestes últimos dias foram divulgados os números da indústria brasileira referente ao último mês de janeiro. Eles mostraram uma melhora em relação ao último mês de dezembro, mas apontaram uma queda em relação ao ano passado. Se olharmos para o longo prazo, o diagnóstico é bastante claro: o Brasil está se desindustrializando. E isso também pode ser visto pelos números do ano de 2013, afinal a indústria teve o menor peso no PIB brasileiro desde 2000, de acordo com os números do IBGE.

Se usarmos outra metodologia, o diagnóstico é ainda mais dramático: em agosto/2013, a Fiesp concluiu que a importância da indústria brasileira voltou para os níveis dos anos 50. Esse processo de encolhimento das indústrias lembra o que vem acontecendo com os países desenvolvidos desde o final dos anos 70. Então, por que o Brasil deve se preocupar?

A professora de história econômica da FEA-USP disse: “Porque a indústria brasileira nunca chegou a atingir seu potencial. Não dá pra falar que essa é uma etapa natural e que podemos passar para o próximo nível”.

Outro argumento, entre vários para essa posição é a questão da renda: de acordo com a Fiesp, a desindustrialização aconteceu nas economias avançadas depois que elas atingiram uma renda per capita na faixa dos US$ 19 mil. No Brasil, o processo começou quando ele estava em US$ 7,5 mil. Outro argumentos de quem defende a indústria é que ela gera encadeamentos positivos para o resto da economia e empregos com melhores condições e remuneração. 

Seguindo esse pensamento, o problema não é que o Brasil caminhou para o setor de serviços, e sim para: "Os que mais crescem são os atrasados: o financeiro, de vigilância, comunicação, que não geram tanto emprego de qualidade”, disse o coordenador do Centro de Estudos sobre economia brasileira da escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

Já para o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, a questão central não é a desindustrialização em si, mas como ela aconteceu: “O processo de transformação estrutural é inevitável e tende a ser mais rápido nas economias que chegaram mais tarde, mas isso não significa que o que estamos vendo no Brasil de hoje é bom. Nossa desindustrialização acelera por deficiências internas e está associada não ao processo natural, mas a uma perda grave de competitividade da indústria brasileira, que tem origens mais remotas”.

Vamos buscar algumas destas origens na história recente do Brasil para entendermos melhor isso.

A verdade é que foi a partir de 1985 que a indústria atingiu seu pico, a economia brasileira passou a ser sacudida pela crise da dívida externa e um cenário externo adverso. E no ano de 1994, veio o Plano Real, cuja missão era estabilizar a economia e combater a hiperinflação. Isso exigiu abertura comercial, juros altos e câmbio valorizado – um tripé que tornou a indústria mais vulnerável à competição internacional, e com a abertura dos anos 90, foi impossível se acomodar.

Mas com exceção de alguns setores, essa “destruição criativa” foi insuficiente para colocar a indústria brasileira no caminho da produtividade em um momento no qual ela se tornava cada vez mais essencial. Ainda, de acordo com um estudo divulgado essa semana pela McKinsey & Company, o PIB brasileiro poderia ter crescido 45% a mais entre 1990 e 2000 sem o efeito negativo da produtividade.

E aí entram os inúmeros obstáculos tributários, regulatórios e trabalhistas, além do "custo Brasil" imposto pela infraestrutura deficiente - citado como principal problema por todos os economistas que foram ouvidos pela EXAME.com. Isso sem falar no aumento da competição internacional.

Também é verdade que nos últimos anos, o câmbio voltou a ser outra pedra na engrenagem: quando a moeda do país está muito valorizada, fica mais barato importar do que produzir internamente. Outro fator é que o aumento da renda brasileira tem "vazado" para fora do país, e o resultado é a piora na balança comercial e o aumento no déficit em conta corrente.

Com a recente a desvalorização do real foi possível verificar que esses problemas foram amenizados e até houve um fôlego na indústria, e os números de janeiro/2014 divulgados  já podem ser um indício desta reação. O certo é que com desindustrialização ou não, o Brasil não vai se desenvolver olhando para trás. O debate não é sobre qual indústria ou setor merece mais proteção, e sim qual irá apontar para um futuro mais promissor.

"Em algumas indústrias como a farmacêutica, biomédica, química e de energia, temos um cavalo selvagem sendo segurado pelas rédeas. Mesmo com todo o custo Brasil do mundo, sempre temos oportunidades.", disse o diretor de políticas e estratégia da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

 

Fonte e Sítios Consultados

http://exame.abril.com.br

 

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