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9 de dezembro de 2013

Nelson Mandela, sua história (1918 - 2013)


Nelson Mandela, sua história (1918 - 2013)

 


Estadistas são raros. Mandela era um deles. Sua vida deveria servir de exemplo para muitos presidentes, políticos e seres humanos em geral.

 

Nelson Rolihlahla Mandela, o Madiba, morreu em cinco de dezembro de 2013, aos 95 anos em sua casa em Johanesburgo. Existem presidentes, estadistas e ditadores. Estadistas conseguem mudar a história de países e do mundo para melhor e ditadores para pior. Existem muitos ditadores e poucos estadistas.  Mandela era um verdadeiro estadista. Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, na vilazinha de Mvezo, e foi o primeiro membro da família a frequentar uma escola, na qual ganhou o nome inglês “Nelson”.

Ele estudou cultura ocidental e iniciou o curso de direito na Universidade de Fort Hare.

Em 1944 – Fundou a Liga Jovem do Congresso Nacional Africano, com Oliver Tambo e Walter Sisulu. Casou-se com Evelyn Ntoko Mase, da qual se divorciou em 1957, após 13 anos e com a qual teve dois filhos e duas filhas. Evelyn o acusou de violência doméstica.

Em 1948 o regime do apartheid começou a ser instalado na África do Sul pelo Partido Nacional. Segundo o historiador americano Thomas McClendon, da Universidade South Western, no Texas,” muitos de seus líderes foram influenciados pela ideologia nazista”. A ideia da superioridade branca estava intrinsecamente relacionada à história dos africâneres, descendentes dos holandeses que chegaram ao país no século XVI e lutaram pela sua independência, combatendo os ingleses. Entre eles, havia se disseminado a crença de que eram os escolhidos por Deus, e, portanto superiores a outras “raças”. Ao todo o Partido Nacional criou 148 leis para restringir os direitos dos negros.

Em 1949 entrou em vigor a lei que proibiu os casamentos inter-raciais.

No ano de 1952 Mandela foi processado de acordo com a Lei para a Supressão do Comunismo e recebeu sentença de prisão, depois suspensa. Foi eleito vice-presidente nacional do CNA.

Em 1953 foi instituída a segregação em lugares e serviços públicos. Os negros, que representavam 80% da população, revoltaram-se contra as imposições e começou a repressão.

No ano de 1956 Mandela foi preso e julgado com mais 155 pessoas por traição. Todos são absolvidos em março de 1961.

Já em 1958 ele casou-se com Winnie Madikizela, divorciando-se em 1996, após 38 anos. Com ela teve mais duas filhas. Winnie usou o poder do marido em benefício próprio.
 
 

Em 1960, no dia 21 de março em Shaperville, a polícia sul-africana abriu fogo contra um protesto pacífico, deixando 69 mortos, entre os quais mais de 40 mulheres e crianças, e 180 feridos.  O episódio convenceu vários líderes negros, entre eles Mandela, então um advogado que militava no Congresso Nacional Africano, de que a resistência civil não levaria o governo a negociar e decidiram enveredar pela luta armada.

No ano de 1961 Mandela foi um dos criadores do Umkhonto we Sizwe- MK, (“A Lança da Nação”), o braço armado do CNA – Congresso Nacional Africano, partido com o qual ele liderou a luta dos sul-africanos negros e alguns poucos brancos, contra o apartheid. Em 1961 passou para a clandestinidade. Mandela, já demonstrava sua admiração por revolucionários socialistas históricos, mas não pelo desejo de construir um Estado proletário, mas apenas por representarem a luta por uma transformação da sociedade.  Ele almejava para seu país uma “democracia burguesa”. Por isso, a aproximação do CNA com os comunistas no início da década de 60, era meramente estratégica.

Em 1962 Mandela deixou o país secretamente e recebeu treinamento militar no Marrocos e na Etiópia. De volta á África do Sul é preso e condenado a cinco anos por incitar revoltas. “A lei me transformou em criminoso, não pelo que fiz, mas pela causa que defendia”. O MK, entre 1961 e 1963, foi responsável por 134 ações violentas.

No ano de 1963 ele foi preso e acusado de conspiração e sabotagem.

Em 1964 Mandela e outros sete são condenados à prisão perpétua. Ele se tornou o prisioneiro 46.664 de Robben Island. Ele contraiu tuberculose na prisão devido ao regime de trabalho a que foi submetido nas pedreiras da ilha Robben. Como preso não recebeu indulto temporário nem para ir ao enterro de um de seus filhos e de sua mãe.

No julgamento que o condenou, já preso, definiu sua luta” Eu lutei contra a dominação branca e contra a dominação negra. Eu valorizo os ideais de uma sociedade livre e democrática, na qual todas as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual espero viver, para ser realizado. Mas, se for necessário, é um ideal pelo qual estou pronto para morrer”. No mesmo julgamento deixou claro: “Não nego, contudo, que planejei uma sabotagem”. Nelson Mandela passou 27 anos na prisão apenas por defender seus ideais. Mas não era uma pessoa normal, mas um “tesouro perdido”.

Nos anos 80 milhões de pessoas aderiram a uma campanha para libertá-lo da prisão, que incluiu shows de rock a pressões diplomáticas.

Em 1983 Mandela já estava há 21 anos na cadeia e membros do MK detonaram um carro com 40 quilos de explosivos em frente à sede administrativa da Força Aérea Sul-Africana, na Church Street, em Pretória. Morreram 19 pessoas e mais de 200 ficaram feridas.
 



No ano de 1985 ele rejeitou a oferta do presidente, Pieter Botha, de libertá-lo, com a condição de que renuncie ao uso da violência.

Já em 1985 Nelson Mandela encontrou-se com Kobie Coetsee, diretor do departamento carcerário e ministro da Justiça sul-africano. Segundo Coetsee, foi amor à primeira vista. Mandela, sob guarda e convalescendo de cirurgia na próstata, vestia um camisolão por cima do pijama. Coetsse, seu carcereiro, usava terno e gravata.

Mas o ministro percebeu, de imediato, que não estava no mesmo plano de Mandela. “Ele era carismático, por natureza – percebi, assim que o vi. Durante 90 minutos de entrevista Coetesee, chorou pelo menos seis vezes. “Para mim, Mandela personificava as grandes virtudes romanas. Honestas, gravitas, dignitas”.

Coetsee passou a fazer reuniões secretas com Mandela, a fim de explorar a possibilidade de transição negociada rumo ao governo democrático, até á sua libertação.

Frederick de Clerk em entrevista em 2009 explica porque não foi possível libertar Mandela e terminar o com o apartheid muito antes dos anos 1990 “Não teria sido possível fazer em 1980 o que fizemos em 1990 pelas seguintes razões: primeiro, foi só no fim da década de 80 que o CNA aceitou que não teria uma vitória revolucionária e que a única opção eram negociações genuínas. Segundo, o colapso da União Soviética ajudou muito. Nos anos 80, a maioria da direção-executiva do CNA, era também do Partido Comunista Sul-Africano, que lutava por uma clássica revolução comunista na África do Sul. Finalmente, em 1980 o eleitor branco não estava preparado para apoiar o processo de paz que eu iniciei em 1990”. Com De Klerk o movimento oposicionista Congresso Nacional Africano foi legalizado. Antes de assumir a presidência já havia um processo secreto de negociação entre Mandela e o governo. De Klerk deu os toques finais à democratização do país.

Em 1990 Frederick de Klerk derruba a proibição ao CNA e liberta Mandela em 11 de fevereiro. Sabendo que Frederick Willen de Klerk , o presidente , era um político do Partido Nacional que , como ministro da Educação, defendeu a existência de universidades exclusivas para brancos.

No ano de 1990, de uma tacada só, sem consultar o próprio partido, em um pronunciamento na TV, tirou o CNA e outros grupos políticos da clandestinidade, aboliu leis racistas e anunciou a libertação de Mandela.
 
 

Nelson Mandela era um revolucionário quando entrou na prisão e sai dela 27 anos depois como um estadista, disposto a negociar com o inimigo a construção de um país mais justo. Até a data da libertação de Mandela, 63 pessoas morreram pelas mãos do MK, na maioria civis. Mandela nunca se arrependeu de ter apoiado a luta armada, e mesmo após a sua libertação, só se comprometeu a interrompê-la quando a realização de eleições democráticas estava garantida. Para ele, não fosse isso, o governo nunca se veria forçado a reconhecer os direitos políticos dos negros.

Na verdade, o apartheid desmoronou mais por fatores externos e econômicos do que pela ação direta de grupos armados. A pressão internacional pelo fim da segregação era intensa, com as grandes potências aprovando sanções comerciais contra a África do Sul.  Em 1990 era época de derrocada das tiranias e o Muro de Berlim havia caído pouco antes da libertação de Mandela.

O investimento estrangeiro despencou e os empresários locais começaram a perceber que a situação do país se tornava inviável. O governo passou a temer a reação nacional e internacional caso Mandela morresse no cárcere e decidiu transferi-lo para presídios cada vez menos insalubres. No último deles, o colchão em que Mandela dormia era mais confortável que o de seus filhos e de sua mulher, Winnnie, em sua casa no bairro de Soweto.

Quando Nelson Mandela saiu da cadeia, ele saiu não para protestar, mas para apertar a mão de Frederik Willem de Klerk, então presidente do regime de apartheid, que segregava os negros de uma maneira tão brutal que quando começou a acabar , em 1995, havia no país, 750 mil piscinas, uma para cada duas famílias brancas e 10 milhões de famílias negras que não dispunham sequer de água potável em suas habitações.


Em 1991 Mandela foi eleito presidente da CNA.

Mandela e De Klerk comandaram em dois anos, tensas negociações para a formulação de uma nova Constituição e para a convocação de eleições, ao mesmo tempo em que tentavam conter os confrontos entre diferentes facções da população negra e a ação de radicais brancos.

No ano de 1993 Nelson Mandela e De Klerk acabaram ganhando juntos o Prêmio Nobel da Paz. Em entrevista ao jornalista Richard Stenger afirmou, “Estamos lutando por uma sociedade em que as pessoas deixem de pensar em termos de cor”.

As negociações para o fim do apartheid culminaram com a realização de eleições multirraciais em 1994, em um processo pacífico de transição que em seu final levou o CNA e Mandela ao poder.

“O processo de transição envolveu provavelmente o mais substancial realinhamento de poder político, militar, social e econômico jamais acertado numa mesa de negociações, em lugar do campo de batalha, incluindo o Oriente Médio, a Europa Oriental e a ex-União Soviética” relatório do Salomon Brothers.

Foi aprovada uma nova Constituição onde constam a democracia multipartidária, as liberdades civis, a garantia de emprego a militares e funcionários públicos brancos e indenizações a proprietários brancos em caso de reforma agrária. Os dez bantustões, enclaves da população negra deixaram de existir.

“Nós, os negros, temos que prestar muita atenção à nossa história se quisermos tornar-nos conscientes. Temos que reescrever nossa história e mostrar nossa resistência aos invasores brancos. Muita coisa tem que ser revelada e seríamos ingênuos se esperássemos que nossos conquistadores escrevessem uma história imparcial sobre nós. Temos que destruir o mito de que a nossa história começa com a chegada dos holandeses (Adaptado de Steve Biko, I write what I like: a selection of his writings. Johannesburg: Picador Africa, 2004, p. 105-106.)

Segundo Steve Biko, os negros deviam reescrever a história da colonização sul-africana para desenvolver sua consciência, uma vez que a história escrita pelos colonizadores brancos não era imparcial, omitindo a resistência negra à dominação e desconsiderando a história que precedeu a chegada dos holandeses.

 


PRESIDENTE MANDELA ABRIL 1994 JUNHO 1999.

Nelson Mandela foi eleito com 62% dos votos e seu partido o CNA conquistou 252 das 400 cadeiras do Congresso. Como presidente, perguntado se não haveria uma explosão de insatisfações, respondeu. “Quando dermos a primeira casa para quem não a tem, todos os seus vizinhos ficarão com a certeza de que também terão a sua, mais cedo ou mais tarde, e esperarão”. Esperaram mesmo. Mandela conseguiu evitar uma guerra tribal sangrenta e interminável e a fragmentação étnica e as “limpezas” de etnias minoritárias.

Mandela conseguiu convencer seu povo a renunciar à vingança, depois de séculos de humilhação racial e conseguiu persuadir os compatriotas brancos a entregar o poder pacificamente, evitando uma letal guerra civil. Mandela defendia o respeito, a igualdade, e a generosidade de espírito. Colocava estes valores em prática em cada detalhe de sua vida, mesmo distante das câmeras. Não era pacifista, mas buscava a paz. Abominava o regime de segregação, mas não guardou rancor de seus representantes. Ascendeu à Presidência nos braços da maioria, mas não se aproveitou dela para se eternizar no poder.

“Nossa tarefa como governo é garantir a existência de um ambiente que liberte as habilidades criativas dos nossos povos para que eles mesmos criem riqueza e promovam o desenvolvimento”.

Era tão cortês e respeitoso com o jardineiro, o garçom e o comissário de bordo, quanto com o presidente dos EUA e a rainha da Inglaterra, que o adorava.

Em Xangai, na suíte presidencial de um hotel de luxo, ao se levantar, arrumou a cama, como fazia em qualquer lugar que dormisse.  A camareira que cuidava de seu quarto ficou preocupada. Mandela foi informado disso e mandou chamá-la e por meio de um intérprete pediu desculpas dizendo que para ele, arrumar a cama era um reflexo tão natural, quanto escovar os dentes a cada manhã. Havia passado muito tempo na prisão, e arrumar a cama era um hábito que não conseguia abandonar. (John Carlin, F S P, 6.12.2013, Especial, p. 4).

Em cinco anos de governo construiu 100 mil novas salas de aula e 1,5 milhão de crianças passaram a frequentar a escola, mas a qualidade do ensino era precária e havia muita corrupção.       Terminado o mandato, não concorreu á reeleição e entregou o poder ao seu discípulo Thabi Mbeki.

Em 1995 o governo estabeleceu a Comissão de Verdade e Reconciliação, para analisar as violações de direitos humanos cometidas durante o apartheid. Ao contrário de diversas comissões semelhantes criadas posteriormente, como a brasileira Comissão Nacional da Verdade, a sul-africana não serviu apenas para apontar os crimes cometidos por um lado. Foram esclarecidos desde episódios de violência cometidos pelos agentes do apartheid, até a atuação da mulher do presidente, Winnie, no período em que Mandela esteve preso.  Os integrantes do Clube de Futebol Mandela, fundado por ela, cometeram diversos assaltos, sequestros e assassinatos, entre agosto de 1988 e fevereiro de 1989. Na comissão, as vítimas e os algozes de ambos os lados deram seus depoimentos em público, às vezes na televisão.  O objetivo era expor a dor causada e buscar uma reparação, sem revanchismos. Virar a página da história e mirar no futuro com os pés fincados na realidade presente foi um dos principais legados de Mandela.
 
 

A comissão permitiu depoimentos de agentes da repressão  que se apresentassem voluntariamente , em troca de uma possível anistia , numa espécie de auto-delação premiada . Essas confissões permitiram a localização de centenas de corpos . Nos casos que originaram processos  e condenações , as penas foram suspensas .

No ano de 1997 foi transferida a liderança do CNA, ao vice-presidente Thabo Mbeki.

Em 1998  aos 80 anos, Nelson Mandela casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel que foi presidente de Moçambique. Com ela, encontrou sua companheira definitiva. Teve seis filhos, 17 netos e 14 bisnetos.

Ainda em 1998 Mandela discurso na ONU, em Nova York destacou “Precisamos lutar continuamente para derrotar esse traço primitivo de glorificação das armas”.

“Com frequência, revolucionários do passado sucumbiram á ganância e acabaram sendo dominados pela inclinação de desviar recursos públicos para enriquecimento pessoal. Ao acumular vasta riqueza pessoal e ao trair os objetivos que os tornaram famosos, eles virtualmente desertaram do povo e se juntaram aos antigos opressores, que enriqueceram impiedosamente, roubando dos mais pobres dos pobres”.

No ano de 1999 terminou o seu mandato como presidente e não concorre á reeleição, mesmo sabendo que seria facilmente reeleito.

Em 2004 Nelson Mandela diminui as suas aparições públicas.

No ano de 2006 Manela recebe o prêmio de diretos humanos, da Anistia Internacional.

Em 2007 ele fundou o grupo internacional “The Elders”, que reúne líderes mais velhos, como o arcebispo sul-africano Desmond Tutu e Fernando Henrique Cardoso.

No ano de 2008 Os congressistas dos EUA apagam referências a Mandela como “terrorista”, em arquivos públicos do país.

O êxodo dos brancos da África do Sul começou em 1995 , logo após o fim do apartheid  e se intensificou por causa das altas taxas de criminalidade . Cerca de 800.000 brancos saíram do país entre 1995 e 2008 . Cerca de 9% da população do país é composta de brancos que formam a elite local . Cerca de 41% deles pensam em emigrar . Cerca de 38 em cada 100.000 sul-africanos são assassinados por ano , 5 vezes mais do que nos países ricos e 75 em cada 100.000 sul-africanas são estupradas por ano , 2 vezes mais do que na França .

Quando do fim do apartheid , economistas chegaram a prever que o país iria se equiparar a potências do mercado emergente como Brasil, China e índia , mas isso não aconteceu . A economia sul-africana continuou dominada pelos setores de mineração e financeiro e a pobreza continuou generalizada . A evasão dos brancos, combinada com a epidemia de Aids gerou escassez de profissionais qualificados . Em 2007 o país se tornou pela primeira vez importador líquido de alimentos .

No ano de 2009 o ex-presidente Frederick De Klerk em “entrevista em abril de 2009“ falou que: “os maiores sucessos foram consolidar nossa democracia constitucional , assegurar 14 anos de crescimento econômico sustentável (até a  atual crise global), diversificar nossa economia (no ano passado, turismo e produção de carros contribuíram tanto quanto a mineração) e reassumir nosso lugar de honra na comunidade das nações . Os maiores fracassos forma a maneira como o governo inicialmente lidou com a Aids e o catastrófico fracasso na educação dos negros e na criação de mais empregos...”

As relações raciais no geral são muito boas. A verdade é que integramos nossas escolas, universidades e locais de trabalho com uma tensão surpreendentemente pequena e, aliás, com grande dose de boa vontade. Não há nada particularmente estranho no fato de estudantes negros e brancos não se misturarem em algumas universidades. A tendência da maioria das sociedades multiculturais é que as pessoas se associem dentro de seus próprios grupos . O pré-requisito importante é que haja respeito mútuo e não barreiras artificiais .

Em julho de 2010 pouco antes da final da Copa do Mundo em Johanesburgo, Nelson Mandela desfilou no estádio Soccer City, sentado em um carrinho de golfe. Vestindo um gorro de pele escuro e luvas, acenou para 85.000 pessoas em delírio, Foi reverenciado ao som de vuvuzelas e a gritos de “Madiba”. Foi o último evento público do qual participou, já com a saúde fragilizada pela idade.


Em sua vida, segundo o Centro de Memória Nelson Mandela, ele recebeu mais de 1.115 prêmios e teve mais de cem logradouros batizados com o seu nome. Infelizmente, Mandela não conseguiu transmitir plenamente seus ideais aos herdeiros políticos e familiares mais próximos.

O seu partido, o CNA, está no quinto mandato presidencial consecutivo, apesar da alta criminalidade e dos escândalos de corrupção, e se esmera por consolidar sua hegemonia.

Nos últimos anos, os filhos e netos de Mandela, se dedicaram mais a explorar comercialmente o seu nome e a brigar pela administração dos seus bens do que propagar os seus ideais. O neto mais velho, Mandla, chegou ao ponto de transferir de Qunu, para sua aldeia, Mvezo, os corpos de três filhos do avô, na esperança de que ele decidisse ser enterrado lá. Por ordem judicial, os restos mortais foram devolvidos aos seus túmulos originais, e é em Qunu, onde passou a maior parte da infância, que Mandela também terá o seu jazigo, como foi sempre o seu desejo.

No dia 5 de dezembro de 2013, Nelson Mandela morreu em sua casa, aos 95 anos, onde era mantido vivo com a ajuda de aparelhos havia três meses, não resistiu a uma infecção pulmonar e morreu.

Estadistas são raros. Mandela era um deles. A sua história deveria servir de exemplo a muitos presidentes, políticos e seres humanos em geral.

 

Fonte e Sítios Consultados

Revista Veja, 04.05.1994, p. 39
Revista Veja, 29.10.2008 , p. 61
Revista Veja, 23.05.2012, p. 57
Revista Veja, 11.12.2013, p. 130,132,134,136
Folha de São Paulo, 26.10.2008, p. A-23
Folha de São Paulo, 27.04.2009, p. A-16
Folha de São Paulo, 6.12.2013, Especial, p. 2

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