Nelson Mandela, sua história (1918 - 2013)
Estadistas são raros. Mandela
era um deles. Sua vida deveria servir de exemplo para muitos presidentes,
políticos e seres humanos em geral.
Nelson Rolihlahla Mandela, o
Madiba, morreu em cinco de dezembro de 2013, aos 95 anos em sua casa em
Johanesburgo. Existem presidentes, estadistas e ditadores. Estadistas conseguem
mudar a história de países e do mundo para melhor e ditadores para pior.
Existem muitos ditadores e poucos estadistas. Mandela era um verdadeiro
estadista. Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, na vilazinha de Mvezo, e foi
o primeiro membro da família a frequentar uma escola, na qual ganhou o nome
inglês “Nelson”.
Ele estudou cultura ocidental
e iniciou o curso de direito na Universidade de Fort Hare.
Em 1944 – Fundou a Liga Jovem
do Congresso Nacional Africano, com Oliver Tambo e Walter Sisulu. Casou-se com
Evelyn Ntoko Mase, da qual se divorciou em 1957, após 13 anos e com a qual teve
dois filhos e duas filhas. Evelyn o acusou de violência doméstica.
Em 1948 o regime do apartheid
começou a ser instalado na África do Sul pelo Partido Nacional. Segundo o
historiador americano Thomas McClendon, da Universidade South Western, no
Texas,” muitos de seus líderes foram influenciados pela ideologia nazista”. A
ideia da superioridade branca estava intrinsecamente relacionada à história dos
africâneres, descendentes dos holandeses que chegaram ao país no século XVI e
lutaram pela sua independência, combatendo os ingleses. Entre eles, havia se
disseminado a crença de que eram os escolhidos por Deus, e, portanto superiores
a outras “raças”. Ao todo o Partido Nacional criou 148 leis para restringir os
direitos dos negros.
Em 1949 entrou em vigor a lei
que proibiu os casamentos inter-raciais.
No ano de 1952 Mandela foi
processado de acordo com a Lei para a Supressão do Comunismo e recebeu sentença
de prisão, depois suspensa. Foi eleito vice-presidente nacional do CNA.
Em 1953 foi instituída a
segregação em lugares e serviços públicos. Os negros, que representavam 80% da
população, revoltaram-se contra as imposições e começou a repressão.
No ano de 1956 Mandela foi
preso e julgado com mais 155 pessoas por traição. Todos são absolvidos em março
de 1961.
Já em 1958 ele casou-se com
Winnie Madikizela, divorciando-se em 1996, após 38 anos. Com ela teve mais duas
filhas. Winnie usou o poder do marido em benefício próprio.
Em 1960, no dia 21 de março em
Shaperville, a polícia sul-africana abriu fogo contra um protesto pacífico,
deixando 69 mortos, entre os quais mais de 40 mulheres e crianças, e 180
feridos. O episódio convenceu vários líderes negros, entre eles Mandela,
então um advogado que militava no Congresso Nacional Africano, de que a
resistência civil não levaria o governo a negociar e decidiram enveredar pela
luta armada.
No ano de 1961 Mandela foi um
dos criadores do Umkhonto we Sizwe- MK, (“A Lança da Nação”), o braço armado do
CNA – Congresso Nacional Africano, partido com o qual ele liderou a luta dos
sul-africanos negros e alguns poucos brancos, contra o apartheid. Em 1961
passou para a clandestinidade. Mandela, já demonstrava sua admiração por
revolucionários socialistas históricos, mas não pelo desejo de construir um
Estado proletário, mas apenas por representarem a luta por uma transformação da
sociedade. Ele almejava para seu país uma “democracia burguesa”. Por
isso, a aproximação do CNA com os comunistas no início da década de 60, era
meramente estratégica.
Em 1962 Mandela deixou o país
secretamente e recebeu treinamento militar no Marrocos e na Etiópia. De volta á
África do Sul é preso e condenado a cinco anos por incitar revoltas. “A lei me
transformou em criminoso, não pelo que fiz, mas pela causa que defendia”. O MK, entre 1961 e 1963, foi responsável
por 134 ações violentas.
No ano de 1963 ele foi preso e
acusado de conspiração e sabotagem.
Em 1964 Mandela e outros sete
são condenados à prisão perpétua. Ele se tornou o prisioneiro 46.664 de Robben
Island. Ele contraiu tuberculose na prisão devido ao regime de trabalho a que
foi submetido nas pedreiras da ilha Robben. Como preso não recebeu indulto
temporário nem para ir ao enterro de um de seus filhos e de sua mãe.
No julgamento que o condenou,
já preso, definiu sua luta” Eu lutei contra a dominação branca e contra a
dominação negra. Eu valorizo os ideais de uma sociedade livre e democrática, na
qual todas as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um
ideal pelo qual espero viver, para ser realizado. Mas, se for necessário, é um
ideal pelo qual estou pronto para morrer”. No mesmo julgamento deixou claro:
“Não nego, contudo, que planejei uma sabotagem”. Nelson Mandela passou 27 anos
na prisão apenas por defender seus ideais. Mas não era uma pessoa normal, mas
um “tesouro perdido”.
Nos anos 80 milhões de pessoas
aderiram a uma campanha para libertá-lo da prisão, que incluiu shows de rock a
pressões diplomáticas.
Em 1983 Mandela já estava há
21 anos na cadeia e membros do MK detonaram um carro com 40 quilos de
explosivos em frente à sede administrativa da Força Aérea Sul-Africana, na
Church Street, em Pretória. Morreram 19 pessoas e mais de 200 ficaram feridas.
No ano de 1985 ele rejeitou a
oferta do presidente, Pieter Botha, de libertá-lo, com a condição de que
renuncie ao uso da violência.
Já em 1985 Nelson Mandela
encontrou-se com Kobie Coetsee, diretor do departamento carcerário e ministro
da Justiça sul-africano. Segundo Coetsee, foi amor à primeira vista. Mandela,
sob guarda e convalescendo de cirurgia na próstata, vestia um camisolão por
cima do pijama. Coetsse, seu carcereiro, usava terno e gravata.
Mas o ministro percebeu, de
imediato, que não estava no mesmo plano de Mandela. “Ele era carismático, por
natureza – percebi, assim que o vi. Durante 90 minutos de entrevista Coetesee,
chorou pelo menos seis vezes. “Para mim, Mandela personificava as grandes
virtudes romanas. Honestas, gravitas, dignitas”.
Coetsee passou a fazer
reuniões secretas com Mandela, a fim de explorar a possibilidade de transição
negociada rumo ao governo democrático, até á sua libertação.
Frederick de Clerk em
entrevista em 2009 explica porque não foi possível libertar Mandela e terminar
o com o apartheid muito antes dos anos 1990 “Não teria sido possível fazer em
1980 o que fizemos em 1990 pelas seguintes razões: primeiro, foi só no fim da
década de 80 que o CNA aceitou que não teria uma vitória revolucionária e que a
única opção eram negociações genuínas. Segundo, o colapso da União Soviética
ajudou muito. Nos anos 80, a maioria da direção-executiva do CNA, era também do
Partido Comunista Sul-Africano, que lutava por uma clássica revolução comunista
na África do Sul. Finalmente, em 1980 o eleitor branco não estava preparado
para apoiar o processo de paz que eu iniciei em 1990”. Com De Klerk o movimento
oposicionista Congresso Nacional Africano foi legalizado. Antes de assumir a
presidência já havia um processo secreto de negociação entre Mandela e o
governo. De Klerk deu os toques finais à democratização do país.
Em 1990 Frederick de Klerk
derruba a proibição ao CNA e liberta Mandela em 11 de fevereiro. Sabendo que Frederick
Willen de Klerk , o presidente , era um político do Partido Nacional que , como
ministro da Educação, defendeu a existência de universidades exclusivas para
brancos.
No ano de 1990, de uma tacada
só, sem consultar o próprio partido, em um pronunciamento na TV, tirou o CNA e
outros grupos políticos da clandestinidade, aboliu leis racistas e anunciou a
libertação de Mandela.
Nelson Mandela era um
revolucionário quando entrou na prisão e sai dela 27 anos depois como um
estadista, disposto a negociar com o inimigo a construção de um país mais
justo. Até a data da libertação de Mandela, 63 pessoas morreram pelas mãos do
MK, na maioria civis. Mandela nunca se arrependeu de ter apoiado a luta armada,
e mesmo após a sua libertação, só se comprometeu a interrompê-la quando a
realização de eleições democráticas estava garantida. Para ele, não fosse isso,
o governo nunca se veria forçado a reconhecer os direitos políticos dos negros.
Na verdade, o apartheid
desmoronou mais por fatores externos e econômicos do que pela ação direta de
grupos armados. A pressão internacional pelo fim da segregação era intensa, com
as grandes potências aprovando sanções comerciais contra a África do Sul.
Em 1990 era época de derrocada das tiranias e o Muro de Berlim havia caído
pouco antes da libertação de Mandela.
O investimento estrangeiro
despencou e os empresários locais começaram a perceber que a situação do país
se tornava inviável. O governo passou a temer a reação nacional e internacional
caso Mandela morresse no cárcere e decidiu transferi-lo para presídios cada vez
menos insalubres. No último deles, o colchão em que Mandela dormia era mais
confortável que o de seus filhos e de sua mulher, Winnnie, em sua casa no
bairro de Soweto.
Quando Nelson Mandela saiu da
cadeia, ele saiu não para protestar, mas para apertar a mão de Frederik Willem
de Klerk, então presidente do regime de apartheid, que segregava os negros de uma
maneira tão brutal que quando começou a acabar , em 1995, havia no país, 750
mil piscinas, uma para cada duas famílias brancas e 10 milhões de famílias
negras que não dispunham sequer de água potável em suas habitações.
Em 1991 Mandela foi eleito
presidente da CNA.
Mandela e De Klerk comandaram
em dois anos, tensas negociações para a formulação de uma nova Constituição e
para a convocação de eleições, ao mesmo tempo em que tentavam conter os
confrontos entre diferentes facções da população negra e a ação de radicais
brancos.
No ano de 1993 Nelson Mandela
e De Klerk acabaram ganhando juntos o Prêmio Nobel da Paz. Em entrevista ao
jornalista Richard Stenger afirmou, “Estamos lutando por uma sociedade em que
as pessoas deixem de pensar em termos de cor”.
As negociações para o fim do
apartheid culminaram com a realização de eleições multirraciais em 1994, em um
processo pacífico de transição que em seu final levou o CNA e Mandela ao poder.
“O processo de transição
envolveu provavelmente o mais substancial realinhamento de poder político,
militar, social e econômico jamais acertado numa mesa de negociações, em lugar
do campo de batalha, incluindo o Oriente Médio, a Europa Oriental e a ex-União
Soviética” relatório do Salomon Brothers.
Foi aprovada uma nova
Constituição onde constam a democracia multipartidária, as liberdades civis, a
garantia de emprego a militares e funcionários públicos brancos e indenizações
a proprietários brancos em caso de reforma agrária. Os dez bantustões, enclaves
da população negra deixaram de existir.
“Nós, os negros, temos que
prestar muita atenção à nossa história se quisermos tornar-nos conscientes.
Temos que reescrever nossa história e mostrar nossa resistência aos invasores
brancos. Muita coisa tem que ser revelada e seríamos ingênuos se esperássemos
que nossos conquistadores escrevessem uma história imparcial sobre nós. Temos
que destruir o mito de que a nossa história começa com a chegada dos holandeses
(Adaptado de Steve Biko, I write what I like:
a selection of his writings. Johannesburg: Picador Africa, 2004, p.
105-106.)
Segundo Steve Biko, os negros
deviam reescrever a história da colonização sul-africana para desenvolver sua
consciência, uma vez que a história escrita pelos colonizadores brancos não era
imparcial, omitindo a resistência negra à dominação e desconsiderando a
história que precedeu a chegada dos holandeses.
PRESIDENTE MANDELA ABRIL 1994 JUNHO 1999.
Nelson Mandela foi eleito com
62% dos votos e seu partido o CNA conquistou 252 das 400 cadeiras do
Congresso. Como presidente, perguntado se não haveria uma explosão de
insatisfações, respondeu. “Quando dermos a primeira casa para quem não a tem,
todos os seus vizinhos ficarão com a certeza de que também terão a sua, mais
cedo ou mais tarde, e esperarão”. Esperaram mesmo. Mandela conseguiu evitar uma
guerra tribal sangrenta e interminável e a fragmentação étnica e as “limpezas”
de etnias minoritárias.
Mandela conseguiu convencer
seu povo a renunciar à vingança, depois de séculos de humilhação racial e
conseguiu persuadir os compatriotas brancos a entregar o poder pacificamente,
evitando uma letal guerra civil. Mandela defendia o respeito, a igualdade, e a
generosidade de espírito. Colocava estes valores em prática em cada detalhe de
sua vida, mesmo distante das câmeras. Não era pacifista, mas buscava a paz.
Abominava o regime de segregação, mas não guardou rancor de seus
representantes. Ascendeu à Presidência nos braços da maioria, mas não se
aproveitou dela para se eternizar no poder.
“Nossa tarefa como governo é
garantir a existência de um ambiente que liberte as habilidades criativas dos
nossos povos para que eles mesmos criem riqueza e promovam o desenvolvimento”.
Era tão cortês e respeitoso
com o jardineiro, o garçom e o comissário de bordo, quanto com o presidente dos
EUA e a rainha da Inglaterra, que o adorava.
Em Xangai, na suíte
presidencial de um hotel de luxo, ao se levantar, arrumou a cama, como fazia em
qualquer lugar que dormisse. A camareira que cuidava de seu quarto ficou
preocupada. Mandela foi informado disso e mandou chamá-la e por meio de um
intérprete pediu desculpas dizendo que para ele, arrumar a cama era um reflexo
tão natural, quanto escovar os dentes a cada manhã. Havia passado muito tempo na
prisão, e arrumar a cama era um hábito que não conseguia abandonar. (John
Carlin, F S P, 6.12.2013, Especial, p. 4).
Em cinco anos de governo
construiu 100 mil novas salas de aula e 1,5 milhão de crianças passaram a
frequentar a escola, mas a qualidade do ensino era precária e havia muita
corrupção. Terminado o mandato, não
concorreu á reeleição e entregou o poder ao seu discípulo Thabi Mbeki.
Em 1995 o governo estabeleceu
a Comissão de Verdade e Reconciliação, para analisar as violações de direitos
humanos cometidas durante o apartheid. Ao contrário de diversas comissões
semelhantes criadas posteriormente, como a brasileira Comissão Nacional da
Verdade, a sul-africana não serviu apenas para apontar os crimes cometidos por
um lado. Foram esclarecidos desde episódios de violência cometidos pelos
agentes do apartheid, até a atuação da mulher do presidente, Winnie, no período
em que Mandela esteve preso. Os integrantes do Clube de Futebol Mandela,
fundado por ela, cometeram diversos assaltos, sequestros e assassinatos, entre
agosto de 1988 e fevereiro de 1989. Na comissão, as vítimas e os algozes de
ambos os lados deram seus depoimentos em público, às vezes na televisão.
O objetivo era expor a dor causada e buscar uma reparação, sem revanchismos.
Virar a página da história e mirar no futuro com os pés fincados na realidade
presente foi um dos principais legados de Mandela.
A comissão permitiu
depoimentos de agentes da repressão que se apresentassem voluntariamente
, em troca de uma possível anistia , numa espécie de auto-delação premiada .
Essas confissões permitiram a localização de centenas de corpos . Nos casos que
originaram processos e condenações , as penas foram suspensas .
No ano de 1997 foi transferida
a liderança do CNA, ao vice-presidente Thabo Mbeki.
Em 1998 aos 80 anos, Nelson Mandela casou-se com
Graça Machel, viúva de Samora Machel que foi presidente de Moçambique. Com ela,
encontrou sua companheira definitiva. Teve seis filhos, 17 netos e 14 bisnetos.
Ainda em 1998 Mandela discurso
na ONU, em Nova York destacou “Precisamos lutar continuamente para derrotar
esse traço primitivo de glorificação das armas”.
“Com frequência,
revolucionários do passado sucumbiram á ganância e acabaram sendo dominados
pela inclinação de desviar recursos públicos para enriquecimento pessoal. Ao
acumular vasta riqueza pessoal e ao trair os objetivos que os tornaram famosos,
eles virtualmente desertaram do povo e se juntaram aos antigos opressores, que
enriqueceram impiedosamente, roubando dos mais pobres dos pobres”.
No ano de 1999 terminou o seu
mandato como presidente e não concorre á reeleição, mesmo sabendo que seria
facilmente reeleito.
Em 2004 Nelson Mandela diminui
as suas aparições públicas.
No ano de 2006 Manela recebe o
prêmio de diretos humanos, da Anistia Internacional.
Em 2007 ele fundou o grupo
internacional “The Elders”, que reúne líderes mais velhos, como o arcebispo
sul-africano Desmond Tutu e Fernando Henrique Cardoso.
No ano de 2008 Os congressistas
dos EUA apagam referências a Mandela como “terrorista”, em arquivos públicos do
país.
O êxodo dos brancos da África
do Sul começou em 1995 , logo após o fim do apartheid e se intensificou
por causa das altas taxas de criminalidade . Cerca de 800.000 brancos saíram do
país entre 1995 e 2008 . Cerca de 9% da população do país é composta de brancos
que formam a elite local . Cerca de 41% deles pensam em emigrar . Cerca de 38
em cada 100.000 sul-africanos são assassinados por ano , 5 vezes mais do que
nos países ricos e 75 em cada 100.000 sul-africanas são estupradas por ano , 2
vezes mais do que na França .
Quando do fim do apartheid ,
economistas chegaram a prever que o país iria se equiparar a potências do
mercado emergente como Brasil, China e índia , mas isso não aconteceu . A
economia sul-africana continuou dominada pelos setores de mineração e
financeiro e a pobreza continuou generalizada . A evasão dos brancos, combinada
com a epidemia de Aids gerou escassez de profissionais qualificados . Em 2007 o
país se tornou pela primeira vez importador líquido de alimentos .
No ano de 2009 o ex-presidente
Frederick De Klerk em “entrevista em abril de 2009“ falou que: “os maiores
sucessos foram consolidar nossa democracia constitucional , assegurar 14 anos
de crescimento econômico sustentável (até a atual crise global),
diversificar nossa economia (no ano passado, turismo e produção de carros
contribuíram tanto quanto a mineração) e reassumir nosso lugar de honra na
comunidade das nações . Os maiores fracassos forma a maneira como o governo
inicialmente lidou com a Aids e o catastrófico fracasso na educação dos negros
e na criação de mais empregos...”
As relações raciais no geral
são muito boas. A verdade é que integramos nossas escolas, universidades e
locais de trabalho com uma tensão surpreendentemente pequena e, aliás, com
grande dose de boa vontade. Não há nada particularmente estranho no fato de
estudantes negros e brancos não se misturarem em algumas universidades. A
tendência da maioria das sociedades multiculturais é que as pessoas se associem
dentro de seus próprios grupos . O pré-requisito importante é que haja respeito
mútuo e não barreiras artificiais .
Em julho de 2010 pouco antes
da final da Copa do Mundo em Johanesburgo, Nelson Mandela desfilou no estádio
Soccer City, sentado em um carrinho de golfe. Vestindo um gorro de pele escuro
e luvas, acenou para 85.000 pessoas em delírio, Foi reverenciado ao som de
vuvuzelas e a gritos de “Madiba”. Foi o último evento público do qual
participou, já com a saúde fragilizada pela idade.
Em sua vida, segundo o Centro
de Memória Nelson Mandela, ele recebeu mais de 1.115 prêmios e teve mais de cem
logradouros batizados com o seu nome. Infelizmente, Mandela não conseguiu
transmitir plenamente seus ideais aos herdeiros políticos e familiares mais
próximos.
O seu partido, o CNA, está no
quinto mandato presidencial consecutivo, apesar da alta criminalidade e dos
escândalos de corrupção, e se esmera por consolidar sua hegemonia.
Nos últimos anos, os filhos e
netos de Mandela, se dedicaram mais a explorar comercialmente o seu nome e a
brigar pela administração dos seus bens do que propagar os seus ideais. O neto
mais velho, Mandla, chegou ao ponto de transferir de Qunu, para sua aldeia,
Mvezo, os corpos de três filhos do avô, na esperança de que ele decidisse ser
enterrado lá. Por ordem judicial, os restos mortais foram devolvidos aos seus
túmulos originais, e é em Qunu, onde passou a maior parte da infância, que
Mandela também terá o seu jazigo, como foi sempre o seu desejo.
No dia 5 de dezembro de 2013,
Nelson Mandela morreu em sua casa, aos 95 anos, onde era mantido vivo com a
ajuda de aparelhos havia três meses, não resistiu a uma infecção pulmonar e
morreu.
Estadistas são raros. Mandela era um deles. A sua história deveria servir
de exemplo a muitos presidentes, políticos e seres humanos em geral.
Fonte e
Sítios Consultados
Revista Veja, 04.05.1994, p. 39
Revista Veja, 29.10.2008 , p. 61
Revista Veja, 23.05.2012, p. 57
Revista Veja, 11.12.2013, p. 130,132,134,136
Folha de São Paulo, 26.10.2008, p. A-23
Folha de São Paulo, 27.04.2009, p. A-16
Folha de São Paulo, 6.12.2013, Especial, p. 2
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