O Feriado de 9 de Julho
No dia 09 de julho comemora-se a Revolução Constitucionalista de
1932. A data, transformada em feriado civil em 1997, marcou o início de um dos
principais episódios da história do estado. Sua importância está evidente em
toda a cidade: duas avenidas carregam nomes que remetem à revolta (9 de julho e
23 de maio) e monumentos como o Obelisco do Ibirapuera prestam homenagens ao
mártires da chamada “Guerra Paulista.”
A Revolução foi um levante armado da população de São Paulo que,
entre os meses de julho e outubro de 1932, combateu as tropas do governo
federal. A reivindicação central do movimento era a destituição do governo
provisório de Getúlio Vargas, que dois anos antes assumira o poder no país,
fechando o Congresso Nacional e abolindo a Constituição. O levante é chamado de
“constitucionalista” porque São Paulo pedia a promulgação de uma nova
constituição federal.
A empreitada militar paulista foi mal sucedida: as tropas do
estado perderam a guerra, sufocadas pela superioridade numérica e técnica do
exército brasileiro. Mas sua luta não foi completamente em vão: dois anos
depois, em 1934, o governo central promulgava uma nova constituição, mostrando
que a revolta conseguira, ainda que tardiamente, atingir seu principal objetivo
declarado.
Mas o impacto da Revolução de 32 não se restringiu apenas ao
campo da política: o levante foi também um dos principais marcos da formação da
identidade paulista. Apoiada na ideia de que o estado é o “carro chefe” da
nação, as elites locais aproveitaram o sentimento de união gerado pela revolta
para reforçar seu discurso sobre o suposto “espírito” do povo de São Paulo.
Dessa forma, elementos que vinham sendo construídos havia anos – como as ideias
de pioneirismo e nobreza paulista – foram reforçados pelo poder ideológico da
Revolução.
Desde seus primórdios, essa “paulistanidade” esteve
impregnada pelo discurso racista. O levante de 32 serviu para reforçar essas
ideias, elevando certas populações à categoria de “povo paulista” – como os
imigrantes italianos, até então discriminados – e rebaixando outros grupos,
como os afrodescendentes e os migrantes do Norte e Nordeste do país. Os
historiadores Marco Cabral dos Santos e André Mota, no livro São Paulo 1932
– memória, mito e identidade recentemente lançado pela Alameda Editorial,
deram especial ênfase ao papel da medicina na construção desse discurso: além
de políticos e intelectuais do período, foram médicos e biólogos que tentaram
justificar pela ciência a inferioridade racial de negros e nordestinos.
Atualmente, a Revolução Constitucionalista de 1932 continua
sendo um tema controverso da historiografia nacional. Há um enorme número de
livros e artigos que discutem o assunto, e a memória da “Guerra Paulista”
continuam em disputa pelos mais diversos grupos.
Fonte e Sítios consultados
http://www2.uol.com.br/historiaviva/noticias/entenda_o_que_se_comemora_em_9_de_julho.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário