- Vamos
avaliar cinco limitações que levam aos erros mais graves na condução de
uma empresa.
Vários estudos já foram publicados sobre os motivos
pelos quais as empresas não conseguem dar continuidade a suas operações e
acabam por fechar as portas. A maioria desses estudos não só é inconclusiva,
como também não consegue chegar a um denominador comum.
Para fazer uma análise mais detalhada sobre esse
tema, que sempre desperta interesse em qualquer lugar do mundo, dadas as altas
taxas de mortalidade de pequenas e médias empresas, vamos nos concentrar, em
primeiro lugar, nas empresas nascentes, com menos de três anos de vida. Os
motivos que levam empresas já estáveis ao fracasso são diferentes dos motivos
das empresas nascentes. O grau de incerteza de empresas estabelecidas é bem
menor, e os motivos giram em torno de mudanças que acontecem no ambiente
externo e geram instabilidade nos mercados. Há também empresas que tomam a
decisão de crescer sem estarem preparadas para isso e, como sabemos colocar uma
empresa de pé exige competências diferentes das necessárias para fazer crescer
um negócio já estabelecido.
Outra coisa que precisamos esclarecer é o que
chamamos de fracasso. Uma empresa pode ser descontinuada por diversos motivos –
nem por isso precisa fechar, porque vender uma empresa como forma de sair de um
grande buraco é um fracasso do empreendedor, mas não necessariamente da
empresa. Vamos considerar fracasso a necessidade de se desfazer do negócio
(venda ou encerramento das operações) sem que esse seja o desejo do
empreendedor. Ele pode ter decidido fechar o negócio porque queria fazer outras
coisas na vida e não conseguiu comprador – ou seja, ele teria a opção de
continuar e até ser bem-sucedido, mas não quis. Isso não é fracasso, embora
seja uma descontinuidade do negócio.
Vamos agora ao ponto chave dessa
discussão. Muitos estudos perguntam a um ex-empreendedor por que ele fechou a
empresa. Tirando o fato de que o orgulho pessoal pode ser um fator que distorce
a espontaneidade e a transparência de sua resposta, muitas vezes nem ele
próprio sabe o real motivo do fracasso. Veja bem: a maioria dos estudos indica
a falta de capital de giro como causa. Claro que nenhuma empresa funciona sem
dinheiro, mas essa é uma consequência de outra causa. Poucos vão a fundo para
descobrir a causa verdadeira. Por que faltou dinheiro? Porque não conseguiu
vender. E por que não conseguiu vender? Os clientes não vieram. Por que os
clientes não vieram? Bem, agora sim, podemos vislumbrar algum motivo real. Por
que a empresa perdeu mercado? Qual foi a causa genuína?
A entrada de um concorrente maior e
mais forte é um dos motivos mais citados. Outros, como fatores macroeconômicos,
mudanças nas taxas de juros, variações cambiais, mudanças na legislação,
alterações no comportamento do consumidor etc., têm em comum serem fatores
externos à empresa. Esses não são os verdadeiros motivos, porque, se assim
fosse, outras empresas do mesmo setor quebrariam na mesma época. Embora isso
possa acontecer de vez em quando, como fenômeno econômico típico e até
necessário para que um setor se estabilize e se consolide, não justifica o
fracasso de UMA empresa. Não caia na armadilha de jogar a culpa em elementos
fora do seu controle. Se você caiu onde outros, sob as mesmas ameaças,
sobreviveram, existia mais alguma coisa errada na sua empresa. Não tampe o sol
com a peneira e procure os fatos reais.
Agora vamos esclarecer uma coisa muito
importante. Empresas nascentes atuam em regime de alta incerteza. No primeiro
ano, tudo é um grande aprendizado – o mercado, as operações, a legislação, as
pessoas. Tudo, a rigor, é motivo para não dar certo. O fracasso nessa fase não
só é comum, como arriscaria dizer até que é esperado, e representa um
importante aprendizado no processo de empreender. Na maior parte das vezes, os
erros não são, ou não deveriam ser tão grandes a ponto de afundar uma empresa.
Quando o empreendedor quer reduzir o risco, e já que não consegue reduzir toda
a incerteza, acaba preferindo frear o impacto, ou seja, o tamanho do
investimento (financeiro ou não) numa determinada ação.
Isso posto vamos nos ater a erros
recorrentes – aqueles que o empreendedor já cometeu por uma vez, mas, por
diversos motivos, ele voltará a cometê-los novamente. Alguns chamam
de burrice, outros de teimosia – há até quem chame isso de perseverança, como
se fosse uma qualidade e não um defeito. Bem, esses são os piores. Não
citaremos os erros em si, pois não caberiam todos aqui. Em vez disso,
descreveremos as cinco limitações que levam a eles:
A incapacidade de perceber. O empreendedor fica tão focado naquilo em que
acredita ou em executar o plano traçado que se torna cego e surdo ao que
acontece à sua volta, recusando-se a enxergar fatos e evidências que estão na
frente do seu nariz e que podem dar outro rumo ao negócio. Se isso levasse
apenas à perda de oportunidades, o problema seria menor, mas o empreendedor
deixa de ver ameaças que vão comprometer a qualidade de suas decisões. Se ele
não percebe, como corrigir? Na verdade, tem muita coisa que ele percebe, mas
não quer incorporar, não quer acreditar, não aceita porque contraria seus
paradigmas estabelecidos. Orgulho e amor próprio são as causas desse mal.
A incapacidade de admitir seus erros. Por ser visto como líder, por cultivar uma forte autoimagem e por
acreditar que as pessoas o respeitam porque ele deve saber o que está fazendo,
o empreendedor tem muita dificuldade em admitir quando tomou uma decisão
errada. E ele faz isso o tempo todo, por causa dos pressupostos que assumiu em
ambiente de incerteza. Isso é normal e faz parte do desenvolvimento do
empreendedor e do negócio. E não é por excesso de orgulho que ele tem essa
dificuldade. É o contrário: excesso de insegurança. Admitir ter tomado um
caminho errado é um sinal de maturidade e um passo importante no seu processo
de autoconhecimento.
Incapacidade de ler as pessoas. Não importa se são clientes, parceiros, fornecedores ou
funcionários. Lidar com pessoas faz parte do dia a dia da empresa. Se o produto
é fantástico, o mercado potencial é enorme e o modelo de negócio está bem
estruturado, o ponto fraco geralmente é a incapacidade do empreendedor em
compreender como as pessoas reagem a ele, como o interpretam, como ele é visto
no grupo, qual é sua reputação, como age sob determinadas circunstâncias, a
forma como resolve conflitos. Não estamos dizendo que o empreendedor precisa
ser um grande líder, mas ele precisa, no mínimo, cultivar algum grau de empatia
no relacionamento com as pessoas. Muitos empreendedores se julgam superiores às
demais pessoas e agem de forma intolerante, irresponsável e inconsequente com
aqueles que o ajudam a conduzir seu negócio. As consequências são devastadoras,
pois ele contrata errado, recompensa errado, faz parcerias e sociedades
erradas, demite errado. Qualquer erro desses, em tempos de carência de mão de
obra qualificada, pode ser fatal para o negócio.
Incapacidade de aprender. Desde que começa a desenvolver o seu negócio,
o empreendedor aprende muito. Sua motivação e seu entusiasmo o levam a dedicar
horas e horas lendo, estudando, fazendo cursos, falando com pessoas. Se ele
continuasse com essa disposição quando o negócio já está rodando, o sucesso
seria o destino natural. Acontece que ele se envolve tanto nas operações do
negócio que acaba não tendo tempo para continuar aprendendo. A verdade é que a
maior parte do aprendizado vem depois que o negócio começa. O empreendedor precisa
ter uma visão muito ampla, principalmente na visão de negócios, em itens como
controles financeiros, elementos operacionais, compreensão do mercado,
entendimento das leis etc. Falta de tempo é apenas uma desculpa. O excesso de
autoconfiança é a causa principal desse problema.
Incapacidade de gerir. Mesmo tendo uma boa capacidade de percepção, e sabendo lidar com
pessoas e aprender com os erros, o empreendedor pode fracassar por falta de
capacidade de gestão. Isso não quer dizer que basta dominar as técnicas e
ferramentas de administração, mas saber como aplicá-las para cada tipo
específico de negócio e como explorá-las diante das circunstâncias que se
apresentam. Esse domínio é mais necessário a partir do segundo ano de vida do
negócio, quando se espera que o período do improviso tenha acabado e os
controles e a organização sejam mais relevantes. Para ser competitivo é preciso
saber equalizar a relação entre os custos e as receitas, aumentar a eficiência
dos processos, decidir onde investir para crescer, como diversificar e como
definir objetivos, entre outras práticas de gestão.
Essas incapacidades sozinhas não são
responsáveis pelo fracasso, mas uma combinação delas pode ser fatal se não for
compensada por competências de outras pessoas, como sócios ou
funcionários-chave. Se o empreendedor não percebe uma necessidade de mudança –
ou percebe a necessidade, mas não está preparado para enfrentá-la –, isso se
repetirá diante de todas as situações em que é preciso tomar decisões.
Bom, como pudemos notar, não são os
negócios que fracassam, mas os empreendedores que estão no comando. Ele pode
pôr a culpa em um gerente, em uma máquina falha, na qualidade de um fornecedor,
em um grande calote que levou do cliente, em um incêndio inesperado. São formas
de mascarar o despreparo para lidar com essas circunstâncias. No fundo, o
problema reside sempre na figura do empreendedor.
Fonte e Sítios Consultados
http://blog.pa.sebrae.com.br/inovacaoetecnologia/2013/03/25/o-que-fracassa-nao-e-o-negocio-e-o-empreendedor/
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