Se pensarmos diferente, logo seremos
diferentes. Isso parece óbvio. Mas essa diferença não deve ultrapassar ou
romper com a questão magna dos direitos individuais e coletivos. Podemos até
não nos sentir confortáveis com a opinião de alguém, com o comportamento do
outro, com a escolha de terceiros, e as razões são as mais diversas possíveis,
mesmo aquelas que se turvam por influências religiosas ou verdades
fundamentalistas. Mas a questão do respeito aos direitos, legais e civis, deve
estar acima dos meus desejos, prazeres, escolhas.
Vamos relembrar do discurso de
posse do segundo mandato do Barack Obama, quando ele falou sobre a questão dos
homossexuais, dizendo que “nossa jornada
não estará completa até que nossos irmãos e irmãs homossexuais sejam tratados
como qualquer outra pessoa perante a lei”. Há quem diga – e nem seria
difícil crer – que a observação de Obama tem o objetivo de agradar à comunidade
gay americana, que é bastante poderosa e rica. Vamos tentar, talvez até
ingenuamente, imaginar que é bem mais do que isso. Afinal, não é possível
enxergar como avançar na direção de uma sociedade evoluída e pluralista sem o
respeito fácil, simples, sem esforço à diferença.
A sociedade americana, apesar de
seu conservadorismo beligerante, está milhões de anos luz a nossa frente. Em
uma data recente passada, em uma entrevista sobre o lançamento da nova série
“Pé na Cova”, o ator e autor Miguel Falabella destacava o incômodo de só ouvir
dos jornalistas presentes ao evento perguntas sobre se haveria beijos entre as
personagens gays da atração, uma delas interpretada por alguém assumidamente
homossexual. Nada mais parecia importar a não ser esse detalhe, desse ou desses
beijos que, por acaso, são a marca característica de todos os episódios de
novelas, séries, programas e afins na televisão brasileira. Somos cercados de
beijos, mornos ou ardentes, o tempo todo.
Há quem veja nesse possível beijo
a possibilidade real de desvirtuamento ou desorientação de crianças e
adolescentes. Isso não é real e não é porque eu aqui estou dizendo.
Homossexualidade não é opção, não é escolha, é instinto. Mais ou menos assim
como ser absolutamente cruel ou até instintivamente facínora. Outro dia, m sua
coluna na revista Época, Ruth de Aquino discutiu esse tema à luz da
manifestação em Paris contra os direitos ao casamento civil entre homossexuais.
300 mil pessoas foram às ruas gélidas da capital parisiense para pressionar
contra o casamento gay. E isso em uma sociedade, tal qual a nossa, laica, sem
imposições religiosas de qualquer nível.
Nessa crônica, Ruth de Aquino
traz o depoimento da psicanalista e terapeuta Junia de Vilhena, que fala sobre
o casamento homossexual já na linha daquilo que costuma assombrar as mentes
mais conservadoras: a ideia de que aquele casal decida por criar filhos. ”
Atendo no consultório um casal de mães homossexuais que se preocupam com a
filha de 10 anos na escola. Mas a menina está muito bem integrada num meio
liberal. As amiguinhas não questionam. Normalmente, quando existe preconceito,
vem dos pais dos alunos, mesmo nas escolas mais avançadas. Sou esperançosa. A
sociedade aos poucos aceitará. Pior e mais cruel é o preconceito contra
crianças gordas. Elas enfrentam barbaridades”.
Também concordo com Ruth, e isso
não é muito comum, quando ela diz que ser pai ou mãe, mais que uma
possibilidade biológica, é um aprendizado. E é preciso reconhecer que esse é um
caminho sem volta. Precisamos reconhecer e admitir nossos preconceitos, nossos
pré-conceitos, e deixar de ser um adversário para ser alguém que caminha junto,
mesmo que sejamos – como somos todos – completamente diferentes.
Quando respeitamos o direito dos
outros, estamos somando forças para uma sociedade mais livre de neuroses, de
traumas, de dores impostas pelo desejo que tantas vezes temos e experimentamos
de uma sociedade de iguais. Mas não é por aí que podemos ser iguais. É sendo
diferentes, e respeitando as diferenças que nos transformamos em iguais na luta
por direitos, deveres e o bem maior de uma sociedade igualitária. Claro, é
necessário que exista sempre o respeito a todos. Afinal, da mesma forma que para
alguns incomoda presenciar um casal heterossexual ‘em plena’ demonstração de
afeto acalorado e explicito em uma praça de alimentação do shopping, esse fato
causa o mesmo efeito quando se trata de um casal de pessoas do mesmo sexo. Essa
é uma discussão comum atualmente, na verdade isso é bem simples. Ou seja,
direitos iguais, respeito igual para todos.
Fonte e
Sítios Consultados
http://www.criativesse.com.br/blog/2013/01/somos-todos-diferentes-os-direitos-e-que-sao-iguais.html#.UaiHnMy5frc
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