Entenda como o atual Sistema
de Impostos atrapalha o Brasil
- No ano de
2012, o Brasil arrecadou muito em impostos. Foram 36,27% da riqueza
representada pelos bens produzidos aqui e pelos serviços realizados.
Todo o país monta a sua
infraestrutura com o dinheiro que arrecada em impostos. Eles são fundamentais.
No ano passado, o Brasil arrecadou muito. Foram 36,27% da riqueza representada
pelos bens produzidos aqui e pelos serviços realizados. É um recorde histórico.
O problema é que aquilo que o Brasil devolve aos cidadãos e às empresas não
está à altura do que se paga.
Pouco importa se o produto é
supérfluo ou de primeira necessidade. O leão da Receita Federal vai entrar na
empresa, morder e levar um naco na forma de impostos. Uma fábrica de pães é um
bom exemplo. Mesmo tendo algumas isenções de impostos por produzir alimentos, a
mordida é de 13% do que ela fatura. Isso apenas para fazer o pão, sem contar a
matéria-prima que entra na fábrica já carregada de impostos: óleo, energia
elétrica, gás. Até a essencial farinha de trigo vem tributada. Para chegar à
mesa do consumidor, o governo ainda vai cobrar impostos pelo transporte e pela
venda.
No ano passado, a máquina do
estado arrecadou o equivalente a 36,3% de tudo o que foi produzido no Brasil.
De 1947 até hoje, a carga tributária cresceu duas vezes e meia.
- “O Brasil tem uma carga tributária excessiva em
relação ao desenvolvimento e o nível de renda que ele tem. Talvez devêssemos
ter em média, hoje, na ordem de 27% a 28% de carga tributária”, opina Juarez
Rizzieri, pesquisador da Fipe.
Países com renda per capita
próxima à do Brasil têm carga tributária bem menor. O peso dos impostos aqui é
comparável ao de países ricos com bom serviço público.
- “Nós pagamos realmente carga tributária de país
desenvolvido, mas os serviços ficam em nível de país subdesenvolvido”, critica
a tributarista Ives Gandra.
O técnico em eletroeletrônico
Gabriel Texeira, funcionário da fábrica de pães, reclama do pouco que o estado
devolve em troca do que recolhe. Na casa dele, nós calculamos quanto ele e sua
mulher Carla pagam de contribuições e impostos diretos, como imposto de renda,
IPVA, INSS. Deu R$ 873 por mês.
- “Ainda tem os impostos que são incluídos no
alimento, no transporte, nos veículos. A carga tributária é altíssima. Esse é o
maior problema. Não é só o salário. Em tudo que a gente consome tem imposto”,
diz Gabriel.
O peso dos impostos indiretos
pagos por Gabriel e sua família pode ser estimado com base nas tabelas do
Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. O exame dos gastos mensais -
prestação de carro, escola, alimentos, luz, água, telefone e outros - mostra
que os impostos indiretos ficam em torno de R$ 1.590. A renda bruta mensal é
boa, R$ 5.969, mas, somando os impostos diretos com os indiretos, cerca de R$
2.463 vão para os cofres do governo.
Apesar disso, Gabriel e Carla têm
de pagar escola particular para os filhos e plano de saúde para a família para
terem ensino e atendimento médico eficientes.
- “O maior problema é o retorno desses impostos que
a gente não tem. Se tivesse um serviço público de qualidade, valeria a pena
pagar este e até mais impostos, mas desde que tivesse um retorno satisfatório
pela parte do poder público”, acrescenta Gabriel.
“Era de se esperar que um país
que arrecada muito também investisse muito. Infelizmente, o Brasil quebra essa
regra. Temos uma carga tributária alta, das maiores do mundo, e estamos na
lanterna do mundo em termos de investimento público. A proporção do nosso
orçamento que destinamos para obras seja de portos, estradas, seja de escolas
ou hospitais, é muito baixa”, reforça o economista José Roberto Affonso.
Além do peso dos impostos, é
preciso levar em conta também a burocracia para pagar os impostos. A legislação
é complicada. Só um exemplo: o pão francês, por fazer parte da cesta básica, é
isento de PIS, Confins e ICMS. Mas se ele levar um pouco de gergelim por cima,
deixa de ser francês e os impostos voltam. A isenção é estadual. Esse pãozinho
francês, quando é vendido no Nordeste, tem 7% de ICMS. Nos outros estados, 12%.
É um custo que vai parar no preço do pãozinho.
A fábrica de pães recolhe 11
impostos e contribuições diferentes e tem de preencher pelo menos 18
formulários. Cada obrigação é regida por disposições que mudam a toda hora.
- “Você tem cerca de 3.500 normas, mais ou menos,
normas governamentais. E para você absorver tudo isso, controlar tudo isso,
demanda muito tempo, demanda muito valor”, conta Daniel Nascimento, diretor
financeiro da fábrica.
Um tributarista diz que a
constituição de 1988 transferiu receitas da União aos estados e municípios.
Para recuperar o que perdeu e fazer frente a garantias sociais, como aposentadoria
rural e seguro desemprego, o governo federal elevou alíquotas e criou novas
contribuições. A carga aumentou e a legislação ficou ainda mais emaranhada.
- “Desde 1988, desde a nova constituição é que os
impostos, especialmente os impostos estaduais, ICMS, vêm sendo degradados ano
após ano, mês após mês. Eu costumo dizer que a cada edição do Diário Oficial, o
sistema tributário piora”, conclui Clóvis Panzarini, ex-secretário da Fazenda
de São Paulo.
Fonte e
Sítios Consultados
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/03/entenda-como-o-atual-sistema-de-impostos-atrapalha-o-pais.html
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