Empreendedorismo e os Riscos do Negócio
Atire
a primeira pedra quem nunca teve vontade de montar um negócio próprio. Seja
numa situação de desemprego, seja pela vontade de ganhar autonomia, todo
mundo já foi cutucado pelo desejo de se tornar o próprio patrão. Mas a grande
questão é: quantos desistem de colocar o seu sonho em prática? A maioria dos
"aspirantes" a empresários, com certeza, joga a toalha antes mesmo de
dar o primeiro passo. A razão está no medo. As pessoas têm pavor de apostar seu
capital na montagem de um negócio e acabar perdendo investimentos que muitas
vezes demoraram anos para serem acumulados.
Todos
nós corremos riscos o tempo todo. Ao sairmos de casa, podemos ser atropelados,
fulminados por um raio ou simplesmente tropeçar e ralar o joelho. Se levássemos
em conta todas as ameaças que sofremos, nem sequer sairíamos de casa. Na
verdade, nem em casa nos sentiríamos seguros. Se nós conseguimos tocar nossas
vidas diariamente, é porque sabemos que, apesar das ameaças que vivemos todos
os dias, no fundo, a probabilidade de se concretizarem é baixa.
Não
é por acaso que, depois de lerem algumas estatísticas sobre mortalidade de empresas,
poucas pessoas se aventuram na carreira empreendedora. Segundo levantamento
feito por algumas instituições nos últimos tempos, o índice de descontinuidade
de pequenos negócios é altíssimo nos seus primeiros anos de vida. Até pouco
tempo atrás, 75% das empresas abertas não chegavam ao seu quinto ano de vida.
Ou seja, a regra é quebrar, dar certo é a exceção. Diante disso, é normal que
as pessoas nem cogitem o negócio próprio como alternativa de futuro.
As
razões para o fracasso são na maioria das vezes a falta de planejamento. Com os
pés no chão, a chance de vencer a insegurança e ser bem-sucedido aumenta muito.
Os que alcançam o sucesso são aqueles que corretamente identificam as
oportunidades e tiram bom proveito delas. E que não se intimidam. Acima de
tudo, é importante ter perseverança, determinação e não se deixar levar pelas
circunstâncias agressivas, que muitas vezes ameaçam a construção de um negócio.
É fundamental levantar-se rapidamente das quedas.
Mesmo
assim, a despeito das estatísticas, por que algumas pessoas resolvem
empreender? Simples. O empreendedor
tem uma visão diferente do risco que está correndo. Em primeiro lugar, ele não
olha só o que tem a perder, mas, acima de tudo, o que tem a ganhar. São as
possibilidades de ganho e os benefícios atrelados, como independência,
autonomia ou propósito, que fazem a pessoa empreender. As possibilidades são
bem maiores do que os prejuízos. Temos, portanto, dois elementos que explicam o
fenômeno do risco: a probabilidade e o impacto.
A
probabilidade
é normalmente confundida com risco.
Quanto maiores às chances de algo dar errado, maior a probabilidade e,
portanto, maior o risco. Pode ser um elemento importante, mas não é o único. A
sua probabilidade de tropeçar caminhando de olhos vendados é alta, mas, se o
impacto é baixo, você até se arrisca, ou seja, você não vai perder a vida a não
ser que resolva atravessar uma rua movimentada. Por outro lado, a probabilidade
de um cofre cair na sua cabeça ao andar na praia é baixíssima. Embora o impacto
seja alto – a perda da vida –, você nem considera esse risco porque a
probabilidade é baixa.
Quanto
ao impacto,
a maioria das pessoas acha que ele é o que se perde ao enfrentar uma situação.
Mas o empreendedor considera o impacto
a diferença entre o que se ganha e o que
se pode perder, se algo der errado. O impacto mede os resultados de assumir
um risco, que pode ser positivo ou negativo. Assim, andar em um quarto escuro
representa o risco de tropeçar e se machucar. Ninguém faria isso a troco de
nada. Mas, se a luz tiver acabado e a vela estiver guardada naquele quarto, o
benefício de ter um pouco de luz poderá compensar a probabilidade alta de
tropeçar. Tanto os impactos como as probabilidades são relevantes na
determinação do grau de risco.
- Mas a análise de riscos
não se resume à conjunção desses dois elementos. Existem outros que devem ser
considerados na análise: a incerteza, a complexidade, as ameaças e as ações
alternativas.
Ø Incerteza:
muitas vezes, devido à falta de informações, você não pode determinar o grau de
risco. A incerteza também pode ser atribuída a outras causas, como excesso de
dados, informações de veracidade duvidosa, fontes sem credibilidade, dados
contraditórios, excesso ou falta de racionalidade e excesso ou falta de
influência emocional. Quanto maior a incerteza, maior é a chance de algo
inesperado acontecer. Saber que existe uma vela no quarto escuro mostra que
vale a pena correr o risco. Se eu não sei se existe uma vela lá, mas entro no
quarto e tropeço, o risco foi alto mediante o benefício inexistente.
Ø Complexidade: é a
quantidade de variáveis que influenciam a atividade. O risco é diretamente
proporcional ao número de variáveis. Um projeto de organizar as próximas
Olimpíadas, por exemplo, possui um grau de complexidade maior do que organizar
um passeio com a família. Essa complexidade se deve à quantidade de pessoas,
empresas, tempo, orçamento, espaço, ações, recursos e outros fatores que são
considerados no projeto. Quanto maior o número de variáveis, maior a chance de
uma delas dar errado. Note que a complexidade também deve ser analisada junto
com a incerteza, mas uma coisa não necessariamente influencia a outra. Assim,
mesmo que você seja o líder do comitê que organiza as Olimpíadas há 20 anos e o
seu grau de incerteza seja mínimo, a complexidade do evento é que determina que
o risco é alto.
Ø Ameaças:
todos nós assumimos algum tipo de risco. Dormir, comer e andar é arriscado, mas
não tanto quanto saltar de paraquedas ou atravessar correndo uma estrada
movimentada. Assim, o próximo elemento da análise de riscos é a ameaça – aquilo
que gera o risco. Andar é arriscado porque podemos ser atropelados, assaltados,
levar um tiro etc. Essas são as ameaças. Por isso, a mesma atividade pode ter
baixo risco em um contexto e alto risco em outro. Dormir pode ser uma atividade
de baixo risco se você estiver na sua cama, mas pode ser de alto risco no
relento de uma floresta.
Ø Ações alternativas: o
último elemento relevante da análise de risco é a ação alternativa, ou seja, o
que se faz para eliminar ou minimizar o risco. Muitas vezes, o custo para
executar uma ação nesse sentido é maior do que correr o próprio risco. É
possível, por exemplo, construir uma casa totalmente livre de risco de
desabamento? Sim, sobretudo se houver investimento em um bom projeto
estrutural. Mas como garantir 100% da qualidade da matéria-prima? Como evitar
inundações, terremotos e outras intempéries de baixa probabilidade? Essa
análise só pode ser feita quando há um bom balizamento entre a
proporcionalidade do risco e da ação de prevenção correspondente, um tipo de
análise custo-benefício. Quanto mais formas de reduzir ou eliminar os impactos,
a probabilidade, a incerteza, a complexidade e o número de ameaças, menor o
risco.
O
empreendedor é às vezes tachado com o rótulo de “jogador”. Expressões como “apostar
todas as fichas”, “ou tudo ou nada”,
“tomador de riscos”, usualmente aplicados ao perfil empreendedor, só ajudam
a reforçar essa imagem. É um erro achar que o empreendedor aceita e busca o
risco. O empreendedor não é um aventureiro. Ele nem sempre assume riscos, ele
sabe ponderar todos os prós e os contras e, mesmo assim, quando assume o risco,
faz o que pode para minimizá-lo.
Veja o seu negócio, por
exemplo:
o
Analise o risco de um fornecedor quebrar.
o
Qual será o impacto no seu negócio?
o
Que prejuízo representará para o seu produto?
o
Qual é a sua dependência dele?
o
E a probabilidade de ele quebrar?
Veja
como está a situação financeira e a credibilidade dele. Use os mesmos critérios
para analisar outros riscos: de perder um cliente, de formar uma parceria, de
exportar um produto. Os riscos estão por toda a parte, mas, usando os critérios
certos, você saberá qual merece atenção especial. O que você não pode fazer é
ter medo de todos e vacilar na hora de tomar decisões importantes.
Fonte e Sítios Consultados
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI259579-17141,00-OS+RISCOS.html
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