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31 de março de 2013

Os Sem Ética, depois da Páscoa

   Os Sem Ética, depois da Páscoa.

A palavra ética, do grego ethos (modo de ser, caráter), encontra na filosofia sua expressão mais autêntica, aquela cujo significado nos remete ao que é bom para o indivíduo e para a sociedade, medindo os parâmetros para o exercício dos deveres entre ambos.
 

Porém, não sendo normativa, somente teórica, justificadora dos costumes ou subsidiária na intenção de solucionar os dilemas sociais, a ética, também não sendo lei (embora com frequência a Lei tenha como base princípios éticos), não pode sancionar desobediência a seus princípios, podendo mesmo ser omissa perante a Lei quanto às questões abrangidas em seu escopo.

Pois bem, estamos falando de algo que não é Norma nem Lei. Como então pode a ética, efetivamente, nortear a relação indivíduo-sociedade? Porque a ética de uns não é a ética de outros? Sem entrar no mérito da questão, vejam o exemplo do embate entre a ética religiosa e a ética científica no caso dos embriões humanos.

Para ambos os lados, portadores de valores diferentes, a razão só é pertinente naquilo que lhes é particular, dentro do Universo de seus próprios conceitos. Orientar-se pela ética de um ou de outro lado é estar no caminho do progresso, seja ele a humanização cristã ou a revolução biotecnológica.

- Ética, nós a temos, em vários níveis com distintas funções, atuando insistentemente na promulgação de nossas razões.
 
 
 

E progresso? Aquele cujo conceito advém da ideia de civilização, do ideal de fazer florescer todas as facetas positivas do fenômeno humano, nós o temos? Sim ou não, não é por falta de ética, mas pela ausência do que todas as éticas predominantes, juntas, ainda não foram capazes de nos dar: o sentido terreno de nossa existência.

Enquanto compunha este texto fui convidado a sair de casa para buscar o jantar da família. No lugar onde entrei para comprá-lo deparei-me com um remanescente da etnia Terena, sentado a mesa assistindo a televisão do recinto. No exato momento em que me deparei com aquela cena o comercial televisivo avisava: “O Brasil lidera o ranking da corrupção...” (apud um bom observador). Sentei-me a mesa com aquele homem, que descobri ser radialista, e no meio da conversa que fluiu espontaneamente, lhe disse:

“O progresso do homem branco, movido por valores eminentemente utilitários, causou a completa desestabilização do sistema sociocultural das tribos nativas. Hoje, a medida em que não há mais a quem expropriar senão a nós mesmos, provamos nosso próprio veneno amargando a ruptura de (quase?) todas as nossas instituições”.

Ele, com palavras mais simples, porém, com bastante propriedade, perguntou: Que gosto tem o seu veneno?

Mais tarde, de volta  ao lar, continuei a ponderar: Estado, poderes, família, tudo parece se desintegrar no mesmo passo em que desvanecem as velhas verdades que já não sustentam nossa razão de ser. Tudo porque quando nos autopercebemos, pretensiosamente, superiores aos chamados seres primitivos deste continente, não atinamos para o fato de que não exterminávamos apenas os “índios”, mas também a ligação do homem com a terra. Que sabemos nós sobre a “alma” desta terra? Que interação temos com ela? O que damos ao retirar da terra?
 

Ela tem para nós algum significado que nos torne conscientes do sagrado direto de ser e de estar? Nós a merecemos?

Se me perguntarem o que é necessário para levar um País ‘chafundardo’ na corrupção ao desenvolvimento, indagando ainda se a ética leva ao progresso, direi que a ética parte dos valores existentes e o progresso é a consequente ação dos valores predominantes. Portanto, nós vivemos pela ética prevalecente e por suas consequências, resultados dúbios que somos forçados a chamar de progresso.

Nosso gargalo, diria ainda, está na ausência de valores endêmicos, porque quase tudo o que desejamos está profundamente arraigado em conceitos exógenos que descaracterizaram os atributos típicos do que é próprio desta terra. Por essa razão somos parte da imensa multidão que sobeja em nosso projeto político de nação, este liquidificador de gente que transforma pessoas em uma massa sem identidade cultural. Desnorteada e impedida...

Os “índios” tinham (os que restam ainda detém) o poder simples e “primitivo” de fazer os humanos amarem a sua própria terra. Ainda podemos aprender com eles.

O "meu veneno" tem gosto de solidão, de deserto e de desencontro...
 

 

Fonte e Sítios Consultados

Conteúdo da Disciplina de Ética - 8º.Semestre do Curso de Administração de Empresas

http://www.overmundo.com.br/banco/semeticapodehaver-progresso-tantofaz

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