Teoria da Burocracia
Max Weber é o autor fundador da teoria burocrática das organizações. É também
considerado, junto com Taylor e Fayol, uma das figuras seminais do
pensamento administrativo; as teorias científicas de Taylor, clássica de Fayol
e burocrática de Weber formam o que alguns chamam de teoria tradicional da
administração, numa alusão ao caráter pioneiro das mesmas e ao fato de todas as
demais (que as sucederam)
reportarem-se a elas, seja para combatê-las, para complementá-las, para
reformulá-las ou para superá-las.
Na verdade, o pensamento de Max Weber sobre a burocracia não advém de
qualquer preocupação prática sua com a condução das empresas, ou com a
apresentação de normas e princípios científicos que viessem a auxiliar os
administradores em suas contendas diárias. Max Weber era sociólogo, e sua
preocupação era com o sentido das organizações na sociedade moderna, bem como
as organizações como espaço de observação da modernidade e da racionalização.
Ou seja, o interesse de Weber pelas organizações deriva de seu interesse maior
em compreender o processo de modernização e racionalização na sociedade, o que
atribui ao seu trabalho um caráter bem diferente da maioria dos teóricos da
administração.
Weber identifica nas organizações o sentido de racionalização que
perpassa a sociedade moderna, caracterizada pela crescente ênfase no
conhecimento técnico-científico, nas estruturas formais de autoridade, na crescente
regulamentação, na profissionalização, na ênfase no mérito como forma de
ascensão social e legitimação da autoridade, na impessoalização, dentre outras. Estas e outras características do
processo de modernização, identificadas por Weber como "racionalização",
dizem respeito ao que ele também chamou de "desencantamento" e
desmistificação da realidade. Esta desmistificação significa que a compreensão
e atuação no âmbito econômico e social passam gradativamente da esfera dos
mitos, dos dogmas, dos heróis e das inspirações divinas, para a esfera da
razão, da ciência, da tecnologia e da competência técnica (o uso somente da razão pode levar o gestor a tomar decisões que
favoreçam somente a organização, sem se preocupar com as consequências que suas
ações podem acarretar para o resto da comunidade). Da mesma forma, a
estrutura institucional passa da esfera da centralização autocrática divinizada
para a esfera da regulamentação legal racionalizada. Estas características
ascendentes da sociedade moderna são identificadas por Weber nas organizações,
sob a denominação de burocratização.
Origens da Burocracia
A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na
racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos,
a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. As
origens da burocracia – como forma de organização humana – remontam à época da
Antiguidade, quando o ser humano elaborou e registrou seus primeiros códigos de
normatização das relações entre o Estado e as pessoas e entre as pessoas.
Contudo, a burocracia – tal como existe hoje, teve sua origem nas
mudanças religiosas verificadas após o Renascimento. Nesse sentido, salienta
Max Weber que o moderno sistema de produção, eminentemente racional e
capitalista, não se originou das mudanças tecnológicas nem das relações de
propriedade, como afirmava Karl Marx, mas de um novo conjunto de normas sociais
morais, às quais denominou "ética protestante": o trabalho
duro e árduo, a poupança e o ascetismo que proporcionaram a reaplicação das
rendas excedentes, em vez de seu dispêndio e consumo em símbolos materiais e
improdutivos de vaidade e prestígio.
Weber notou que o capitalismo, a organização burocrática e a ciência
moderna constituem três formas de racionalidade que surgiram a partir dessas
mudanças religiosas ocorridas inicialmente em países protestantes – como
Inglaterra e Holanda – e não em países católicos. As semelhanças entre o
protestantismo e o comportamento capitalista são impressionantes, porquanto
essas três formas de racionalidade se apoiaram nas mudanças religiosas.
Autoridade Legal, Racional ou Burocrática
Quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores como
justificadas, porque concordam com um conjunto de preceitos ou normas que
consideram legítimos e dos quais deriva o comando. É o tipo de autoridade
técnica, meritocracia e administrada. Baseia-se na promulgação. A ideia básica
fundamenta-se no fato de que as leis podem ser promulgadas e regulamentadas
livremente por procedimentos formais e corretos. O conjunto governante é eleito
e exerce o comando de autoridade sobre seus comandados, seguindo certas normas
e leis. A obediência não é devida a alguma pessoa em si, seja por suas
qualidades pessoais excepcionais ou pela tradição, mas a um conjunto de regras
e regulamentos legais previamente estabelecidos.
A legitimidade do poder racional e legal baseia-se em normas legais
racionalmente definidas. Na dominação legal, a crença na justiça da lei é o
sustentáculo da legitimação. O povo obedece às leis porque acredita que elas
são decretadas por um procedimento escolhido tanto pelos governados como pelos
governantes. Além disso, o governante é visto como uma pessoa que alcançou tal
posição exclusivamente por procedimentos legais (como nomeação, eleições, concursos etc.) e é em virtude de sua
posição alcançada que ele exerce o poder dentro dos limites fixados pelas
regras e regulamentos sancionados legalmente.
O aparato administrativo que corresponde à dominação legal é a
burocracia. Tem seu fundamento nas leis e na ordem legal. A posição dos
funcionários (burocratas) e suas relações com o governante, os governados e
seus próprios colegas burocratas são estritamente definidas por regras
impessoais e escritas, que delineiam de forma racional a hierarquia do aparato
administrativo, os direitos e deveres inerentes a cada posição, os métodos de
recrutamento e seleção etc. (o fato de todas as posições e relações estarem
fundamentadas em normas escritas pode levar a uma maior organização, mas pode
tornar o processo lento, muitas vezes devido ao excesso de normas destinadas a
reger apenas uma ação). A burocracia é a organização típica da sociedade
moderna democrática e das grandes empresas. A autoridade legal, por esse
motivo, não abrange apenas a moderna estrutura do Estado, mas principalmente as
organizações não estatais, particularmente as grandes empresas. Através do -
"contrato" ou instrumento representativo da relação de autoridade
dentro da empresa capitalista, as relações de hierarquia nela passam a
constituir esquemas de autoridade legal.
Muito embora tenham existido administrações burocráticas no passado,
somente com a emergência do Estado Moderno - o exemplo mais próximo do tipo
legal de dominação - é que a burocracia passou a prevalecer em tão larga
escala. Todavia, a burocratização não se limita à organização estatal, pois
embora Weber tenha elaborado o conceito de burocracia a partir de sua
sociologia política, ele usou o conceito de modo mais abrangente, englobando as
demais instituições sociais além da administração pública. Weber notou a
proliferação de organizações de grande porte, tanto no domínio religioso (a
Igreja) como no educacional (a Universidade) ou no econômico (as grandes
empresas), que adotaram o tipo burocrático de organização, concentrando os
meios de administração no topo da hierarquia e utilizando regras racionais e
impessoais, visando à máxima eficiência.
Weber identifica três fatores
principais que favorecem o desenvolvimento da moderna burocracia:
1. O desenvolvimento de uma economia monetária:
a moeda não apenas facilita, mas racionaliza as transações econômicas. Na
burocracia, a moeda assume o lugar da remuneração em espécie para os
funcionários, permitindo a centralização da autoridade e o fortalecimento da
administração burocrática.
2. O crescimento quantitativo e qualitativo das
tarefas administrativas do Estado Moderno: apenas um tipo burocrático de
organização poderia arcar com a enorme complexidade e tamanho de tais tarefas.
3. A superioridade técnica - em termos de
eficiência - do tipo burocrático de administração: que serviu como uma
força autônoma interna para impor sua prevalência. “A razão decisiva da superioridade da organização burocrática sempre foi
unicamente sua superioridade técnica sobre qualquer outra forma de organização”.
O desenvolvimento tecnológico fez com que as tarefas da administração
tendessem ao aperfeiçoamento. Assim, os sistemas sociais cresceram em demasia,
as grandes empresas passaram a produzir em massa (a burocratização pode levar uma empresa a agir de forma mais organizada
e consequentemente aumentar sua produtividade e promover sua expansão),
sufocando as pequenas. Além disso, nas grandes empresas há uma necessidade
crescente de cada vez mais se obter um controle e uma maior previsibilidade do
seu funcionamento.
O modelo concebido com grande antecipação por Max Weber tem muita
semelhança com as grandes organizações modernas, como a General Motors, a
Philips, a Sears Roebuck, a Ford etc.
Características da Burocracia Segundo
Weber
Segundo o conceito popular, a burocracia é visualizada geralmente como
uma empresa ou organização onde o papelório se multiplica e se avoluma,
impedindo as soluções rápidas ou eficientes. O termo também é empregado com o
sentido de apego dos funcionários aos regulamentos e rotinas, causando
ineficiência à organização. O leigo passou a dar o nome de burocracia aos
defeitos do sistema (disfunções) e não ao sistema em si mesmo.
O conceito de burocracia para Max
Weber é exatamente o contrário. A burocracia é a organização eficiente por
excelência. E para conseguir essa eficiência, a burocracia precisa detalhar
antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas deverão ser feitas.
Segundo Max Weber, a burocracia tem as seguintes características principais:
· Caráter Legal das Normas e Regulamentos
- A burocracia é uma organização ligada
por normas e regulamentos previamente estabelecidos por escrito. Em outros
termos, é uma organização baseada em uma espécie de legislação própria (como a
Constituição para o Estado, os estatutos para a empresa privada etc.) que
define antecipadamente como a organização burocrática deverá funcionar. Essas
normas e regulamentos são escritos. Também são exaustivos porque procura cobrir
todas as áreas da organização, prever todas as ocorrências e enquadrá-las
dentro de um esquema previamente definido capaz de regular tudo o que ocorra
dentro da organização. As normas e regulamentos são racionais porque são
coerentes com os objetivos visados. Neste sentido, a burocracia é uma estrutura
social racionalmente organizada. As normas e regulamentos são legais porque
conferem às pessoas investidas da autoridade um poder de coação sobre os
subordinados e também os meios coercitivos capazes de impor a disciplina
(disciplina é fundamental para ter uma empresa organizada, mas o seu excesso
pode levar a ineficiência, pois pode se tornar maçante o trabalho dentro da
organização). As normas e regulamentos são escritos para assegurar uma
interpretação sistemática e unívoca. Desta maneira, economizam esforços e
possibilitam a padronização dentro da organização.
· Caráter Formal das Comunicações - A burocracia é uma organização ligada
por comunicações escritas. As regras, decisões e ações administrativas são
formuladas e registradas por escrito. Daí o caráter formal da burocracia: todas
as ações e procedimentos são feitos para proporcionar comprovação e
documentação adequadas. Além disso, a interpretação unívoca das comunicações
também é assegurada. Como muitas vezes certos tipos de comunicações são feitos
reiterada e constantemente, a burocracia lança mão de rotinas e de formulários
para facilitar as comunicações e para ‘rotinizar’
o preenchimento de sua formalização (o excesso de formulários pode fazer com
que uma atividade simples se torne fatigante e demorada, a burocracia deve ser
usada com limite).
· Caráter Racional e Divisão do Trabalho - A burocracia é uma organização que se caracteriza por uma sistemática
divisão do trabalho. Essa divisão do trabalho atende a uma racionalidade, isto
é, ela é adequada aos objetivos a serem atingidos: a eficiência da organização.
Daí o aspecto racional da burocracia. Há uma divisão sistemática do trabalho,
do direito e do poder, estabelecendo as atribuições de cada participante, os
meios de obrigatoriedade e as condições necessárias. Cada participante
passa a ter o seu cargo específico, as suas funções específicas e a sua
específica esfera de competência e de responsabilidade. Cada participante deve
saber qual a sua tarefa, qual é a sua capacidade de comando sobre os outros e,
sobretudo, quais são os limites de sua tarefa, direito e poder, para não
ultrapassar esses limites, não interferir na competência alheia nem prejudicar
a estrutura existente. Assim, as incumbências administrativas são altamente
diferenciadas e especializadas e as atividades são distribuídas de acordo com
os objetivos a serem atingidos (facilita a gestão de uma empresa, pois com cada
funcionário sabendo a função a ser executada ocorre uma agilidade no processo
produtivo).
· Impessoalidade nas Relações - Essa distribuição de atividades é
feita impessoalmente, ou seja, é feita em termos de cargos e funções e não de
pessoas envolvidas. Daí o caráter impessoal da burocracia. A administração da
burocracia é realizada sem considerar as pessoas como pessoas, mas como
ocupantes de cargos e de funções. O poder de cada pessoa é impessoal e deriva
do cargo que ocupa. Também a obediência prestada pelo subordinado ao superior é
impessoal. Ele obedece ao superior, não em consideração à sua pessoa, mas ao
cargo que o superior ocupa. A burocracia precisa garantir a sua continuidade ao
longo do tempo: as pessoas vêm e vão, os cargos e funções permanecem. Cada
cargo abrange uma área ou setor de competência e de responsabilidade (as
relações dentro da empresa estão se tornando cada vez mais impessoais, as
pessoas são vistas como um cargo ocupado e não mais como um ser humano com
sentimentos e emoções).
· Hierarquia da Autoridade - A burocracia é uma organização que
estabelece os cargos segundo o princípio da hierarquia. Cada cargo inferior
deve estar sob o controle e supervisão de um posto superior. Nenhum cargo fica
sem controle ou supervisão. Daí a necessidade da hierarquia da autoridade para
fixar as chefias nos diversos escalões de autoridade. Esses escalões
proporcionarão a estrutura hierárquica da organização. A hierarquia é a ordem e
subordinação, a graduação de autoridade corresponde às diversas categorias de
participantes, funcionários, classes etc. Todos os cargos estão dispostos em
graduações hierárquicas que encerram determinados privilégios e obrigações,
estreitamente definidos por meio de regras limitadas e específicas (há a
necessidade de uma hierarquização dos cargos, para que o funcionário saiba a
quem obedecer; isso contribui para que a empresa atinja a sua ponte de
eficiência). A autoridade - o poder de controle resultante de uma posição
reconhecida – é inerente ao cargo e não ao indivíduo específico que desempenha
o papel oficial. A distribuição de autoridade dentro do sistema serve para
reduzir ao mínimo o atrito, por via do contato (oficial) amplamente restritivo,
em relação às maneiras previamente definidas pelas regras de organização. Desta
forma, o subordinado está protegido da ação arbitrária do seu superior, dado
que as ações de ambos se processam dentro de um conjunto mutuamente reconhecido
de regras.
· Rotinas e Procedimentos ‘Estandarlizados’ - A burocracia é uma organização que fixa
as regras e normas técnicas para o desempenho de cada cargo. O ocupante de um
cargo - o funcionário - não pode fazer o que quiser, mas o que a burocracia
impõe que ele faça (contribui para que o funcionário perca a sua autonomia
dentro do trabalho, já que ele não pode expressar suas opiniões). As regras e
normas técnicas regulam a conduta do ocupante de cada cargo, cujas atividades
devem ser executadas de acordo com as rotinas e procedimentos fixados pelas
regras e normas técnicas. Toda a estrutura da burocracia é projetada
intencionalmente de acordo com princípios racionais: a disciplina no trabalho e
o desempenho no cargo são assegurados por um conjunto de regras e normas que
tentam ajustar completamente o funcionário às exigências do cargo e às
exigências da organização: a máxima produtividade. Essa racionalização do
trabalho encontra sua forma mais extremada na Administração Científica, que “atingiu os maiores trunfos no
condicionamento e treinamento racionais do desempenho no trabalho. Todas as
atividades de cada cargo são desempenhadas segundo padrões claramente
definidos, nos quais cada conjunto de ações está funcionalmente relacionado com
os propósitos da organização, segundo uma maneira ideal. Esses padrões
facilitam a pronta avaliação do desempenho de cada participante”.
· Competência Técnica e Meritocracia - A burocracia é uma organização na qual
a escolha das pessoas é baseada no mérito e na competência técnica e não em
preferências pessoais. A admissão, a transferência e a promoção dos
funcionários são baseadas em critérios, válidos para toda a organização, de
avaliação e de classificação, e não em critérios particulares e arbitrários.
Esses critérios universais são racionais e levam em conta a competência, o
mérito e a capacidade do funcionário em relação ao cargo ou função considerada.
Daí a necessidade de exames, concursos, testes e títulos para admissão e
promoção dos funcionários.
· Especialização da Administração - A burocracia é uma organização que se
baseia na separação entre a propriedade e a administração. Os membros do corpo
administrativos devem estar completamente separados da propriedade dos meios de
produção. Em outros termos, os administradores da burocracia não são os seus
donos ou proprietários. O dirigente não é necessariamente o dono do negócio ou
um grande acionista da organização, mas um profissional especializado na sua
administração. Com a burocracia surge o profissional que se especializa em
gerir a organização, e daí o gradativo afastamento do capitalista da gestão dos
negócios, diversificando as suas aplicações financeiras de capital. Os meios de
produção, isto é, os recursos necessários para desempenhar as tarefas da
organização, não são propriedades dos burocratas, mas estão acima destes. O
funcionário não pode vender comprar ou herdar sua posição ou seu cargo, e sua
posição e seu cargo não podem ser apropriados e integrados ao seu patrimônio
privado. Essa estrita separação entre os rendimentos e os bens privados e os
públicos é a característica específica da burocracia e que a distingue dos
tipos patrimonial e feudal de administração. Existe um princípio de completa
separação entre a propriedade que pertence à organização e a propriedade
pessoal do funcionário.
· Profissionalização dos Participantes - A burocracia é uma organização que se
caracteriza pela profissionalização dos seus participantes. Cada funcionário da
burocracia é um profissional, pelas seguintes razões:
a) É um especialista:
cada funcionário é especializado nas atividades do seu cargo. Sua
especialização varia conforme o nível onde está situado. Enquanto os que ocupam
posições no topo da organização são generalistas, à medida que se descem nos
escalões hierárquicos, os que ocupam posições mais baixas vão-se tomando
gradativamente mais especialistas (promove
a massificação dos funcionários de baixo escalão).
b) É assalariado: os funcionários
da burocracia percebem salários correspondentes ao cargo que ocupam. Quanto
mais elevado o cargo na escala hierárquica, maior o salário e, obviamente, o
poder. Os funcionários devem ser recompensados exclusivamente por salários e
não devem receber pagamentos de clientes, a fim de preservarem sua orientação
para a organização, suas normas e regulamentos. O trabalho na burocracia
representa geralmente a principal ou única fonte de renda do funcionário (o salário serve de estimulo para o funcionário
produzir mais; existe também a relação de que quanto maiores forem às
responsabilidades, maior será o salário).
c) É ocupante de cargo:
o funcionário da burocracia é um ocupante de cargo e seu cargo é a sua
principal atividade dentro da organização, tomando todo o seu tempo de
permanência nela. O funcionário não ocupa um cargo por vaidade ou por honrada,
mas sim porque é o seu meio de vida, o seu ganha-pão.
d) É nomeado por
superior hierárquico: o funcionário é um profissional selecionado e escolhido
por sua competência e capacidade, nomeado (admitido),
assalariado, promovido ou demitido da organização pelo seu superior
hierárquico. O superior hierárquico tem plena autoridade (autoridade de linha) sobre seus subordinados. Em outros termos, é o
superior quem toma decisões a respeito de seus subordinados.
e) Seu mandato é por
tempo indeterminado: quando um funcionário ocupa um cargo dentro da burocracia,
o seu tempo de permanência nesse cargo é indefinido e indeterminado. Não que o
cargo seja vitalício, mas porque não existe uma norma ou regra que determine
previamente o tempo de permanência de um funcionário, seja no cargo, seja na
organização.
f) Segue carreira
dentro da organização: à medida que um funcionário revela mérito, capacidade e
competência, ele pode vir a ser promovido para outros cargos superiores. Em
outros termos, o funcionário na burocracia também é recompensado por uma
sistemática promoção, através de uma carreira dentro da organização. O
funcionário é um profissional que faz do trabalho a sua carreira, ao longo de
sua vida.
g) Não possui a
propriedade dos meios de produção e administração: o administrador administra a
organização em nome dos proprietários, enquanto o funcionário, para trabalhar,
precisa das máquinas e dos equipamentos fornecidos pela organização. Como essas
máquinas e equipamentos vão-se tornando sofisticados pela tecnologia e,
portanto, caros, somente as grandes organizações passam a ter condições
financeiras de adquiri-los. Daí as organizações gradativamente assumem o
monopólio dos meios de produção. O administrador administra a organização, mas
não é o proprietário dos meios de produção. O funcionário utiliza as máquinas e
equipamentos, mas não é o dono delas.
h) É fiel ao cargo e
identifica-se com os objetivos da empresa: o funcionário passa a defender os
interesses do seu cargo e da sua organização, em detrimento dos demais
interesses envolvidos.
i) O administrador
profissional tende a controlar cada vez mais completamente as burocracias,
pelas seguintes razões:
- Aumento do número de acionistas das grandes organizações, ocasionando dispersão e fragmentação da propriedade das suas ações;
- Os proprietários que, em função de sua riqueza, controlavam uma única organização, concentrando nela toda a sua fortuna, passaram a dispersar o risco do seu investimento em muitas outras organizações. Em decorrência disso, hoje em dia, o controle acionário está subdividido e diminuído com o crescimento do número de acionistas;
- Os administradores profissionais, através de
sua carreira dentro da organização, chegam a posições de comando e de
controle, sem possuírem a propriedade da coisa comandada e controlada.
Assim, um administrador pode ter mais poder sobre a organização do que um
grande acionista.
Completa
Previsibilidade do Funcionamento
A consequência desejada da burocracia é a previsibilidade do
comportamento dos seus membros. No modelo de Weber, todos os funcionários se
comportam de acordo com as normas e regulamentos da organização, a fim de que
esta atinja a máxima eficiência possível. Tudo na burocracia é estabelecido no
sentido de prever antecipadamente todas as ocorrências e ‘rotinizar’ sua execução, para que a máxima eficiência do sistema
seja plenamente alcançada.
Aparentemente, Weber não previu nenhuma diferenciação no comportamento
humano dentro da organização. Antes, pelo contrário, a burocracia parece
assentar-se numa visão padronizada do comportamento humano. Weber não considera
a organização informal. Parece simples ignorá-la. Na verdade, a organização
informal não é prevista por Weber, ou seja, não está considerada nas consequências
desejadas das organizações. A organização informal aparece como um fator de
imprevisibilidade das burocracias, pois o sistema social racional puro de Weber
pressupõe que as reações e o comportamento humano sejam perfeitamente
previsíveis, uma vez que tudo estará sob o controle de normas racionais e
legais, escritas e exaustivas. A organização informal surge como uma derivação
direta do sistema burocrático, como uma consequência da impossibilidade prática
de se bitolar e padronizar completamente o comportamento humano nas
organizações.
Vantagens da Burocracia
Weber viu inúmeras razões para explicar o avanço da burocracia sobre as
outras formas de associação. Para ele, comparar os mecanismos burocráticos com
outras organizações é o mesmo que comparar a produção da máquina com outros
modos não mecânicos de produção.
As vantagens da burocracia, para Weber,
são:
1. Racionalidade em
relação ao alcance dos objetivos da organização.
2. Precisão na
definição do cargo e na operação, pelo conhecimento exato dos deveres.
3. Rapidez nas
decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito e por quem e as ordens e
papéis tramitam através de canais preestabelecidos (este sistema nem sempre funciona com o deveria).
4. Univocidade de
interpretação garantida pela regulamentação específica e escrita. Por outro
lado, a informação é discreta, afinal ela é fornecida apenas a quem deve
recebê-la.
5. Uniformidade de
rotinas e procedimentos que favorece a padronização, redução de custos e de
erros, pois os procedimentos são definidos por escrito.
6. Continuidade da
organização através da substituição do pessoal que é afastado. Além disso, os
critérios de seleção e escolha do pessoal baseiam-se na capacidade e na
competência técnica.
7. Redução do atrito
entre as pessoas, pois cada funcionário conhece aquilo que é exigido dele e
quais são os limites entre suas responsabilidades e as dos outros.
8. Constância, pois os
mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas circunstâncias.
9. Subordinação dos
mais novos aos mais antigos, dentro de uma forma estrita e bem conhecida, de
modo que o superior possa tomar decisões que afetem o nível mais baixo.
10. Confiabilidade,
pois o negócio é conduzido de acordo com regras conhecidas, sendo que grande
número de casos similares são metodicamente tratados dentro da mesma maneira
sistemática. As decisões são previsíveis e o processo decisório, por ser
despersonalizado no sentido de excluir sentimentos irracionais, como o amor,
raiva, preferências pessoais, elimina a discriminação pessoal.
11. Existem benefícios
sob o prisma das pessoas na organização, pois a hierarquia é formalizada, o
trabalho é dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são
treinadas para se tomarem especialistas em seus campos particulares, podendo
encarreirar-se na organização em função de seu mérito pessoal e competência
técnica.
Nessas condições, o trabalho é profissionalizado, o nepotismo é evitado
e as condições de trabalho favorecem a moralidade econômica e dificultam a
corrupção. A equidade das normas burocráticas, quase sempre baseadas em padrões
‘universalísticos’ de justiça e de
tratamento igualitário, tem a virtude de assegurar cooperação entre grande
número de pessoas sem que essas pessoas se sintam necessariamente cooperadoras.
As pessoas cumprem as regras organizacionais principalmente porque os fins
alcançados pela estrutura total são altamente valorizados e cada qual deve
fazer a sua própria parte para que o objetivo seja alcançado.
Dilemas da Burocracia
O próprio Weber notou a fragilidade da estrutura burocrática, que
enfrenta um dilema típico: de um lado, existem pressões constantes de forças
exteriores para encorajar o burocrata a seguir outras normas diferentes das da
organização e, de outro lado, o compromisso dos subordinados com as regras
burocráticas tende a se enfraquecer gradativamente. A organização, para ser
eficiente, exige um tipo especial de legitimidade, racionalidade, disciplina e
limitação de alcance.
A capacidade para aceitar ordens e regras como legítimas, principalmente
quando repugnam os desejos da pessoa, exige um nível de renúncia que é difícil de se manter. Assim, as
organizações burocráticas apresentam uma tendência a se desfazerem, seja na
direção carismática, seja na tradicional, onde as relações disciplinares são
mais "naturais" e "afetuosas" e menos separadas das outras.
Além do mais, a capacidade de renúncia exigida pela organização racional não
pode se desenvolver no seu interior, pois como diz Etzioni, depende de relações sociais mais amplas, que existem na
família tradicional ou no grupo carismático. Assim, a racionalidade da
estrutura racional é frágil e precisa ser constantemente protegida contra pressões
externas, a fim de poder ser dirigida para os seus objetivos e não para outros.
Para Weber, os burocratas são pessoas que formam o corpo administrativo
da hierarquia e estrutura da organização, devidamente indicadas, que seguem as
regras impostas e servem aos objetivos da organização. Contudo, Weber salienta
também a existência de chefes não burocráticos, que indicam e nomeiam os
subordinados, que estabelecem as regras, que resolvem os objetivos que deverão
ser atingidos e geralmente são eleitos ou herdam sua posição, como, por
exemplo, os presidentes, os diretores e os reis (organizações gerenciadas por esses tipos de pessoas dificilmente
atingirão o ponto de máxima eficiência).
Esses chefes (não burocráticos)
da organização desempenham o importante papel de estimular a ligação emocional
e mesmo irracional dos participantes com a racionalidade, pois a identificação
com uma pessoa, um líder ou um chefe da organização influi psicologicamente,
reforçando o compromisso abstrato com as regras da organização e dela
permitindo uma imagem mais concreta e "afetuosa".
Na organização burocrática, as identificações referem-se à posição e não
ao ocupante. Se os indivíduos se ausentam, morrem ou se aposentam, são
substituídos por outros pelo critério de qualificação técnica e a eficiência da
organização não é prejudicada. Porém, a ausência ou morte de um chefe não
burocrático da organização - único indivíduo perante o qual as identificações
são pessoais, e não burocráticas - provoca uma crise, a chamada crise de
sucessão, que geralmente é acompanhada de um período de instabilidade. Alega
Weber que a crise de sucessão é mais evidente nos estados totalitários, mas que
também as empresas, igrejas, exércitos ou outras organizações podem estar
sujeitos a ela. As burocracias estabelecem normas e precisam impô-las. Têm
regulamentos e regras. Dão ordens que devem ser obedecidas a fim de que a
organização funcione com eficiência.
Disfunções da Burocracia
Na verdade, não existe uma organização plenamente racional e o formalismo
não tem a profundidade descrita por Weber. Por outro lado, o conceito popular
de burocracia faz pensar que o grau de eficiência administrativa deste sistema
social racional é baixíssimo. Isto porque o tipo ideal de burocracia sofre
transformações quando operado por homens. Segundo Merton, o homem (excluído dos estudos de Max Weber, que
descreveu um sistema social desumano e mecanicista), quando participa da
burocracia, faz com que toda a previsibilidade do comportamento, que deveria
ser a maior consequência da organização, escape ao modelo preestabelecido.
Ocorre, então, o que passou a se denominar disfunções da burocracia, isto é,
anomalias e imperfeições no funcionamento da burocracia. Cada disfunção é o
resultado de algum desvio ou exagero em cada uma das características do modelo
burocrático explicado por Weber. Cada disfunção é uma consequência não prevista
pelo modelo weberiano.
As disfunções da burocracia são basicamente as seguintes:
ü Maior Internalização das Regras e
Exagerado Apego aos Regulamentos - As diretrizes da burocracia, emanadas através das normas e regulamentos,
para atingir os objetivos da organização, tendem a adquirir um valor positivo,
próprio e importante, independentemente daqueles objetivos, passando a
substituí-los gradativamente. As normas e regulamentos passam a se transformar
de freios em objetivos. Passam a ser absolutos e prioritários: o funcionário
adquire "viseiras" e esquece que a flexibilidade é uma das principais
características de qualquer atividade racional. Com isto, o funcionário
burocrata torna-se um especialista, não por possuir conhecimento de suas
tarefas, mas por conhecer perfeitamente as normas e os regulamentos que dizem
respeito ao seu cargo ou função. Os regulamentos, de meios, passam a ser os
principais objetivos do burocrata.
ü Excesso de Formalismo e de Papelório - A necessidade de documentar e de
formalizar todas as comunicações dentro da burocracia a fim de que tudo possa
ser devidamente testemunhado por escrito pode conduzir à tendência ao excesso
de formalismo, de documentação e, consequentemente, de papelório. Aliás, o
papelório constitui uma das mais gritantes disfunções da burocracia, o que leva
o leigo, muitas vezes, a imaginar que toda burocracia tem necessariamente um
volume inusitado de papelório, de vias adicionais de formulários e de
comunicações.
ü Resistência a Mudanças - Como tudo dentro da burocracia é ‘rotinizado’, padronizado, previsto com
antecipação, o funcionário geralmente se acostuma a uma completa estabilidade e
repetição daquilo que faz o que passa a lhe proporcionar uma completa segurança
a respeito de seu futuro na burocracia. Atendendo às normas e regulamentos
impostos pela burocracia, o funcionário torna-se simplesmente um executor das
rotinas e procedimentos, o qual passa a dominar com plena segurança e
tranquilidade com o passar do tempo. Quando surge alguma possibilidade de
mudança dentro da organização, essa mudança tende a ser interpretada pelo
funcionário como algo que ele desconhece, e, portanto, algo que pode trazer
perigo à sua segurança e tranquilidade. Com isto, a mudança passa a ser
indesejável para o funcionário. E, na medida do possível, ele passa a resistir
a qualquer tipo de mudança que se queira implantar na burocracia. Essa
resistência à mudança pode ser passiva e quieta, como pode ser ativa e
agressiva através de comportamentos de reclamação, tumultos e greves (essa atitude do funcionário não ajuda em
nada no desenvolvimento da empresa, pois uma mudança brusca que aumente a
produtividade pode ser encarada pelo funcionário como algo inadmissível, já que
ele já estava completamente habituado a sua antiga rotina).
ü
Despersonalização do Relacionamento - A burocracia tem com uma de suas
características a impessoalidade no relacionamento entre os funcionários. Daí o
seu caráter impessoal, pois ela enfatiza os cargos e não as pessoas que os
ocupam. Isto leva a uma diminuição das relações personalizadas entre os membros
da organização: diante dos demais funcionários, o burocrata não os toma mais
como pessoas mais ou menos individualizadas, mas como ocupantes de cargos, com
direitos e deveres previamente especificados. Daí a despersonalização gradativa
do relacionamento entre os funcionários da burocracia. Os funcionários passam a
conhecer os colegas não pelos seus nomes pessoais, mas pelos títulos dos cargos
que ocupam. Algumas vezes, o conhecimento é feito pelo número do registro do
colega ou por qualquer outra forma de identificação das pessoas imposta pela
organização.
ü
Categorização como Base do Processo ‘Decisorial
‘- A burocracia se assenta em uma rígida hierarquização da autoridade.
Portanto, quem toma decisões em qualquer situação será aquele que possui a mais
elevada categoria hierárquica, independentemente do seu conhecimento sobre o
assunto. Quem decide é sempre aquele que ocupa o posto hierárquico mais alto,
mesmo que nada saiba a respeito do problema a ser resolvido. Por outro lado,
categorizar significa uma maneira de classificar as coisas, ‘estereotipadamente’, a fim de lidar com
elas com mais facilidade. Quanto mais se lançar mão da categorização no
processo ‘decisorial’, menor será a
procura de alternativas diferentes de solução.
ü Super conformidade à Rotina e
Procedimentos - A burocracia baseia-se em rotinas e procedimentos, como meio de garantir
que as pessoas façam exatamente aquilo que delas se espera. Como uma burocracia
eficaz exige devoção estrita às normas e regulamentos, essa devoção às regras e
regulamentos conduz à sua transformação em coisas absolutas: as regras e
rotinas não mais são consideradas como relativas a um conjunto de objetivos,
mas passam a ser absolutas. Com o tempo, as regras e as rotinas tornam-se
sagradas para o funcionário. O impacto dessas exigências burocráticas sobre a
pessoa provoca profunda limitação em sua liberdade e espontaneidade pessoal,
além da crescente incapacidade de compreender o significado de suas próprias
tarefas e atividades dentro da organização como um todo. Estudando o efeito da
estrutura burocrática sobre a personalidade dos indivíduos, alguns autores chegaram
a algumas conclusões, como a "incapacidade
treinada" para mostrar que o funcionário burocrata trabalha em função
dos regulamentos e das rotinas, e não em função dos objetivos organizacionais
que foram realmente estabelecidos. Essa superconformidade
às regras, aos regulamentos, às rotinas e procedimentos conduz a uma rigidez no
comportamento do burocrata: o funcionário passa a fazer o estritamente contido
nas normas, nas regras, nos regulamentos, nas rotinas e procedimentos impostos
pela organização. Esta perde toda a sua flexibilidade, pois o funcionário
restringe-se ao desempenho mínimo. Perde sua iniciativa, criatividade e
inovação.
ü
Exibição de Sinais de Autoridade - Como a burocracia enfatiza a hierarquia
de autoridade, torna-se necessário um sistema capaz de indicar, aos olhos de
todos, aqueles que detêm o poder. Daí surge à tendência à utilização intensiva
de símbolos ou de sinais de status para demonstrar a posição hierárquica dos
funcionários, como o uniforme, a localização da sala, do banheiro, do
estacionamento, do refeitório, o tipo de mesa etc., como meios de identificar
quais são os principais chefes da organização. Em algumas organizações - como o
exército, a Igreja etc. - o uniforme constitui um dos principais sinais de
autoridade.
ü
Dificuldade no Atendimento a Clientes e
Conflitos com o Público - O funcionário está completamente voltado para dentro da organização,
para suas normas e regulamentos internos, para suas rotinas e procedimentos,
para seu superior hierárquico que avalia o seu desempenho. Essa sua atuação
interiorizada para a organização geralmente o leva a criar conflitos com os
clientes da organização. Todos os clientes são atendidos de forma padronizada,
de acordo com os regulamentos e rotinas internos, fazendo com que o público se
irrite com a pouca atenção e descaso para com os seus problemas particulares e
pessoais. Com as pressões do público, que pretende soluções personalizadas que
a burocracia padroniza, o funcionário passa a perceber essas pressões como
ameaças à sua própria segurança. Daí a tendência à defesa contra pressões
externas à burocracia. Com essas disfunções, a burocracia torna-se esclerosada,
fecha-se ao cliente, que é o seu próprio objetivo, e impede totalmente a
inovação e a criatividade. As causas das disfunções da burocracia residem
basicamente no fato de que a burocracia não leva em conta a chamada organização
informal que existe fatalmente em qualquer tipo de organização, nem se preocupa
com a variabilidade humana (diferenças individuais entre as pessoas) que
necessariamente introduz variações no desempenho das atividades
organizacionais. Em face da exigência de controle que norteia toda a atividade
organizacional é que surgem as consequências imprevistas da burocracia.
Grau da Burocratização nas Organizações
Alvir Gouldner realizou uma pesquisa que lhe permitiu concluir que não
há um único tipo ou modelo de burocracia, mas uma enorme variedade de graus
diferentes de burocratização. Durante longos anos, a empresa fora administrada
de maneira muito informal, com intervalos de almoço amplos, horários de entrada
e saída bem folgados, permissão para os empregados para utilizarem material da
companhia para uso próprio, política de não demitir ninguém e de somente
admitir novos funcionários considerando laços de famílias, de amizade e
residência da comunidade semi rural em que se situava a empresa.
Antes de 1948, o padrão de atitudes do pessoal para com a fábrica era
favorável e positivo. Os operários consideravam as normas disciplinares da
fábrica como "lenientes", suaves e orientadas para os objetivos da
produção e internalizavam o seu papel por um conjunto de normas técnicas. O
padrão de comportamento dos operários se caracterizava por um sistema de
julgamentos, atitudes e sentimentos positivos que predispunham a uma reação
favorável dos operários à fábrica e a uma confiança nos seus superiores. Em
1948 assumiu um novo gerente (Peele), que veio alterar substancialmente essa
situação. Ele era bastante apoiado pelos executivos do escritório central, chegando
a pressioná-lo sob este aspecto.
O controle do gerente sobre os supervisores tornou cerrado o controle
sobre os operários. Estes passaram a modificar substancialmente as suas
atitudes para com a organização. A supervisão fechada desenvolvida por Peele
passou a encerrar a administração dentro de um círculo vicioso:
1. O supervisor
exercer uma supervisão cerrada e sob
pressão sobre o operário;
2. O supervisor passa a
receber o operário como uma pessoa não motivada para o trabalho;
3. O supervisor passa a
vigiar e a controlar com mais pressão o operário para obter dele maior
rendimento;
4. Esse cerco e essa
pressão despertam o rancor ou a apatia no operário;
5. O supervisor passa
a perceber mais intensidade o operário como uma pessoa não motivada para o
trabalho.
A Sociedade de Organizações
Para os estruturalistas, a sociedade moderna e industrializada é uma
sociedade de organizações, das quais o homem passa a depender para
nascer, viver e morrer. Essas organizações são altamente diferenciadas e
requerem dos seus participantes determinadas características de personalidade.
Essas características permitem a participação simultânea das pessoas em várias
organizações, nas quais os papéis desempenhados variam.
O estruturalismo ampliou o estudo das interações entre os grupos sociais
iniciados pela Teoria das Relações Humanas, para o das interações entre as
organizações sociais. Da mesma forma como interagem entre si os grupos sociais,
também interage entre si as organizações.
As organizações
Constituem a forma dominante de instituição da moderna sociedade: São a
manifestação de uma sociedade altamente especializada e interdependente, que se
caracteriza por um crescente padrão de vida. As organizações permeiam todos os
aspectos da vida moderna e envolvem a participação de numerosas pessoas. Cada
organização é limitada por recursos escassos, e por isso, não pode tirar
vantagens de todas as oportunidades que surgem: daí o problema de determinar a
melhor alocação de recursos. A eficiência é obtida quando a organização aplica
seus recursos naquela alternativa que produz melhor resultado.
A Teoria Estruturalista concentra-se no estudo das
organizações, na sua estrutura interna e na interação com outras organizações.
As organizações são concebidas como unidades sociais (ou agrupamentos humanos)
intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos
específicos. (exercito, escolas, hospitais, igrejas, prisões). As organizações
são caracterizadas por um conjunto de relações sociais estáveis e
deliberadamente criadas com a explícita intenção de alcançar objetivos ou
propósitos. Assim, a organização e uma unidade social dentro da qual as pessoas
alcançam relações estáveis entre si, no sentido de facilitar o alcance de um
conjunto de objetivos ou metas.
O Homem Organizacional
Enquanto a Teoria Clássica caracteriza o "homo economicus" e a
Teoria das Relações Humanas, "o homem social", a Teoria
Estruturalista focaliza o "homem organizacional", ou seja, o
homem que desempenha papéis em diferentes organizações.
Na sociedade das organizações, moderna e industrializada, aparece a
figura do "homem organizacional" que participa simultaneamente de
várias organizações. O homem moderno, ou seja, o homem organizacional, para ser
bem sucedido em todas as organizações, precisa ter as seguintes características
de personalidade:
·
Flexibilidade: em face das
constantes mudanças que ocorrem da vida moderna, bem como da diversidade dos
papéis desempenhados nas diversas organizações, que podem chegar à inversão,
aos bruscos desligamentos das organizações e aos novos relacionamentos.
·
Tolerância as Frustrações: para evitar o desgaste emocional decorrente do conflito necessário
entre necessidades organizacionais e necessidades individuais, cuja mediação é
feita através de normas racionais, escritas e exaustivas, que procuram
envolver toda a organização.
·
Capacidade de adiar as recompensas: e poder compensar o trabalho rotineiro dentro
da organização, em detrimento das preferências e vocações pessoais por outros
tipos de atividade profissional (a empresa vem sempre em primeiro lugar, o que
poder fazer com que o trabalhador se torne um fanático pela empresa, passando a
viver somente em função dela).
·
Permanente desejo de Realização: garantido a conformidade e cooperação com as
normas que controlam e asseguram o acesso a posições de carreira dentro da
organização, proporcionando recompensas e sanções sociais e materiais.
Análise das Organizações
Os estruturalistas utilizam, para estudar as organizações, uma análise
organizacional mais ampla do que a de qualquer teoria anterior, pois pretendem
conciliar a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas, baseando-se também
na Teoria da Burocracia. Assim, a análise das organizações do ponto de vista
estruturalista é feita a partir de uma abordagem múltipla que leva em conta
simultaneamente os fundamentos da Teoria Clássica, da Teoria das Relações
Humanas e da Teoria da Burocracia. Trata-se de uma abordagem múltipla utilizada
pela Teoria Estruturalista que envolve:
·
Tanto a organização formal como a
organização informal
·
Tanto as recompensas salariais e
materiais como as recompensas sociais e simbólicas
·
Todos os diferentes níveis hierárquicos
de uma organização
·
Todos os diferentes tipos de
organizações
·
A análise intra organizacional e
análise Inter organizacional.
Abordagem Múltipla: Organização Formal e Informal
Enquanto a Teoria Clássica se concentrava na organização formal e a Teoria
das Relações Humanas somente na organização informal, os estruturalistas tentam
estudar o relacionamento entre ambas as organizações: a formal e a informal, em
uma abordagem múltipla.
A Teoria Estruturalista vai tentar relacionar as
relações formais e informais dentro e fora da organização (a mescla entre
relação formal e informal contribui para um ambiente de trabalho mais
agradável). Os estruturalistas não alteram os conceitos da organização formal e
informal. (formal tudo o que estiver expresso no organograma como hierarquia,
regras, regulamentos, controle de qualidade e informal as relações sociais).
A Teoria Estruturalista tentar encontrar o equilíbrio entre os
elementos racionais e não racionais do comportamento humano que constitui o
ponto principal da vida, da sociedade e do pensamento moderno.
Abordagem Múltipla: Recompensas Materiais e Sociais
Os estruturalistas combinam os estudos da Teoria Clássica e da Teoria
das Relações Humanas. O significado das recompensas salariais e sociais e tudo
que se inclui nos símbolos de posição (tamanho
da mesa ou do escritório, carros da companhia, etc.) é importante na vida
de qualquer organização.
Para as recompensas sociais e simbólicas sejam eficientes, quem as
recebe deve estar identificado com a organização que as concede. Os símbolos e
significados devem ser prezados e compartilhados pelos outros, como a esposa,
colegas, amigos, vizinhos, etc. Por essas razões, as recompensas sociais são
menos eficientes com os funcionários de posições mais baixas do que com os de
posições mais altas (as recompensas servem como um incentivo para o funcionário
produzir mais).
Abordagem Múltipla: Os diferentes Enfoques da Organização
As organizações para os estruturalistas podem ser concebidas segundo
duas diferentes concepções:
·
Modelo racional da organização: Concebe a organização com um meio deliberado
e racional de alcançar metas conhecidas. Os objetivos organizacionais são
explicitados (com, por exemplo, a
maximização dos lucros), todos os aspectos e componentes da organização são
escolhidos em função de sua contribuição ao objetivo e as estruturas
organizacionais são cuidadas para atingir a mais alta eficiência, os recursos
são adequados e alocados de acordo com um plano diretor, todas as ações são
apropriadas e iniciadas por planos e seus resultados devem coincidir com os
planos. É um sistema fechado, tendo como característica a visão focalizada
apenas nas partes internas do sistema, com ênfase no planejamento e controle.
Expectativa de certeza e de viabilidade. Neste modelo inclui a abordagem
clássica da administração e a teoria da burocracia.
·
Modelo natural de organização: Concebe a organização com um conjunto de
partes independentes que, juntas, constituem um todo. O objetivo básico é a
sobrevivência do sistema. O modelo natural procura tornar tudo funcional e
equilibrado, podendo ocorrer disfunções. A auto regulação é o mecanismo
fundamental que naturalmente governa as relações entre as partes e suas
atividades, mantendo o sistema equilibrado e estável ante as perturbações
provindas do ambiente externo. Este modelo traz com inevitável
aparecimento a organização informal nas organizações. É um sistema aberto
tendo como característica a visão focalizada sobre o sistema e sua
interdependência com o ambiente. Expectativa de incerteza e de
imprevisibilidade.
Abordagem Múltipla: Os Níveis da Organização
Assim com o modelo burocrático de Weber, as organizações sofrem uma
multiplicidade de problemas que são classificados e categorizados para que a
responsabilidade por sua solução seja atribuída a diferentes níveis
hierárquicos:
·
Nível Institucional: É o nível mais
alto, composto dos dirigentes ou altos funcionários. É também denominado nível
estratégico, pois é responsável pela definição dos principais objetivos e das
estratégias organizacionais relacionadas em longo prazo.
·
Nível Gerencial: É o nível
intermediário, situado entre o institucional e o técnico, cuidando do
relacionamento e da integração desses dois níveis. Uma vez tomadas as decisões
no nível institucional, o nível gerencial é o responsável pela sua
transformação em planos e em programas para que o nível técnico os execute.
· Nível Técnico: É o nível mais
baixo da organização. Também denominado nível operacional, é o nível em que as
tarefas são executadas, os programas são desenvolvidos e as técnicas são
aplicadas. É o nível que cuida da execução das tarefas em curto prazo e segue
os programas e rotinas desenvolvidas pelo nível gerencial.
Abordagem Múltipla: A Diversidade de Organizações
Enquanto a Administração Científica e a Escola das Relações Humanas
focalizaram as fábricas, a abordagem estruturalista ampliou o
campo da análise da organização, a fim de incluir outros tipos diferentes de
organizações além das fábricas: organizações pequenas, médias e grandes,
públicas e privadas, empresas dos mais diversos tipos (indústrias ou produtoras de bens, prestadoras de serviços, comerciais,
agrícolas, etc.), organizações militares (exército, marinha, aeronáutica),
organizações religiosas (igreja),
organizações filantrópicas, partidos políticos, prisões, sindicatos, etc. A
partir do estruturalismo a administração não ficou mais
restrita as fábricas, mas passou a ser entendida a todos os tipos possíveis de
organizações. Além disso, toda a organização, à medida que cresce torna-se
complexa e passa a exigir uma adequada administração.
Tipologia das Organizações
As organizações são diferentes entre si e apresentam enorme
variabilidade. Contudo, elas apresentam características que permitem
classificá-las em classes ou tipos. Estas classificações, denominadas tipologias
das organizações, permitem uma análise comparativa das organizações através
de uma característica comum ou de uma variável relevante. Os estruturalistas
desenvolveram as tipologias das organizações para
classificá-las de acordo com certas características, como seu tamanho (pequenas, médias, grandes), ou sua
natureza (empresas primárias, ou de base,
secundárias ou de transformação), ou seu mercado (indústria de bens de capital ou de bens de consumo), ou ainda sua
dependência (empresas públicas ou privadas).
Tipologia de Amitai Etzioni
Segundo Etzioni, as organizações possuem as seguintes características:
· Divisão de trabalho e atribuição de poder e responsabilidade: de acordo com um planejamento intencional
para intensificar a realização de objetivos específicos.
·
Centro e poder: os esforços
combinados da organização dirigem para seus objetivos, esses centros de poder
precisam continuamente examinar a realização da organização a fim de
garantir maior eficiência.
· Substituição do pessoal: as pessoas podem ser demitidas ou
substituídas por outras pessoas para as suas tarefas, A organização pode
recombinar seu pessoal através de transferência e promoções. As
unidades sociais controlam seus membros. As organizações são planejadas e
estruturadas e reveem as suas realizações e se reestruturam de acordo com os
resultados. Nas organizações, o controle informal não é adequado, pois não se
pode confiar na identificação dos seus participantes com as tarefas que devem
realizar. Por isso, as organizações impõem uma distribuição de recompensas e
sanções para garantir obediência as suas normas, regulamentos e ordens.
Os meios de controle, que podem ser classificados em três categorias:
·
Controle físico: é o controle
baseado na aplicação de meios físicos ou de sanções ou ameaças físicas. O
controle físico procura fazer com que as pessoas obedeçam através de ameaças ou
sanções físicas, da coação, da imposição, da força e do medo das consequências.
A motivação é negativa e baseia-se em punições. Corresponde ao poder coercitivo
(o funcionário pode se sentir pressionado
e produzir menos).
·
Controle material: é o controle
baseado na aplicação de meios materiais e de recompensas materiais. As
recompensas materiais são constituídas de bens e de serviços oferecidos. A
concessão de símbolos (como dinheiro ou
salário) que permitem adquirir bens e serviços são classificados como
material, porque o resultado para quem recebe é semelhante ao de meios
materiais. É o controle baseado no interesse, na vantagem desejada e nos
incentivos econômicos e materiais.
·
Controle normativo: é o controle baseado
em símbolos puros ou em valores sociais. Existem símbolos normativos (como o prestígio e estima) e sociais (como o amor e aceitação). É o controle
mora e ético, por excelência, e baseia-se na convicção, fé, crença e na
ideologia. A utilização do controle normativo corresponde ao poder
normativo-social ou poder normativo.
Cada tipo de controle provoca um padrão de obediência em função do tipo
de interesse em obedecer ao controle. A tipologia de organizações de Etzioni classifica as organizações com
base no uso e significado da obediência, dividem-se:
·
Organizações coercitivas: O poder é imposto pela força física ou controle baseados em
prêmios ou punições. Utilizam força como principal controle sobre os
participantes de nível inferior. Exemplos como campos de concentração, prisões,
instituições penais, etc.
· Organizações Utilitárias: O poder se
baseia no controle dos incentivos econômicos. Utilizam a remuneração como base
principal de controle. Os participantes de nível inferior contribuem para a
organização com um envolvimento "calculativo", baseado nos benefícios
que esperam obter. As empresas e o comércio estão incluídos nessa
classificação.
· Organizações normativas: O poder
baseia-se no consenso sobre objetivos e métodos da organização. Utilizam o
controle moral como principal influência sobre os participantes, por que eles
têm elevado envolvimento "moral" e motivacional. As organizações
normativas são chamadas "voluntárias" e incluem a igreja,
universidades, hospitais e organizações políticas e sociais.
Objetivos Organizacionais
As organizações são unidades sociais que procuram atingir objetivos
específicos: a sua razão é servir a esses objetivos. O objetivo organizacional
é uma situação desejada que a organização tenta atingir, é uma imagem que a
organização pretende para seu futuro. Se o objetivo é atingido, ele deixa de
ser a imagem orientadora da organização e é incorporado a ela como algo real e
atual. Os objetivos são estabelecidos por votos dos acionistas ou dos membros
da assembleia ou ainda pela pessoa que apresenta os acionistas ou que possui e
dirige a organização.
A eficiência de uma organização é medida pelo alcance dos objetivos
propostos. A competência da organização é medida pelo volume de recursos
utilizados para realizar a produção. A competência está ligada aos objetivos da
organização, mas não se confunde com eles. A competência cresce a medida que os
custos (os recursos utilizados)
decrescem.
A definição de objetivos é intencional,
mas nem sempre racional, pois é um processo de interação entre a organização e
o ambiente. Consiste em determinar as relações das organizações com a sociedade
mais ampla, ou seja, com o que a sociedade deseja e requer.
Existem cinco categorias de objetivos organizacionais:
·
Objetivos da sociedade: relacionados
com a sociedade em geral, como: produzir bens e serviços, manter a ordem
pública, criar e manter valores culturais. Procuram preencher as necessidades
da sociedade.
·
Objetivos de produção: relacionados com o
público que entra em contato com a organização, exemplos: bens de consumo,
serviços a empresas, educação. Trata-se de tipos de produção em termos das
funções do consumidor.
·
Objetivos de sistemas: relacionados
com a maneira de funcionar da organização, independentemente dos bens e
serviços que ela produz ou dos objetivos daí resultantes. Exemplos: ênfase nos
lucros, no crescimento e na estabilidade da organização. Trata-se da maneira
como funciona o sistema, independentemente dos produtos ou serviços que produz,
ou seja, tudo aquilo que pode tornar-se o objetivo para os participantes da
organização.
· Objetivos de produtos: relacionados com
as características dos bens e serviços produzidos. Exemplos: ênfase na
qualidade ou quantidade de produtos, variedade, estilo, disponibilidade,
originalidade ou inovação dos produtos.
· Objetivos derivados: relacionados
com os usos que a organização faz do poder originado na consecução de outros
objetivos. Exemplos: metas políticas, serviços comunitários, programas sociais,
programas comunitários, política de investimentos e localização das instalações
que melhorem a economia e o futuro das comunidades. As organizações criam poder
que é utilizado para influenciar seus próprios membros e o ambiente.
Ambiente Organizacional
As organizações vivem em um contexto ao qual denominamos ambiente. O
Ambiente é tudo o que envolve externamente uma organização. Para os
estruturalistas, o ambiente é constituído pelas outras organizações que formam
a sociedade.
A organização depende de outras
organizações para seguir o seu caminho e atingir os seus objetivos. A interação
entre a organização e o ambiente torna-se fundamental para a compreensão do
estruturalismo (a organização está inserida em um todo). A sociedade moderna é
uma sociedade de organizações. Os estruturalistas criticam o fato de que
conhecemos muito a respeito de interação entre pessoas, alguma coisa sobre a
interação entre grupos e pouquíssimos sobre a interação entre organizações e
seus ambientes.
Os estruturalistas ultrapassam as fronteiras da organização para ver o
que existe externamente ao seu redor: as outras organizações que forma a
sociedade, passando a se preocupar não somente com a análise organizacional,
mas também com a análise Inter
organizacional. A análise Inter
organizacional está voltada para as relações externas entre uma organização
e outras organizações no ambiente.
Conflitos Organizacionais
Os estruturalistas discordam de que haja harmonia de interesse entre
patrões e empregados (como afirmava a Teoria Clássica), ou de que essa harmonia
deve ser preservada pela Administração, através de uma atitude compreensiva e
terapêutica (como afirmava a Teoria das Relações Humanas). Ambas estas teorias
punham fora de discussão o problema do conflito, provavelmente em decorrência
do seu caráter prescritivo. Para os estruturalistas, os conflitos são elementos
geradores das mudanças e do desenvolvimento da organização.
Conflito significa a existência de ideias, sentimentos, atitudes ou
interesses que podem se chocar. Sempre que se fala em acordo, aprovação,
coordenação, resolução, unidade, consentimento, consistência, harmonia, deve-se
lembrar de que essas palavras pressupõem a existência de seus opostos, como
desacordo, desaprovação, dissenção, desentendimento, incongruência,
discordância, inconsistência, oposição, o que significa conflito.
As fontes de cooperação residem nas semelhanças de interesses, reais ou
supostos, entre indivíduos e organizações. As fontes de conflitos localizam-se
em alguma divergência real ou suposta de interesses que existem dentro de
um ‘continuum’ que vai desde uma colisão frontal de interesses
e completa incompatibilidade, em um extremo, até interesses diferentes, mas não
incompatíveis em outro extremo.
Conflito e cooperação são elementos integrantes da vida de uma
organização. Hoje, considera-se cooperação e conflito como dois aspectos da
atividade social nas organizações. Em situações de conflito, as possíveis
respostas em um grupo (ou de uma pessoa) podem ser caracterizadas em uma escala
geral, variando desde os métodos de supressão total e parcial até os métodos de
negociação e solução dos problemas.
O conflito gera mudanças e provoca inovações a medida que as soluções
são alcançadas. Todavia, essas soluções constituirão a base de novos conflitos
que gerarão novas mudanças, as quais provocarão outras inovações, e assim por
adiante. Se o conflito for disfarçado ou sufocado, ele procurará outras formas
de expressão, tais como o abandono do emprego ou o aumento de acidentes, que,
no fim apresentam desvantagens tanto para o indivíduo como para a organização.
Fonte e Sítios Consultados
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - “Teoria Geral da Administração” - Apostila
da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” -
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