Já pararam pra pensar que
muitas vezes aquele funcionário, ou chefe, do qual não gostamos por
determinados comportamentos, no fundo, tem algum motivo não aparente para se comportar
daquela maneira?
Se
um dos habitantes deixar a caverna, iria perceber que as sombras são apenas
reflexos obscuros de uma realidade mais complexa e que o conhecimento e as
percepções de seus antigos companheiros de caverna são imperfeitas e
distorcidas. Se ele voltasse à caverna, não seria mais capaz de viver como
antes, pois agora para ele o mundo seria um lugar bastante diferente. Sem
dúvida, teria dificuldade em aceitar seu confinamento e sentiria pena dos
companheiros. Se tentasse compartilhar com eles seu novo conhecimento, seria
provavelmente ridicularizado por suas ideias, porque, para os prisioneiros da
caverna, as imagens com as quais estão acostumados possuem muito mais
significado do que um mundo que eles nunca viram. Além disso, já que a pessoa
portadora desse novo conhecimento não seria mais capaz de agir com convicção em
relação às sombras, seus companheiros de prisão começariam a ver o mundo
exterior como um lugar perigoso, algo que deveria ser evitado. A experiência
poderia na verdade levá-los a se apegar ainda mais a sua maneira habitual de
encarar a realidade.”
A
Organização e o Inconsciente
Já vimos muitas vezes, principalmente
nos estudos sobre psicologia e psicanálise, que parte do nosso comportamento é
reflexo de informações, padrões ou experiências gravados no nosso inconsciente.
A base para este tipo de pensamento foi lançada por Sigmund Freud, que
argumentou que o inconsciente é criado quando os seres humanos reprimem seus
desejos e pensamentos secretos. Foi neste sentido que ele falou que a essência
da sociedade é a repressão do indivíduo e que a essência do indivíduo é a
repressão de si mesmo.
Organização
e Sexualidade Reprimida
Com relação aos processos
inconscientes, as maiores contribuições provêm de Sigmund Freud. Segundo sua
teoria, o inconsciente é criado pela repressão humana dos desejos e pensamentos
próprios. Torna-se um reservatório de impulsos reprimidos e traumas que podem
entrar em erupção a qualquer momento.
Freud estabeleceu uma separação muito importante entre o inconsciente e a cultura, que na realidade são dois lados de uma mesma moeda, ocultando ou manifestando formas de repressão.
Freud estabeleceu uma separação muito importante entre o inconsciente e a cultura, que na realidade são dois lados de uma mesma moeda, ocultando ou manifestando formas de repressão.
O inconsciente é a repressão
oculta enquanto a cultura é a repressão manifesta que permite a socialização
humana. Como comentado anteriormente, Freud afirma que a essência da sociedade
é a repressão do individual e a essência do individual é a repressão de si
mesmo. Portanto, o indivíduo é reprimido pela sociedade, manifestando-se pela
cultura, e reprimido por si mesmo ocultando-se no inconsciente.
Cultura, segundo Freud, é o
resultado da repressão de desejos e pensamentos ocultos no inconsciente. Estes
devem ser buscados numa análise mais profunda da cultura organizacional de uma
empresa.
Seus estudos com relação às organizações como prisões psíquicas resultaram na
linha denominada "organizações e sexualidade reprimida". Recebeu
críticas de mulheres do movimento feminista por entenderem que, como um homem,
abordou valores masculinos caindo na armadilha de seu próprio inconsciente de
preocupações sexuais.
Esse duplo aprimoramento, das estruturas organizativas do trabalho e da própria
conduta, coloca a organização como ideal do Ego (objeto de amor) e do Superego
(instância punitiva).
Organização
e a família Patriarcal
Essa relação de autoridade é
facilitada pelo longo período de dependência que a criança possui em relação
aos pais e impulsiona a dependência do individuo na tomada de decisões em
situações problemáticas. Outras características que são valorizadas nos
subordinados são a firmeza, o heroísmo, determinação, senso de obrigação e
autoadmiração narcisista, que são os mesmos valores que um pai espera de seu
filho, em muitos casos o senso paternal é tão intenso que o gestor age como
mentor do empregado.
Organização
Morte e Imortalidade
Ernest Becker afirma que
seres humanos são “Deuses com ânus”, nós somos a única espécie que possui
consciência da morte, e apesar de muitos acreditarem na vida eterna do
espirito, vivemos com essa condição e fugindo dela, engavetando-a em nosso
inconsciente.
Ele faz uma reinterpretação
da teoria de Freud sobre a sexualidade reprimida, ligando os medos de infância
ao nascimento e o desenvolvimento da sexualidade aos medos de nossas próprias
insuficiências, vulnerabilidade e mortalidade.
Organização
e ansiedade
Identificar o impacto das
defesas da infância contra a ansiedade sobre a personalidade adulta. Klein
defende que desde o começo da vida a criança sofre ansiedade associada com o
instinto da morte, o que chamamos de “ansiedade persecutória” e para lidar com
ela, a criança desenvolve diferentes mecanismos de defesa. Quando entramos na
vida adulta, continuamos utilizando esses mecanismos, o transportando para a
organização. Bion sugere que muitas vezes regredimos a padrões infantis para
nos protegermos de ocasiões desconfortáveis e quando problemas desafiam o
funcionamento do grupo, as energias são retiradas das tarefas e direcionadas
para a defesa da problemática. Os mecanismos mais utilizados são:
·
Dependência, onde o grupo não se sente
capacitado para ministrar a situação e acredita que precisam de instruções de
uma liderança para resolução. Essa situação é excelente para lideres
potenciais, porem o grupo em seu processo de defesa idealiza o líder, com
características utópicas, levando-o ao fracasso, assim como seus sucessores,
criando uma relação de dependência do grupo e impotência dos lideres.
·
Emparelhamento, acreditam que alguém surgirá
com todo o necessário para retirar o grupo de seus medos e ansiedades, criando
dependência e falta de iniciativas eficazes.
·
Luta-Fuga, o grupo projeta seus medos e
dificuldades em um “inimigo”, criando uma paranoia inconsciente e coletiva.
Esta ação une o grupo, porem pode distorcer a realidade e a capacidade de
enfrenta-la.
Os mecanismos de defesa
estão presentes em todas as pessoas e quando 'grupalmente' formam uma realidade
em que ameaças e preocupações, dentro da mente inconsciente, são incorporadas
ao mundo real.
O
inconsciente e a cultura corporativa
Partindo do
pressuposto que toda organização tem sua cultura explícita e implícita, onde os
padrões que as moldam além de preocupações comuns aos seus membros há também o
inconsciente permeando os processos.
Organizações
e ursos de pelúcia
A maioria das crianças tem
algum objeto que consideram especial. Os mesmos são usados a todo o momento e
torna-se quase inseparável. Caso ocorra algum evento com o mesmo, a criança
pode sentir-se ameaçada pois na fase do desenvolvimento das distinções entre
“eu” e “não eu” ela cria uma ilusão para desenvolver relações com o mundo exterior,
segundo Donald Winnicott, psicanalista.
Essa relação de objetos
transacionais continua na vida adulta, porém os objetos são substituídos por
outros e por experiências que ligam as relações de uma pessoa com o mundo
auxiliando na construção da identidade do indivíduo.
Organização,
Sombra e Arquétipo
Carl Jung apud MORGAN
focaliza duas interpretações da realidade organizacional, uma tenta compreender
a relação entre o consciente e o inconsciente como tendências opostas e defende
que o autoconhecimento implica em reconhecer essa oposição e lidar com a
contradição. Para o autor a tensão interna entre os opostos na tentativa de unificá-los
pode explicar algumas ações que exprimem mentiras, fraudes e sabotagens na
organização. A outra interpretação inclui a noção de arquétipos que são, pra
Jung, padrões que estruturam o pensamento, elaborados pelas experiências
herdadas e pela compreensão que o indivíduo tem do mundo organizado entre a
vida interior e a exterior. Nas organizações esses arquétipos ajudam os
indivíduos a se situarem e podem ser usados para compreender os processos
inconscientes através de grandes fatos que marcaram a história já que os
indivíduos são tomados como reprodutores de relações arquetípicas na tentativa
de dar sentido à vida e à existência das organizações.
Vantagens
da metáfora da Prisão Psíquica
· A metáfora incentiva-nos a desafiar as
premissas básicas sobre as quais vemos e sentimos nosso mundo.
· O “irracional” visto de uma nova perspectiva.
· Somos encorajados a integrar e administrar
tensões em vez de deixar que um lado domine.
· O enfoque do inconsciente pode desviar a
atenção para outras forças de controle.
· A metáfora subestima o poder dos interesses
constituídos em sustentar o “status quo”.
· Existe o perigo de que as ideias dadas pela
metáfora possam ser usadas para explorar o inconsciente em benefício das
organizações.
Fonte: Atividade em classe do 7º.Semestre do Curso de Administração.
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