Este estudo é baseado no quinto capítulo do Livro Fundamentos de Economia, de
Vasconcellos e Garcia, onde está
destacada a Demanda, a Oferta e o Equilibro de Mercado. Para estudarmos estes
itens, será necessário acompanharmos um breve histórico, já que os fundamentos
da análise da demanda ou da procura estão alicerçados no conceito subjetivo de
utilidade. A utilidade representa o Grau de Satisfação que
os Consumidores atribuem aos Bens e Serviços que podem adquirir no Mercado. Ou
seja, a utilidade é a qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as
necessidades humanas. Como está baseada em aspectos psicológicos ou
preferências, a utilidade difere de consumidor para consumidor (alguns preferem
cerveja, outros uísques e assim caminha a humanidade...).
A Teoria do Valor-Utilidade
contrapõe-se à chamada Teoria do Valor Trabalho, desenvolvida por alguns
economistas clássicos. A Teoria do Valor-Utilidade
pressupõe que o valor
de um bem se forma pela sua demanda, isto é, considera que o valor nasce da
relação do homem com os objetos. Representa a chamada Visão Utilitarista,
onde prepondera a soberania do consumidor, pilar do capitalismo. A Teoria do Valor
Trabalho considera que o valor de um bem se
forma do lado da oferta,
através dos custos do trabalho incorporados ao bem. Os Custos de produção eram
representados basicamente pelo fator mão de obra, em que a Terra era
praticamente gratuita (abundante), e o capital pouco significativo. Pela Teoria do Valor
Trabalho, o valor do bem surge da relação social entre homens, dependendo
do tempo produtivo que eles incorporam ao bem. Neste sentido, a Teoria do Valor
Trabalho é objetiva (depende de custos). Pode-se dizer que a Teoria do
Valor Utilidade veio complementar a Teoria do Valor Trabalho, pois não era mais
possível predizer o comportamento dos preços dos bens apenas com base nos custos
da mão de obra (ou mesmo custos em geral) sem considerar o lado da demanda (padrão
de gostos, hábitos, renda, etc.).
Resumindo, a Teoria do Valor-Utilidade
permitiu distinguir o valor de uso do valor de troca de um bem. O valor de uso
é á utilidade que ele represente para o consumidor. Valor de Troca se forma
pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do bem. A Teoria da Demanda
baseia-se na Teoria do Valor-Utilidade.
A
Utilidade Total e a Utilidade Marginal
No final do século passado, alguns
Economistas elaboraram o conceito de utilidade marginal e dele derivaram a
curva da demanda e suas propriedades. Tem-se que a utilidade total tende a
aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou serviço. Entretanto, a
utilidade marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo
consumo de mais uma unidade do bem, é decrescente, porque o consumidor vai
perdendo a capacidade de percepção da utilidade por ele proporcionada, chegando
à saturação. O chamado paradoxo da água e do diamante ilustra a importância do
conceito de utilidade marginal. Por que a água, mais necessária, é tão barata,
e o diamante, supérfluo, tem preço tão elevado? Ocorre que a água tem grande
utilidade total, mas baixa utilidade marginal (é abundante), enquanto o
diamante, por ser escasso, tem grande utilidade marginal e total.
A
Demanda de Mercado
Conceito: “A demanda ou procura pode
ser definida como a quantidade de um determinado bem ou séricos que os
consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo.” Essa procura
depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: o preço
do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou
preferência do individuo. Para se estudar a influencia dessas variáveis
consideram-se cada uma dessas “variáveis” afetando separadamente as
decisões do consumidor.
A
Lei Geral da Demanda
Há uma relação inversamente
proporcional entre a quantidade procurada
e o preço do bem.
É a chamada Lei
Geral da Demanda. Essa relação pode ser observada a partir dos conceitos de
escala de procura, curva de procura ou função demanda.
A relação quantidade/preço procurada
pode ser representada por uma escala de procura, conforme a apresentada abaixo:
Alternativas de preço ($)
|
Quantidade demandada
|
1,00
|
12.000,00
|
3,00
|
8.000,00
|
6,00
|
4.000,00
|
8,00
|
3.000,00
|
10,00
|
2.000,00
|
Os
economistas supõem que a curva ou a escala de procura revela as preferências
dos consumidores, sob a hipótese de que estão maximizando sua utilização, ou
grau de satisfação no consumo daquele produto. Ou seja, subjacente à curva há
toda uma teoria de valor, que envolve os fundamentos psicológicos do
consumidor. A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da
esquerda para a direita, refletindo o fato de que a quantidade procurada de
determinado produto varia inversamente com relação a seu preço. Matematicamente,
a relação entre a quantidade demandada e o preço de um bem ou serviço pode ser
expressa pela chamada função demanda ou equação da demanda:
Q = f(p)
d
Qd = Quantidade procurada de um determinado bem ou
serviço, num dado período de tempo,
P = preço do bem ou serviço.
A expressão Q = f(p) significa que a
quantidade demandada Q é uma função f do preço, isto é,
d d
depende
do preço P.
A curva de demanda é negativamente inclinada devido
ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito substituição e o efeito renda. Se
o preço de um bem aumenta, a queda da quantidade demandada será provocada por
esses dois efeitos somados:
a) Efeito
substituição: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem
similar que satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, o
consumidor passa a adquirir o bem substituto, reduzindo assim sua demanda. Por
exemplo: se o preço da caixa de fósforos subir demasiadamente, os consumidores
passarão a demandar isqueiros, reduzindo assim sua demanda por fósforo.
b) Efeito
renda: quando aumenta o preço de um bem, tudo o mais constante (renda do
consumidor e preços de outros bens constantes), o consumidor perde poder
aquisitivo, e a demanda por esse produto diminui. Assim, embora seu salário
monetário não tenha sofrido nenhuma alteração, seu salário “real”, em termos de
poder de compra, foi corroído.
Existem outras variáveis que afetam a demanda de um
bem, efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por
seu preço. Existe uma série de outras variáveis que também afetam a procura.
Para a maioria dos produtos, a procura será também afetada pela renda dos
consumidores, pelo preço dos bens substitutos (ou concorrentes), pelo preço dos
bens complementares e pelas preferências ou hábitos dos consumidores. Se a
renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos um bem
normal.
Existe também uma classe de bens que são chamados
bens inferiores, cuja demanda varia em sentido inverso às variações da renda;
por exemplo, se o consumidor ficar mais rico, diminuirá o consumo de carne de
segunda e aumentará o consumo de carne de primeira. Temos ainda o caso de bens
de consumo saciados, quando a demanda do bem não é influenciada pela renda dos
consumidores (arroz, farinha, sal, etc.).
A demanda de um bem ou serviço também pode ser
influenciada pelos preços de outros bens e serviços. Quando há uma relação
direta entre preço de um bem e quantidade de outro, eles são chamados de bens
substitutos ou concorrentes. Por exemplo, um aumento no preço da carne deve elevar
a demanda de peixe. Quando há uma relação inversa entre o preço de um bem e a
demanda de outro, eles são chamados de bens complementares (quantidade de
automóveis e preço da gasolina, quantidade de camisas sociais e preço das
gravatas, etc.).
E finalmente, a demanda de um bem ou serviço também
sofre a influencia dos hábitos e preferências dos consumidores. Os gastos em
publicidade e propaganda objetivam justamente aumentar a procura de bens e
serviços influenciando suas preferências e hábitos. Além das variáveis
anteriores que se aplicam ao nosso estudo da procura pela maior parte dos bens,
alguns produtos são afetados por fatores mais específicos, como efeitos
sazonais e localização do consumidor, ou fatores mais gerais, como condições de
crediário, perspectivas da economia, congelamentos ou tabelamentos de preços e
salários, etc.
Distinção
entre demanda e quantidade demandada
Embora
tendam a ser utilizados como sinônimos, esses termos têm significados
diferentes. Por demanda entende-se toda a escala ou curva que relaciona
os possíveis preços a determinadas quantidades. Por quantidade demandada
devemos entender um ponto especifico da curva relacionando um preço a uma
quantidade.
Fonte e Sítios Consultados
VASCONCELLOS, Marco Antonio S. e GARCIA Manuel E. Fundamentos de Economia. São Paulo, Saraiva, 2002
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