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Conteúdos de Administração e assuntos atuais.

18 de fevereiro de 2010

O estilo Brasileiro de Administrar

 
   O Estilo Brasileiro de Administrar


     A intensão deste artigo é tentar desvendar “o Estilo Brasileiro de Administrar”. Sabendo que esse é um estilo único e original, e que foi criado pelos dirigentes, gerentes e colaboradores que estavam envolvidos no convívio das nossas organizações e das características da cultura Brasileira. Com isso a ideia é compreender de uma forma mais crítica o comportamento social brasileiro, já que iremos abordar o seu comportamento organizacional. Diante da especificidade da nossa cultura, estamos encontrando o desafio de adaptar as mais novas tecnologias administrativas advindas de outras realidades culturas, muito diferentes da nossa cultura.


          Sabendo que estas tecnologias administrativas  vêem de longe, de povos diferentes, com costumes alimentares diferentes, línguas, símbolos, festas, heróis diferentes dos nossos, e só isso já é motivo para levantar uma dúvida na hora de implantar tal modelo administrativo estrangeiro. Será que a forma de administrar as empresas, em cada um dos países, possui características também diferenciadas? Afinal, os traços nacionais são à base das nossas organizações, e lá fora deve ser o mesmo caso, a solução então é fazer o uso correto desses conhecimentos e dessas tecnologias globais.

Quase nenhum sócio, seja qual for o sistema cultural a que ele pertença, está inteiramente dentro de uma época ou de um momento cultural”
    * Gilberto Freyre


     A importância da cultura brasileira nas organizações é clara, o que iremos fazer agora, é visualizar o estilo brasileiro de administrar, para que isso seja possível é preciso falar novamente sobre a nossa cultura. Iremos buscar um ângulo em que possamos compreender a sua ação, considerando não somente os traços peculiares de nossa cultura, mas principalmente a sua interação com outros traços, formando uma rede de causas e efeitos com várias facetas. E é claro que desde os anos 50 e 60, no mundo, uma corrente já afirmava que para as organizações prosperarem haveria a necessidade, somente, de aplicar eficientemente os conceitos de administração, e assim os objetivos seriam alcançados. Neste mesmo período chegavam ao Brasil, várias multinacionais, trazendo consigo as culturas vindas de longe, e que contrastavam fortemente com os traços culturais do nosso país, evidenciando o caráter, e a identidade nacional do brasileiro. Á medida que as ações econômicas das organizações não conseguiam sobrepujar o social e o cultural, havia uma clara necessidade de entender o modelo que estava sendo implantado. Nos tempos atuais, ainda que a globalização seja uma tônica das organizações, buscando unir as políticas econômicas a níveis de macro região, procura-se respeitar a identidade cultural e as barreiras sociais de cada país, onde estas organizações multinacionais estão instaladas.
     Temos que observar neste momento, os outros aspectos que estão ligados às representações desse universo que pode dar legitimidade à especificação da nossa cultura e da organização.



Modelo brasileiro de ação cultural.

    O modelo de ação cultural que analisaremos foi proposto por Prates e Barros (1996); e foi somente graças a estas pesquisas, que possível a caracterização de um sistema composto de quatro subsistemas:

. O institucional (ou formal) e o pessoal (ou informal);

. O dos líderes e o dos liderados.

    Eles apresentam traços comuns e traços especiais, que articulam o conjunto como um todo.


O institucional – é onde encontramos os traços culturais de espaço da “rua”, como define DaMatta (1987), enquanto o espaço da “casa” corresponde ao subsistema pessoal;

Subsistema dos líderes: reúne os traços encontrados naqueles que detêm o poder;


Subsistema dos liderados: abrange os aspectos culturais mais próximos daqueles subordinados ao poder:


    Adaptabilidade
Pode ser vista no caso das empresas ao se ajustarem a vários pacotes econômicos e no caso dos empregados quando estão em contato com técnicos do exterior, responsáveis pela implantação de processos tecnológicos importado.

   Criatividade
O brasileiro é criativo.
Ex Carnaval.

   Impunidade
É o elo que fecha a cadeia de valores culturais e que lhe dá realimentação crescente. A impunidade faz com que o poder dos líderes aumente ainda mais além de fortalecer a posição de espectador do brasileiro.



    É necessário frisar que qualquer um de nós pode encontrar certos características nos subsistemas alternativos, dependendo a situação em que nos encontramos, ora líderes, ora liderados.  Por outro lado, há momentos em que nos comportamos de forma impessoal e em outros momentos de forma pessoal.  Para darmos alguns exemplos de como podemos nos comportar de forma impessoal, é quando os critérios impessoais começam a dominar processos tratados de forma familiar, como a profissionalização da empresas familiar.  E quando nos comportamos de forma pessoal (relação entre pessoas), sobrepondo-se a critérios formais e regulamentos. Esse fenômeno pode ser chamado de familiarização, pois, quando todos são líderes, há um processo de horizontalização e, quanto aos liderados, há um processo verticalização.

  Os subsistemas estão divididos por traços culturais, que são os responsáveis pela não ruptura do sistema, são eles:


 . O paternalismo.

. A lealdade.

. O formalismo.

. A flexibilidade.


  - Vamos falar sobre o subsistema dos líderes.

     Na dimensão institucional, existe a concentração de poder e, ao seu lado, há o Personalismo e, somando os dois elementos, teremos o perfil do estilo brasileiro de liderar: O Paternalismo.


a) Personalismo: a referência para a decisão é a importância ou a necessidade da pessoa envolvida na questão, sobrepondo-se às necessidades do sistema no qual a questão está implantada, por exemplo, a palavra cidadão, no Brasil, pode conter sentido negativo, quando é marcada para impor a alguém o seu lugar. Quando se diz: “o cidadão tem que esperar um pouco”, “o cidadão não tem todos os documentos em ordem”, são falas negativas, a palavra cidadão não tem o viés de poder. O magnetismo exercido pela pessoa, por meio do seu discurso ou poder de ligações (relações com outras pessoas), e não por sua especialização. Ex. Governo Juscelino Kubitscheck, Jânio Quadros, Leonel Brizola e Fernando Collor.


b) Paternalismo: é a combinação dos dois traços já mencionados e apresenta duas facetas: o patriarcalismo e o patrimonialismo. O patriarcalismo é a face supridora e afetiva do pai, atendendo ao que dele esperam os membros do clã, e o patrimonialismo é a face hierárquica e absoluta, impondo a sua vontade a seus membros. E o Paternalismo existe tanto nos liderados quanto nos líderes, sendo o sistema de valores dos dois grupos, geralmente, complementares.


Subsistema institucional

(1) Postura de espectador: mutismo e baixa crítica, baixa iniciativa, pouca capacidade de realização por autodeterminação e a transferência de responsabilidade das dificuldades para as lideranças, por exemplo: “Se o poder não está comigo, não sou eu quem tomo a decisão, por essa razão, eu me ausento de qualquer responsabilidade”. A culpa tem contornos hierárquicos do chão para cima, por exemplo, se uma empresa vai mal, a culpa é do governo.



2) Formalismo: aceitação implícita das normas e regras, mas com uma prática distorcida. A discrepância entre a conduta concreta e as normas prescritas que se supõe regulá-la. Ele, o Formalismo, consiste em uma das formas mais significativas e relevantes de como a nossa cultura procura fugir das incertezas do futuro, são os meios de garantir maior segurança e evitar riscos futuros: Tecnologia, Leis e Religião. Afinal o brasileiro busca resultados imediatistas e de baixa capacidade de provisionamento, mostra uma postura s/ ansiedade para o que possa vir depois.




* Existem três formas de se transferir maior segurança e evitar riscos futuros:


a) Por meio da tecnologia (nos protegemos das ações da natureza e das guerras);

b) Por meio das leis (regras formais);

c) E da religião (através de sua ideologia, transmite segurança e calma em relação aos aspectos que transcendem a realidade humana).



3) Impunidade: os lideres estão ao largo das punições, fortalecendo suas posições de poder, dando maior consistência aos traços vistos anteriormente. A lei só existe para os indiferentes e os direitos individuais são concedidos para poucos. Isso faz com que a maioria desfavorecida torne-se cada vez mais um espectador. É o elo que fecha a cadeia de valores culturais e que lhe dá realimentação crescente. A impunidade faz com que o poder dos líderes aumente ainda mais além de fortalecer a posição de espectador do brasileiro



4) Lealdade pessoal: que é a contrapartida ao formalismo, a ética pessoal manifesta-se pela lealdade às pessoas. O membro do grupo valoriza mais as necessidades do líder e dos outros membros do grupo do que as necessidades de um sistema maior no qual está inserido. A lealdade pessoal é vista de forma errônea, em que o outro vê o líder como uma pessoa de confiança; esse líder será o elo que liga a rede, integrando todos os segmentos. Ele tem um papel de muita responsabilidade, pois será através dele que as pessoas depositarão seus ideais, identificando-o ou imitando-o. Isso faz com que ocorra uma grande coesão, mas, por outro lado, também pode se tornar frágeis as relações pessoais, gerando um certo conflito ou, então, uma estratificação entre as relações.



5) Evitar conflito: capacidade de intermediar conflitos entre líderes e liderados, o uso de soluções indiretas entre os pólos divergentes, mas que mantém boas relações pessoais com ambos. A sociedade brasileira tem uma “tendência” de evitar conflitos; O traço de evitar conflitos está muito mais presente no sentido liderado-líder. No sentido líder-liderado o primeiro não teme a existência do conflito. Ex, processo de redemocratização e transição do regime ditatorial para o democrático


Subsistema dos liderados

 Flexibilidade:

  Representa uma categoria com duas faces: a adaptabilidade e a criatividade. A adaptabilidade pode ser identificada na agilidade de se ajustar a algo novo e a criatividade tem o elemento inovador.

a) Adaptabilidade: podemos identificá-la na agilidade das empresas em ajustar-se a pacotes econômicos lançados pelo governo, e também a empregados das empresas que buscam inovar processos tecnológicos dentro das mesmas.


b) Criatividade: é sempre um elemento inovador que podemos notar em festas de carnaval, atividades esportivas, em que todos participam e não há um domínio hierárquico rígido.
  Portanto, o estilo brasileiro de administrar tem como base, a nossa cultura (portuguesa, italiana, indígena, africana, entre outras). Algumas dessas culturas marcaram mais, como a cultura africana e a indígena, que apesar de toda opressão, os traços são acentuados em nossa sociedade.   O entrosamento dessas raízes, influências e processos formadores do caráter do povo brasileiro permite apreender, de forma crítica, os comportamentos sociais dos brasileiros, que envolverá diretamente a formação do ambiente organizacional, haja vista que num simples aperto de mãos pode ter vários significados, que é dado por duas pessoas que acabaram de se conhecer, ou por dois namorados, ou se realizados entre pessoas que tinha uma inimizade anterior. Como fazer para simular o clima e as motivações? Podemos reconhecer que no Brasil pode ser visto como uma sociedade pluralista, com influencias raciais diversas, estados com fortes traços de culturas regionais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Estados com fortes valores econômicos e grande numero populacional, que imprimi manifestações fortes no cenário nacional.




 Sistema de Ação Cultural Brasileiro
     Várias são as análises e estudos que são feitos de diversas teorias de administração, umas caracterizam por aspectos mais mecanicistas, outras por aspectos comportamentais ou mais sociais. Vamos abordar o tipo de enfoque tem caracteriza a nossa matéria de Cultura Organizacional, que é da ênfase ao aspecto cultural. Observando os limites do ambiente em que estas organizações estão inseridas. Podemos afirmar que ações administrativas têm em sua essência cultura, que caracteriza o estilo de conduzir as organizações.
   E mesmo vindos de uma sociedade fechada em sua consciência, caracteriza pela quase centralização dos interesses do homem em torno de formas mais vegetativas da vida. Suas preocupações não saem do plano biológico com objetivos básicos de sobrevivência, embora de alguns anos prá cá essa situação esteja mudando radicalmente, precisamos aguardar para ver se vai se firmar neste caminho. E o seu aspecto de compreensão do universo que vive é limitado, pois há falta qualquer compreensão fora da órbita que gravita. Ainda temos muitos brasileiros que se encontram nesta situação. À medida que se amplia o poder de respostas que saem do seu ambiente e começa a dialogar com outros homens, fora do seu mundo, inicia-se um processo de consciência transitiva. E é através desse olhar crítico, que podemos agora partir para o desafio de ajustar as tecnologias administrativas de outras realidades e culturas diferentes à nossa realidade.

    “Conviver com os opostos é uma arte. E é esta a base de nossa arte de administrar”
  - DAMATTA (1984) -








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