Os brasileiros estão acompanhando, em plena Pandemia do Corona Vírus de 2020/21, um embate político sobre a obrigatoriedade da vacinação e a escolha das possíveis vacinas que estarão disponíveis para o uso aqui no Brasil. O fato é que essa discussão não leva a nada, já que trata-se apenas de políticos querendo medir sua força política. Em razão desse momento conturbado que vivemos, seria interessante verificarmos o que já aconteceu aqui no Brasil com relação à disputa política que envolveu a vacinação - a intensão é entender melhor o que esta acontecendo em nosso País.
Vamos acompanhar abaixo
a história da Revolta da Vacina.
A
Revolta da Vacina (1904)
Em
meados de 1904, chegava a 1.800 o número de internações devido à varíola no
Hospital São Sebastião. Mesmo assim, as camadas populares rejeitavam a vacina,
que consistia no líquido de pústulas de vacas doentes. Afinal, era esquisita a ideia
de ser inoculado com esse líquido. E ainda corria o boato de que quem se
vacinava ficava com feições bovinas.
No
Brasil, o uso de vacina contra a varíola foi declarado obrigatório para
crianças no ano de 1.837 e para adultos no ano de 1.846. Mas essa resolução não
era cumprida, até porque a produção da vacina em escala industrial no Rio só
começou em 1.884. Então, em junho de 1.904, Oswaldo Cruz motivou o governo a
enviar ao Congresso um projeto para reinstaurar à obrigatoriedade da vacinação
em todo o território nacional. Apenas os indivíduos que comprovassem ser
vacinados conseguiriam contratos de trabalho, matrículas em escolas, certidões
de casamento, autorização para viagens etc.
Após
intenso bate-boca no Congresso, a nova lei foi aprovada em 31 de outubro e
regulamentada em nove de novembro. Isso serviu de catalizador para um episódio
conhecido como Revolta da Vacina. O povo, já tão oprimido, não aceitava ver sua
casa invadida e ter que tomar uma injeção contra a vontade: ele foi às ruas da
capital da República protestar. Mas a revolta não se resumiu a esse movimento
popular.
Toda
a confusão em torno da vacina também serviu de pretexto para a ação de forças
políticas que queriam depor Rodrigues Alves – típico representante da
oligarquia cafeeira. “Uniram-se na oposição monarquistas que se reorganizavam,
militares, republicanos mais radicais e operários. Era uma coalizão estranha e
explosiva”, diz o historiador Jaime Benchimol.
Em
5 de novembro, foi criada a Liga Contra a Vacinação Obrigatória. Cinco dias
depois, estudantes aos gritos foram reprimidos pela polícia. No dia 11, já era
possível escutar troca de tiros. No dia 12, havia muito mais gente nas ruas e,
no dia 13, o caos estava instalado no Rio. “Houve de tudo ontem. Tiros, gritos,
vaias, interrupção de trânsito, estabelecimentos e casas de espetáculos
fechadas, bondes assaltados e bondes queimados, lampiões quebrados à pedrada,
árvores derrubadas, edifícios públicos e particulares deteriorados”, dizia a
edição de 14 de novembro de 1904 da Gazeta de Notícias.
Tanto
tumulto incluía uma rebelião militar. Cadetes da Escola Militar da Praia
Vermelha enfrentaram tropas governamentais na rua da Passagem. O conflito
terminou com a fuga dos combatentes de ambas as partes. Do lado popular, os
revoltosos que mais resistiram aos batalhões federais ficavam no bairro da
Saúde. Eram mais de 2 mil pessoas, mas foram vencidas pela dura repressão do
Exército.
Após um saldo total de 945 prisões, 461 deportados, 110
feridos e 30 mortos em menos de duas semanas de conflitos o Rodrigues Alves se
viu obrigado a desistir da vacinação obrigatória. O fato é que todos saíram perdendo. Os
revoltosos foram castigados pelo governo e pela varíola. A vacinação vinha
crescendo e despencou, depois da tentativa de torná-la obrigatória. A ação do
governo foi desastrada e desastrosa, porque interrompeu um movimento ascendente
de adesão à vacina. Mais
tarde, em 1.908, quando o Rio foi atingido pela mais violenta epidemia de
varíola de sua história, o povo correu para ser vacinado, em um episódio avesso
à Revolta da Vacina.
A diferença entre a situação de 1.904 e de 2.020 é de quem estava do lado da ciência e quem desejava desacredita-la. No ano de 1.904 quem era contrário a ciência eram os opositores do Governo, ou seja, quem estava fora do governo é que disseminavam noticias falsas para que o povo ficasse com medo de tomar a vacina. Já em 2.020, existem governos aqui no Brasil que fazem discursos contrários a ciência e espalham notícias infundadas - o problema é que atualmente existem meios de comunicação poderosos que alcançam milhões de pessoas em segundos, no mundo inteiro.
Fonte e Sítios Consultados
https://portal.fiocruz.br/noticia/revolta-da-vacina-2
https://tab.uol.com.br
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