No Brasil, o curso com maior procura no ensino superior é de Administração,
segundo dados do MEC do ano de 2009, o Brasil possuía mais de 1.800
instituições de Ensino Superior que ofereciam o curso de Administração. E mesmo
com esses números expressivos o Brasil é um país que insiste em confiar à
gestão profissional de seus negócios, sejam eles do setor privado ou público, a
pessoas sem formação acadêmica adequada e habilitação legal.
É necessário que se saiba que a profissão de Administrador, seja em
empresas privadas ou do setor público, encontra-se regulamentada desde o ano de
1965 pela Lei 4.769, de nove de setembro daquele ano, e com certeza, deveria
ser mais respeitada e valorizada pela sociedade, principalmente em razão da sua
importância para a boa saúde das empresas e para que a Administração Pública
possa desenvolver suas políticas com maior eficácia e eficiência.
No Brasil é comum acompanhar o desempenho mais do que pífio dos serviços
prestados pelo poder público, tais como serviços de saúde, educação, segurança
pública, prisional, de esportes e etc. Mesmo sabendo que o Governo nunca
arrecadou tanto nos últimos tempos, aquela contrapartida desejada nunca foi
alcançada. Embora tenhamos experimentado alguns avanços ainda continuamos sendo
ineficientes no atendimento das populações no que se refere aos serviços
essenciais e de responsabilidade do estado, em que pese a enorme massa de
recursos arrecadados em face de uma carga tributária considerada como uma das
mais altas do mundo.
O que mais chama a atenção é o descompasso marcante entre a arrecadação
excessiva do setor público e a qualidade dos serviços ‘atribuímos’ a uma gestão
não profissional - que invariavelmente é destinada e fica sob a
responsabilidade de pessoas despreparadas do ponto de vista do conhecimento
técnico-científico. Mesmo que as políticas públicas existentes sejam adequadas,
o problema sempre caíra sobre a gestão – e a razão disso acontecer é que se
tornou um lugar comum o preenchimento dos cargos públicos por pessoas
inabilitadas que desconhecem os conceitos básicos da Administração. E a
ocupação desses cargos por pessoas de qualquer formação acaba destinando essa
gestão a indivíduos leigos e despreparados que não irão alcançar os resultados positivos
que tanto esperamos – e no final, acabaremos vendo desperdícios e ineficiências
que invariavelmente serão sentidas por todos nós, mas principalmente por
aqueles a quem o estado tem a obrigação de não falhar, os desprotegidos
socialmente.
Estamos
falando sobre Administração, mas é óbvio que o mesmo raciocínio serve para todas
as outras profissões – mesmo o Brasil tendo adotado o princípio da profissão
regulamentada, aquele que garante que os serviços especializados e que
impliquem em conhecimentos também especializados sejam prestados por pessoas
com a qualificação exigida, como na medicina, contabilidade, economia,
engenharia e outros, sabendo que esse número passa de trinta profissões com
seus respectivos órgãos de controle e nelas incluídas a Administração. Mas é comum
que muitos ocupem a função de Administrador sem ter uma formação adequada.
Os
efeitos do exercício dessas profissões por pessoas não qualificadas podem ser
sentidos por diversos modos diferentes - alguns diretamente na saúde das
pessoas, outros na saúde econômica e financeira, sendo que nesses últimos os
efeitos acabam sendo escamoteados ou maquiados, mas sempre vêm à tona mediante
a ineficiência e a má qualidade dos serviços, falências, fechamento de filais
ou mesmo de toda a empresa, causando sempre muito sofrimento às populações.
É
verdade que no setor privado também, esse reconhecimento da necessidade de
profissionalização da gestão ainda não recebeu a merecida atenção e os reflexos
disso sempre acabam sendo desastrosos. Temos os mais altos índices de
mortandade de empresas. Segundo dados do SEBRAE, cerca de 60% das empresas
abertas no Brasil fecham as portas antes de completarem cinco anos de vida.
Segundo os proprietários das empresas extintas, a ausência de gerenciamento
profissional é o principal fator para o fechamento prematuro do negócio,
superando a falta de capital de giro.
Embora
isso não seja um privilégio só das empresas que são escopo do SEBRAE afinal, as
grandes empresas também passam por problemas sérios relacionados à sua gestão,
no todo ou de modo departamental. Sempre é possível acompanhar exemplos disso
na mídia, vez ou outra é possível acompanhar grandes conglomerados que vêm à
bancarrota, entre outros motivos é claro, por uma gestão equivocada provocada
pela falta de prestígio aos Administradores profissionais, inclusive levando a
sociedade a uma compreensão também equivocada do Administrador ao,
inapropriadamente, nomear os integrantes de seus Conselhos Consultivos ou
Conselhos de Administração de “Administradores”, quando na verdade os assim
denominados não são Administradores
propriamente ditos, já que eles deveriam ter uma habilitação legal.
Esse
uso indiscriminado da expressão “Administrador” só causa um imensurável
prejuízo à imagem do Administrador profissional em face dessa confusão
estabelecida quando se nomeia de “Administrador” aquele que embora não possua a
formação e habilitação de alguma forma encontra-se à frente de um processo
organizacional. E isso acontece tanto na iniciativa privada como para o setor
público, quando na verdade quem deveria exercer o cargo de administrador seria
somente aqueles que estivessem legalmente habilitados para exercer a atribuição
desse cargo. Mais do que eficiente e capaz, o gestor é um profissional
acostumado às mudanças e sabe o que é necessário para adaptar-se a elas devido
a sua formação adequada.
Esperamos que em algum momento aconteça esse reconhecimento definitivo
de que a Administração é para Administradores e que isso possa fazer com que tanto
o setor privado como as políticas públicas realmente se tornem eficientes e
eficazes para o nosso povo – contribuindo para que o nosso país consiga
alcançar o desenvolvimento que todos nós queremos.
Fonte e Sítios Consultados
http://www2.cfa.org.br
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