O mundo vive esse ano de 2020 num
cenário que revela um alto número de pessoas infectadas e mortas pelo surto
global conhecido por coronavírus (covid-19) que junto da sua letalidade ele tem
provocado mudanças de comportamento, caos social e uma grande disseminação de
boatos – será que é
possível equiparar o momento que vivemos agora, o coronavírus, com algum outro fato
histórico como a peste negra,
a gripe espanhola ou a gripe suína?
Vamos
saber mais sobre essas semelhanças.
Ratos e pulgas assolam a Europa e a Ásia
Segundo a obra ‘A História da Humanidade Contada pelos Vírus, Bactérias, Parasitas e
Outros Micro-organismos’ é possível ver como esses seres
microscópicos moldaram a evolução no planeta ao longo de milênios e, hoje, nos
ajudam a entender nossa própria origem na Terra - no século 14, a peste
negra gerou um pânico na população muito parecido ao que estamos vivendo agora.
As pessoas ficaram isoladas, ninguém saia às ruas, com medo de entrar em
contato com os miasmas, gases venenosos que supostamente estariam por trás da
doença”.
Claro que o ar não tinha nada a ver com a questão:
a peste bubônica, nome correto da condição, foi provocada pela bactéria Yersinia
pestis, que acaba transmitida ao ser humano por meio de pulgas que infestam
ratos e outros roedores.
Acontece que naquela época, a Europa e a Ásia eram um verdadeiro lixão a céu
aberto. Sem nenhum tipo de saneamento básico, as pessoas jogavam as
próprias fezes no meio da rua. Se um indivíduo passasse distraído no momento do
despejo de excrementos, corria o risco de voltar para casa completamente sujo e
fedido.
E esse cenário insalubre foi perfeito para que
ratos, pulgas e bactérias fizessem a festa. Estimativas dão conta que a
peste negra tenha matado entre 75 a 200 milhões de pessoas, praticamente um
terço de toda a população que vivia nessa região do planeta - O quadro O Triunfo da Morte, do
holandês Pieter Bruegel , dá uma noção poética e macabra do caos no
período da peste negra: corpos amontoados são levados em carroças puxadas por
caveiras. Mais dramático, impossível, não?
O quadro “O Triunfo da Morte”, do
holandês Pieter Bruegel, Museu do Prado, em Madrid (Espanha)
Ainda é possível ver
outras coincidências entre o período da peste negra e os tempos atuais: No
século 14, muita gente passou a adotar o hábito de pendurar dentes de alho no
pescoço, para se proteger dos ares contaminados, conta. Pois é, apostar em
soluções milagrosas (e aparentemente sem nexo) já é uma tradição de séculos…
Hoje, para combater o coronavírus, é possível encontrar receitas caseiras que
envolvem o mesmíssimo alho, ou outros ingredientes como o vinagre, o limão e a
cúrcuma. Infelizmente, isso não passa de crendice popular.
Ainda vale
mencionar que a própria noção de quarentena surgiu nesse período da história: a
então República de Veneza, cujo território hoje pertence à Itália, foi bastante
atingida pela peste negra (a epidemia provavelmente começou ali, acreditam
alguns historiadores). Um membro do clero sugeriu que se adotasse a restrição
de circulação livre das pessoas, especialmente daquelas que chegavam em barcos
e navios.
Sabe-se que
a escolha de 40 dias (ou quaranta giorgi, no bom italiano) obedeceu
a critérios bíblicos: algumas passagens
do Velho Testamento falavam desse tempo de isolamento para surtos de lepra
(ou hanseníase, nos tempos modernos). Claro que, hoje em dia, nem sempre o
período de reclusão completo é respeitado: as pessoas são liberadas de acordo
com a evolução da doença e quanto ela leva para provocar sintomas e ser
transmissível.
É óbvio que existem inúmeras e evidentes diferenças
entre a peste negra e a Covid-19, a doença provocada pelo novo
coronavírus. Para começo de conversa, a primeira é causada por
bactérias e a segunda por vírus. Também devemos levar em conta que a
ciência evoluiu muito nos últimos séculos: em 1 300 e pouco, nem se sabia da
existência de micro-organismos, que dirá de remédios ou vacinas eficazes de
combatê-los.
A gripe espanhola, que NÃO surgiu na Espanha e os conselhos ao povo da inspetoria de higiene:
·
EVITAR aglomerações, principalmente à noite.
·
NÃO fazer visitas.
·
TOMAR cuidados higiênicos com o nariz e a garganta...
·
EVITAR toda fadiga ou excesso físico
· O DOENTE, aos primeiros sintomas, deve ir para a
cama, pois o repouso auxilia a cura e afasta as complicações e contágio. Não
deve receber, absolutamente, nenhuma visita.
· EVITAR as causas de resfriamento, é de necessidade
tanto para os sãos, como para os doentes e convalescentes.
· AS PESSOAS IDOSAS devem aplicar-se com mais rigor
ainda todos esses cuidados.
Quem efetuar uma leitura rápida até pode pensar que
essas recomendações foram publicadas em algum site nos últimos dias para uma
campanha de prevenção contra o coronavírus, né? Porém, na verdade elas foram
escritas em 1918 e veiculadas em jornais da época com o objetivo de
conscientizar nossos bisavôs e bisavós sobre formas de se proteger da gripe
espanhola, que causava terror no mundo todo.
A GRIPE
ESPANHOLA É CONSIDERADA POR MUITOS ESPECIALISTAS A MÃE DAS PANDEMIAS:
Ela foi provocada pelo vírus influenza do tipo A H1N1, ele
contaminou mais de 500 milhões de pessoas e provocou entre 17 e 50
milhões de mortes. Ao menos um quarto de toda a população do planeta se
infectou com essa doença. No Brasil, estima-se que a gripe espanhola tenha
matado ao menos 35 mil pessoas. Entre elas, destaca-se o então presidente eleito Rodrigues Alves,
que estava pronto para iniciar um segundo mandato como chefe da república. O
político paulista não resistiu às complicações e morreu no dia 16 de janeiro de
1919.
De
acordo com a historiadora Christiane Maria Cruz de Souza, do Núcleo de
Tecnologia em Saúde do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Bahia, existe outro ponto em comum entre a gripe espanhola e a
Covid-19. “A liturgia das grandes epidemias é sempre muito parecida. Primeiro,
as autoridades negam que ela existe, uma vez que é algo desconhecido e com
potencial de abalar a economia e os sistemas de saúde. Muitos dos
discursos das autoridades no início da pandemia de 1918 se assemelham ao que
vemos hoje”, compara.
Em artigos científicos, a historiadora Christiane
Maria Cruz de Souza explorou como a gripe espanhola mexeu com o povo baiano.
“Bares fixaram anúncios dizendo que a cerveja curava a gripe. O povo, num ato
de desobediência civil, ignorava as orientações e seguia participando de
enterros ou indo às missas. A estátua do Nosso Senhor do Bonfim teve
que ser retirada do altar porque as pessoas faziam peregrinação para beijar os
pés do santo, o que virou um ponto de contágio”, relata.
Outro fator que assemelha o episódio de 1918 a 2020
é a questão do nome da doença: a pandemia do passado não começou na Espanha.
Acontece que esse país era um dos únicos estáveis e democráticos naquela época,
uma vez que muitas de suas nações vizinhas estavam envolvidas na Primeira
Guerra Mundial. Como a imprensa espanhola era relativamente livre, foi uma das
poucas a noticiar o aumento do número de casos e de mortes, o que gerou
esse estigma que perdura pelas décadas. Até hoje não se sabe ao certo
onde foi o início do problema, mas a maior suspeita são campos de treinamento
militar dos Estados Unidos.
Esse mesmo dilema é visto nos dias de hoje: apesar
de a Organização Mundial da Saúde ter
tomado o cuidado de botar um nome no vírus (Sars-Cov-2) e na doença (Covid-19)
que não tenham nada a ver com o seu nascimento na cidade chinesa de
Wuhan, alguns políticos insistem em fazer essa ‘estigmatização’: o presidente americano Donald Trump já usou o termo
“vírus chinês” algumas vezes. Esse discurso encontrou ressonância no
parlamento brasileiro, foi comum ver muitas postagens de alguns políticos
brasileiros fãs do Presidente Americano segundo seus equivocados passos. E alguns
atos geraram uma crise diplomática entre Brasil e China, um de nossos maiores
parceiros comerciais quando um político filho do presidente do Brasil postou
comentários infundados sobre a China.
Políticos da época
Mas deixemos de lado a política para voltar ao
mundo das curiosidades: um efeito colateral da gripe espanhola no nosso país
foi a criação de uma das mais tradicionais receitas brasileiras: a
caipirinha. Como informa a reportagem do jornal El
País, um dos remédios caseiros mais populares em São Paulo para
combater o vírus era uma mistura de cachaça, limão e mel, os ingredientes
básicos de nossa bebida mais famosa.
As
diferenças da gripe espanhola para a covid-19 são muito evidentes
- A
medicina passou por uma verdadeira revolução a partir da segunda metade do
século 20. Os cuidados com a higiene também melhoraram muito. Hoje, a
possibilidade de realizar pesquisas é significativamente maior, o que
dá esperanças de um controle mais rápido e efetivo da pandemia.
A Gripe suína, o perigo de ontem
É bom saber que algumas medidas tomadas atualmente
(como o isolamento social, quarentena…) são mais contundentes do que ocorreu em
2009, quando o mundo enfrentou a ameaça da gripe suína, provocada por uma
variação extremamente violenta do vírus H1N1.
O fato é que as pessoas não sabem ou não se lembram, mas há 11 anos também fecharam escolas, restringiram a circulação de
pessoas… Claro que foi numa intensidade muito menor, mas isso
aconteceu. Só que a grande diferença dessa pandemia de 2020 está no uso massivo
dos meios digitais de comunicação. A covid-19
é a primeira em que temos uma quantidade de informação enorme, disseminada por meio
de Whatsapp e redes sociais, o que pode ser bom ou muito ruim.
Para quem não se lembra bem dos estragos de 2009,
aqui vai uma breve recordação: a crise se originou no México em março e abril
daquele ano e se espalhou para mais de 75 países em três meses. Estima-se que
foram de 700 milhões a 1,4 bilhão de casos e entre 150 mil e 575 mil
mortes, segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados
Unidos.
A grande diferença é que em 2009 existia a
possibilidade de uma vacina em curto prazo, coisa que não possuímos agora. As
estimativas mais otimistas dão conta que um imunizante contra o coronavírus
estará disponível dentro de 18 meses. Essa deve ser a solução para
esse problema em longo prazo.
Apesar de todas essas comparações históricas, o fato
é que nenhuma pandemia é 100% igual às anteriores. No cenário atual,
temos mais incertezas que verdades absolutas. Só nos resta então,
seguir as autoridades em saúde pública e respeitar as recomendações que parecem
dar certo em outros países:
· Lavar as mãos com regularidade,
· Ficar isolado em casa e
· Evitar o contato físico com outras pessoas.
Pandemia da AIDS
No ano de 1981, uma das principais
causas de morte no cenário mundial foi denominada Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (AIDS, na sigla em inglês). Originalmente, o vírus parecia atingir a
comunidade masculina homossexual nos Estados Unidos, mas logo ficou claro que o
vírus se espalhou despercebido, na maior parte do mundo. E não discriminou suas
vítimas. Em 2007, já havia levado 25 milhões de vidas.
E a sua causa, o vírus da imunodeficiência humana
(HIV), só foi identificada em 1983, quando ficou claro que ele se espalhava,
principalmente, através da relação sexual desprotegida. E também foi
identificado o contágio entre usuários de drogas através do compartilhamento de
agulhas, bem como através de transfusões de sangue não filtrada. Nas décadas seguintes,
a taxa de infecção aumentou drasticamente, assim como a taxa de vítimas
mortais. Mas, eventualmente, novos tratamentos antirretrovirais começaram a
estender as vidas daqueles que foram infectados.
Estimava-se
que desde o seu começo, a pandemia de HIV/aids foi capaz de infectar quase 78 milhões
pelo HIV e cerca de 39 milhões haviam morrido de aids. Em todo o mundo,
estima-se que cerca de 35 milhões de pessoas viviam com aids ao final de 2013 –
sabendo que a África Sub-Saariana era a região mais afetada do mundo, com quase
1 em cada 20 adultos vivendo com HIV e representava cerca de 71% das pessoas
vivendo com HIV em todo mundo (OMS).
É fato que desde a detecção
dos primeiros casos de aids nos EUA até o desenvolvimento de medicamentos
eficazes no tratamento da doença assistiu-se em todo mundo a uma impressionante
mobilização pela prevenção da infecção e cuidado das pessoas com HIV/aids,
forjando um novo tipo de ativismo que teve profundo impacto no desenho da
resposta à epidemia em todo o mundo, e especialmente aqui no Brasil.
Também é preciso registrar
que o efeito paradoxal do desenvolvimento de respostas biomédicas eficazes,
mais recrutamento de parte do ativismo como linha auxiliar de prestação de
serviços ao Estado esvaziaram o ‘momentum’ político da mobilização ‘anti-aids’,
o que se agravou ainda mais com a crise econômica global de 2008. A retração de
tradicionais financiadores das atividades de organizações da sociedade civil,
incluindo agências internacionais, agravou ainda mais o quadro, levando à
situação presente de escassa mobilização e concentração da “ajuda internacional”
nas mãos de poucas agências, em sua maioria privadas, criando um importante
déficit democrático na possibilidade de negociação de iniciativas de políticas
públicas, especialmente com países que dependem fortemente de recursos externos
para a sua implementação, como é o caso justamente da parte do mundo mais
fortemente afetada pela pandemia.
No final dos anos 90 e
começo do século 21, governos passaram a buscar uma espécie de aliança para
lidar com um tema urgente naquele momento: como garantir que milhões de pessoas
contaminadas pelo vírus HIV tivessem acesso aos tratamentos que,
gradativamente, começavam a prolongar a vida das pessoas.
AIDS X COVID-19
Alguns
pesquisadores e médicos comentam de um paralelo histórico indireto do HIV. Em números e em comportamento dos
vírus, as duas doenças não são iguais, ponderam especialistas. Ao longo das
quatro décadas desde os primeiros casos registrados, mais de 30 milhões de
pessoas morreram em decorrência da aids - dado que ainda não é concreto com
relação à covid-19. Além disso, trata-se de formas distintas de contágio: o HIV
pode ser transmitido de mãe para filho, no compartilhamento de agulhas e
seringas ou pelo sexo, enquanto o Sars-CoV-2 se espalha por gotículas de
saliva, em espirros e tosse, por exemplo. "O HIV usa nosso sistema
imunológico para faz O HIV usa nosso sistema imunológico para fazer sua
replicação, baixando a imunidade das pessoas. Isso acontece de forma bastante
lenta, e a gente começa a ficar vulnerável a doenças oportunistas. Diferente do
novo coronavírus, que penetra na via inalatória e vai predominantemente pro
pulmão - onde faz uma cascata inflamatória, levantado a uma inflamação pulmonar
maciça", explicam os infectologistas. "A gente sabe também que o
corona pode invadir outras células, principalmente do coração, fazendo uma
miocardite (inflamação do músculo do coração) e pode invadir células do sistema
nervoso central - mas isso é mais raro e
muito cedo para afirmarmos completamente.
A COVID-19 (do inglês Coronavirus
Disease 2019) é uma doença infeciosa causada pelo coronavírus
da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) - os sintomas mais comuns
são febre, tosse e dificuldade em respirar. Cerca de 80% dos casos
confirmados são ligeiros ou assintomáticos e a maioria recupera sem
sequelas. No entanto, 15% são infeções graves que necessitam de oxigênio e
5% são infeções muito graves que necessitam de ventilação assistida em
ambiente hospitalar. Os casos mais graves podem evoluir para pneumonia grave
com insuficiência respiratória grave, falência de vários órgãos e morte.
Essa doença é transmitida através de gotículas produzidas
nas vias respiratórias das pessoas infetadas. Ao espirrar ou
tossir, estas gotículas podem ser inaladas ou atingir diretamente a boca, nariz
ou olhos de pessoas em contato próximo. Estas gotículas podem também
depositar-se em objetos e superfícies próximos que podem infetar quem nelas
toque e leve a mão aos olhos, nariz ou boca, embora esta forma de transmissão
seja menos comum. O intervalo de tempo entre a exposição ao vírus e o
início dos sintomas é de 2 a 14 dias, sendo em média 5 dias. Entre
os fatores de risco estão a idade avançada e doenças crônicas graves
como doenças cardiovasculares, diabetes ou doenças pulmonares. O
diagnóstico é suspeito com base nos sintomas e fatores de risco e confirmado
com ensaios em tempo real de reação em cadeia de polimerase para detecção
de ARN do vírus em amostras de muco ou de sangue.
Entre as
medidas de prevenção estão a lavagem frequente das mãos, evitar o contato
próximo com outras pessoas e evitar tocar com as mãos na cara. A
utilização de máscaras cirúrgicas é recomendada apenas para pessoas
suspeitas de estar infetadas ou para os cuidadores de pessoas infetadas, mas
não para o público em geral. Nesta data (21/04/2020) ainda não existe
vacina ou tratamento antiviral específico para a doença. O tratamento
consiste no alívio dos sintomas e cuidados de apoio. As pessoas com casos
ligeiros conseguem recuperar em casa. Os antibióticos não têm
efeito contra vírus.
O SARS-CoV-2 foi identificado pela primeira vez
em seres humanos em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China. Pensa-se
que o SARS-CoV-2 seja de origem animal. O surto inicial deu origem a uma
pandemia global que à data de 21 de abril de 2020 tinha resultado em
2 544 770 casos confirmados e 175 622 mortes em todo o
mundo. Os coronavírus são uma grande família de vírus que causam várias
doenças respiratórias, desde doenças ligeiras como a constipação até
doenças mais graves como a síndrome respiratória aguda. Entre outras
epidemias causadas por coronavírus estão a epidemia de SARS em 2002-2003 e a
epidemia de síndrome respiratória do Médio Oriente (MERS) em 2012.
Fonte
e Sítios Consultados
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