Antes de iniciarmos este tema é
preciso saber que as Imagens são diversas formas de análise da
organização, e é por esta razão que muitos administradores precisam
desenvolver habilidades que possibilitem ‘a arte’ de ler diversas situações
pelas quais eles estarão tentando organizar ou administrar uma organização.
Sabe-se que esse processo de fazer a leitura da vida organizacional, também
conhecido como análise formal ou diagnóstica das organizações é baseado na
aplicação de algum tipo de teoria à situação que está sendo considerada.
Nas
Imagens da Organização, Gareth Morgan apresenta uma abordagem sobre as
organizações a partir de metáforas que permitem vê-las como máquinas, organismos,
cérebros, culturas, sistemas políticos, prisões psíquicas, fluxos de
transformação e instrumentos de dominação. A intensão parece
ser a de demonstrar o quanto o universo das organizações vem se tornando cada
vez mais complexo e repleto de ambiguidades enquanto nossa habilidade de
interpretá-lo não está seguindo o mesmo rumo. De acordo com Morgan, não
há mais espaço para uma visão simplista das organizações, administradas como se
fossem máquinas desenhadas para atingir objetivos predeterminados, que tendem a
limitar, em lugar de ativar, o desenvolvimento das capacidades humanas.
Num primeiro momento o livro "Imagens da Organização" nos
indicará que as nossas teorias e explicações da vida organizacional estão
baseadas em metáforas que nos levam a ver, compreender e diagnosticar problemas
e situações organizações de formas específicas e isso só acontece em razão
das Metáforas serem frequentemente vistas apenas como artifício
para embelezar o discurso, ou seja, usamos uma metáfora sempre que
tentamos compreender um elemento da nossa experiência em face de outro. A
partir das metáforas é possível ter uma visão diferenciada para a explicação de
muitos dos fenômenos que são comuns nas empresas e permitindo a criação de
"imagens organizacionais" que veem essas corporações como: máquinas,
organismos vivos, cérebros, culturas, sistemas políticos, prisões psíquicas,
fluxos e transformações e como instrumentos de dominação. Gareth Morgan, de forma lógica e criativa, discorre sobre os mais
diferenciados fenômenos e situações que tão bem se assemelham às imagens acima
citadas. Dentro dessa concepção, a forma mecânica de pensar, arraigada nas
nossas mentes durante tantas décadas, alicerçou o estilo burocrático criando
dificuldades para a entrada de novas percepções organizacionais, prevalecendo
assim, a imagem da empresa constituída de partes que se interligam formando o
funcionamento do todo, “a máquina".
É
claro que não se pode ignorar as contribuições criativas que o potencial humano
é capaz de fornecer, quando lhes são oferecidas as oportunidades apropriadas.
As organizações precisam desenvolver uma racionalidade reflexiva e
‘auto’ organizadora necessárias ao constante processo de adaptação às
situações de mudança que o desenvolvimento tecnológico requer sem o qual
estarão condenadas à morte. Com esta abordagem e por considerar que os
seres humanos têm grande influência sobre aquilo que o seu mundo pode ser é
que Morgan focaliza a organização sob diversos ângulos,
explorando metáforas que, quando analisadas em conjunto, oferecem importantes
subsídios para uma melhor interpretação do universo multifacetado da vida
organizacional.
Quando se utiliza da metáfora das máquinas,
Morgan demonstra o quanto a busca pela precisão e eficiência subvalorizou os
aspectos humanos da organização, subestimando a capacidade dos trabalhadores de
resolver problemas complexos e imprevisíveis, revelando grande dificuldade para
adaptar-se à mudanças. A organização mecanicista desencoraja
a iniciativa e encoraja a apatia e falta de orgulho pelo trabalho
desempenhado, desestimulando desafios. A atualidade já demonstra
que necessita de métodos organizacionais que ativem, ao invés de limitar, o
desenvolvimento da capacidade intelectual do trabalhador. Enquanto na
metáfora da máquina o
conceito de organização é o de uma estrutura estática e fechada, na metáfora do organismo o
conceito de organização é o de uma entidade viva, em constante mutação,
interagindo com seu ambiente na tentativa de satisfazer suas necessidades e
adaptar-se a circunstâncias ambientais.
Como um organismo vivo, com elementos diferenciados, mas integrados, que tendem a se organizarem, numa interação constante com o ambiente, influenciando e sendo ‘influenciado’ por ele, a organização sai em busca de sua própria sobrevivência. Sob outro ângulo a organização, de modo similar ao cérebro, pode ser vista como um sistema de processamento de informações capaz de aprender a aprender, e através da aprendizagem, num processo que estimule flexibilidade e criatividade, recriar-se. Em circunstâncias que mudam é importante questionarmos os procedimentos que estão sendo desenvolvidos, para que de forma ‘auto’ reguladora possam ser monitoradas as modificações necessárias à nova situação. O processo de aprender a aprender depende da habilidade de permanecer aberto às mudanças que estão ocorrendo no ambiente e à habilidade de desafiar hipóteses operacionais com certo grau de abertura e autocrítica nada familiar aos moldes mecanicistas - qualquer movimento no sentido da auto-organização deve ser acompanhado por importantes mudanças de atitudes e valores.
É com essa abordagem que Morgan nos conduz à
metáfora da cultura, já que é a cultura que
delineia o caráter da organização. Assim, a cultura corporativa pode facilitar
ou dificultar a atividade organizacional, pois, uma mudança efetiva depende
de mudanças nos valores que devem guiar as ações. As crenças e as ideias
que as organizações possuem de si mesmas, bem como daquilo que pensam fazer com
respeito a seu ambiente, influenciam sobremaneira na materialização de seus
objetivos, encorajando-os também para a formulação de sua estratégia
empresarial. A estratégia empresarial, no entanto,
é baseada em interesses muitas vezes divergentes e desagregadores, daí o uso da
metáfora dos sistemas políticos em que
pessoas interdependentes com interesses divergentes se unem com o propósito de
satisfazer as suas necessidades básicas, desenvolver uma carreira
profissional ou de perseguir metas fora de seus trabalhos.
Embora as organizações sejam
realidades socialmente construídas, elas acabam por desenvolver um poder
próprio capaz de exercer controle sobre seus criadores. Assim, utilizando-se da
metáfora da prisão psíquica,
Morgan tenta demonstrar como as pessoas podem ficar prisioneiras de ideias,
pressupostos falsos, crenças preestabelecidas, regras operacionais sem
questionamento que combinados formam pontos de vista muito estreitos do mundo,
o que acaba por funcionar como uma resistência inconsciente a mudanças na organização,
e eliminando a possibilidade de ações associadas a visões alternativas da
realidade. Muitos dos problemas que as organizações encontram ao lidarem
com seu meio ambiente se acham intimamente ligados com o tipo de identidade que
tentam manter, ignorando flutuações consideradas ameaçadoras à sua ‘auto’
referência. Entretanto, a organização vista como fluxo de transformação revela que
indivíduos e organização têm possibilidade de escolher o tipo de ‘auto’ imagem
que irá guiar suas ações e delinear seu futuro. Nesse sentido, deve-se
considerar que as organizações se transformam em conjunto com seu meio
ambiente, levando a compreender que o padrão de organização que se vai
revelando com o passar do tempo é evolutivo.
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