O autor Gareth
Morgan, do livro Imagens da
organização nos relata
no capítulo 6 casos onde a
influência da política está presente nas organizações, seja pelo ponto de vista
dos empregados ou do empregador. Não importa qual o lado, ela está presente.
Isso ocorre porque o ser humano coloca suas filosofias em tudo aquilo que
participa e não seria diferente nas organizações. A personalidade e desejos de
cada um são aliados à filosofia da empresa, e onde elas divergem dá-se origem a
uma “guerra” às vezes não declarada e, mas raro, bem acirrada.
É comum
que essas situações sejam encontradas com mais facilidade nas empresas
familiares, onde o proprietário coloca sua vontade acima de tudo, até mesmo dos
interesses da organização na clássica frase: eu mando e quem tem juízo obedece.
Gareth cita exemplos como a demissão
de Lee Iacocca, um executivo muito
bem sucedido da Ford, pelo seu presidente
Henry Ford II por “divergências no modo de pensar”, porém cogita-se a
possibilidade de Iacocca ter ficado “importante” demais, desviando os holofotes
de Henry.
Porém,
percebe-se durante a leitura desse texto que a política não é específica das
empresas administradas pelos seus proprietários, isso porque ela também está
presente nos sistemas de ‘cogestão’ - que
é quando os empregados adquirem o poder através da aquisição de uma massa
falida e resolvem, eles mesmos, fazer a administração - por vezes, com sucesso.
É fato
que durante uma competição acirrada existe sempre a chance de acontecerem algumas
atitudes pautadas em interesses pessoais. Os protagonistas usam de suas
habilidades políticas, nem sempre tão éticas, para alcançar os objetivos. O
Poder na política é quem resolve os conflitos, e assim, os interesses giram em
torno dele, de presidentes a operários, todos fazem política a fim de
sobreviverem e progredirem em suas atividades.
O autor Gareth, cita o cientista político
americano Robert Dahl, “sugerindo que o poder envolva habilidade
para conseguir que outra pessoa faça alguma coisa que, de outra forma, não
seria feita”. Daí surge várias fontes de poder, entre elas, a autoridade
formal, a primeira e clara fonte de poder numa organização - por ser legitimado
é respeitado e conhecido por aqueles com quem se interage. Segundo Weber, a legitimidade é uma forma de
aprovação social essencial para estabilização das relações do poder.
Morgan também cita as organizações pluralistas: caracterizadas por tipos idealizados de
democracias liberais em que, potencialmente, as tendências autoritárias são
mantidas sob controle pelo livre jogo de grupos de interesses que têm alguma
semelhança com governo político. Ou seja, a negociação é parte importante para
criar uma unidade a partir da adversidade, como pregava Aristóteles, como ideal
político.
Quando o
administrador encontra a fonte do problema, cabe a ele reunir forças para
resolvê-lo e para isso é preciso imbuir à equipe num só objetivo - trata-se de
uma ideologia unicista de equipe, onde todos devem contribuir para não dar
lugar aos conflitos.
Morgan cita os cinco estilos de resoluções de conflito:
·
Competitivo;
·
Colaborador;
·
Compreensivo;
·
Impeditivo e
·
Acomodador.
Existe
uma grande tendência a associar a política com algo que seja ruim – isso deve acontecer
por causa da visão negativa que ‘temos’
de alguns políticos, mas não é bem assim, a política não tem esse caráter tão
medonho, são algumas pessoas que desvirtuam as verdadeiras características da
política para alcançar os seus objetivos a qualquer preço. Atualmente é
possível verificar que a política e a ética podem coabitar - tudo depende do
caráter de quem faz e do meio em que se faz política.
De acordo
com Nietzsche, os seres humanos têm
o desejo de poder, de dominação e de controle, mas é obrigatório reconhecer que
as tensões entre um indivíduo do setor particular e outro individuo do setor
organizacional incentivam que os indivíduos ajam politicamente. Depois deste
artigo talvez passemos a ver a política em todos os ambientes, inclusive nas organizações
ou no particular - onde algum ato inocente como servir um café ao amigo pode
ser visto como um ato político de alguém que quer tirar proveito dessa gentileza
posteriormente, mas não é bem assim. Encerramos este, repensando sobre essa
ultima ideia, de que uma competição acirrada é capaz de nos levar a pensar
dessa forma negativa, porém, seria mais útil que pudéssemos ter uma visão mais
ampla do que é a política e de como podemos utilizar esse mecanismo a nosso
favor. Afinal, de todo conflito sempre é possível tirar algum ensinamento.
Fonte
e Sítios Consultados
Morgan, Gareth, Imagens da
Organização, Editora Atlas S. A. São Paulo, 1996
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