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28 de março de 2016

FUNCIONAMENTO DA ECONOMIA CAPITALISTA, um estudo




ü Objetivo da Economia
O objeto deste estudo da Teoria Macroeconômica e sobre o nível da atividade econômica das sociedades capitalistas – é de saber dos determinantes da riqueza produzida pelas sociedades - nas economias capitalistas a produção é uma atividade privada, a riqueza é uma mercadoria e a instituição por meio da qual se obtém a coordenação é o mercado.
No capitalismo há o predomínio da propriedade privada dos meios de produção. Cabe ao proprietário decidir o que, quanto e como produzir, dando-lhe autonomia. No entanto isto não garante que se tornem autossuficientes, pois existe uma divisão do trabalho característica do capitalismo. Daí o caráter paradoxal de autonomia e dependência.
Outro ponto a esclarecer é que a economia capitalista é constituída de unidades produtivas e especializadas que produzem mercadorias, (firmas ou empresas) para a venda. Cada produtor irá transformar este produto em riqueza por meio da troca por uma certa quantia de dinheiro. Por outro lado a autonomia do produtor tem como contrapartida a incerteza quanto a aceitação de seus produtos, pois depende de decisões de compras que são outros agentes econômicos. Enfim o produtor ao tomar a decisão de produzir ignora a sua receita, e também ignora se seu produto é uma riqueza, ou seja, pode ser que não há utilidade para os outros.
Outro aspecto que merece esclarecimento é que no capitalismo inexiste regra para distribuição da riqueza. Cada proprietário busca se apropriar da maior quantidade possível de dinheiro, e por conseqüência maior parcela da riqueza social. O que determina a distribuição, neste tipo de sociedade é a concorrência e este processo se dá no mercado.
Cada mercado é constituído pelo conjunto de ofertantes e demandantes. Os ofertantes são proprietários da coisa para a venda, os demandantes são os proprietários de dinheiro disponível para o gasto.
Quanto há um acordo entre o ofertante e o demandante quanto aos termos de uma operação de compra e venda produz-se uma relação mercantil entre eles, e isto ocorre através de um contrato, que pode ser a vista ou não. Neste último caso o contrato tem por objetivo tornar relativamente estáveis algumas das relações mercantis, amenizando seu caráter incerto e temporário. Contrato de trabalho, contrato de condições de fornecimento de insumos fixando quantidades, preços e prazos de entrega das mercadorias são alguns exemplos de contrato - somente na sociedade capitalista a maior parte da produção tem por objetivo converter riqueza nova em dinheiro.

Em resumo, no capitalismo existem quatro instituições que se interligam, a saber:
Ø Propriedade privada,
Ø Dinheiro,
Ø Produção de mercadorias e o
Ø Trabalho assalariado.

Cabe aos empresários que são proprietários dos meios de produção decidir:
·        Como serão utilizadas,
·        Contratação dos serviços de trabalhadores assalariados e
·        Transformar a mercadoria produzida em dinheiro, ou seja, riqueza.
Para isso definiremos dinheiro como aquela instituição cujas funções são: atuar como medida de valor, meio de troca, meio de pagamento e reserva de valor, é a mais líquida reserva de valor - para entendermos como essas instituições interagem no mercado, temos que definir o que é demanda.  
  
Princípio da demanda efetiva
A teoria econômica predominante no início do século 20, principalmente a teoria neoclássica. Esta teoria tem como suposto a “ley de Say”, segundo a qual ... o processo de produção capitalista é, também, um processo de geração de rendas (lucro, salário, aluguéis, etc...) e, por isso, a oferta cria sua própria demanda. Acrescente-se a isto a ideia de ajustamento automático da economia e teremos uma conclusão importante: o sistema econômica, considerado como um todo, não pode admitir desemprego involuntário.  Se desemprego houver, ele será temporário, esporádico e parcial. Esta a posição teórica da principal corrente econômica da época. A realidade dos fatos desmentia a teoria. O desemprego na Inglaterra continuava grande persistente desde o inicio de 1920. Este desemprego alastrava-se por vários outros países da Europa. Nos Estados Unidos, após a quebra da bolsa de New York, a porcentagem de desempregados assume proporções alarmantes.
Como reagiam os principais teóricos da época diante de um quadro destes? Como explicavam eles esse descompasso entre a teoria e prática? Ou melhor, porque persistiam em defender uma teoria que teimava em negar os fatos? A explicação destes autores levava em conta o lado dos trabalhadores (salários e sindicalismo) e o lado das empresas (monopólio e oligopólio).
Do lado dos trabalhadores, diziam os defensores da teoria tradicional, o salário já não obedece á lei da oferta e da procura. Um novo fato institucional, o sindicalismo, impede que os salários desçam, e, com isso, rompe-se artificialmente a lei da oferta e da procura de trabalho. Os salários estão mais altos do que estariam se funcionasse o livre de jogo do mercado. As empresas deixam de contratar quando os salários se elevam muito e isto gera desemprego. Portanto, a causa do desemprego são os altos salários.
Do lado das empresas também havia problemas. Os neoclássicos sempre foram defensores decididos da concorrência perfeita. |Por concorrência perfeita entenda-se aquela estrutura de mercado em que prevalece grande número de pequenas empresas, nenhuma delas com poder sobre o mercado, produto homogênio, mobilidade de fatores, etc. Ora, as empresas do início deste século estavam afastando-se deste modelo. Surgiram monopólios e oligopólios destruindo as características da concorrência perfeita e, portanto a possibilidade de autoajustamento da economia. Portanto a causa da crise eram os monopólios e os oligopólios.
John Maynard Keynes coloca-se frontalmente contra essa linha de pensamento. O contexto no qual surge a obra de Keynes é o de uma economia em recessão (e até depressão) onde o desemprego de mão de obra e de fatores de produtivos é enorme, com grande queda da renda nacional Keynes aponta duas grandes fraquezas do sistema capitalista: o desemprego e a distribuição excessivamente desigual e arbitrária da renda e da riqueza. Mas acha que estas fraquezas podem ser eliminadas.
Sua obra Teoria geral do emprego, do lucro e do dinheiro, publicada em 1936, teve tanta repercussão que foi  denominado revolução keynesiana no âmbito da economia.
Keynes teve como objetivo determinar os principais fatores responsáveis pelo emprego, numa economia industrial moderna, pois este era um dos principais problemas da época.
Se a observação empírica indica que o emprego está ligado tanto à produção como à renda, estudá-lo é o mesmo que estudar o nível de renda e da produção.
Então, que fatores explicam o nível de emprego? O nível de emprego numa sociedade é determinado pelo nível de produção das fábricas, indústrias, bancos, comércio, etc.
Mas o que determina o nível de produção? Sua explicação está no mercado, ou seja, na demanda efetiva, aquela que ocorre efetivamente.
No entanto, para Keynes, a resposta adequada a esta questão exige a decomposição da demanda em seus vários componentes.
Então, por uma questão meramente didática, supõe-se uma economia sem comércio exterior e sem governo para simplificar o modelo.
Assim, a demanda compõe-se de:

a)   Bens de consumo (C);

b)   Bens de investimento (I);


Daí, as questões - quais são os determinantes do Consumo (C) e quais os determinantes do (I) investimentos.

Para Keynes o Consumo (C) é função da Renda (Y), e pode ser expressa simbolicamente como: C = f(Y) de tal modo que nem toda a renda é consumida; há uma propensão a consumir
O Investimento (I) é função das expectativas dos empresários quanto aos lucros futuros e da taxa de juros. Simbolicamente, sendo I investimento, E expectativa e i taxa de juros,  tem-se I = f (E, i).
Nesse modelo tem-se que Y (renda) = C (consumo)+ I (Investimento). Enfim a renda é determinada pelos gastos em consumo e pelos gastos em investimentos. É justamente isso que é o princípio da demanda efetiva. Ou seja, é o ato de gastar que determina a renda.
Como a propensão a consumir numa sociedade é relativamente estável o determinante principal da renda passa a ser o Investimento, e este é a chave para compreender as oscilações e a instabilidade do sistema capitalista.
Enfim, o que determina o volume da produção e, portanto, o volume do emprego é a demanda efetiva, que não é apenas a demanda efetivamente realizada, mas também o que se espera seja gasto em consumo, mais o que se espera seja gasto em investimento. E neste particular o problema da formação das expectativas dos capitalistas é sumamente importante.
Na verdade, essas afirmações são diametralmente opostas às apresentadas pelos clássicos. Para estes, o que determinava a demanda era a oferta – assim explicada pela Lei de Say -  “o processo de produção capitalista é, também, um processo de geração de rendas, (lucro, salário, aluguéis ,etc.) e, por isso, a oferta cria sua própria demanda
Na verdade, o princípio da demanda efetiva é simples, mas causa espanto por ter permanecido oculto por mais de um século. No entanto suas consequências são enormes no plano da política econômica. Ele contrapõe a concepção do laissez – faire e do liberalismo econômico.
Temos que ter clareza que nem toda a venda é uma compra, e que o produtor não pode decidir que a mercadoria será comprada, e em que condição – não pode decidir quanto, quando e em que condição irá receber.
No capitalismo, a confirmação de que um produto é riqueza – e não o resultado de dispêndio inútil de recursos – só ocorre no momento em que o produto é vendido. Se a venda depende da decisão de comprar, o estudo da última fornece uma chave importante para o estudo da Macroeconomia. 
Neste aspecto devido à incerteza do mercado, cabe discutir a questão da expectativa dos empresários, quando decidem investir.


Eficiência marginal do capital
O investimento é fundamental para o aumento do nível de produção e portanto de emprego. Nesse sentido, como o futuro é incerto, os investimentos dependerão das expectativas dos empresários. Daí, a instabilidade dos investimentos particulares no interior do sistema capitalista. As expectativas de lucros dos empresários recebem  de Keynes o nome de eficiência marginal do capital.
Alguns manuais de economia ou mesmo de administração financeira é denominado de Taxa Interna de Retorno (TIR), que depois de  calculada é comparada com a taxa dos juros de mercado. Se a TIR for maior do que esta, significa que o investimento deverá proporcionar retorno positivo, caso contrário  será rejeitado.
Os empresários agem com os olhos nos lucros futuros. Se eles supõem que determinados projetos dão lucro, levantarão fundos para aplicar nestes projetos.
Keynes ao introduzir a motivação psicológica na dinâmica econômica que são as expectativas rompe com o mecanismo de auto ajustamento do mercado.

Taxa de juros e investimento
A teoria clássica o investimento dependia da poupança. Investimento é uma ampliação da estrutura produtiva (compra de máquinas, equipamentos, abertura de estradas, canais, novas fábricas e etc.) e não especulação financeira que nada mais é que compra de títulos e isto não é investimento.
Para a teoria neoclássica, um aumento da taxa de juros provocava um aumento da poupança.. Mas a uma taxa de juros alta, os investidores não se arriscariam a financiar seus projetos de investimento. Lembre-se de que teriam de pagar uma taxa de juros aos bancos de quem tomariam esse dinheiro emprestado. E essa taxa deveria ser mais alta do que aquela que os bancos estariam pagando aos poupadores;  caso contrário, os bancos nada ganhariam. Nessas circunstâncias, os investimentos cairiam. Estaríamos na seguinte situação: haveria dinheiro de sobra nos bancos, mas poucos empresários se disporiam a recorrer a empréstimos bancários. Como os bancos só ganham se emprestarem, eles tenderiam a baixar a taxa de juros pela própria pressão do mercado. Numa situação oposta. em que há muita procura por empréstimos, mas como a taxa está muito baixa porque não tem dinheiro suficiente para atender a todos, então aumentasse a taxa para que mais poupadores se interessem em aplicar nos fundos e os bancos poderem assim emprestar o dinheiro a um juros maiores, pra poderem remunerar melhor os poupadores. Enfim, trata-se de um mecanismo de autoajustamento. As próprias forças do mercado tendem a elevar ou baixar a taxa de juros numa posição de equilíbrio.
Para Keynes isso não ocorre. A poupança tem relação direta com o nível da renda da comunidade. Um aumento da renda aumenta a poupança e uma diminuição da renda diminui a poupança. Isto quer dizer que não é o aumento da poupança que acarreta o aumento do investimento, mas o contrário. Ao aumentar o investimento, há um aumento da renda, e aumentando-se a renda, a poupança, que é um resíduo ( renda não gasta) também aumenta.. Trata-se de uma inversão com relação ao pensamento neoclássico. Para esses últimos, era preciso primeiro poupar para depois investir. Para Keynes ocorre o contrário. É verdade que isto parece agredir nosso senso comum, porque nós (pessoas individuais) geralmente pensamos em termos do homem comum.> primeiro ele guarda dinheiro para depois aplicá-lo. Os empresários agem com os olhos postos nos lucros futuros. Se eles supõem que determinados projetos dão lucro, levantarão fundos para aplicar nesses projetos. E para esse levantamento de fundos, basta que tenham crédito junto ao sistema bancário. Não é preciso que tenham dinheiro guardado. Com o crédito, eles antecipam a criação de renda futura, o aumento da renda provoca o aumento da poupança. Suponha que uma comunidade tenha uma renda de 500 mil unidades monetárias e que esta renda se reparta da seguinte maneira:
 400 mil (80%) com gasto de consumo
100 mil (20%) com poupança.
 Se a renda desta comunidade aumentar para 600 mil unidades monetárias e a proporção entre consumo e não consumo se mantiver a mesma (80% e 20 %, respectivamente), os gastos em consumo passarão para 480 mil, (400 para 480) e a poupança para 120 mil, (100 para 120) foi provocada pelo aumento da renda.
 As consequências desse resultado é que se as pessoas forem induzidas a não gastar (mediante propaganda em TV) o consumo diminuirá, e acarretará também a diminuição da renda. A diminuição da renda levará a uma diminuição da poupança. Este fato é conhecido na literatura econômica como paradoxo da parcimônia. A outra consequência é que para aumentar a poupança da política econômica deverá procurar um aumento da renda e não uma diminuição do consumo.

 POLÍTICA FISCAL E MONETÁRIA
As políticas macroeconômicas tem pôr objetivo atingir algumas metas dentre eles destacam-se: crescimento do PIB, taxa de inflação baixa e estável, pleno emprego, melhor distribuição de renda, taxas de juros baixas, investimento em expansão, equilíbrio no balanço de pagamentos, etc. Vamos supor que o governo deseje diminuir o ritmo de crescimento da economia. Para isso terá que aumentar as taxas de juros. Mas suponhamos que ele deseje ao mesmo tempo aumentar o nível dos investimentos. Para tanto, precisará reduzir as taxas de juros. O governo precisa de pelo menos um instrumento para cada um de seus objetivos. Os objetivos têm de ser compatíveis.
No nível macroeconômico o governo tem apenas dois instrumentos a) política fiscal e b) política monetária. Alguns economistas adicionam um terceiro instrumento: política de renda. Cada uma dessas políticas cobre diferentes aspectos.

a) A política fiscal inclui os gastos do governo, os impostos e a diferença entre gastos e receitas;
b) A política monetária inclui a oferta de moeda e as taxas de juros;
c) Política de renda inclui o controle de preços e salários. Para que uma política econômica dê certa a combinação da política fiscal, monetária e de renda tem que ser consistente. Se as políticas forem inconsistentes, elas estarão fadadas ao fracasso.

POLÍTICA FISCAL
A ação do governo através da política fiscal abrange três funções básicas. A função alocativa diz respeito ao fornecimento de bens públicos. A função distributiva, por sua vez, está associada a ajustes na distribuição de renda que permitem que a distribuição prevalecente seja aquela considerada justa pela sociedade. A função estabilizadora tem como objetivo o uso da política econômica visando a um alto nível de emprego, à estabilidade dos preços e à obtenção de uma taxa apropriada de crescimento econômico.

A função alocativa
Os bens públicos não podem ser fornecidos de forma compatível com as necessidades da sociedade através do sistema de mercado. O fato de os benefícios gerados pelos bens públicos estarem disponíveis para todos os consumidores faz com que não haja pagamentos voluntários aos fornecedores desses bens. Sendo assim, perde-se o vínculo entre produtores e consumidores, o que leva à necessidade de intervenção do governo para garantir o fornecimento dos bens públicos.
Assim o governo deve a) determinar o tipo e a quantidade de bens públicos a serem ofertados e b) calcular o nível de contribuição de cada consumidor. Neste último cabe ao governo financiar a produção dos bens públicos através da obtenção compulsória de recursos, cobrando impostos.
Destaca-se da importância da provisão por parte do setor público dos chamados semipúblicos ou meritórios. Que constituem um caso intermediário entre os bens privados e os bens públicos. Apesar de poderem ser submetidos ao princípio da exclusão e, desta forma, serem explorados pelo setor privado, o fato de gerarem altos benefícios sociais e externalidades positivas justifica a produção total ou parcial dos bens meritórios pelo setor público. Os principais exemplos são os serviços de educação e saúde. E neste caso também os recursos são obtidos compulsoriamente através da tributação.
Em muitos países foram importantes a ação do Estado empresário na promoção do crescimento econômico. Neste caso, a intervenção direta do setor público na produção de bens e serviços privados justificou-se, em um determinado momento histórico, pela insuficiência do setor privado em mobilizar recursos para o desenvolvimento de projetos de grande porte, principalmente no setores de infra estrutura. Além da necessidade de um montante considerável de recursos para o seu financiamento, os investimentos nestes setores também tinham um longo prazo de maturação, o que levava a uma demora na geração dos lucros e desestimulava desta forma, o investimento privado.  

A função distributiva
A distribuição de renda resultante, em determinado momento, das dotações dos fatores de produção – capital, trabalho e terra – e da venda dos serviços desses fatores no mercado pode não ser a desejada pela sociedade. Cabem,. Portanto alguns ajustes distributivos feitos pelo governo, no sentido de promover uma distribuição considerada justa pela sociedade.

Para isso, o governo se utiliza de alguns instrumentos principais:
 a) as transferências
 b) os impostos, e
c) subsídios.

De fato, esses três instrumentos estão estritamente relacionados, havendo várias formas de promover uma redistribuição de renda.

A função estabilizadora
A importância da função estabilizadora do Estado passou a defendida principalmente. A partir da publicação do livro Teoria Geral do Juro, do emprego e da Moeda em 1936, de autoria de John Maynard Keynes. Até então, acreditava-se que o mercado tinha uma capacidade de se autoajustar ao nível de pleno emprego da economia. A flexibilidade de preços e salários garantia este equilíbrio: a existência de desemprego só seria explicada, por exemplo por um nível de salários reais acima daquele que equilibraria a demanda e a oferta de trabalho, o que poderia ocorrer em razão da ação dos sindicatos. Keynes, ao contrário, apontava que o limite ao emprego era dado pelo nível da demanda: as firmas só estariam dispostas a empregar determinada quantidade de trabalho conforme as expectativas de venda de seus produtos. Desta forma, tudo que pudesse ser feito para aumentar a quantidade de gastos na economia contribuiria para uma redução da taxa de desemprego da economia. Neste sentido, Keynes deu ênfase ao papel do Estado mediante as políticas monetárias e principalmente, fiscais para promover um alto nível de emprego na economia.  

A política fiscal pode ser expansiva ou restritiva

Os impostos são comumente divididos em diretos e indiretos.

a)   Os diretos são os impostos sobre a renda e propriedade e são chamados progressivos e tem como princípio da capacidade de pagamento, ou seja, cada um deve ser tributado de acordo com suas possibilidades.

b)   Os indiretos são os impostos sobre a produção, venda e consumo de mercadorias e são chamados de regressivos, pois todos os indivíduos pagam a mesma alíquota do imposto.


A política fiscal pode ser expansiva ou restritiva.

 Políticas fiscais expansionistas tenderão a criar déficit no orçamento, enquanto as políticas restritivas atuarão no sentido contrário.


DÉFICITS GOVERNAMENTAIS

A diferença entre as receitas e os gastos do governo se chama déficit fiscal. A redução dos impostos e o aumento das despesas levam ao crescimento dos déficits.


FINANCIAMENTO DO DÉFICIT

O governo financia seus déficits através de empréstimo. Ele pode TOMAR empréstimos dos:
o   Bancos internacionais,
o   Setor privado;
o   Banco Central.

Ao tomar emprestado do setor privado, o governo emite títulos. Quando financia o déficit tomando emprestado do setor privado, o governo cria dívida interna. O setor privado pagará ao Banco Central pelos novos títulos, e os cheques do setor privado são depositados na conta do governo, que pode usar esses recursos para suas despesas. Neste caso o que recebe ele gasta deixando o estoque de moeda inalterado mas aumenta a dívida interna junto ao setor privado.
Aos empréstimos tomados junto ao Banco Central corresponde uma emissão monetária, ou, no jargão dos economistas, uma expansão da base monetária.



CONSEQUÊNCIAS DA DÍVIDA DO GOVERNO

A dívida do governo cresce sempre que são tomados empréstimos sejam externos ou internos e neste caso aumenta a dívida interna.

O crescimento da dívida interna ocorre da seguinte maneira:

Os pagamentos de juros podem se tornar muito grandes. Ao contrair uma dívida, o governo se compromete a pagar juros futuros. Se ele não pode aumentar os impostos para pagar os juros, terá que emitir mais títulos, sobre os quais terá que pagar juros outra vez. Assim, os déficits futuros aumentam com o crescimento da dívida, e o governo terá que tomar cada vez mais emprestado, gerando um círculo vicioso.

DÉFICIT                                                                       EMISSÃO DE TÍTULOS
 






                             PAGAMENTO DE JUROS

A preocupação com o crescimento da dívida é a seguinte:

As pessoas podem aplicar sua riqueza em ativos financeiros, que são papéis que lhes pagam rendimentos, como os títulos do governo e as letras de câmbio, ou em ativos reais, como terrenos e máquinas. Podem também comprar ações, que lhes dão participação nas empresas e pagam bonificações e dividendos. Quem decide comprar títulos do governo, o faz em detrimento da compra de ações e bens de capital. Pôr causa disso, é possível que o crescimento da dívida do governo se faça em detrimento do crescimento de outros ativos.

Quando o governo financia os déficits fiscais tomando empréstimo ao setor privado, é chamado de "crowding out", ou seja , o governo está deslocando os gastos privados. Este efeito deslocamento ocorre segundo a hipótese de que o gasto público, ou déficit orçamentário ou dívida do Estado reduzem a quantidade de investimento das empresas.

FINANCIAMENTO DO DÉFICIT ATRAVÉS DE EMISSÃO MONETÁRIA
FINANCIAMENTO DO DÉFICIT ATRAVÉS DE CRIAÇÃO DE DÍVIDA INTERNA
Mais inflação
Não afeta os déficits futuros
Diminui as taxas de juros no curto prazo
Aumenta os déficits futuros, por causa dos pagamentos de juros
Eleva as taxas de juros


POLÍTICA MONETÁRIA
As autoridades monetárias incluem o Banco do Brasil (BB) e Banco Central (BACEN), procuram determinar a liquidez do sistema financeiro. O BACEN foi criado em 1964 (antes era a SUMOC-Superintendência da Moeda e do Crédito) como gestor da política monetária. Ele é o órgão emissor de moeda e controla as  reservas compulsórias dos bancos comerciais e regula as atividades bancárias e a entrada de capitais estrangeiros. Entre os instrumentos clássicos da política monetária estão:

ü Controle da base monetária,
ü As taxas de redesconto e
ü Os depósitos compulsórios

A BASE MONETÁRIA
A base monetária é a quantidade de reais em poder do público e as reservas dos bancos comerciais, ou seja, a base é o estoque de dinheiro que existe num dado momento
A base monetária aumenta nas circunstâncias a seguir enumeradas:

- Quando o balanço de pagamentos é superavitário. O superávit do Balanço de pagamentos corresponde a um aumento de reservas internacionais que são depositadas no BACEN. O BACEN troca os dólares por moeda corrente, expandindo a base monetária.

- Operação de mercado aberto. O BACEN compra títulos no mercado aberto, ele aumenta a quantidade de moeda em circulação, ou seja, aumenta a liquidez do sistema, deixando os bancos com mais recursos para fazer empréstimos, induzindo a uma queda das taxas de juros.

- Déficit do governo financiado por empréstimo do Banco Central.

A base monetária diminui nas circunstâncias a seguir enumeradas:

*    Quando o balanço de pagamentos é deficitário. O déficit tem que ser coberto pelas reservas internacionais;

*     Quando o orçamento do governo for superavitário. Neste caso os impostos excedem os gastos governamentais;

*    Operação de mercado aberto. O BACEN vende títulos públicos, retirando moeda de circulação.


RESERVAS COMPULSÓRIAS
As reservas compulsórias dos bancos comerciais são depósitos que os bancos devem fazer no BACEN e que correspondem a uma parcela dos depósitos que recebem. Quanto maior a parcela dos depósitos que deve ser deixada no BACEN, isto é, quanto maior o compulsório, tanto menor a quantidade de recursos que os bancos têm para empréstimos, e tanto menor a liquidez do sistema.

TAXAS DE REDESCONTO
São aquelas cobradas pelo BACEN aos bancos comerciais para lhes fazer empréstimo em caso de emergência. Se as taxas de redesconto são altas, os bancos vão tomar cuidado em não correr o risco de ficar sem reservas em caixa e farão, portanto, menos empréstimos.

TAXA DE JUROS E POLÍTICA MONETÁRIA
À medida que as taxas de retorno dos títulos do governo aumentam, os bancos são obrigados a pagar maiores taxas sobre os depósitos a prazo para conseguir os recursos de que precisam para fazer empréstimos.
Esse mecanismo sugere outra maneira de descrever o processo pelo qual a política monetária afeta as taxas de juros. Se o BACEN vende títulos do governo, diminuindo a liquidez do sistema, só conseguirá colocar seus títulos aumentando a taxa de retorno. O aumento das taxas de retorno dos títulos do governo faz com que eles sejam preferidos em lugar de outros ativos. Para captar recursos, isto é, obter depósitos a prazo, os bancos terão que aumentar as taxas de juros que estão dispostos a pagar.

As funções mais significativas da moeda são três:

a)   Meio de troca;
b)   Reserva de valor;
c)   Unidade de conta

A primeira função da moeda é servir de meio de instrumento de troca. A segunda é garantir que ao utilizar a moeda no futuro ela terá o mesmo valor, por isso que as autoridades monetárias se preocupam muito com a inflação. A terceira refere-se a necessidade de pessoas ou empresas e o governo registrarem suas operações e transações econômicas em uma medida que seja comum a todos os bens e serviços.



Para Keynes o dinheiro é um ativo de liquidez plena. Possuí-lo significa possibilidade imediata de trocá-lo por qualquer outro ativo. A preferência pela liquidez é provocada, segundo Keynes, por três motivos:

a)     Motivo transação: quanto maior o número de transações comerciais e mais intensa a atividade econômica, maior a necessidade de reter moeda. A necessidade de liquidez aumenta, com o aumento da atividade econômica.
b)    Motivo precaução: quanto maior a insegurança das pessoas ou da comunicada, maior a necessidade de reter dinheiro. Essa necessidade pode aumentar ou diminuir, dependendo de certos hábitos existentes na comunidade. Por exemplo, se o pagamento dos salários for efetuado semanalmente, a necessidade de o assalariado reter dinheiro diminui. Se este pagamento fosse feito trimestralmente, a necessidade de retenção de dinheiro líquido seria muito maior.

c)     Motivo especulação: quanto cresce a expectativa de aumento de lucro com a especulação financeira, reserva-se parte do dinheiro líquido para esses lances especulativos. O dinheiro é retido em forma líquida graças à expectativa de que , no futuro, ao subir a taxa de juros, ele renderá mais.

Podemos fazer a articulação entre taxa de juros, e eficiência marginal do capital e investimento.

A eficiência marginal do capital é aquela taxa que iguala o valor presente dos rendimentos líquidos futuros ao valor do investimento, denominada Taxa Interna de Retorno (TIR). Se a eficiência marginal do capital for maior que a taxa de juros o investimento é justificável do ponto de vista econômico. Caso contrário é injustificável.
Se o volume de investimento for insuficiente para levar a economia ao pleno emprego, as autoridades monetárias poderão baixar a taxa de juros recorrendo ao aumento da oferta monetária.

Dado que os depósitos bancários são conversíveis em dinheiro líquido, os bancos têm de assegurar-se de que, em todas as circunstâncias, eles poderão enfrentar a demanda de liquidez de seus depositantes. A prática bancária tem mostrado que o uso generalizado de cheques significa que, a cada dia, só uma pequena porcentagem dos depósitos bancários converte-se em moeda corrente (liquidez), e essas retiradas provavelmente compensam-se pelas entradas líquidas que outras pessoas realizam. Fica claro que se todos os clientes do banco quiserem retirar seus depósitos, o banco não poderia atender à demanda.

Suponhamos que o dinheiro líquido no sistema bancário aumentou em 100 mil reais. O efeito imediato da entrada de liquidez no banco é o aumento na entrada de depósito em 100 mil reais. Porém, o banco não manterá esse 100 mil adicionais de dinheiro líquido, em seu caixa forte, mas os empregará para conceder crédito e empréstimos a seus clientes, o que gerará mais depósitos bancários. O Banco poderá reter 10% desse valor como reservas líquidas, denominada coeficiente de reservas, e emprestarão 90 mil reais.

O mesmo fará o outro banco quando houver um depósito, que poderá ser de 90 mil.

Então o Banco reterá 10 %, ou seja, 9 mil e emprestará 81 mil e assim sucessivamente.


INFLAÇÃO

A inflação pode ser definida em dois sentidos:

v  Perda do valor real da moeda;
v  Elevação do nível dos preços.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) classifica a inflação em dois tipos:
- Demanda;
- Custos.

Tem pôr objetivo diagnosticar a causa básica do aumento contínuo de preços e aplicar medidas corretivas adequadas. Além dos fatores de natureza econômica, existem outros de origem psicológica, que exercem uma poderosa influência sobre o nível dos preços, gerando expectativas inflacionárias, que fogem às técnicas normais de contenção dos preços.

CAUSAS DA INFLAÇÃO DE DEMANDA

a)   O déficit orçamentário da União, coberto com a emissão de papel-moeda;
b)    O aumento da oferta de crédito e da moeda em taxas superiores ao da oferta de bens e serviços;
c)   A desvalorização da moeda em termos reais;
d)   O acúmulo de reservas internacionais.


CAUSAS DA INFLAÇÃO DE CUSTO

Quando o preço de bens e serviços ‘sobem’ independente da procura.

a) aumento dos fatores de produção (terra, capital, trabalho)
b) escassez da oferta;
c) pressão dos setores oligopolizados, no sentido de elevar o preço dos bens e serviços produzidos.

CONSEQUÊNCIAS DA INFLAÇÃO
a)   Reajuste dos preços de bens e serviços, penalizando principalmente os assalariados que têm seus reajustes menos frequentes e os que vivem de renda fixa;
b)   Ganhos ilusórios;
c)   Desestímulo à aplicação em títulos de renda prefixada e incitamento à agiotagem;
d)   Desinteresse pelo mercado acionário e investimentos produtivos em geral, dada à imprevisibilidade de realização de lucros futuros;
e)   Perda real da receita tributária pela desvalorização da moeda entre a data do fato gerado e o efeito recolhimento do tributo;
f)    Retração do mercado exportador, até que a taxa de câmbio se ajuste ao valor real da moeda nacional.
g)    Poupança forçada. (Trata-se de transferência de renda de um para outro setor social)


FATORES EXPLICATIVOS

Definir uma inflação como sendo exclusivamente de demanda ou de custos é muito difícil, pois, geralmente, os fatores determinantes interagem. A inflação resultante de pressão monetária é um fenômeno inerente ao regime capitalista. A rápida expansão da moeda e do crédito nos países em desenvolvimento é, tolerável à medida que estimula o crescimento da economia e se expande ‘sob controle’, em taxas constantes e compatíveis com o aumento do produto nacional bruto. A inflação que apresenta índices variáveis, em escala relativamente grande só agrava o equilíbrio do planejamento e compromete a expansão das atividades econômicas.

A) DÉFICIT ORÇAMENTÁRIO
É tradicionalmente, o fator principal da expansão da moeda. Os recursos fiscais, quando não atendem às despesas, são complementados pôr emissões de papel moeda.

B) DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA
Ao desvalorizar a moeda para favorecer a exportação - corrigindo a sobrevalorização da moeda nacional - encarece as importações de bens e serviços importados, gerando inflação de custos;

C) ACÚMULO DE RESERVAS INTERNACIONAIS
Embora essencial para manter a credibilidade do país no mercado financeiro internacional, exerce pressão inflacionária pelo aumenta da base monetária, uma vez que, para cada unidade monetária internacional que entra, há uma emissão equivalente em moeda nacional. Se considerarmos a desvalorização da taxa de câmbio, observa-se que as emissões se intensificarão ainda mais. Os efeitos da expansão potencial das operações de câmbio são, em grande parte, esterilizados pelas operações de mercado aberto (open Market).

D) INVESTIMENTOS DE LONGA MATURAÇÃO
Geralmente realizados pelo governo, no sentido de implantar novas fontes de economia e consolidar as existentes, exercem pressão inflacionária, pelo uso de rendimentos creditados, até que os objetivos visados se tornem produtivos.

E) RETRAÇÃO DO CRÉDITO
E subsequente aumento das taxas de juros no mercado financeiro torna o preço do dinheiro alto, onerando, em decorrência, os custos financeiros da produção, gerando inflação de custos. Nos países em desenvolvimento, em que o mercado interno necessita de maior oferta da moeda para estimular as atividades econômicas, essa política creditícia provoca a poupança forçada, que favorece principalmente os bancos comerciais e de investimento.

F) EMISSÃO DE PAPEL MOEDA E TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA

f1) se houver emissão de moeda, como solução para cobrir o déficit orçamentário, aumenta a pressão altista sobre a inflação de demanda;

f2) se o Governo estimular, com maior rendimento, a colocação de títulos públicos no mercado financeiro, as taxas reais de juros, tendem a aumentar, arrastando consigo os custos financeiros da produção e dos serviços e, dependendo do grau de crescimento da taxa, causando recessão (queda do consumo interno, devido ao aumento do preço, acúmulo de estoques nas fábricas, ociosidade de máquinas e instalações, aumento da taxa de desemprego, insolvência de empresas, etc.).

G) SALÁRIOS
O aumento real poderá causar inflação de custos, se os reajustes forem feitos acima dos limites da taxa de inflação, acrescida da taxa de variação da produtividade. Poderá ocorrer uma pressão inflacionária pôr ocasião do13 salário e em menor escala, pôr ocasião da distribuição do PIS/PASEP.

H) ALIMENTOS
A falta de alimentos para atender à demanda crescente interna- à medida que aumenta a população e se eleva o seu padrão de vida - tem sido uma dos itens que mais pressionam a taxa de inflação.

I) MONOPÓLIOS
Os setores oligopolizados, exercem forte pressão inflacionária (inflação de custos), que se irradia em grande parte pôr outros setores da economia. Essas distorções de mercado são ainda mais severas quando envolvem setores cujos produtos ou serviços são de demanda inelástica, ou seja, aquele cuja procura praticamente não se altera, se o preço se modifica.


POLÍTICA DE COMBATE À INFLAÇÃO

As principais políticas de combate à inflação são: monetária, fiscal, salarial e de preços administrados, variando em grau, de acordo com a conjuntura e a política global do Governo.

A política monetária visa a conter os meios de pagamento, de modo que a demanda do crédito e da moeda em poder do público não ultrapasse a oferta de bens e serviços. O Banco Central do Brasil, como órgão executor da política monetária, regula a quantidade de recursos de que os bancos comerciais dispõem para empréstimos, através dos seguintes meios:
- Recolhimento compulsório sobre as operações à vista e redesconto bancário, elevando ou baixando a taxa de recolhimento compulsório e a taxa de juros de redesconto, de acordo com o interesse em desestimular ou não os empréstimos bancários.


-Operações de mercado aberto - mais conhecida pôr open-market- é o principal instrumento de política monetária para o Banco Central controlar a oferta de moeda nacional em circulação e a taxa de juros interna. As operações são lastreadas com títulos do Governo.

A política fiscal é outro instrumento de que o Governo dispõe para conter a inflação. Através do reajuste de tributos, o produto pode ser encarecido a ponto de desestimular o seu consumo; em consequência, os preços tendem a baixar pôr diminuição da procura. Os efeitos causados pelas medidas fiscais são bem mais imediatos do que as medidas monetárias. O período inicial dos aumentos tributários é altamente inflacionário, até o ajustamento do consumo às novas condições de mercado. Após a queda dos preços, no entanto, há uma tendência à retração das atividades dos setores mais atingidos pelo aumento da carga fiscal.

A política salarial é outro instrumento que, muitas vezes, o Governo utiliza no combate à inflação, atuando tanto nos custos como na demanda. O controle salarial, geralmente, causa efeitos indesejáveis à medida que:

- Debilita o poder aquisitivo do assalariado;
- Retrai o mercado interno;
- Agrava a concentração de renda;
- Gera tensões sociais.


IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO
Na política de combate a inflação, um diagnóstico errado pode determinar uma terapêutica que irá dramatizar ainda mais os índices. Combater a inflação de demanda com instrumentos de controle de preços pode “aquecer” ainda mais a inflação. Por outro lado, procurar conter a inflação de custos com instrumentos de política monetária pode causar profundos efeitos recessivos sobre a economia. Como a própria inflação é desencadeada geralmente pôr uma série de fatores, que se somam e se realimentam, requer medidas amplas, embora, em determinadas circunstâncias, algumas possam ganhar maior prioridade que outras.

 

TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS


Estudo da economia internacional, duas questões:

a)   Porque os países comercializam entre si apesar das diferenças de moedas.

b)   Porque determinado o país escolhe exportar um determinado produto e importar outros.

- Porque o Brasil exporta produtos agrícolas e manufaturados e importa máquinas e equipamentos pesados?

David Ricardo no inicio do século XIX respondeu a essas questões, denominando a lei das Vantagens Comparativas, ou Custos Comparativos. Um país que tem menos custo em um determinado produto do que outro deverá se especializar naquele que tem menor custo, pois o país terá mais vantagem comparativa e haverá mais bem estar social.

Raul Prebisch (CEPAL – Comissão Econômica para América Latina) contestou em 1951 afirmando que as vantagens comparativas na produção de produtos agrícolas tende a diminuir. Isto pode ser verificado pela relação de troca que mede a relação entre o índice dos preços de exportação e o índice dos preços de importação. Se os preços das exportações sobem mais rapidamente que os das importações, afirma-se que há um aumento ou melhoria nas relações de troca se o inverso haverá uma deterioração nas relações de troca. (Isto pode ser medido atribuindo um índice 100 para relação entre exportação e importação de determinado ano base)    
É claro que determinados momentos pode ser usado a teoria das vantagens comparativas, mas no longo prazo cria dependência principalmente países agrícolas em relação aos industriais.

Balanço de pagamentos

Definição: É o registro contábil das transações entre os residentes e não residentes de um país num determinado período de tempo

Conceitos:

ü Residentes são pessoas com residência fixa no país, inclusive estrangeiros, filiais de empresas estrangeiras no país.

ü Divisa: trata-se de qualquer moeda estrangeira

ü Partidas Dobradas: Em cada lançamento a débito corresponde a um lançamento a crédito e vice-versa.

Compra de divisas – pagamento de importação/ royalties, patentes, juros etc. – saída de divisas – DÉBITO.

Vendas de divisas – exportação – entrada de divisas - CRÉDITO

É dividido em quatro contas:

1-   Balança Comercial (BC) (Conta do Comércio) registra o valor das exportações e os das importações.
Importações – DÉBITO
Exportações – CRÉDITO

2. Balança de Serviços (BS) ( Conta de Serviços) registra despesas e receitas de fretes, seguros, viagens internacionais, royalties, assistência técnica , os lucros e dividendos, juros.

Efetua pagamentos – compra de divisas – DÉBITO
Recebe pagamento – venda de divisas – CRÉDITO

3. Transferências Unilaterais (TU) registram despesas de manutenção de embaixada e consulados. Não há contrapartida. São remessas ou recebimentos de divisas unilateralmente. Brasileiros trabalhando no exterior e estrangeiros trabalhando no Brasil

As contas Balanço Comercial (BC) Balanço de Serviços (BS) e as transações unilaterais forma o BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES (TC)

4. Movimento de Capitais Autônomos ou Conta Capital (KA) registra operações de empréstimos e financiamento, investimentos diretos, amortizações, capitais de curto prazo etc.
 - Há uma Conta de Capital Compensatórios que nada mais é do que a contrapartida de outra transação, como se fosse uma conta caixa.

Exemplo:
Imaginemos que o Brasil realize as seguintes transações, num determinado ano:
a)   exportação de mercadorias no valor de US$ 20 bilhões;
b)   importação de mercadorias no valor  de US$ 25 bilhões;
c)   recebimento de fretes de US$ 3 bilhões pelo transporte, em navios brasileiros, de parte dessas mercadorias;
d)   pagamento de fretes de US$ 4 bilhões pelo transporte, em navios estrangeiros, do restante de transacionadas;
e)   amortização de US$ 2 bilhões da dívida externa;
f)    pagamento de US$ 1 bilhão de juros de dívidas antigas;
g)   recebimento de donativos em mercadorias  no valor de US$ 1 bilhão.


Alguns lançamentos merecem comentários:
(e) Amortização; (f) juros . A soma dessas duas transações é chamado de Serviço da dívida externa. São contabilizadas à parte por se tratar do pagamento do principal e dos juros referente dívida restante.

Como o Balanço em Transações Correntes foi defictário o país precisará deste mesmo valor para equilibrar o Balanço de Pagamentos. 
No nosso exemplo país  precisa de 9 bilhões para fechar o seu Balanço de pagamentos.
Poderíamos Ter as seguintes transações :
h. investimentos diretos de US$ 3 bilhões;
i. empréstimos e financiamentos de US$ 4 bilhões;
j. capitais de curto prazo de US$ 2 bilhões.
Todos esses lançamentos serão lançados na conta de Movimentos de Capitais Autônomos (KA)



A dinâmica do Balanço Comercial


A evolução da balança comercial entre 1993 a 1997 (Brasil)

QUADRO 1

1993
1994
1995
1996
1997
Exportação
38,5
43,5
46,5
47,7
52,9
Importações
25,2
33,0
49,6
53,2
61,2
Saldo
+13,3
+10,5
-3,1
-5,5
-8,3
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês S.P. Editora Best Seller2.000).

Até o lançamento do Plano Real os saldos eram positivos ou superávits na conta de comércio (Balanço comercial), depois se tornaram deficitários. Por quê? Uma explicação está taxa de câmbio.

 1. O funcionamento da Taxa de Câmbio
Suponhamos com a taxa de câmbio pela qual R$0,85 compram US$ 1 ocorrem os seguintes efeitos positivos:

a.   Os produtos importados ficam mais baratos. Suponhamos que antes a taxa de câmbio fosse R$0,95 para US$ 1, então, um carro de US$ 30 mil saía pôr (30.000 X 0,95) R$28.500,00. Agora está saindo por R$ 25.500,00 (30.000 X 0,85).

b.    Isso ajuda no combate inflação. Fica mais barata a importação de matérias primas essencial, como o petróleo, que tem impacto em toda a economia.


c.   Facilita a vida de quem deve em dólar, como é o caso das estatais. Precisam de menos reais para saldar seus compromissos em moeda norte-americana.

Mas essa mesma taxa de câmbio tem efeitos negativos:
- Se o dólar fica barato por muito tem prejudica setores da indústria brasileira, cujos produtos tornam-se mais caros que os importados. A indústria local perde mercado, o trabalhador perde emprego.

- O dólar barato também atrapalha as exportações, pois encarece o produto nacional. Para obter mais real por dólar exportado o exportador tem que vender mais caro em dólar.
- Desestimula a entrada de investimentos externo de médio e longo prazo. Uma multinacional que traga US$ 100 milhões para sua subsidiária brasileira vai ficar com apenas R$ 85 milhões depois da troca de moeda no Banco Central.

Enfim a taxa de câmbio R$/US$ indica quantos reais são necessários para comprar um dólar. Parte-se do princípio de que os ingredientes de uma determinada mercadoria, sanduiche, por exemplo, em qualquer país são os mesmos, se ele custar no Brasil R$1,00 e nos Estados Unidos US$ 1,00, haveria o equilíbrio da taxa de câmbio e isto é denominado de “paridade do poder de compra”.

No início do Plano Real a taxa de câmbio era R$0,90 = US$1,00, aliado a redução da inflação tivemos a seguinte evolução do fluxo de capital  (lançado no movimento de capitais autônomos).


QUADRO 2

1993
1994
1995
1996
1997
Entradas Líquidas de Capital Estrangeiro
10,1
14,2
29,8
32,3
26,7
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês S.P. Editora Best Seller2.000).

Os dólares tem que ser convertidos em reais para serem investidos, e neste momento houve uma superoferta de moeda americana no país.

O resultado é déficits na balança comercial. As importações começaram a superar as exportações. Os preços de produtos importados estão mais baratos em relação ao nacional. Voltemos ao Quadro 1

A evolução da balança comercial entre 1993 a 1997 (Brasil)
QUADRO 1

1993
1994
1995
1996
1997
Exportação
38,5
43,5
46,5
47,7
52,9
Importações
25,2
33,0
49,6
53,2
61,2
Saldo
+13,3
+10,5
-3,1
-5,5
-8,3
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês S.P. Editora Best Seller2.000).

As importações passaram de 25,2 bilhões para 61,2 bilhões e superaram as exportações.  Daí o Déficit na conta de comércio (Balanço Comercial).

A dinâmica do balanço de serviços
Da mesma maneira que os produtos importados estão baratos, “os serviços” vendidos também se tornam mais acessíveis. Torna-se mais barato ir para fora do país do que ir para o interior. O que acarretou um déficit da conta de Serviços (Balanços de Serviços).


QUADRO 3

1994
1995
1996
1997
Viagens Internacionais
-1,2
-2,4
-3,6
-4,4
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês S.P. Editora Best Seller2.000).

Mas nesta conta também se lança as despesas com o pagamento de juros da dívida externa e as remessas de lucros e dividendos do capital estrangeiro aqui investido, e isto correspondem aos “serviços” prestados por esses capitais, conforme quadro abaixo :

QUADRO 4

1994
1995
1996
1997
Pagamento de Juros
6,3
8,2
9,8
10,3
Remessa de Lucros
2,5
2,6
2,4
5,6
Total
8,8
10,8
12,2
15,9
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês S.P. Editora Best Seller2.000).

 

 

A dinâmica da conta transferência unilateral


Esta conta não tem contrapartida são despesas que um país realiza para a manutenção de embaixadas e consulados e também de brasileiros trabalhando no exterior, ou em qualquer país do mundo, que enviam recursos para suas famílias que vivem no Brasil.

QUADRO 5

1994
1995
1996
1997
Transferência Unilaterais
2,6
3,9
2,9
2,2
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês S.P. Editora Best Seller2.000).

 

A dinâmica do Balanço de Transações Correntes - síntese das três contas

  Das três contas anteriores: Balança Comercial; Balança de Serviços e Transferência Unilateral temos o Balanço de Transações Correntes:

QUADRO 6

1994
199`5
1996
1997
Balança Comercial
+10,5
- 3,1
-5,5
-8,4
Balança de Serviços
-14,7
-17,8
-21,7
-27,7
Transfer6encia Unilateral
+2,6
+3,9
+2,9
+2,2
Transações Correntes
-1,6
-17,9
-24,3
-33,4
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês S.P. Editora Best Seller2.000).

 Tais déficits necessitam ser cobertos. Como a cobertura desses déficits de recursos, podem vir sob forma de empréstimos ou financiamentos, ocorre um crescimento adicional da dívida externa e um maior pagamento de juros.  Se um país com déficits elevados em transações correntes precisa cada vez mais se endividar e os juros daí decorrentes passam a ser principal causador do déficit. Se os investidores estrangeiros ficarem meio vacilantes e reduzirem suas aplicações, as contas podem não fechar e a estabilidade ficar comprometida.


A dinâmica do movimento de Capitais autônomos.   

Um país que já tem dívida deverá pagar o principal denominado de amortização maior dos juros referente. Aquele é lançado na conta movimento de capitais e este último na conta de serviços. Se por exemplo um país deve US$100 milhões pagável em 10 parcelas de US$10 milhões mais juros de 10%. No primeiro ano amortiza US$ 10 milhões (conta movimento de capitais) e pagará US$ 1 milhão de juros (conta serviços), no segundo amortiza mais US$10 milhões e juros sobre US$ 90 milhões, ou seja, US$ 9 milhões de juros (conta de serviços), assim sucessivamente.

Para sabermos o quanto um país deverá tomar emprestado para fechar seu Balanço soma-se o déficit em transações Correntes e mais amortização. Em 1982 a conta Brasil estava assim:


QUADRO 7

1982
Balança Comercial (a)
+ 07
Balança de Serviços (b)
- 17,1
Transações Unilaterais  (c )
-------
Transações Correntes (d)
(a + b + c = d )
-16,4
Amortizações (e)
-6,9
Total (d + e )
-23,3
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês S.P. Editora Best Seller2.000).

Tais números indicam que havia necessidade de US$ 23,3 bilhões para fechar nossas contas do Balanço de Pagamentos naquele ano. Como só conseguimos 15 bilhões e tínhamos uma reserva de aproximadamente 4 bilhões, foram insuficiente para fechamento da diferença por isso o Brasil “quebrou”.

Enfim o déficit em transações correntes somada às amortizações pode ser coberto não só com empréstimos ou financiamentos, mas também com investimento diretos.
Depois do Plano Real, os investimentos diretos cresceram muito:
QUADRO 8

1994
1995
1996
1997
Investimentos Diretos
2,2
3,2
9,9
17,1
Fonte: BACEN; Vrs bilhões US$. Extraído de SABRONI, Paulo Traduzindo o Economês S.P. Editora Best Seller2.000).

BALANÇO DE PAGAMENTOS  E TAXA DE CÂMBIO
DEFINIÇÃO
Consiste no registro do conjunto de todas as operações de caráter econômico e financeiro de um país com o resto do mundo.

É dividido em quatro contas:

1-   Conta do comércio ou balança comercial, registra o valor das exportações e os das importações.
2-   Conta de serviços ou balança de serviços, registra fretes, seguros, viagens internacionais, royalties, assistência técnica, os lucros e dividendos, juros.
3-    Transferências unilaterais registram despesas de manutenção de embaixada e consulados.
4-   Movimento de capitais ou conta de capital, registra operações de empréstimos e financiamento, investimentos diretos, amortizações, capitais de curto prazo etc.

1. Conta do comércio ou balança comercial
Registra o valor das exportações e das importações.
Exportações maiores do que as importações geram superávits, o inverso gera déficits.na balança comercial.

2. Conta de serviços ou balança de serviços
Esta conta inclui receitas e despesas do tipo: transporte, seguros, viagens internacionais, assistência técnica, royalties, despesas administrativas, aluguel de equipamentos e projetos, modelos e desenhos industriais, lucros e dividendos e juros.

a) TRANSPORTE E SEGUROS
Transporte de uma mercadoria irá exigir o pagamento do transporte e o seguro, ocorre uma saída de divisas.

b) VIAGENS INTERNACIONAIS
Quando um turista brasileiro, ou homem de negócios, viaja terá que comprar dólares, que serão gastos no exterior, ocorre uma saída de divisas. Se, ao contrário, turistas, ou empresários estrangeiros, vem ao Brasil vêm gastar seus dólares, então ocorre entrada de divisas.
Quando compramos uma camisa, o preço pode incluir uma fração correspondente ao pagamento de royalties a alguma empresa do exterior.
Quando se contrata serviços de assistência técnica de um especialista estrangeiro, e mesmo em caso de aluguel de equipamentos.
Quando uma empresa estrangeira se instala no Brasil envia a sua matriz no exterior parte dos lucros que obteve no mercado brasileiro.
Quando paga-se juros da dívida externa.
Para cada item acima pode ocorrer também uma entrada de dólares.

Conta de transferências unilaterais
São registradas os envios ou recebimentos de recursos originados em operações sem contrapartida, como pôr exemplo, remessas de um assalariado trabalhando no exterior, manutenção de embaixadas e consulados
Reunindo as três contas (Conta de Comércio + Contas de serviços + Transações unilaterais) irá constituir a CONTA DE TRANSAÇÕES CORRENTE

Conta de capital
Nesta conta são registradas

a)   Investimentos diretos de empresas de brasileiros no exterior e de estrangeiros no Brasil;
b)   Os empréstimos e financiamentos de médio e longo prazos tomados pelo Brasil e conhecidos pôr ele;
c)   Amortizações de médio e longo prazo;
d)   Os movimentos de capitais de curto prazo.

1.Conta do Comércio
         exportações
         importações
2. Conta de Serviços
         fretes
         seguros
         viagens internacionais
         assistência técnica
         aluguéis
         lucros
         juros
3. Transferências unilaterais
1 +2 +3 = transações correntes
 4. Conta Capital
         investimentos diretos
         amortizações
         empréstimos e financiamentos
         capitais de curto prazo

Taxa de câmbio
A taxa de câmbio R$/US$ indica quantos reais são necessários para comprar um dólar. Pôr exemplo, no final de janeiro de 1993, um dólar custava 14,040 cruzeiros, e em janeiro de 1992, custava l.190 cruzeiro. Portanto em janeiro de 1993 precisávamos de mais cruzeiros para comprar um dólar do que em janeiro de 1992, o cruzeiro tinha sido desvalorizado.

a) desvalorização cambial
É um aumento do preço das divisas estrangeiros em moeda nacional. Quando a nossa moeda se deprecia, pagamos maior número de reais pôr dólar. Isto significa que os preços dos produtos estrangeiros em reais ficam mais caros e que os preços dos nossos produtos em dólares ficam mais baratos. Por exemplo:
Um par de sapato era vendido pôr 450 cruzeiros , em janeiro de 1993, e custava , portanto 30 dólares, já que a taxa de câmbio era de 15 cruzeiros pôr dólar. Em fevereiro a taxa de câmbio havia subido para 18 cruzeiros pôr dólar, o preço do par de sapatos caíra para 25 dólares. Isto significa que a desvalorização cambial diminui os preços dos nossos sapatos em dólares Trata-se de um estímulo para as exportações com a desvalorização cambial. Pôr outro lado, a desvalorização cambial aumenta os preços dos produtos importados, desestimulando nossas importações, pois esses produtos ficam mais caros.
b) taxas fixas e flexíveis.
b1)flexíveis os bancos centrais deixam que a taxa de câmbio se ajuste no mercado livre. No entanto os bancos centrais compram e vendem divisas na tentativa de influenciar as taxas de câmbio.
b2)fixas é quando o banco central se compromete a comprar e vender sua moeda a um preço fixo em dólares. Neste caso o banco central deve possui reservas de ouro e dólares para financiar os déficits do balanço de pagamentos.
No Brasil até 1968, o sistema brasileiro de taxas de câmbio eram de taxas fixas. A partir de então o governo adotou um sistema de minidesvalorização.
b3) política de paridade do poder de compra:. vamos supor que a taxa de inflação nos EUA durante seis meses em que a inflação no brasil foi igual a 70 pôr cento, tenha sido nula. A mercadoria brasileira fica mais cara em 70 pôr cento
Uma desvalorização da taxa de câmbio no valor de 70 por cento deixa inalterado o preço das mercadorias brasileiras em dólares.

AINDA SOBRE BALANÇO DE PAGAMENTOS

Todo movimento de entrada e saída de dólares passa pelo Banco Central. Essa movimentação financeira é dividida em duas grandes contas, uma relativa ao comércio exterior, outra ao movimento de capitais.

No caso do comércio exterior, trata-se do recebimento de exportação e pagamento de importações, A operação financeira não precisa coincidir com a operação física (entrada ou saída de mercadorias).

1.   Exportação
Funciona assim, no caso de exportação:
1. O exportador fecha o negócio com um comprador no exterior, para entregar suco de laranja daqui a seis meses.
2. Isso feito, o exportador tem a seguinte alternativa: esperar que o comprador deposite o pagamento em um banco internacional ou tomar emprestado em um banco o valor em dólar equivalente ao que receberá pela exportação. Nos dois casos haverá entrada de dólares no Brasil.
3. No primeiro caso, o comprador faz o pagamento lá fora e o banco envia os dólares para o Brasil, através do Banco Central brasileiro. Esses dólares ficam no Banco Central, que entrega ao exportador os reais equivalentes. Ou seja, o Banco Central compra dólares e paga com reais. O câmbio está
fechado ou contratado.
4. Se quiser receber antecipadamente, o exportador, fechado o negócio, vai a um banco como operações internacionais e toma um empréstimo em dólares, no valor equivalente ao que ganhará com exportação futura.
5. O banco traz os dólares, vende ao Banco Central brasileiro e entrega os reais equivalentes ao exportador. Novamente, o câmbio está fechado. No momento, é negócio é vantajoso para o exportador porque ele fica devendo em dólares, a juros de 8% ao ano, e aplica em reais, a mais 25%.
6. No caso das exportações, em geral a entrada de dólares antecede o envio da mercadoria. Os dólares formam as reservas externas.

 Importação
No caso da importação, funciona assim:
1. O importador brasileiro fecha negócio para a compra de automóveis japoneses, que serão entregues ao longo de um ano.
2. Toda vez que tiver de pagar parcelas desse negócio, em dólares, o importador vai a um banco e deposita os reais equivalentes. Ele fecha o câmbio, à taxa daquele dia.
3. O banco entrega (venda) os reais para o Banco Central brasileiro, recebe dólares e os envia ao vendedor japonês.
4. De novo, a movimentação financeira não coincide com a chegada dos carros.
5. Em geral, o importador brasileiro paga antecipadamente as importações.
6. Em movimento contrário, os dólares remetidos pelo importador saem das reservas do Banco Central.

Balança
A diferença entre os dólares que entram e os que saem nas reservas do Banco Central forma o saldo comercial financeiro. É diferente do saldo físico, medido pela entrada e saída efetiva de mercadorias. No médio prazo, entretanto, as duas contas se encontram.
Além dessa conta do comércio exterior, há outra referente ao movimento de capitais, entradas e saídas estritamente financeiras, feitas pôr empresas e bancos.
Saem dólares para: pagamento de amortizações e juros de empréstimos contraídos no exterior; remessa de dividendos ou lucros obtidos pôr multinacionais; investimentos brasileiros no exterior; repatriamento de investimentos estrangeiros aqui.
O movimento cambial é de novo através do Banco Central: o remetente entrega reais ao Banco Central e assim compra os dólares a enviar. Esses dólares saem das reservas.
Entram dólares para : investimentos de curto prazo ( em Bolsa, renda fixa etc.) ou de médio e longo prazo ( em fábricas, abertura de negócios como supermercados etc.); e novos empréstimos tomados no exterior.
Os dólares entram no Banco Central, engrossam as reservas, e o investidor ou o tomador de empréstimo recebe reais equivalentes para operar aqui dentro.
Somando as duas contas, a referente ao comércio externo e a estritamente financeira, tem-se o chamado balanço em conta corrente.

Desvalorizar o real suas consequências
A questão central da economia brasileira hoje é a seguinte: desvalorizar ou não o real.
Decisão difícil porque a desvalorização, se ajuda as exportações e dá proteção à indústria local, tem duas conseqüências graves: a imediata alta da inflação e uma saída de capitais de proporção imprevisível.
Toda política econômica tem esse toma lá-dá-cá, ou, como dizem os economistas um "trade-off". Quer dizer mais ou menos o seguinte: arruma de uma lado, estraga de outro.
Vamos a um exemplo: O Banco Central mantém o dólar comercial numa "banda" de variação de R$ 0,84 a R$0,86. Valorizar o câmbio neste momento, seria levar a cotação à paridade US$ 1 igual a R$1. Seria uma desvalorização do real em torno de l7%.
Isso traria um ganho imediato para os exportadores brasileiros. Cada dólar exportado daria uma adicional de R$0,15. Os exportadores teriam margem para melhorar sua lucratividade e ainda poderiam utilizar parte do ganho para reduzir o preço em dólar. Isso tornaria o seu produto mais competitivo.
Os exportadores, com o dólar barato, estão diante do dilema de receber poucos reais pelo seu produto, e fazer prejuízo, ou aumentar o preço em dólar, e perde mercado.
Mas se resolve esse dilema, a desvalorização do real encarece imediatamente todas as importações nos mesmos 17%. E a primeira consequência é a redução no volume de importações.
A razão é simples: mais caros, muitos importados perderão capacidade de competição com os nacionais.
Esse duplo efeito, mais exportação e menos importação, é justamente o objetivo básico da proposta de desvalorização do real.


Inflação
O problema, entretanto, é saber quanto de inflação adicional haveria com a desvalorização do real. Tudo indica que seria um custo elevado.
É que não sobem apenas os preços dos produtos importados. Sobe também tudo que tem componente importado, como o combustível. E sobem os preços dos produtos nacionais que competem com os importados.
Este é o efeito mais grave.
O preço da comida varia muito. Já os ítens serviços e aluguel sobem sempre acima da média. Exatamente porque não há aí possibilidade de importação.
A indústria, no entanto, está mais exposta à concorrência dos importados.
Em resumo, a abertura da economia e o dólar barato constituem a parte essencial do Plano Real neste momento.
Desvalorizar o real seria uma mudança de prioridade no plano. E considerada a cultura brasileira de indexação, é grande o risco de que se restabeleça a ciranda inflacionária.

PERDAS
É semelhante o problema com a saída de investimentos estrangeiros.  É certo que haverá saída, mas não se sabe quando pára e nem se a desvalorização do real fica no nível inicial.
Desvalorizando o real, todo investidor estrangeiro tem uma perda imediata. Ele terá vendido o dólar a R$0,85, para entrar, e terá que pagar R$1,00 para sair. Seria o segundo prejuízo que um país latino americano aplicaria num curto tempo.
Ocorre ainda que, feita uma pequena desvalorização, ninguém mais acredita que seja a única.
Os investidores começam então a retirar seu dinheiro, a vender reais e comprar dólares para remeter de volta a seus países. Isso desvaloriza ainda mais o real e diminui as reservas do Banco Central, obrigado a vender seus dólares. Como aconteceu no México.
Resumo geral: a desvalorização do real produz resultados previsíveis (inflação, ganho dos exportadores), mas negativos imprevisíveis. (saída de capitais, diminuição das reservas).

Efeito da taxa de câmbio “barato”
Com a taxa de câmbio pela qual R$0,85 compram US$ 1 ocorrem os seguintes efeitos positivos:
1.   Os produtos importados ficam mais baratos. Suponhamos que antes a taxa de câmbio fosse R$0,95 para US$ 1, então, um carro de US$ 30 mil saía pôr (30.000 X 0,95) R$28.500,00. Agora está saindo pôr R$ 25.500,00 (30.000 X 0,85).

2.   Isso ajuda no combate inflação. Fica mais barata a importação de matérias primas essenciais, como o petróleo, que tem impacto em toda a economia.


3.   Facilita a vida de quem deve em dólar, como é o caso das estatais. Precisam de menos reais para saldar seus compromissos em moeda norte-americana.

Mas essa mesma taxa de câmbio tem efeitos negativos:

1. Se o dólar fica barato por muito tem prejudica setores da indústria brasileira, cujos produtos tornam-se mais caros que os importados. A indústria local perde mercado, o trabalhador perde emprego.
2. O dólar barato também atrapalha as exportações, pois encarece o produto nacional. Para obter mais reais pôr dólar exportado o exportador tem que vender mais caro em dólar.
3. Desestimula a entrada de investimentos externo de médio e longo prazo. Uma multinacional que traga US$ 100 milhões para sua subsidiária brasileira vai ficar com apenas R$ 85 milhões depois da troca de moeda no Banco Central.

CONCEITOS DE DÉFICIT
DÉFICIT PÚBLICO: Ocorre quando o governo, incluindo União, Estados, municípios e estatais, gasta acima de suas receitas. Isso só é possível de duas formas: emitindo moeda (gerando inflação) ou fazendo dívidas em títulos ( o que tende e elevar os juros)
DÉFICIT NOMINAL: É o critério mais amplo para a medição do déficit público. Leva em conta todos os gastos públicos, incluindo as despesas com o pagamento das dívidas interna e externa. É equivalente ao crescimento da dívida pública.
DÉFICIT OPERACIONAL: Critério introduzido no Brasil nos tempos da inflação alta. Não leva em conta o crescimento da dívida pública que é apenas resultado da correção monetária. Está sendo abandonado pelo governo.
DÉFICIT PRIMÁRIO: Não leva em conta os gastos com juros da dívida pública, mas apenas a diferença entre receitas e outras despesas. Quando o setor público tem déficit primário, como passou a ocorrer no país, precisa fazer dívidas até para cobrir gastos com pessoal, administração e investimentos.
RELAÇÃO ENTRE DÉFICIT E JUROS: O déficit público tende a provocar alta dos juros, porque o governo se torna o principal devedor do mercado e é a pagar taxas cada vez mais altas para conseguir dinheiro emprestado. Um princípio do mercado financeiro diz que, quanto maior o risco representando pelo devedor mais juros ela paga.
RELAÇÃO ENTRE DÉFICIT E CRESCIMENTO: O déficit  público pode estimular o crescimento econômico, por meio de obras que geram empregos, por exemplo. Quando o déficit público cresce a ponto de gerar desconfiança no mercado, porém, acontece a alta de juros e a conseqüente redução de investimentos, comprometendo o crescimento da economia. No Brasil de hoje, a desconfiança também faz os dólares irem embora do país. 

POR QUE O GOVERNO PRECISA AJUSTAR SUAS CONTAS

1.   Quando o governo gasta mais do que arrecada, precisa tomar dinheiro emprestado nos bancos, vendendo títulos. Isso leva a dívida pública (que terá de ser paga no futuro) e tira o dinheiro da economia, elevando os juros e reduzindo as possibilidades de investimento privado.

2.    Como o país não poupa o suficiente para financiar, ao mesmo tempo, o déficit público e os investimentos da economia, precisa atrais poupança externa. Toma-se assim, dependente de capital externo.


3.   A crise financeira internacional tornou mais escasso o capital externo disponível para países subdesenvolvidos. Além disso, o governo elevou os juros para manter capitais externos aplicados no país.

4.    Como todo governo tem dívidas, é preciso gerar um superávit primário grande o suficiente para fazer frente às despesas com juros.











Fonte e Sítios Consultados

www.novosolhos.com.br



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