Afinal, isso
é certo ou errado? Aquilo é bom ou ruim? E devo ou não devo fazer isso? É bem
possível que você já tenha feito alguma dessas perguntas instantes antes de
tomar uma decisão ou fazer uma escolha. Essas perguntas permeiam a reflexão
sobre dois termos: a ética
e a moral.
É comum haver
essa confusão entre estes dois termos, muitos acreditam que eles significam a
mesma coisa. Embora estejam relacionados entre si, moral e ética são conceitos
distintos.
A palavra
“ética” vem do grego ethos. Em sua
etimologia, ethos significa literalmente
morada, habitat, refúgio. O lugar onde as pessoas habitam. Mas para os
filósofos, a palavra se refere a “caráter”, “índole”, “natureza”.
Segundo Sócrates,
o filósofo
ateniense do período clássico da Grécia Antiga, ele sempre colocou o
autoconhecimento como a melhor forma de viver com sabedoria. E seguindo a
máxima de Aristóteles em “Ética a Nicômaco” e em seu pensamento moral de forma
geral, “somos o resultado de nossas
escolhas”. Aristóteles acreditava que a ética caracteriza-se pela
finalidade e pelo objetivo a ser atingido, isto é, que se possa viver bem, ter
uma vida boa, com e para os outros, com instituições justas. Já Platão entende
que a justiça é a principal virtude a ser seguida.
De acordo
com estes pensamentos, a ética é um tipo de postura e se refere a um modo de
ser, à natureza da ação humana, ou seja, é como lidamos diante das situações da
vida e ao modo como convivemos e estabelecemos relações uns com os outros. É uma
postura pessoal que pressupõe uma liberdade de escolha.
O que
estamos fazendo uns com os outros? Quais são as nossas responsabilidades
pessoais diante do outro? Uma postura ou conduta ética pode ser a realização de
um tipo de comportamento mediado por princípios e valores morais.
A palavra
“moral” deriva do latim mores, que significa
“costume”. Aquilo que se consolidou ou se cristalizou como sendo verdadeiro do
ponto de vista da ação. A moral é fruto do padrão cultural vigente e incorpora
as regras eleitas como necessárias ao convívio entre os membros dessa
sociedade. Regras estas determinadas pela própria sociedade.
Nos
tempos medievais, por exemplo, a moral era muito atrelada a crenças religiosas.
A sociedade buscava na religião um meio para orientar o homem a agir de acordo
com valores éticos. Após a Idade Moderna, o Estado passou a estimular regras e
valores éticos, por meio de leis e o reconhecimento dos deveres de um sujeito
em responder pelas consequências de seus atos.
Será que todos sabem o que vem a ser um
comportamento moral ou imoral? Assim como a reflexão ética, uma conduta moral
também é uma escolha a ser feita. As normas ou códigos morais são cumpridos a
partir da convicção íntima da pessoa que se comporta. Uma pessoa moral age de
acordo com os costumes e valores de uma determinada sociedade. Ou seja, quem
segue as regras é uma pessoa moral; quem as desobedece, uma pessoa imoral.
Pense nisso: uma pessoa moral ou imoral não é necessariamente
aquela que segue as leis ou regras jurídicas. Comportamentos como furar fila no
banco, jogar lixo no chão, colar na prova, falar mal de um colega na frente do
outro ou não dar espaço para os mais velhos no metrô não são considerados
ilegais, mas podem ser atos imorais.
A ética,
por sua vez, é a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, que reflete e
questiona sobre as regras morais. A reflexão ética pode inclusive contestar as
regras morais vigentes, entendendo-as, por exemplo, como ultrapassadas ou
simplesmente erradas do ponto de vista pessoal.
Os
filósofos antigos (gregos e romanos) consideravam a vida ética transcorrendo
como um embate contínuo entre nossos apetites e desejos – as paixões – e nossa
razão. Eles estabeleceram três aspectos principais para a ética:
- o racionalismo (a vida
virtuosa é agir em conformidade com a razão, que conhece o bem, o deseja e guia
nossa vontade até ele);
- o naturalismo (a
vida virtuosa é agir em conformidade com a Natureza - o cosmos - e com nossa
natureza – ethos -, que é uma arte do todo natural);
- a inseparabilidade entre ética e política, ou seja,
entre a conduta do indivíduo e os valores da sociedade.
Um exemplo. Como lidar com uma pessoa que roubou um
remédio para salvar uma vida? Seu comportamento é imoral, ela quebrou a regra
de uma sociedade. Mas será que seria justificado eticamente?
A moral é
constituída pelos valores previamente estabelecidos e comportamentos
socialmente aceitos e passíveis de serem questionados pela ética, em busca de
uma condição mais justa. É possível uma ação moral ou imoral sem qualquer
reflexão ética, assim como é possível uma reflexão ética acompanhada de uma
ação imoral ou amoral.
Basicamente,
quando se trata de moral, o que é certo e errado depende do lugar onde se está.
A ética é o questionamento da moral, ela trata de princípios e não de
mandamentos. Supõe que o homem deva ser justo. Porém, como ser justo? Ou como
agir de forma a garantir o bem de todos? Não há resposta predefinida. Mas há sempre uma
resposta a ser pensada.
Nenhum
ser humano já nasce com ética ou com moral, isso faz parte de construções
culturais e simbólicas. As pessoas podem aprender ética na família, na escola,
na rua, no trabalho. Esses conceitos são adquiridos ao longo da experiência
humana, seja pela cultura, pelas regras jurídicas, pela educação ou por
reflexões pessoais.
Quando
uma empresa diz que possui um “código de ética”, na verdade o que se está
presente no texto são códigos ou regras de moral que buscam criar uma cultura
ética. A moral é convenção e a ética, reflexão.
O aprendizado
da ética seria o aprendizado da convivência. Aprender a conviver juntos é um
dos maiores desafios no século 21. A ética pode ser uma bússola para orientar o
pensamento e responder a seguinte pergunta: qual sociedade eu ajudo a formar
com a minha ação?
Fonte e Sítios Consultados
http://vestibular.uol.com.br
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