Os microempresários brasileiros sentem que aquele sonho da liberdade financeira está indo por água abaixo ultimamente - para ser mais exato, desde o ano de 2015 até o final desse ano de 2017. Vamos acompanhar a microempresa do 'nosso personagem fictício' - só para saber, existem vários
pagamentos em atraso e pouquíssima procura pelos seus produtos, isso
significa dizer que 'como a maioria' dos brasileiros, todos estão com a corda no
pescoço e sem chão sob os seus pés. E olha que este microempresário já tentou muitas
ações, como: fazer liquidação/promoção, ele tentou associar-se com algumas
empresas do setor, abriu um espaço de vendas pela internet, tentou fazer um empréstimo para renovar seus produtos
(mas não foi possível, o banco negou uma linha de crédito), também tentou enxugar
algumas despesas (só que não havia mais o que enxugar), ele também procurou por
um sócio (mas isso também não aconteceu)... Então, ele foi para casa no final
de mais um dia estressante para tentar descansar um pouco, chegando à sua residência
ele ligou a televisão com a ideia de distrair seus pensamentos e aliviar um
pouco a sua cabeça de tanta notícia ruim sobre a crise brasileira atual.
Assim que ligou a TV ele passou para um canal de notícias
onde encontrou uma repórter que dizia: “os custos têm que ser reduzidos, o
Brasil precisa se esforçar para ter as melhores práticas. E duas coisas que nós
temos pouco aqui no Brasil e temos que ter muito mais: primeiro é inovação e
segundo é um aumento maior de produtividade. Que é o binômio de inovação e produtividade
- que é o que move o mundo. Nós temos muito pouco disso, exceto no setor que é
o único que vai bem, que é o setor agrícola”, em meio a este noticiário ele
pegou o controle remoto e trocou de canal.
Neste outro canal encontrou uma entrevista com um ex-ministro
de economia do Brasil onde ele seguia dizendo: “Entre 1990 e 2005, 2006, o
Brasil fez uma revolução econômica espetacular, pacífica - privatizou, abriu a
economia, fez três reformas da Previdência Social, fez uma pequena reforma na
legislação trabalhista, criaram às agências reguladoras, as agências eram
independentes. Criou toda uma legislação de concessões que funcionou durante
algum tempo. Acontece que nós fizemos uma contra reforma a partir de 2006 que
levou o país de volta à década de 70. Então nós vamos ter que refazer tudo
outra vez. Mas como já foi feito uma vez, ele está otimista que vamos conseguir
mais uma vez”, e nesta hora nosso personagem pega o controle remoto
novamente e troca mais uma vez de canal.
Assim que apareceu a imagem foi
possível perceber uma roda de entrevistas discutindo alguns problemas
brasileiros atuais, como este: “em médio prazo, a mais relevante é incrementar
o programa de concessões. As pessoas vão querer efetivamente gastar dinheiro.
Vai ter que comprar material, máquina, vai ter que contratar gente para fazer,
duplicar uma estrada, estender outra estrada, criar uma nova estrada, um novo
porto, um novo aeroporto. Tudo isso tem um efeito de gerar um aumento de gasto
do setor privado, que ajuda a trazer a economia para cima”, neste
momento, meio atordoado de ouvir tantas ‘estradas’
nosso microempresário troca de canal novamente.
Nesta emissora existem dois comentaristas discutindo algumas
possibilidades do Brasil sair do buraco que ele se encontra, era assim: “A
grande saída mesmo seria o investimento - só que a credibilidade no Brasil hoje
está muito baixa. Por quê? Porque a gente andou rasgando contratos. Veja o que
aconteceu no setor elétrico, você acabou com as regras de concessão e disse o
seguinte: quem quiser aceitar a concessão tem que aceitar uma redução na tarifa
de 20%. O Brasil se ele crescer 2% ao ano significa que a renda per capita de
um brasileiro cresce 1% ao ano. Significa que nós vamos ter que esperar 70 anos
para dobrar a renda per capita de cada um de nós. Estaremos todos mortos”,
sentindo a sua cabeça começar a rodar ele pega o controle remoto e sobe mais um
canal.
Talvez agora ele
possa relaxar um pouco, afinal trata-se de um canal de televisão aberta que se
intitula ‘o canal da família brasileira’
e não é que neste programa de atrações variadas ‘surgem do nada’ três jornalistas conversando com o povo sobre o
Brasil, era assim: “Sabe o que todo mundo percebeu, que devido aos jornais
estarem cheios de matérias - basta fazer uma pesquisa. Em todas as entrevistas
que ela deu como candidata a presidente, ela foi perguntada, insistentemente,
sobre a crise. E sempre negou. Disse que havia uma crise internacional, mas não
aqui dentro. E que os problemas daqui eram derivados da crise internacional.
Exatamente naquele momento, estavam em uma boa fase: estava recuperando a
economia americana, a economia alemã crescendo, a Europa ficando menos
vulnerável à crise. Estava em um bom momento. Não é como agora. É
impressionante que ela como economista não tenha percebido. Por exemplo, em
agosto do ano passado, as empresas de eletricidade já estavam pedindo
empréstimos com garantia de que isso seria repassado para a conta. Portanto,
todo mundo sabia”.
E foi nesta hora que o microempresário brasileiro encheu o pulmão de ar, deixou escapar um tímido sorriso que contraiu os músculos do
seu rosto e feliz por ver que tudo fazia parte da mesma crise, assim como o mundo
inteiro também se encontra em crise – é verdade que existem alguns em estados piores,
talvez – mas, para sentir-se um pouco ‘menos pior’ ele tratou de pensar: “De
crise em crise, o mundo vai sobrevivendo; de crise em crise, mesmo que às vezes
pareça que não, eu também vou conseguir encontrar um meio de ‘também’ sobreviver”.
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