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18 de setembro de 2015

Um dia na Vida de um Microempresário Brasileiro


         Os microempresários brasileiros sentem que aquele sonho da liberdade financeira está indo por água abaixo ultimamente - para ser mais exato, desde o ano de 2015 até o final desse ano de 2017. Vamos acompanhar a microempresa do 'nosso personagem fictício' - só para saber, existem vários pagamentos em atraso e pouquíssima procura pelos seus produtos,  isso significa dizer que 'como a maioria' dos brasileiros, todos estão com a corda no pescoço e sem chão sob os seus pés. E olha que este microempresário já tentou muitas ações, como: fazer liquidação/promoção, ele tentou associar-se com algumas empresas do setor, abriu um espaço de vendas pela internet, tentou fazer um empréstimo para renovar seus produtos (mas não foi possível, o banco negou uma linha de crédito), também tentou enxugar algumas despesas (só que não havia mais o que enxugar), ele também procurou por um sócio (mas isso também não aconteceu)... Então, ele foi para casa no final de mais um dia estressante para tentar descansar um pouco, chegando à sua residência ele ligou a televisão com a ideia de distrair seus pensamentos e aliviar um pouco a sua cabeça de tanta notícia ruim sobre a crise brasileira atual.



Assim que ligou a TV ele passou para um canal de notícias onde encontrou uma repórter que dizia: “os custos têm que ser reduzidos, o Brasil precisa se esforçar para ter as melhores práticas. E duas coisas que nós temos pouco aqui no Brasil e temos que ter muito mais: primeiro é inovação e segundo é um aumento maior de produtividade. Que é o binômio de inovação e produtividade - que é o que move o mundo. Nós temos muito pouco disso, exceto no setor que é o único que vai bem, que é o setor agrícola”, em meio a este noticiário ele pegou o controle remoto e trocou de canal.

Neste outro canal encontrou uma entrevista com um ex-ministro de economia do Brasil onde ele seguia dizendo: “Entre 1990 e 2005, 2006, o Brasil fez uma revolução econômica espetacular, pacífica - privatizou, abriu a economia, fez três reformas da Previdência Social, fez uma pequena reforma na legislação trabalhista, criaram às agências reguladoras, as agências eram independentes. Criou toda uma legislação de concessões que funcionou durante algum tempo. Acontece que nós fizemos uma contra reforma a partir de 2006 que levou o país de volta à década de 70. Então nós vamos ter que refazer tudo outra vez. Mas como já foi feito uma vez, ele está otimista que vamos conseguir mais uma vez”, e nesta hora nosso personagem pega o controle remoto novamente e troca mais uma vez de canal.

Assim que apareceu a imagem foi possível perceber uma roda de entrevistas discutindo alguns problemas brasileiros atuais, como este: “em médio prazo, a mais relevante é incrementar o programa de concessões. As pessoas vão querer efetivamente gastar dinheiro. Vai ter que comprar material, máquina, vai ter que contratar gente para fazer, duplicar uma estrada, estender outra estrada, criar uma nova estrada, um novo porto, um novo aeroporto. Tudo isso tem um efeito de gerar um aumento de gasto do setor privado, que ajuda a trazer a economia para cima”, neste momento, meio atordoado de ouvir tantas ‘estradas’ nosso microempresário troca de canal novamente.
Nesta emissora existem dois comentaristas discutindo algumas possibilidades do Brasil sair do buraco que ele se encontra, era assim: “A grande saída mesmo seria o investimento - só que a credibilidade no Brasil hoje está muito baixa. Por quê? Porque a gente andou rasgando contratos. Veja o que aconteceu no setor elétrico, você acabou com as regras de concessão e disse o seguinte: quem quiser aceitar a concessão tem que aceitar uma redução na tarifa de 20%. O Brasil se ele crescer 2% ao ano significa que a renda per capita de um brasileiro cresce 1% ao ano. Significa que nós vamos ter que esperar 70 anos para dobrar a renda per capita de cada um de nós. Estaremos todos mortos”, sentindo a sua cabeça começar a rodar ele pega o controle remoto e sobe mais um canal.

Talvez agora ele possa relaxar um pouco, afinal trata-se de um canal de televisão aberta que se intitula ‘o canal da família brasileira’ e não é que neste programa de atrações variadas ‘surgem do nada’ três jornalistas conversando com o povo sobre o Brasil, era assim: “Sabe o que todo mundo percebeu, que devido aos jornais estarem cheios de matérias - basta fazer uma pesquisa. Em todas as entrevistas que ela deu como candidata a presidente, ela foi perguntada, insistentemente, sobre a crise. E sempre negou. Disse que havia uma crise internacional, mas não aqui dentro. E que os problemas daqui eram derivados da crise internacional. Exatamente naquele momento, estavam em uma boa fase: estava recuperando a economia americana, a economia alemã crescendo, a Europa ficando menos vulnerável à crise. Estava em um bom momento. Não é como agora. É impressionante que ela como economista não tenha percebido. Por exemplo, em agosto do ano passado, as empresas de eletricidade já estavam pedindo empréstimos com garantia de que isso seria repassado para a conta. Portanto, todo mundo sabia”.


 E foi nesta hora que o microempresário brasileiro encheu o pulmão de ar, deixou escapar um tímido sorriso que contraiu os músculos do seu rosto e feliz por ver que tudo fazia parte da mesma crise, assim como o mundo inteiro também se encontra em crise – é verdade que existem alguns em estados piores, talvez – mas, para sentir-se um pouco ‘menos pior’ ele tratou de pensar: De crise em crise, o mundo vai sobrevivendo; de crise em crise, mesmo que às vezes pareça que não, eu também vou conseguir encontrar um meio de ‘também sobreviver”.




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