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15 de agosto de 2015

Será que o impeachment sai?

          


          Vamos aproveitar este momento atual que o Brasil está passando com as passeatas marcadas para o dia 16/08/2015 em vários pontos do País - onde poderão ser vistos e ouvidos vários pedidos de impeachment contra a presidente Dilma, para tirar algumas dúvidas a respeito deste assunto. 

        É verdade que qualquer brasileiro pode entrar com uma denúncia contra o Presidente da República do Brasil em exercício por crimes de responsabilidade, porém, cabe ao presidente da Câmara dos Deputados julgar se essa denuncia procede ou não, e só depois disso, abrir uma comissão especial para analisar este pedido.

         Também é importante saber o que pode levar até o impeachment. Para se abrir um pedido de impeachment consistente é preciso existir provas de que o mandatário cometeu algum crime comum (como homicídio ou roubo) ou crime de responsabilidade – (são atos de improbidade administrativa chegando até atos que coloquem em risco a segurança do país, explicitados na lei 1.079).

         Outro ponto que causa muita dúvida é se o pedido de impeachment pode ser feito via abaixo-assinado. A resposta para essa dúvida é não! Qualquer denúncia por crime de responsabilidade só pode ser feita por uma pessoa física e precisa estar acompanhada de documentos que a comprovem. No caso do impeachment do ex-presidente Fernando Collor (o qual analisaremos logo abaixo), o processo durou cerca de sete meses, desde a instalação da comissão parlamentar mista de inquérito.

         Além disso, o impeachment só levará a uma nova eleição direta se, além do presidente, o vice também for afastado ainda na primeira metade do primeiro mandato. Enquanto a eleição é convocada, no entanto, quem assume é o presidente da Câmara dos Deputados. Fora isso, o processo de impeachment também não pode ser decidido por voto popular, quem recebe a denúncia e avalia se ela será transformada em processo e encaminhada aos parlamentares é o presidente da Câmara dos Deputados. Outro ponto que causa dúvidas é sobre a possibilidade que uma CPI tem de aprovar um pedido de impeachment, neste caso também não! Já que a Comissão Parlamentar de Inquérito não tem o poder de decidir pelo impeachment. Como já dissemos quem avalia se ela será transformada em processo e encaminhada aos parlamentares é o presidente da Câmara dos Deputados

Mas, se não pode ter o impeachment porque não tem uma cassação? Bem, agora vale uma explicação: o impeachment é o processo que envolve a cassação do mandato de um político do Executivo, tornando-o inelegível por oito anos. Já a cassação envolve a perda do mandato e pode resultar na inelegibilidade, como nos casos em que o político é cassado com base na Lei da Ficha Limpa

Antes de discutirmos sobre as chances de um impeachment, é importante saber exatamente o seu significado: o impeachment ou impugnação de mandato é um termo que denomina o processo de cassação de mandato do chefe do poder executivo pelo congresso nacional, pelas assembleias estaduais ou pelas câmaras municipais. A denúncia válida pode ser por crime comum, crime de responsabilidade, abuso de poder, desrespeito às normas constitucionais ou violação de direitos pátrios previstos na constituição. A punição varia de país para país. Aqui no Brasil, para que um processo de impeachment seja aberto é necessário que dois terços dos deputados votem a favor da sua instalação. O Senado então deve decidir, na mesma proporção, se o mandato pode ser interrompido ou não.

          Vale lembrar o caso de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, o processo para aquele impeachment durou cerca de sete meses, desde a instalação da comissão parlamentar mista de inquérito, em 1º de junho de 1992, até a renúncia de Collor, em 29 de dezembro de 1992. Segundo professores de direito, o impeachment é uma medida de exceção. O Professor de Ciências Políticas do Insper de São Paulo, Humberto Dantas, afirma que “o momento histórico atual difere (e muito) do Brasil de 22 anos atrás. O PT não é o PRN. Quando se tirou o Collor, o país estremeceu, mas se reergueu. Se o PT cair, não vai ser fácil”.

          "Seria uma situação muito ruim para a democracia brasileira", afirma Renato Janine Ribeiro, professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo (USP). "No caso de um impeachment, assumiria o vice (Michel Temer), que tem uma visão política diferente da de Dilma. Para a maioria que votou no PT, vai ficar a sensação de que isso está sendo um golpe baixo”, diz Janine Ribeiro. 


- O que pode levar a um impeachment?

É pelo crime de responsabilidade que se gera o impedimento da continuidade do exercício do mandato”, afirma Antônio Carlos Rodrigues do Amaral, professor de Direito Constitucional da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “O mau exercício de um mandato não é causa para um impeachment”. Assim, para que o pedido de abertura de impeachment tenha consistência, devem existir evidências de que o mandatário cometeu algum crime comum (como homicídio ou roubo) ou crime de responsabilidade – que envolve desde improbidade administrativa até atos que coloquem em risco a segurança do país. “Sem um feixe de indícios convergentes não sai processo nenhum”, diz Carlos Ari Sundfeld, da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas.


- Já há provas de que a presidente Dilma Rousseff cometeu um crime de responsabilidade?

Por mais sérias que sejam as acusações dos delatores da Operação Lava Jato, até agora não há qualquer prova de que a presidente Dilma tenha sido conivente com as ações praticadas na Petrobras. Por isso, para dois dos três juristas consultados por EXAME.com, a ideia de impeachment não procede. “Seria uma aberração do ponto de vista jurídico a abertura de um processo de impeachment agora”, afirma Souza Neto, da UFF.

A opinião:

- Já há elementos suficientes para a abertura de um processo contra a Presidente Dilma

Não é o que o jurista Ives Gandra Martins concluiu em parecer técnico feito a pedido de um advogado ligado ao PSDB. Segundo o jurista, já há elementos suficientes para a abertura de um processo contra Dilma, por improbidade administrativa "não decorrente de dolo (intenção), mas de culpa". Neste caso, culpa implica omissão, negligência, imprudência ou imperícia. A probidade se projeta na capacidade do administrador público em agir com eficiência e competência no exercício do seu mandato. Na medida em que atos praticados pela diretoria de uma empresa de economia mista gerem um prejuízo notável ao patrimônio público, você pode daí eventualmente alcançar pelo crime de responsabilidade.

Funciona assim: o mero fato de alguém ser presidente da República e ocorrerem irregularidades na administração federal não significa que ele tenha agido com culpa, que tenha sido imprudente, imperito ou negligente - isso em razão da responsabilidade ser sempre pessoal. Ou será que alguém não se lembra da resposta do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva quando perguntado se sabia algo sobre o escândalo do Mensalão: “Eu não sei de nada”, disse o então Presidente Lula.


- Qual a diferença da atual condição de Dilma Rousseff e a de Fernando Collor?

A principal diferença entre o cenário atual e o vivido pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello, há mais de duas décadas, está no fato de o presidente Collor estar envolvido diretamente com os fatos. Existiam alguns elementos diretamente ligados à figura de Collor. E os depoimentos até agora divulgados pela Operação Lava Jato falam em acusações contra o Partido dos Trabalhadores e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, além de referências aos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci, entre outros políticos ligados à sigla da presidente. A Presidente Dilma Rousseff também tem contra ela o fato de que esteve à frente do Conselho de Administração da Petrobras entre 2003 e 2010, quando parte dos supostos pagamentos ilegais teria ocorrido na estatal. 

Depois de tudo o que vimos até aqui, é de se imaginar que já tenhamos uma ideia formada sobre a possibilidade do impeachment da Presidente Dilma Rousseff acontecer. Agora não é que com a divulgação do depoimento de Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras, depoimento esse prestado em Novembro de 2014, portanto, um mês após as eleições de 2014, o impeachment de Dilma Rousseff sobe a rampa do Planalto. Pelo menos, em um país sério, isso deveria considerar. O Sr. Barusco, que assinou a delação premiada, revelou que o PT recebeu US$200 milhões de propina entre 2003 e 2013, sendo que pelo menos US$50 mi teriam passados na mão de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, que, atualmente, se recusou a abrir suas portas para a Polícia Federal, que pulou o muro de sua casa. O Sr. Barusco contou que seu ex-chefe e apadrinhado de José Dirceu, Renato Duque, pedia R$50 mil semanais de propinas da Petrobras, e que o mesmo continuou a recebê-las no exterior, depois de ter saído em 2012.

Se puxarmos pela memória, enquanto o Mensalão era julgado, o Petrolão estava a pleno vapor. A Sra. Dilma Rousseff, a candidata do PT ao cargo de Presidente da República foi eleita com dinheiro sujo. Como todos sabem, ela esteve ligada à Petrobras nos últimos anos, em cargos de completa responsabilidade sobre os fatos. Isso nos leva a crer que Dilma sabia. Lula também sabia. O crime é de responsabilidade. Ambos devem ir para a cadeia. Com a declaração de Barusco, que a PF já sabia há 3 meses, espera-se que o Ministério Público Federal junte as provas e a oposição protocole o pedido de impeachment de Dilma Rousseff.


Resumindo: a situação da Presidente Dilma Rousseff ainda é delicada. Porém o Governo ganhou um tempo extra para se defender das acusações das chamadas "pedaladas fiscais", e mesmo com tudo o que se fala sobre a Presidente, ainda não surgiu um conjunto de indícios convergentes para a abertura do processo de impeachment - e como neste país o que não falta é advogado para encontrar falhas nas nossas Leis, creio que ainda vamos continuar acompanhando os próximos capítulos deste episódio brasileiro do impeachment pelos noticiários.


Fonte e Sítios Consultados

http://pt.wikipedia.org
http://exame.abril.com.br
http://noticias.uol.com.br

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