Em todos os momentos que precisamos tomar decisões sempre ouvirmos que a
melhor decisão é aquela tomada de forma consciente. Será que essa é realmente a
melhor forma de analisar com precisão uma questão, de tomar a decisão mais correta na espera de uma uma consequência positiva? Diria o senso comum que sim, sempre devemos pensar
racionalmente para nos posicionarmos frente aos temas difíceis. Será?
Também é comum conversarmos com amigos sensatos que sempre estão expondo
a sua opinião, nos orientando ou dividindo as suas experiências vividas sobre o
assunto em questão. Porém, uma série de estudos recentes mostrou que há em
nosso cérebro uma inteligência que nem sempre é possível ser acessada e, em várias
situações, isso pode fazer muita diferença entre uma decisão que pode nos levar
até o sucesso ou nos que conduzirá ao fracasso, e essa inteligência oculta
chama-se inconsciente.
Segundo um estudo dos anos 90, que acompanhou uma comunidade de
religiosos que pregava o fim do mundo em uma localidade no interior dos Estados
Unidos - quando chegou o horário marcado para o mundo acabar e nada
aconteceu, percebeu-se um fato curioso: muitos dos religiosos ali presentes atribuíram
a salvação do mundo às orações que fizeram com seu mestre. Ou seja, ao invés de
admitir o fracasso da previsão
catastrófica, distorceram a realidade e reforçaram a importância de suas
orações para, supostamente, salvar o planeta. Segundo os
pesquisadores, seria muito doloroso para aqueles religiosos que abandonaram
suas famílias e os empregos para viver aquela experiência - admitir que tudo aquilo
foi
em vão. Por isso, a sua consciência os enganou.
O médico psiquiatra Frederico Porto diz “a consciência muitas vezes
distorce a realidade para evitar que encaremos situações de sofrimento ou,
ainda, para adequar alguns fatos
desagradáveis às nossas convicções mais íntimas”.
Também é verdade que existem situações em que a consciência humana, ‘que
opera com racionalidade’, é
incapaz de relacionar informações que permitam uma pessoa chegar à melhor decisão para um problema. Podemos
verificar isso no estudo feito pela Universidade
de Carnegie Melon, nos Estados
Unidos, esse estudo contou com 27 adultos saudáveis para uma apresentação
sobre carros usados. Todos os voluntários foram convidados a observar as
características de cada automóvel e escolher aquele que, na sua análise
individual, apresentasse a melhor oportunidade de negócio. Enquanto assistiam à
apresentação feita por vendedores de carros, todos os voluntários tinham suas
atividades cerebrais monitoradas por exames de imagem. Porém, uma parte deles foi
separada do grupo e convidada a fazer cálculos matemáticos propositalmente complexos. O
objetivo era "ocupar" a parte racional de seu cérebro, deixando que
as áreas ‘menos’ bem conhecidas pelos cientistas
ficassem mais livres para atuar. O resultado apresentado desse estudo indicou que as pessoas que não
estavam usando a área racional na escolha preferiram carros melhores
por preços mais baixos.
Já o escritor americano David
McRaney, no livro "Você não é tão esperto quanto pensa",
defende a ideia de que existe um repositório de inteligências que nós ainda não
acessamos e, em tese, isso poderia nos tornar muito mais inteligentes e capazes. Neste
livro existe o seguinte exemplo: um grupo de jogadores de pôquer recebe, sem
saber, cartas vermelhas sempre
ruins e cartas boas sempre
pretas. Embora, racionalmente, os jogadores saibam que as chances de
uma carta ser boa ou ruim independem de sua cor, eles passam a, de modo não consciente, preferir as
cartas pretas.
Isso significa dizer que: acessar o subconsciente não quer dizer,
necessariamente, que chegaremos a decisões melhores, pois muitas vezes ele nos
trai. Isso nos leva a pensar em algumas hipóteses, do mesmo modo que um
indivíduo pode ficar mais inteligente ao dominar sua mente, políticos e marqueteiros também podem de
posse desse conhecimento, induzir as pessoas a preferir um determinado
produto ou candidato.
É possível verificar que historicamente a indústria da propaganda está sempre tentando sofisticar métodos
subliminares para convencer as pessoas de suas ideias. Uma dessas armadilhas
clássicas é o neuromarketing - que
consegue explorar o medo de perda nas
pessoas. Por exemplo: os vendedores
de serviços como assinatura de revista ou TV paga sempre deixam os contratos
dos seus clientes em renovação automática. Se o cliente quiser cancelar o
serviço, ele terá que ligar para uma central e solicitar esse cancelamento, e
neste momento, o cliente será lembrado de que perderá infinitos benefícios,
conteúdos e serviços. Como o sentimento de perda tem um apelo negativo no
subconsciente humano, boa parte dos consumidores desiste do cancelamento neste
momento.
Encerramos esse post com o estudo visto acima, da Universidade de Carnegie Melon, onde este estudo com os carros demostrou
que em momentos de distração da parte mais racional do cérebro, o subconsciente foi capaz de ajudar as pessoas a tomar
uma decisão mais sábia. Isso
significa dizer que aquela tese popular ganhou força: frente a uma questão difícil de resolver, vale a pena dar um tempo e
relaxar, que a escolha correta "surgirá naturalmente".
Fonte e Sítios Consultados
http://noticias.uol.com.br
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