Quem nunca ouviu falar sobre a “geração Y” ou
“geração da internet”?
Esse grupo de jovens possuem características comportamentais próprias que nasceram após a década de 1980 até meados de 1990, refere-se a uma parte da sociedade, que se desenvolveu em meio aos grandes avanços tecnológicos e à prosperidade econômica.
No livro Teaching
Digital Natives - Partnering for Real Learning, o
canadense Marc Prensky divide a humanidade em dois grupos: os nativos digitais e os
imigrantes digitais. Os “nativos”
são exatamente aqueles pertencentes à geração Y, que têm a tecnologia inserida
em suas vidas prematuramente e que convivem desde muito cedo com as mais
variadas plataformas digitais.
Já os “imigrantes” são as pessoas que
antecedem as gerações tecnológicas e que, mesmo utilizando os elementos
digitais, não têm a mesma dinamicidade e habilidade dos nativos. É como se você
fosse realmente um estrangeiro, inserido em uma cultura diferente. Você
certamente aprenderá o dialeto da população, devido a convivência, mas sempre
terá um sotaque diferente dos demais.
Por amadurecerem em frente o computador, o comportamento dos indivíduos da geração Y é alterado pelas diversas “influências” que a tecnologia exerce sobre cada um deles, é o que diz a doutora e professora da faculdade de Educação da PUCRS, Helena Sporleder Cortês. Para ela, as pessoas interagem cada vez menos e isso é um reflexo comportamental dessa geração.
“A
interação dos jovens com o mundo e com as outras pessoas diferentes é feita pelas 'redes socias'. De uma maneira geral, esses indivíduos se relacionam pelo facebook, twitter e etc. Além disso, eles são menos
concentrados, impacientes - não podem esperar dois minutos até o computador
ligar que já ficam irritados - querem saber e fazer tudo ao mesmo tempo e têm
uma intimidade muito grande com o material tecnológico. Quando a mãe troca de
celular, quem é que vai ajuda lá a utilizar o aparelho é o filho pequeno, de 10
anos”, completou
Helena.
- Mas até que ponto o uso das novas tecnologias desde cedo é saudável?
A professora Helena defende que as escolas e
universidades, ambientes de convívio social desses jovens, nem sempre têm a
configuração necessária para acompanhar essas evoluções. Ao mesmo tempo, não
faz intervenções que permitam que a geração Y revise suas práticas de uso das
novas tecnologias. “O fato de
termos a tecnologia à disposição e de precisarmos dela, não pode nos fazer
dependentes ou escravos dela. Nenhum recurso é bom ou mau em si mesmo, bom ou mau
é o uso que fazemos dele. Temos que ser educados para que tenhamos condições de
fazer essa mediação”.
A psicóloga Sônia Maria Müller Limberger acrescenta
que existe ainda um descompromisso crescente com as relações afetivas. Ao mesmo
tempo em que a geração da internet quer respostas instantâneas para a maioria
das coisas, quando o assunto é afetividade, isso muda. “As pessoas querem se envolver
menos e praticamente não sentem necessidade de ter relacionamentos presenciais.
E é necessário observar o comportamento não seja prejudicial”, ela
finaliza.
- Será que as novas
tecnologias estão ajudando nos processos de ensino e aprendizagem?
Sempre que chega a época da volta às aulas o
mercado tecnológico se enche de novidades que visam: professores, pais e
estudantes. A Apple, empresa norte-americana que atua no setor de aparelhos
eletrônicos e de informática, sempre aparece com novidades nesse mercado de aplicativos
educativos para o iPhone, o iPad e o iPod.
Entre os vários serviços estava um app que ajuda na
organização de tarefas, horários, aulas e outras atividades; outro que auxilia
o usuário a criar cartões de estudo para memorizar ou estudar matérias
escolares; e ainda aqueles que oferecem dicionário e tabela periódica. Mas,
até que ponto essas novas tecnologias podem auxiliar no aprendizado do aluno?
A professora e doutora Helena Sporleder Côrtes,
coordenadora de Pedagogia Multimeios e Informática Educativa da Faced/PUCRS,
diz que, se vivemos em uma sociedade cada vez mais ‘tecnologizada’, não há
como evitar a presença de artefatos tecnológicos no cotidiano da escola e da
família.
O fundamental é nos concentrarmos em como utilizá-los
com finalidades educacionais, isto é, como explorá-los de modo a que se revelem
recursos efetivos de apoio ao ensino e à aprendizagem. Esse é o grande desafio
– fala Helena.
Para ela, a tecnologia, em si, não é boa ou má. Bom
ou mal é o uso que se faz dela. As novas mídias eletrônicas, por exemplo, pelo
fascínio que exercem sobre crianças, adolescentes e jovens em geral, são
recursos poderosos para mobilizar o estudante, para atraí-lo ao estudo dos
conteúdos curriculares.
Nessa nova realidade, pais e professores devem
ficar atentos para não deixarem os estudantes se tornarem excessivamente
dependentes dessas tecnologias. Helena alerta que hoje, talvez, sejamos mais
impacientes, menos atentos e concentrados do que éramos há décadas atrás.
Os alunos perdem, não com o uso, mas com o uso
excessivo das tecnologias contemporâneas, grandes oportunidades de
aprendizagem, de crescimento, de ampliação dos horizontes formativos e de
aprofundamento das relações humanas – afirma a professora.
Segundo ela, é preciso definir, em conjunto, as
regras necessárias para que o acesso aos instrumentos tecnológicos não seja
negado, mas que o espaço para o exercício de atividades que envolvam a
socialização e o relacionamento humano seja mantido.
Além dos alunos, os professores também podem
aproveitar essas tecnologias na sala de aula, tornando-as úteis no processo de
ensino. Helena acredita que os educadores têm que ser profissionais capazes de
explorar pedagogicamente os recursos tecnológicos.
Há que investir na formação inicial e continuada
dos professores, de maneira a permitir-lhes o acesso e a capacitação no uso das
tecnologias com finalidades educativas. O grande desafio é aproveitar esses
novos recursos, associando-os ao desenvolvimento de projetos de aprendizagem
que permitam desenvolver e fixar os conteúdos curriculares – aponta ela.
Helena acredita que o uso da internet, dos
mecanismos de busca virtual, das redes sociais, dos vários aplicativos
desenvolvidos para iPads, iPhones, iPods,
ou quaisquer outras ferramentas para buscar informações articuladas aos temas
de estudo das diferentes áreas do saber pode se revelar uma estratégia de ação
altamente estimuladora e produtiva sob o enfoque educacional.
Discutir e refletir criticamente sobre essas
ferramentas, transformando-as em conhecimento efetivo, ao invés de apenas
favorecer o famigerado ‘recorta e cola’ usual, que só
estimula a repetição vazia, pode ajudar a abrir os horizontes didáticos da
formação escolar convencional e também da formação familiar – conclui ela.
Fonte e Sítios Consultados
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