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5 de agosto de 2014

Os Produtos de Marca Própria com Selo das Varejistas são os mais baratos?


Os Produtos de Marca Própria com Selo das Varejistas são os mais baratos?

Os Produtos que levam o selo das varejistas representam pouco mais de 5% das vendas do setor aqui no Brasil e, quando o mercado trabalha com o aumento nos preços, muitos consumidores preferem comprar os produtos de marcas próprias. Mas, será que o preço sempre é o menor?

Estamos vivenciando este segundo semestre de 2014 com a inflação próxima do teto da meta governamental para este ano, que é de 6,5%, e este fato está causando mudanças nos hábitos dos consumidores e nos negócios do varejo. Muitas empresas abriram mais espaço para as chamadas marcas próprias nas prateleiras de supermercados e lojas de todo o país. Estes produtos são produzidos sob encomenda para as redes varejistas e com um menor gasto em marketing, o que faz com que esses produtos se apresentem com preços menores aos consumidores e, por isso, são cada vez mais usados para encher os carrinhos sem estourar o orçamento.

— Estou fazendo mais pesquisa de preço e optando por marca própria, principalmente nos produtos de limpeza, porque acho que a qualidade é mais parecida com a que estou acostumada — é o que diz uma consumidora, profissional da área de seguros.

Na outra ponta estão às empresas que começaram a atender o segmento de marcas próprias e, de alguma forma, estão conseguindo driblar a desaceleração da atividade econômica. É o caso da mineira Emiflor. A fabricante de alimentos estima faturar R$ 240 milhões em 2014. Quase 70% deste total são referentes à venda de produtos de redes varejistas, como gelatina, batata palha e amido de milho. No ano passado, essa participação era inferior a 60%.

— As vendas das marcas próprias estão crescendo 15%. Já a nossa linha, no geral, tem expansão entre 7% e 8% — conta o diretor comercial da Emiflor.

No Brasil, essa modalidade ainda é baixa, já que os produtos que levam o selo das varejistas representam pouco mais de 5% das vendas do setor, mas alcançam um percentual maior em algumas redes e categorias de produtos. No Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, as marcas próprias Qualitá, Taeq e Casino superaram 10% das vendas do segmento de alimentos. No início do ano, a fatia era de 9%.

Seguindo essa tendência, as Lojas Americanas acabaram de lançar a Basic+Care, marca própria de artigos de higiene pessoal, que oferece, por exemplo, embalagens com 50 unidades de lenços umedecidos por R$ 6,99 contra R$ 8,99 do pacote de 48 unidades da líder Johnson & Johnson, segundo preços verificados em uma das unidades em São Paulo. A rede tem 12 marcas próprias de produtos de vestuário, utilidades domésticas e decoração.

Mas, nem sempre o preço será menor.

Mesmo sendo referência de economia, a marca própria não necessariamente significa preço menor. Numa das lojas do Extra no Centro do Rio, por exemplo, a caixa de 250g do Matte Leão era vendida, outro dia, por R$ 7,99 enquanto o similar de mesmo volume da Qualitá saía por R$ 9,19. Já o pacote de 100 g do açúcar refinado da marca própria sai mais em conta, a R$ 2,11, contra R$ 2,35 da marca premium. A vantagem de preço também aparece em outros produtos, como óleo de soja.

O diretor financeiro do Grupo Pão de Açúcar, afirma que as empresa tem investido em novos produtos, mas pondera que nem sempre o de marca própria será o mais em conta.

— Nem sempre é o melhor preço, mas o consumidor a cada dia se dá conta que é um produto de qualidade, por isso ganhamos espaço.

Os supermercados Zona Sul, no Rio, possuem 13 marcas de produtos de fabricação própria e outras 50 produzidas com exclusividade para a rede. Segundo o diretor comercial do Zona Sul elas respondem por 23% das vendas e crescem acima da média da empresa.

Não trabalhamos com o conceito de marcas próprias, mas de marcas exclusivas. O primeiro critério na hora de selecionar os produtos é a qualidade e, em segundo, um preço competitivo, não necessariamente o menor. Em geral, custam menos do que o líder do mercado, mas, dependendo da categoria, podem até custar mais porque são itens diferenciados, de gastronomia. Entre outros, temos pães Panetto, molhos, azeites e massas italianos San Frediano, vinho chileno Santa Dominga e, há um ano, lançamos os Sucos Já — explica.

O gerente de marketing do atacadista paulista Roldão, diz que a alta de preços tem mudado o comportamento do consumidor. Se antes as compras de consumidores finais nas unidades do grupo se concentravam aos sábados e domingos, agora também ocorrem às sextas. Além de comprar maiores volumes para fugir de futuras altas, ele destaca a busca por marcas próprias, categoria que representa 10% dos produtos ofertados, contra 5% há três anos.

— Ele procura um custo menor e uma referência, que é a rede varejista que oferta a marca própria. Isso fez com que elevássemos a oferta de itens deste tipo - conta.

Em uma dessas terças-feiras aqui no Brasil, o Ministro da Fazenda Guido Mantega disse que o combate à inflação está sendo bem-sucedido e que a população recuperou o poder de compra, porque os preços de alimentos estão em queda. Mas, na avaliação da presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias, Neide Montesano, a perspectiva do setor é de mais expansão por causa da alta de preços.

— Estamos crescendo entre 10% e 12% nesse ano, alavancados pelo aumento da inflação.

 E o interesse não é só de fabricantes e consumidores. Segundo Marcos Gouvêa de Souza, diretor consultoria GS&MD, a margem de lucro do varejo é maior na marca própria, ele diz "que no Brasil, o valor da marca da indústria ainda é muito forte e relevante".

 

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