Saiba quem contabilizou prejuízos com a Copa do Mundo 2014 no
Brasil
- Com o fechamento das lojas e a falta de clientes
em dias de jogos, muitos comércios registraram perdas de movimento durante esta
competição.
Vamos analisar a praça da cidade de São Paulo, sabendo que não foram poucos os cronistas esportivos (entre profissionais e amadores) que
apontaram essa como a Copa das Copas. Mas, para alguns negócios, a agenda de
jogos e toda a expectativa em torno do mundial não foram tão favoráveis assim. Muitos
comerciantes registraram movimento baixo e até prejuízo. Na Rua
25 de Março, centro de São Paulo, a loja de bijuterias Cindy, por
exemplo, viu o seu movimento cair em cerca de 40%, segundo a encarregada da
loja. "Temos clientes de outros
Estados e eles acabaram não vindo até São Paulo. Ainda tivemos de liberar os
funcionários para ver os jogos do Brasil, é isso foi mais prejuízo",
explicou a encarregada. "Vi poucos turistas por aqui. Para nós, a Copa
não ajudou nada."
Em uma partida do Brasil pelas oitavas, em um sábado,
praticamente todas as lojas ficaram fechadas. "O sábado é o dia de maior movimento para nós, então já viu o que
significa isso", disse o dono de uma loja de brinquedos na Rua Carlos
de Souza Nazaré, na mesma região. Para piorar, a venda de artigos
verde-amarelos só começou a decolar após o início dos jogos. "Estava mais fraco do que o esperado,
mas agora estamos vendendo bem, até as camisas dos outros países têm
saído", disseram a maioria dos vendedores ambulantes da região.
Para o economista e superintendente da Associação
Comercial de São Paulo (ACSP), os
setores beneficiados pela Copa são os de bebidas,
carnes, supermercados e de produtos diretamente relacionados aos jogos -
"até pipoca". "Todos
os outros foram prejudicados. O comércio só vende quando está aberto e tem
clientes. Com a Copa, muitos fecham as portas e o dia de vendas é reduzido."
Mercado - Mas
até quem está incluído no ramo beneficiado sentiu queda no consumo. No Mercado
da Lapa, por exemplo, na zona oeste de São Paulo, nem a decoração com faixas
verde-amarelas resultou em um efeito nos caixas. Em uma votação, os lojistas
decidiram não abrir no sábado de jogo do Brasil. "Diminuiu bem o movimento. Já estou até torcendo para que o Brasil
caia e as coisas voltem ao normal", disse a dona de um box de
alimentos. Mesmo vendendo produtos essenciais, como materiais de limpeza, nós
tivemos prejuízos neste período. "As
pessoas adiaram tudo, todo evento impacta. Com futebol, as pessoas esquecem
tudo."
É fato
que todas as Copas têm a característica de paralisar a comercialização de
produtos e serviços na hora dos jogos, mas essa de 2014 teve um impacto
diferente. “Não foi só nos dias de jogos do Brasil. Quando tivemos jogos aqui
em São Paulo, houve um aumento no rodízio dos veículos, o que também atrapalhou”,
disseram a maioria dos lojistas de SP.
Aulas - No
Jardim Anália Franco, bairro nobre da zona leste da cidade de SP, por exemplo, existiram
escolas de música como a escola Lado B, que fizeram promoções para a
Copa e uniforme canarinho para a equipe. Mas, segundo a sua coordenadora, houve
uma queda "brutal" nas matrículas. "Entre maio e junho, caiu 30%
a procura por aulas. Só trabalhamos normalmente na primeira semana, depois foi
muito devagar". A escola ainda está sentindo estes reflexos dos dias de
jogos do Brasil, porque precisou liberar os funcionários - mas as aulas têm de
ser repostas. Ainda houve quem preferisse trancar a matrícula. "Alguns já voltaram. Perceberam que sem
música a Copa fica mais chata", brinca.
Fuleco - Até as
vendas do boneco mascote da Copa, o Fuleco, ficaram em baixa. Com o
desaparecimento do personagem do mundial, o interesse das crianças também
diminuiu e, consequentemente, as vendas do produto caíram. A pedido da Fifa,
o Fuleco
foi licenciado a empresas como Grow, Elka e BBR Brinquedos, em diferentes
versões, pela Globo Marcas.
A Grow
apostou fortemente no produto, com a produção de 600 mil unidades, das quais
550 mil já tinham sido distribuídas no início da competição. A fabricante
avalia, porém, que a exposição do produto na mídia diminuiu no momento em que
deveria ir às alturas. Para o gerente de marketing da empresa, era esperado um
papel de destaque do Fuleco, o que teria ajudado muito as
vendas. Desde o início da Copa, os pedidos do varejo foram discretos. Sem
especificar quantidades a Grow conseguiu nos últimos dias do mês de julho,
diminuir um pouco o estoque de 50 mil unidades.
Entre as varejistas, a avaliação também é de que o
resultado poderia ser melhor. Segundo a loja de brinquedos Armarinhos Fernando,
na rua
25 de março, a rede tinha um estoque suficiente para a demanda do
mascote até o fim do mundial, no dia 13/07. O gerente geral da loja, afirmou
que não pretendia fazer novos pedidos. Mas, segundo ele, a demanda
por outros itens relacionados ao evento (bolas, camisas e vuvuzelas), estavam
bem mais fortes e que novas encomendas foram feitas.
A venda de TVs para Copa foi menor do que o esperado
- O aumento da produção de televisores superou o
ritmo de crescimento das vendas para consumidores entre janeiro e abril. Com
isso os varejistas correram para desovar todos os estoques antes do fim do
mundial.
A
indústria superestimou a produção de televisores para a Copa do Mundo. O varejo
reforçou os estoques e o consumidor está comprando uma TV nova, porém num ritmo
inferior ao avanço da produção. Esse descompasso se explica pela guerra de
preços que ocorre hoje em dia no varejo e a corrida das grandes redes de lojas
para se livrar dos estoques antes do mundial terminar.
Entre os meses de janeiro e abril, foram produzidos
5,6 milhões de televisores de LED na Zona Franca de Manaus, dados apontados
pela Superintendência da Zona Franca de Manaus. Essa quantidade de TVs é 65,1%
maior em relação ao fabricado no mesmo período do ano passado. De acordo a
própria indústria, as vendas para o consumidor aumentaram entre 30% e 40% nos
últimos meses na comparação anual. Isso significa que existiu uma sobra de
produto no varejo. Prova disso é que os fabricantes anteciparam as férias
coletivas de dezembro para a primeira quinzena de junho e encerraram o
expediente de produção de TVs para a Copa.
"Não
vamos comprar TVs nos próximos trinta dias", disse um
executivo de uma grande rede de varejo que preferiu não se identificar. Ele
afirmou que as suas metas de vendas estão foram cumpridas. Mas o fato de a rede
varejista não pretender voltar tão cedo às compras indica que os estoques
estavam altos. "O varejo se preparou para uma venda 80% maior e o crescimento
está sendo de 40%", observou uma fonte da indústria. Apesar de as vendas
serem positivas, a questão é que as margens, que são pequenas, devem ser
achatadas ainda mais porque os varejistas devem cortar preços, temendo o
encalhe com a proximidade do fim do torneio.
Coreanas - As duas
gigantes do setor de TVs, LG e Samsung, estavam satisfeitas com as vendas para
o varejo. "Ampliamos em 80%", conta o gerente sênior de TVs da
Samsung para o Brasil. Ele disse que as vendas totais do varejo cresceram 40%.
O bom desempenho alcançado até agora fez com que a subsidiária brasileira da
companhia ultrapassasse a China e conquistasse a segunda posição em vendas na
corporação, atrás apenas dos Estados Unidos. De toda forma, Lima já espera uma
ressaca em julho e agosto nas vendas da indústria para o comércio depois da
Copa. Com isso, ele acredita que o segundo semestre será equivalente ao de 2013
ou até menor.
"Não existe descasamento entre produção e vendas de
TVs",
afirmou o gerente-geral de TVs da LG. De janeiro a maio, a empresa ampliou as
vendas em 60% na comparação anual. Enquanto isso, as vendas totais no varejo
cresceram cerca de 30%. Segundo o gerente-geral, as vendas estavam dentro do
previsto. Ele ponderou, no entanto, que não sabia o que poderia acontecer no
segundo semestre, considerando que há uma eleição no Brasil.
Copa derruba preço de pacotes turísticos
- Com a antecipação das férias escolares para junho,
consumidor pode desembolsar até 50% a menos para viajar durante o mês de julho.
Quem pensou que a Copa do Mundo provocaria uma alta
generalizada nos preços de pacotes de viagem se enganou. Como efeito colateral
do mundial, pacotes turísticos para as férias de julho, contrariando
expectativas do mercado, devem sair quase pela metade do preço se comparados ao
mesmo período do ano passado.
A extensão do evento da Fifa até julho provocou,
em um primeiro momento, uma significativa alta de preços, fazendo com que
até o consumidor mais organizado e precavido resistisse a fazer reservas
antecipadas para as férias do meio do ano. Além disso, as férias escolares
foram antecipadas para junho por causa da Copa, diminuindo a demanda para
julho, lembrou o diretor comercial do site Hotel Urbano.
Um desequilíbrio entre oferta e demanda levou,
assim, agências, hoteleiras e companhias aéreas a baixar os preços iniciais.
Após uma promoção de descontos progressivos em junho, o Hotel
Urbano estima queda de 40% dos preços para julho em comparação a 2013.
A CVC, maior operadora de turismo do país, também
estimava uma queda de 40% nos preços no mês de julho. Um pacote de oito dias em
Natal, por exemplo, sai a partir de 1.178 reais por pessoa, queda de 37% em
relação ao ano passado. O mesmo período em Fortaleza, cidade-sede da Copa,
custa a partir de 1.328 reais, recuo de 17% no preço original. Já no cenário
internacional, o consumidor vai desembolsar 20% a menos para visitar a Flórida
e 38% a menos para conhecer Paris.
Passo
atrás - Os preços dos pacotes de viagens começaram a
cair já em janeiro. Para o período da Copa, entre junho e início de julho,
houve diminuição de até 50% dos preços em comparação aos que vinham sendo
anunciados e vendidos em 2013. Na contramão do manual do viajante, nesse caso,
quem decidiu viajar de última hora pagou mais barato. "Até o sorteio da
Copa, em dezembro do ano passado, ninguém sabia onde seriam os jogos nem os
fluxos de hotelaria ou de voos. Por precaução, a Fifa saiu bloqueando
hotéis no Brasil inteiro. Alguns torcedores também quiseram se precaver",
diz o vice-presidente de produtos, vendas e marketing da CVC. "Então,
mesmo sem ninguém saber a ordem, os hotéis e voos já estavam todos
lotados", explicou.
Com esse
movimento especulativo, houve grande alta nos preços, que começou a se desfazer
logo após a definição do calendário. "Logo
que saiu o sorteio, a agência da federação já liberou metade do que tinha
bloqueado, o que teve um impacto muito grande. Um hotel em Fortaleza parceiro
da CVC, por exemplo, teve 80% dos apartamentos devolvidos", conta o
vice-presidente de produtos. Com isso, houve promoções com queda de até 50% nos
preços de pacotes para o período da Copa, incluindo nas cidades-sede, desde que
não propriamente em dias ou vésperas de jogos. "O preço para compras entre janeiro e junho deste
ano registrou uma queda considerável. Muitas companhias aéreas e redes de
hotéis aproveitaram para oferecer diversas promoções para as cidades que irão
receber os jogos, otimizando a ocupação dos aviões, por exemplo,",
afirma o diretor do Decolar.com.
Outra opção foi apostar em destinos para quem
justamente queriam fugir do evento. "A
demanda mais alta para as cidades-sede foi há meses atrás. O que melhorou muito
ultimamente foi a venda em regiões periféricas dessas cidades, como Búzios e
Angra para o Rio de Janeiro, por exemplo,", disse o
Hotel Urbano. Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de
Viagens (Abav), mesmo com a fraca demanda inicial de pacotes e passagens em
julho, o setor deveria apresentar um crescimento expressivo no mês com os
ajustes na oferta.
Fonte e Sítios
Consultados
(com Estadão Conteúdo)
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