Os humanos descobriram a muito tempo que os recursos do planeta são finitos e que
o desafio de se adequar a uma nova realidade de queda na oferta de
matéria-prima e de possíveis interrupções na cadeia de suprimentos ficará cada
vez maior. Mas, mesmo com esse conhecimento de causa são poucos os líderes
empresariais que estão enxergando a escassez de recursos como uma oportunidade
e não uma crise - essa é uma das conclusões do relatório “Opportunities in a resource constrained world: How business is rising
to the challenge” (algo como Oportunidades em um mundo de
recursos escassos: Como os negócios estão enfrentando o desafio),
divulgado pela consultoria britânica Carbon Trust.
De acordo com as informações desse documento, existirá, por exemplo, uma
lacuna de 40% entre as reservas de água disponíveis e a necessidade de consumo
em 2030. Outros recursos, como certos minérios utilizados em produtos de alta
tecnologia, ficarão escassos ainda antes.
“Para proteger nossa economia, nosso meio ambiente e os recursos
disponíveis para as futuras gerações, precisamos que as empresas deste século 21 reconheçam a seriedade dessa ameaça e adaptem seus modelos de negócios”, é o
que afirma o presidente da Carbon Trust.
Neste trabalho de pesquisa A consultoria entrevistou 475 companhias de
cinco países e constatou que 69% delas possuem algum tipo de programa de
sustentabilidade. No entanto, 40% das pesquisadas classificaram seus esforços
como “reativos”, ou seja, esperam o problema surgir e depois atuam para
resolvê-lo. Para piorar, apenas 5% das empresas estão confiantes na qualidade de
seus programas e se consideraram líderes em sustentabilidade.
“O Nosso relatório mostrou que as empresas que proativamente estão
colocando a sustentabilidade em suas operações têm o potencial de valorizar
seus negócios e reduzir a vulnerabilidade à escassez dos recursos”, foi o que explicou
o presidente da Carbon Trust.
Oportunidades
Oportunidades
Apesar de criticar a lentidão do mundo corporativo em transformar seus
modelos de negócio, a maior parte do relatório é dedicada às boas práticas já
existentes e que podem servir de exemplo para quem quiser explorar as
oportunidades de uma economia mais sustentável.
Uma das corporações citadas é a BT, uma das maiores empresas de
comunicação do planeta, presente em 170 países. Através de programas de
sustentabilidade, a BT conseguiu, desde 2011, reduzir as emissões de gases do
efeito estufa de suas operações em 44% e de sua cadeia de fornecedores em 15%,
e diminuiu em 40% a sua produção de resíduos. Ao mesmo tempo, registrou uma
queda de 14% em seus custos operacionais.
Outro destaque é a Whitebread, maior cadeia de hotéis e restaurantes do
Reino Unido, que emprega 43 mil pessoas e atende mais de 22 milhões de clientes
por mês em 2.500 estabelecimentos.
Segundo a Carbon trust, a iniciativa “Good Together” (algo
como Bons Juntos) da Whitebread promoveu a redução de 23% nas emissões,
22% no consumo de água e aumentou em 93% a reciclagem de resíduos. Mesmo com os
investimentos necessários para realizar essas ações, os lucros da empresa em
2013 aumentaram 14%.
“Ao se diferenciarem da prática comum no mercado, as empresas mais
sustentáveis conseguem aumentar sua competitividade e fortalecer sua marca”,
afirma o relatório.
A Carbon Trust acredita que, ao buscarem a eficiência total, as
companhias estão se posicionando de forma vantajosa em um planeta em que os recursos
estão ficando escassos. Assim, podem tirar proveito das oportunidades que
outras empresas não enxergam ou não têm condições de atender.
“A grande mensagem do relatório é que é benéfico de várias maneiras para
as empresas se tornarem mais resilientes aos problemas ambientais e climáticos.
Melhorar a eficiência no uso de recursos é bom para a reputação e se reflete de
forma quase automática em ganhos reais”, concluiu o relatório.
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