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9 de janeiro de 2014

O que as Escolas de Samba podem ensinar para as Empresas


O que as Escolas de Samba podem ensinar para as Empresas

        O professor da FIA (Fundação Instituto de Administração) Alfredo Behrens, estudioso de gestão e liderança, defende que as escolas de samba têm muito a ensinar para as empresas ou para qualquer profissional, já que elas têm muito a dizer sobre como trabalhar com entusiasmo e ter compromisso com o que se faz. Vamos tentar entender isso.
As visitas do acadêmico aos ensaios fizeram parte de um projeto intitulado No Fear at Work ("Sem medo no trabalho", em português), uma série de vídeos em parceria com a cineasta Cecilia Delgado, que foram lançados em fevereiro de 2014. "Eu queria descobrir o que levava pessoas comuns a trabalhar com tanto afinco e engajamento no Carnaval", diz Behrens.
A grande questão era compreender por que tanta gente se empenha tão apaixonadamente em uma atividade não remunerada, muitas vezes com vigor superior ao destinado ao emprego que provê o sustento. Segundo o professor, nas comunidades carnavalescas sobra o que falta nas empresas: senso de pertencimento.
Na busca de encontrar o modelo de gestão ideal para os brasileiros, o professor resolveu estudar essas agremiações. "O modelo de gestão das empresas, principalmente as multinacionais, foi desenvolvido observando os trabalhadores americanos, e não os brasileiros." Segundo ele, o Brasil - e os países emergentes - não tem espírito crítico sobre o que funciona melhor em relação à gestão de pessoas no país.
"Nas empresas modernas, os funcionários chegam tarde e saem cedo, mas na escola de samba as pessoas trabalham até doentes. As empresas não sabem reproduzir esse ambiente", diz.
Ele indicou algumas lições de gestão de pessoas que aprendeu durante essa pesquisa sobre as escolas de samba, veja-as abaixo:
RECRUTAMENTO DE FUNCIONÁRIOS
Segundo o professor, um dos problemas de gestão das empresas modernas pode estar no recrutamento de pessoal.
"A companhia recruta por competências. Ela seleciona candidatos que atendem à sua demanda e escolhe um. A questão é que há pouca garantia de que esse funcionário combine com a equipe que já existe."
De acordo com o professor, o brasileiro é muito coletivista e costuma desconfiar de quem não conhece. "Essa tática funciona nos Estados Unidos, onde um indivíduo não precisa gostar do outro para trabalhar. Aqui, o brasileiro costuma confiar apenas em quem conhece", diz.
Ele afirma que nas escolas de samba, a maioria dos integrantes são vizinhos ou se conhecem há algum tempo. Além disso, muitos vêm indicados por outra pessoa. "Talvez a solução seja a empresa priorizar o 'quem indica', assim o sujeito entra melhor colocado."
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Outro ponto a ser aprendido com as agremiações, segundo o professor, é a questão da avaliação de desempenho.
"Nas empresas essas avaliações são feitas formalmente duas vezes por ano. A nossa memória prioriza as últimas semanas. Mesmo que a pessoa tenha feitas coisas boas no último ano, mas errado nas últimas semanas, acabamos ficando com as falhas mais frescas", explica.
Além disso, ele afirma que é difícil corrigir um erro que já aconteceu há muito tempo. "Nas escolas de samba, o retorno é imediato." O professor afirma que essa avaliação é feita "no grito" e "na hora", enquanto o profissional realiza seu trabalho.
DEMISSÃO
Ainda segundo o professor, a avaliação de desempenho também deixa o funcionário sempre sob a ameaça de não ser promovido ou até demitido.

"Nas agremiações ninguém é expulso, mas 'reciclado'. Se ele não se dá bem em uma função, é colocado em outra. Eles são uma grande família", diz.
 VALORIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA  
Em relação a como tratar os funcionários mais velhos, o professor usa o exemplo da velha guarda das escolas: "As pessoas mais idosas podem não conseguir mais fazer algumas coisas, mas são motivos de orgulho nos desfiles. Já nas empresas, alguém que tem mais idade é descartado como lixo."
CURSO ON-LINE
O professor está desenvolvendo um curso de gestão on-line para estrangeiros que trabalham com brasileiros. Nos dez módulos com cerca de 18 minutos cada, Behrens repassará aos alunos as táticas de gestão que aprendeu com escolas de samba. Para colocar o curso no ar, o professor estava angariando fundos no site de financiamento coletivo indiegogo.
O estudo do professor Behrens mostrou que as empresas, principalmente as de cultura estrangeira, têm dificuldade em compreender o jeito de ser dos brasileiros, que precisam se sentir parte importante de um grupo para ter felicidade e, consequentemente, mais  produtividade no trabalho.
 
Fonte e Sítios Consultados

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