O que as Escolas de Samba podem ensinar
para as Empresas
O professor da FIA (Fundação Instituto de Administração) Alfredo Behrens,
estudioso de gestão e liderança, defende que as escolas de samba têm muito a
ensinar para as empresas ou para qualquer profissional, já que elas têm muito a dizer sobre como trabalhar com entusiasmo e
ter compromisso com o que se faz. Vamos tentar entender isso.
As visitas do acadêmico aos
ensaios fizeram parte de um projeto intitulado No Fear at Work ("Sem medo no trabalho", em português), uma série de vídeos em parceria com a cineasta
Cecilia Delgado, que foram lançados em
fevereiro de 2014. "Eu queria descobrir o que levava pessoas
comuns a trabalhar com tanto afinco e engajamento no
Carnaval", diz Behrens.
A grande questão era compreender
por que tanta gente se empenha tão apaixonadamente em uma atividade
não remunerada, muitas vezes com vigor superior ao destinado ao
emprego que provê o sustento. Segundo o professor, nas
comunidades carnavalescas sobra o que falta nas empresas: senso
de pertencimento.
Na busca
de encontrar o modelo de gestão ideal para os brasileiros, o professor resolveu
estudar essas agremiações. "O modelo de gestão das empresas,
principalmente as multinacionais, foi desenvolvido observando os trabalhadores
americanos, e não os brasileiros." Segundo ele, o Brasil - e os países
emergentes - não tem
espírito crítico sobre o que funciona melhor em relação à gestão de pessoas no
país.
"Nas
empresas modernas, os funcionários chegam tarde e saem cedo, mas na escola de
samba as pessoas trabalham até doentes. As empresas não sabem reproduzir esse
ambiente", diz.
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Ele indicou
algumas lições de gestão de pessoas que aprendeu durante essa pesquisa sobre as
escolas de samba, veja-as abaixo:
RECRUTAMENTO
DE FUNCIONÁRIOS
Segundo o
professor, um dos problemas de gestão das empresas modernas pode estar no
recrutamento de pessoal.
"A companhia recruta por
competências. Ela seleciona candidatos que atendem à sua demanda e escolhe um.
A questão é que há pouca garantia de que esse funcionário combine com a equipe
que já existe."
De acordo
com o professor, o brasileiro é muito coletivista e costuma desconfiar de quem
não conhece. "Essa tática funciona nos Estados Unidos, onde um indivíduo
não precisa gostar do outro para trabalhar. Aqui, o brasileiro costuma confiar
apenas em quem conhece", diz.
Ele
afirma que nas escolas de samba, a maioria dos integrantes são vizinhos ou se
conhecem há algum tempo. Além disso, muitos vêm indicados por outra pessoa.
"Talvez a solução seja a empresa priorizar o 'quem indica', assim o sujeito
entra melhor colocado."
AVALIAÇÃO
DE DESEMPENHO
Outro
ponto a ser aprendido com as agremiações, segundo o professor, é a questão da
avaliação de desempenho.
"Nas empresas essas
avaliações são feitas formalmente duas vezes por ano. A nossa memória prioriza
as últimas semanas. Mesmo que a pessoa tenha feitas coisas boas no último ano,
mas errado nas últimas semanas, acabamos ficando com as falhas mais
frescas", explica.
Além
disso, ele afirma que é difícil corrigir um erro que já aconteceu há muito tempo.
"Nas escolas de samba, o retorno é imediato." O professor afirma que
essa avaliação é feita "no grito" e "na hora", enquanto o
profissional realiza seu trabalho.
DEMISSÃO
Ainda
segundo o professor, a avaliação de desempenho também deixa o funcionário
sempre sob a ameaça de não ser promovido ou até demitido.
"Nas agremiações ninguém é
expulso, mas 'reciclado'. Se ele não se dá bem em uma função, é colocado em
outra. Eles são uma grande família", diz.
Em
relação a como tratar os funcionários mais velhos, o professor usa o exemplo da
velha guarda das escolas: "As pessoas mais idosas podem não conseguir mais
fazer algumas coisas, mas são motivos de orgulho nos desfiles. Já nas empresas,
alguém que tem mais idade é descartado como lixo."
CURSO
ON-LINE
O
professor está desenvolvendo um curso de gestão on-line para estrangeiros que
trabalham com brasileiros. Nos dez módulos com cerca de 18 minutos cada,
Behrens repassará aos alunos as táticas de gestão que aprendeu com escolas de
samba. Para colocar o curso no ar, o professor estava angariando fundos no site
de financiamento coletivo indiegogo.
O
estudo do professor Behrens mostrou que as empresas, principalmente
as de cultura estrangeira, têm dificuldade em compreender o jeito de
ser dos brasileiros, que precisam se sentir parte importante de um
grupo para ter felicidade e, consequentemente, mais produtividade no
trabalho.
Fonte e
Sítios Consultados
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