A Cultura Brasileira da Desonestidade
A cultura corporativa brasileira nunca foi matéria de um estudo
mais aprofundado por parte da literatura brasileira. Afinal, o Brasil sempre
foi um dos países onde menos se respeitou o horário do trabalhador, isso quer
dizer, o trabalhador sempre ficava mais tempo no seu posto de trabalho e
normalmente não era remunerado por isso. Também há que se falar que os laços
pessoais sempre apareceram primeiro do que os méritos profissionais, isso
porque os ambientes profissionais eram convertidos facilmente em extensões
familiares, em chacrinhas afetivas, com exageros e atritos domésticos. E
acredita-se que daí é que vem a fofoca, o assédio, ou seja, é um tal de gente
se metendo no assunto dos outros; confundindo colega de trabalho com amigo,
isso é, quando na verdade só o bom coleguismo já é algo raro. Precisamos também
mencionar os cargos de chefia, é fato que os chefes sempre quiseram
subordinados que os copiassem em tudo, e com isso boicotassem a vida fora da
empresa e sabe-se que isso levará os empregados ao mais alto nível de estresse
e nessa hora, aparecerá um alto nível de tensão onde só deveria haver o talento.
A Cultura Brasileira
Sabemos que na Cultura Brasileira existiram três raças que se misturaram em proporções
diversas e deram origem a várias subculturas no Brasil. Dessa forma, é muito
forte a cultura cabocla ou mameluca na Região Norte, em Estados como Amazonas e
Pará, mas também em outras regiões e Estados. A cultura cabocla é aquela em que
a matriz indígena é mais forte. No Nordeste e no Centro-Oeste, predomina a
cultura sertaneja, que provavelmente combina as três matrizes de forma mais
equilibrada. Em São Paulo e Minas Gerais, predomina a cultura caipira, em que
talvez o predomínio do português tenha sido mais forte, acrescido em São Paulo
da cultura do imigrante, principalmente italiano. Todavia, a presença do negro
e do índio também são fortes, principalmente no modo de falar.
Também foi marcante a presença dos imigrantes
europeus (não portugueses) e orientais (principalmente japoneses e árabes) foi
de grande importância na região Sudeste, incluindo o Estado de São Paulo, mas
especialmente na região Sul, isto é, nos Estados do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul. Imigrantes russos, franceses e ingleses existem ou existiram
no Sul, mas as colônias mais significativas são as de alemães, italianos,
poloneses e portugueses das ilhas dos Açores. Isto tudo permite identificar no
Sul uma cultura de "gringos", compreendendo os europeus não
portugueses, uma cultura de matutos, compreendendo os descendentes de
açorianos, e uma cultura gaúcha, ligada ao pastoreio, muito próxima dos povos
da fronteira com o Uruguai e a Argentina. Ao contrário do Estado de São Paulo,
a miscigenação parece ser menos negra nos Estados do Sul, embora isto venha
modificando-se consideravelmente.
Há quem defenda o que pareceu marcar
profundamente a cultura brasileira, o aristocratismo ibérico, que passa às
outras etnias, como marca de sucesso e ascensão social. Da mesma forma, a
escravidão – abolida em 1888 – está presente nas relações interraciais, de
forma evidente, tornando difícil a construção de uma sociedade verdadeiramente
igualitária. O racismo brasileiro, sem dúvida diferente do norte-americano e de
outros países, não é, no entanto, menos daninho, especialmente quando
consideramos que a maioria da população brasileira possivelmente seria
considerada mulata em muitos outros países.
Cultura organizacional e cultura brasileira
Não
são apenas raças e etnias, ou ainda suas combinações, que produzem culturas.
Classes sociais, instituições e organizações também produzem. Os muitos livros
e artigos sobre cultura organizacional e empresarial produzidos desde a década
de 80 têm-se ocupado em definir e aprofundar essa apropriação das diversas
concepções de cultura no âmbito social e organizacional.
Porém, mesmo com a potencial diversidade de
culturas que podem ser geradas dentro das sociedades, é também verdade que, com
a globalização, há tendências para profunda uniformização nas classes
dominantes e médias de todo o mundo. Essa uniformização começa nas empresas,
onde a ideologia tecnocrática instaurou um modo muito semelhante de
racionalidade e de comportamento.
Foram doze perguntas que queriam saber sobre permanecer com um
troco a mais num caixa de supermercado, utilizar-se de um recurso para sonegar
imposto de renda, estacionar na vaga destinada a deficientes físicos, fazer um
“gato” na TV por assinatura, levar para casa canetas e envelopes da empresa ou
de um órgão público, ficar com o dinheiro de uma carteira achada na rua, levar
consigo uma toalha do hotel em que se hospedou, furar a fila no embarque do
ônibus, exceder o limite de velocidade ou avançar o sinal quando tiver certeza
de impunidade, contar ao(a) melhor amigo(a) que vira seu cônjuge em ato de
traição conjugal, usar cópia ilegal (pirata) de softwares de computador,
dirigir mesmo suspeitando que bebeu acima do limite permitido.
Essa mesma pesquisa foi feita anteriormente
em alguns países da Europa e, no cômputo geral, concluiu-se que os brasileiros,
em tese, são mais honestos que os europeus. Porém, acreditamos que essa
pesquisa não refletiu a realidade: os brasileiros, com as devidas exceções, são
capazes de atos desonestos. Basta lembrar a infinidade de golpes e desfalques
que são aplicados diariamente, a preocupação que todos nós temos com a nossa
segurança pessoal, de nossas famílias, nossas casas, veículos, etc.; tudo isto
nos mostra que há uma imensa horda de pessoas não confiáveis por aí.
Notou-se
nessa pesquisa que as respostas dos entrevistados atestam que além de
desonestos os brasileiros são também mentirosos. Observemos o comportamento dos
nossos políticos e perceberemos o quão desonestos são – até alguns tidos como
intocáveis já deixaram cair suas máscaras e, com certeza, há outros por aí na
mesma situação... Os políticos são pessoas saídas do seio da sociedade e é dela
que trazem consigo a propensão de se apoderar do que não lhes pertence. Há uma
cultura de desonestidade ao nosso redor: impera a chamada “Lei de Gerson” em
que o fim é obter vantagem, o meio utilizado não faz diferença.
Como sempre no Brasil existem infindáveis ondas de denúncias de
práticas de corrupção por grande parte dos políticos brasileiros e já virou
comum que esses fatos vivam ocupando os noticiários do país e, por mais
incrível que isso possa parecer os brasileiros já não ficam mais surpresos com
esses fatos. Mesmo com a atual onda de violência sem limites que o Brasil vive
é comum encontrarmos quem tente nos convencer de que somos um povo ordeiro,
gentil, trabalhador e honesto.
É importante saber que isso não é verdade! O brasileiro não
é um povo honesto: tudo isto é tão somente uma mitificação ideológica. Com as
devidas exceções, somos um povo desonesto (além de violento e avesso ao
trabalho), talvez isso seja devido a nossa colonização, já que os Portugueses
que por aqui chegaram não eram exatamente a ‘nata’ da sociedade portuguesa e
também estavam aqui para saquear as nossas terras, em outras palavras: eles já
estavam levando vantagem, certo?. A grande maioria dos brasileiros seria capaz
de praticar os pequenos atos de desonestidade constantes das perguntas da
pesquisa, contudo, poucos são capazes de assumir que o fariam. As nossas falsas
demonstrações de bairrismo e de falso patriotismo impedem que nos assumamos tal
qual realmente somos – a maioria de nossas ações são motivadas por interesses
pessoais e/ou de pequenos grupos.
A nossa cultura de desonestidade ganha inclusive, respaldo legal.
De acordo com o jornalista Franklin Martins, da Rádio CBN e Rede Globo de
Televisão, o deputado federal Jutay Magalhães, do PFL da Bahia, foi o autor de
um projeto de lei que proíbe o Ministério Público investigar atos de corrupção
do Presidente da República, Governadores de Estados, Senadores, Deputados
Federais, Deputados Estaduais e Prefeitos. Esses tais projetos de Lei, se
aprovados forem, em tese, vão legalizar a corrupção no Brasil. Talvez em forma
de uma dessas PEC´s (que as últimas ondas das manifestações populares
rechaçaram) e talvez, algum projeto igual a esse já tenha sido aprovado em
primeiro turno na Câmara dos Deputados – e pode estar engavetado
temporariamente até que baixe a poeira das torrentes de corrupção, das manifestações
populares que têm jorrado por aí. Se o Ministério Público, que ainda é uma das
poucas instituições públicas merecedoras de crédito neste país, ficar impedido
de investigar atos de corrupção de políticos, estará sendo instituída a
roubalheira desses políticos, não como costume, mas como norma. O povo será
obrigado a viver imerso nesse lamaçal sem nada poder fazer para mudar os rumos
dessa imundície.
Vamos fazer um esforço coletivo e com sinceridade pensar um pouco:
será que diante de tantas evidências ainda é possível que os brasileiros falem para todos que são um povo honesto? E como mudar essa
situação? Acreditamos ser necessário em primeiro lugar tomar
consciência do que realmente somos para depois empreendermos as mudanças
necessárias no nosso comportamento. E só ai então, dever-se-ia procurar
mobilizar toda a sociedade como um todo para a necessidade de se aprender a
respeitar o próximo – desonestidade é, sobretudo, desrespeito pelo próximo;
todo ato desonesto implica em algum tipo de desrespeito.
Fonte e Sítios Consultados
http://intervox.nce.ufrj.br
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