Os antecedentes históricos dos Direitos Humanos remontam
ao Iluminismo Europeu - movimento cultural e filosófico vigente nos
séculos XVII e XVIII. Nesta época, Rousseau realizou estudos em
sociedades primitivas e nelas redescobriu valores perdidos pela civilização
ocidental, tais como liberdade, igualdade e fraternidade. O solo oferecido
pelas ideias iluministas é fértil, pois nele o Homem torna-se o centro das
preocupações – não mais o império do fanatismo e da fé religiosa,
conceitos dominantes na era medieval, mas sim o da razão e o da Ciência. É
neste contexto que nascem os direitos humanos.
Alguns governos europeus, guiados por
estas ideias, vão aos poucos eliminando a tortura e a pena de morte. A
Revolução Francesa, ocorrida em 1789, é mais um passo decisivo na direção do
estabelecimento de novos valores humanos, de uma sociedade inspirada por uma
atmosfera de igualdade social. Sua famosa bandeira de luta é até hoje a que
também os adeptos da luta pelos direitos humanos sustentam – Liberdade, Igualdade
e Fraternidade. O resultado essencial desta sublevação foi a instituição da
declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, promulgada pela Assembleia
Nacional Constituinte Francesa, no dia 26 de agosto de 1789.
Durante o século XIX, na esfera
política, clama-se principalmente por igualdade. Enquanto os liberais encontram
a solução desta questão no estabelecimento de direitos civis e políticos, os
socialistas acalentam a utopia da igualdade socioeconômica. Neste sentido, no
auge da Revolução Industrial europeia, que se baseia sobre o abuso da mão de
obra dos operários, as lutas pelos direitos humanos e pela melhoria das
condições de trabalho estão profundamente conectadas. Assim seguem associadas,
estas reivindicações, pois o aprimoramento das solicitações dos trabalhadores
intensifica, por sua vez, o campo das demandas relativas aos direitos do Homem,
que trazem em si o germe da justiça social. Isto apesar de os socialistas
considerarem estes recursos, durante muito tempo, como algo que apenas mitiga
as inúmeras carências dos oprimidos.
Contraditoriamente, porém, nos países
que conquistaram ao menos um certo socialismo, são muitas as denúncias de
violações dos direitos humanos, até mesmo dos mínimos direitos civis e
políticos, que eles tanto defendiam anteriormente – eleições gerais, a
existência de vários partidos, uma imprensa livre, entre outros. Esta realidade
demonstra o quanto é difícil definir os direitos humanos, uma vez que eles são
dinâmicos e intrinsecamente ligados ao contexto histórico. Assim, eles estão
constantemente adquirindo novos conteúdos, novas facetas, à medida que também
vão surgindo diferentes necessidades.
A Declaração Universal dos
Direitos Humanos, de 1948, é o primeiro documento a fixar
internacionalmente uma relação de direitos pertencentes tanto a homens quanto a
mulheres, independente de classe social, raça ou faixa etária. É um passo
fundamental para a Humanidade que governos de toda parte do Planeta, pelo menos
na teoria, se comprometam a defender estes direitos. Antes dela, a Constituição
Mexicana de 1917 era considerada a mais atualizada em termos de direitos
sociais. Infelizmente, apesar de todos os avanços, têm sido constantes as
violações aos direitos humanos, as denúncias não cessam de brotar aqui e ali,
por toda parte – em regimes de esquerda e de direita, e mais recentemente no
Governo Bush, nos Estados Unidos, em nome da luta contra o terrorismo.
Os direitos humanos podem ser resumidos
de uma forma bem simples – direitos à vida, à integridade física e moral, à
igualdade, à liberdade de pensamento, de expressão, de reunião, de associação,
de manifestação, de culto, de orientação sexual, à felicidade, ao devido
processo legal, à objeção de consciência, à saúde, educação, habitação, lazer,
cultura e esporte, trabalhistas, ao meio ambiente, do consumidor, a não ser
vítima de manipulação genética.
Direitos Humanos no século 21
Vivemos em uma época em que muitas
pessoas não aceitam quando são invocados os Direitos Humanos, alegando que
estes só são usados em favor de marginais e não do cidadão de
bem, não poderia deixar de ressaltar que ainda há um longo caminho a ser
percorrido. A Educação em Direitos Humanos é algo novo e não é uma disciplina
isolada a ser ensinada, assim como a Ética não deveria ser só
assunto de uma disciplina. Ambos têm que ser opção de vida, escolha, tomada de
consciência e posição assumida frente a si mesmo, aos outros, aos fatos que se
apresentam no cotidiano. Na perspectiva escolar, tem que ser mostra através de
um processo transdisciplinar, de forma ampla, que permita ir sendo assimilada
em meio às vivências de cada um.
Os Direitos Humanos devem permear as ações de cada dia dentro de uma sociedade
dita democrática. É o acesso à educação via ensino público e gratuito de
qualidade, passa pela valorização, capacitação e remuneração digna para os
professores, funcionários, técnicos, se fortalece na disponibilização de
recursos para a execução dos trabalhos.
Também se complementa no
oferecimento de condições mínimas essenciais de saúde, moradia, alimentação,
vestuário, higiene, transporte que conferem condições de vida digna para todos
os seres humanos. Isto é Direito Humano fundamental e consolidado.
O Trabalho, a segurança, a liberdade de
escolha dos representantes, de credo, de associação, de acesso à cultura, de
ter uma identidade nacional e de cultivar suas raízes culturais também são
Direitos Humanos.
Isto tudo só existe e tem sentido a partir da salvaguarda do direito
maior, que é o direito à vida, que se fortifica na garantia do direito à
liberdade, inclusive de expressão.
É assunto de direitos humanos a
aceitação da diversidade, com igualdade de possibilidade. Também o direito das
mulheres a não violência, à possibilidade de trabalho sem diferença salarial
pelo fato de ser mulher. Tudo isso vivenciado na escola, na sociedade e na
família auxiliará para a formação de um novo cidadão que não terá uma visão de
direitos humanos dissociada do cotidiano, como algo inatingível – e mesmo com
assim, continuam surgindo aqui no Brasil casos de racismo institucional, que expõem a vulnerabilidade dos negros a homicídios,
tortura, violência policial e com penas mais severas do que a destinada a seus
pares brancos.
O fato é que o Brasil assina
boa parte dos tratados e convenções internacionais de direitos humanos, porém o nosso país é conhecido por fazer o mesmo que ocorre com
diversas leis e estatutos elaborados à luz das mesmas premissas – isso quer dizer que boa parte dessas cartilhas nunca se cumpre. A
revisão da ONU é o momento em que a distância entre o “de jure” e o “de facto” se coloca a prova.
Fonte e Sítios Consultados
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