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16 de maio de 2013

A era do conceito


 


A era do conceito

 

          A palavra conceito vem do latim ‘conceptu’. Para os filósofos, é a representação de um objeto pelo pensamento, por meio de suas características. Em regras gerais, é a ação de formular ideias por meio de palavras; pensamento, opinião, concepção. Também pontos de vistas, avaliações, julgamentos. Reputação, fama. Máxima, sentença, provérbio. E, para finalizar a verborragia, parte de uma charada, a chave para uma solução proposta.


 

Ficaremos com esta última definição, qual incógnita. E vamos propor a hipótese da “era dos conceitos” para analisar quais lojas, produtos e serviços deixaram de ser o que eram e aderiram todos, de uma forma ou outra, à franquia dos conceitos. Sim, franquia.

 

Com a métrica de padrões e de repetições, sempre em movimento, as franquias são modelos que preveem experiências fixas, com uma ilusão óptica de padrão, passíveis de multiplicação sem a perda de seus tributos essenciais. E, como principal mérito, facilitam a localização das narrativas corporativas onde quer que se esteja, ampliando sua área de abrangência sem perder a qualidade associada à determinada marca. Assim, sempre que uma marca usa a “franquia do conceito”, dispensam-se as explicações.

 

Pois bem, se uma loja recebeu esta nobre titulação, é digna de ser vista. E um objeto adjetivado com esta célebre palavra tem todo o endosso para custar mais caro, pois o investimento há de valer.

 

As franquias trazem as sensações de garantia de determinada experiência de consumo em qualquer tempo e espaço, categorias básicas da existência humana. Elas são moldadas pela experiência, e é através do espaço e do tempo que as pessoas estabelecem seu ponto de contato com a vivência atual (registros orais, escritos, imagéticos, digitais) e convivem entre si, ordenando suas interações comunicacionais.

 

Com a produção de mercadorias em aceleração crescente e sua consequente logística de distribuição, encurtando processos e distâncias, surge a sensação de encolhimento do mapa do mundo e relativização das medições de tempo conhecidas. Esse fenômeno é turbinado pelas produções culturais que, dada à efemeridade e os instantâneos dos novos veículos tecnológicos invadem o ciberespaço atemporal e criam a necessidade de “tudo ao mesmo tempo agora e aqui”.


 

São tantas mudanças, e tão velozes, que tentar acompanhá-las traz a impressão de pertencer a uma espécie comum, que partilha experiências em comum. Assim, pelas experiências que consomem as pessoas que veem e são vistas, se identificam e se diferenciam. Com as novas tecnologias, a imaginação é remodelada na era da hipertrofia do olhar e das aparências – mesmo sem possuí-los, produtos aparentam tecnologia, vanguarda, estilo, status; logo são porções quantificadas de fantasia, desejo e euforia.

 

Em sua obra “A Sociedade do Espetáculo” (1997), Guy Debord aborda a questão econômica e social da produção de excedentes, fabricando ininterruptamente pseudonecessidades – um consumo alienado para uma produção alienada. O contexto do consumo de ilusões atinge os lazeres e as humanidades, transformando-se em espetáculos exportáveis por todo o mundo, mantenedores de certo ideário de ‘mundialização’ que extrapola a produção de mercadorias e invade a produção de padrões ideais de hábitos de consumo.

 

São conceitos. E passamos a precisar de conceitos. Desejar os conceitos, as fábricas de experiências – “toque, cheire, experimente, ouça, sinta, prove…”

 

Este é o novo fetiche, que vende imagens em troca de pertencimento e socialidade.

 

Por isso a “franquia do conceito” dá certo.
 

 
 

As palavras “experiência única”, “conectividade com a tecnologia”, “mutável”, “de vanguarda”, “fashion”, “trend”, “gifting” são repertório comum. Sem contar a exposição de prêmios mundo afora que endossa o “conceito” em questão. Vale para eletrodomésticos, sapatos, materiais de construção. E para serviços também. In loco e na web.

 

“Hei! Preciso consumir estes produtos para me tornar conceituado!”

 

Talvez, além de franquias de sensações e experiências, os conceitos sejam o grande flash mob da contemporaneidade. Vemos os outros consumindo e, sem perceber, entramos na onda. Moral da história: era uma vez… Caímos no conto do “conceito”.

 

- E vivemos felizes para sempre.

 

Ou melhor, até que a nova era de consumo, com suas franquias conceituais e essenciais – se apresente!

 
 

Fonte e Sítios Consultados

Conteúdo da Disciplina de Gestão de Conhecimento – 8º. Semestre – Bacharelado em Administração de Empresas



 

 

 

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