Obras de arte - Investimentos
na parede
Um
negócio com grandes possibilidades e espaço para expansão. Assim os
especialistas têm definido o mercado de artes no Brasil. “O mundo abriu os
olhos para a arte brasileira. Há vários artistas daqui fazendo exposições
individuais internacionais e isso ajuda a legitimar os valores que estão sendo
atingidos”, analisa Guilherme Simões de Assis, diretor da SIM Galeria, de
Curitiba. Estima-se que o mercado de arte movimente R$ 500 milhões no Brasil ao
ano. “Mas, sabe-se que este é um negócio que envolve muito sigilo, não só no
Brasil como em todo o mundo. Logo, este número pode chegar a R$ 1 bilhão”,
afirma Heitor Reis, sócio do fundo de investimento Brasil Golden Art (BGA).
Comprar
obras de arte é um investimento de longo prazo, cuja estratégia é, basicamente,
esperar sua valorização. Em um contexto de incertezas econômicas, a atividade
pode ser uma alternativa de proteção da poupança contra depreciações – é mais
uma opção para diversificar o portfólio. Apesar de ser considerado um
investimento complementar, seus ganhos podem ser altos. O retorno depende, em
grande parte, de uma boa escolha e do timing certo para vender. “Como qualquer
investimento, tem de saber bem do mercado. É como a bolsa de valores: você
conta com corretoras, com pessoas que dão todo o respaldo para que o
investimento seja feito com segurança. Em arte, é a mesma coisa”, explica
Guilherme.
- Saiba
como investir em arte com segurança
Para Zilda Fraletti, dona da galeria de mesmo nome,
o mais importante é aliar o investimento ao prazer estético, isto é, comprar
obras de qualidade que agradem também aos olhos. Assim, o primeiro passo é frequentar
museus, exposições e galerias. “É fácil descobrir onde os eventos estão
acontecendo. É preciso ir para exercitar o olhar. É importante saber o que se
gosta, e o que não se gosta também.”
Para
escolher bem e encontrar as obras com maior potencial de valorização, é preciso
conhecer o mercado, saber sobre história da arte e tendências. “A arte não pode
ser enxergada somente como decoração ou algo parecido, é um objeto de
investimento”, analisa Guilherme Simões de Assis, diretor da SIM Galeria.
Esteja
atento às boas galerias, com imagem reconhecida e que estejam há bastante tempo
no mercado. O mesmo vale para as empresas leiloeiras. “Tem de saber a
procedência da obra, sua veracidade, senão pode acabar comprando algo que não é
verdadeiro”, alerta Guilherme.
Adquirir
o quadro de um artista em início de carreira é mais arriscado, por exemplo, que
comprar um assinado por um nome mais consolidado. Porém, a tendência de
valorização é muito mais rápida no primeiro caso – quanto mais a carreira do
artista se desenvolve, mais cresce o preço de sua produção. No segundo caso, o
mais provável é uma valorização mais lenta, porém sem tanto risco de queda.
O autor
tem produção mais rápida ou lenta? Participa de exposições nacionais e
internacionais? Há crítica sobre ele? Essas são perguntas que podem ajudar a
clarear o horizonte de tempo do investimento.
O sucesso
da modalidade é tanto que já existe, inclusive, um fundo de investimento
específico. O BGA foi o primeiro no Brasil voltado às artes plásticas. O
projeto foi iniciado em novembro de 2010 e, nos 15 dias abertos para captação,
foram obtidos R$ 40 milhões com 70 investidores. Até agora, já foram adquiridas
550 obras, todas de artistas nacionais e a maioria em arte contemporânea.
“Temos um portfólio completo, com todos os artistas brasileiros emergentes e
consagrados que têm relevância”, afirma Heitor. A venda das obras deve
acontecer em até três anos e meio.
Também é possível
investir via leilões e galerias de arte. Em ambos os casos, o investimento
inicial é menor do que no fundo. A diferença é que, nos leilões, é essencial
entender de história e história da arte, garantindo uma boa aquisição. Ainda,
só é possível comprar obras de artistas já consolidados – a disputa de preços
só se garante desta forma. No caso das galerias, o próprio curador acaba
servindo de “consultor”. “A galeria escolhe os ativos que representa para
mostrar aos seus clientes”, explica Guilherme, fazendo uma analogia com o
mercado financeiro. “Fazendo a compra certa, o retorno sobre o investimento em
uma obra de arte pode ser muito maior que em fundos de renda fixa ou variável”,
complementa.
De fato,
o retorno de uma boa aquisição é de encher os olhos. Uma obra de Alfredo Volpi,
por exemplo, que era vendida por US$ 5 mil em 1984, hoje chega a custar US$ 1
milhão – 200 vezes mais. O curitibano Tony Camargo, cuja produção varia de
desenhos a esculturas, teve a obra valorizada em 100% nos últimos quatro anos.
Blue chips
Atualmente,
a preferência dos investidores é a arte contemporânea. Adriana Varejão e Sérgio
Camargo, por exemplo, são alguns dos nomes com retorno garantido – os chamados
blue chips. “Blue chip” é um termo com origem nos cassinos. No pôquer, as
fichas azuis (blue chips, na tradução) são as mais valiosas. A expressão foi
transferida para o mercado financeiro por analogia. Na arte, da mesma forma, as
blue chips trazem mais segurança.
Compra via consórcio atrai iniciantes
Em
Curitiba, já há opções para quem está interessado em adquirir obras de arte sem
que pese no bolso. Zilda Fraletti, dona da galeria com o mesmo nome, organiza
grupos para facilitar a compra de quadros na loja. “São grupos de dez pessoas
que pagam um valor fixo mensal durante dez meses. A cada mês, fazemos uma
reunião e um sorteio. Quem é sorteado recebe um crédito no valor total a ser
pago para comprar uma obra na galeria”, explica.
A
galerista conta que ela viu o conceito pela primeira vez em 1984, em Londrina.
Na época, chegou a aplicá-lo em Curitiba. Depois de muito sucesso, por motivos
pessoais, ela se mudou para São Paulo e parou de fazer os consórcios. Só no ano
passado, a pedido de alguns clientes, é que retomou a prática. “Ao todo, já são
cerca de 40 investidores, divididos em alguns grupos”, conta.
Nas
reuniões mensais, Zilda promove conversas sobre o mercado de arte, geralmente
com a participação de um artista. “Não é palestra, nada assim. É um bate-papo,
as pessoas perguntam o que querem, trocamos ideias sobre novas artes,
curiosidades”, afirma. Dentre os que já estiveram presentes, figuram nomes como
Juliana Fuganti e André Mendes, artistas curitibanos que já tiveram sua obra
exposta fora do país.
Marlene
Pereira é uma das clientes que participam do projeto. “Vou mais por intuição.
Tenho alguns artistas prediletos e me aconselho com a Zilda. Quero comprar algo
que eu goste, mas que seja de um bom artista. Zilda me considera como uma
investidora porque estou tomando este cuidado”, explica. A colecionadora já tem
16 quadros. “Fui a exposições dos mesmos autores de algumas obras que tenho e
percebi que os meus quadros já valorizaram bastante”, diz. Por enquanto, ela
não pensa em vender.
Fonte
e Sítios Consultados
http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=1278204&tit=Investimento-na-parede
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